quarta-feira, 2 de março de 2016

Algumas palavras sobre o "Vai ter shortinho, sim"


 

Alguém pediu que eu comentasse o caso dos shortinhos no Shoujo Café, lamentando o silêncio dos sites feministas à respeito do caso.  Deve se referir especialmente ao caso do Colégio Anchieta de Porto Alegre, embora eu tenha acompanhado e repassado no Facebook outros casos semelhantes.  Confesso que tive vontade de escrever alguma coisa, mas sempre deixei para lá, com a falta de tempo, é fácil não escrever sobre a maioria dos temas, mas cedi, enfim, e desde já deixo claro que esse post sobre o caso pode não agradar muita gente.  Lembrem-se que eu tenho 40 anos e sou professora de um colégio militar, muito mais do lado dos “opressores” nesse caso, portanto, do que das “oprimidas”, fora, claro, que eu já fui estudante, já enfrentei calor em sala de aula com setenta alunos/as e com nada mais que um ventilador... às vezes, até sem ele.

No meu tempo de estudante, muitas escolas não admitiam outro uniforme que não fosse saia (*não raro nos joelhos*) para as meninas e calças compridas para os meninos, com meias, sapato (*kichute, às vezes a infame conga, ou sapato boneca*) e tudo mais que a boa tradição pedia.  Não havia na maioria dos colégios a possibilidade da camiseta, salvo na educação física, era camisa com manga mesmo, geralmente, um modelo unissex.  Aliás, boa parte dos uniformes na época só se diferenciavam pela calça ou saia mesmo.  Fosse você normalista, talvez tivesse que usar mangas compridas com abotoadura e gravata.  Eu dei aula em uma escola normal em 2001 e ainda era assim, quando vou visitar o Rio ainda vejo normalistas vestindo esse uniforme.  

Normalistas dos anos 1990?  Acho que deve ser dessa época.
Tínhamos uma inveja danada dos colégios particulares mais moderninhos onde se usava bermuda e calça, ou a camisa do colégio e jeans.  Na Baixada Fluminense, onde eu morava, eram poucos os colégios que admitiam esse tipo de flexibilidade, só cursinhos e olhe lá.   Usar uniforme convencional era regra.  Só no meu 1º ano estudei em um colégio com um uniforme de corte mais moderno, a saia com umas pregas diferentes, a camisa de botões com uma gola bonita e não era igual a dos meninos.  No meu 2º ano, fui para um colégio bem tradicional que proibia qualquer adereço “escandaloso” ou maquiagem, controlava o comprimento de nossas saias, e o do cabelo dos garotos.  Se nossas meias deslizassem, éramos anotadas.  No meu 3º ano (1992), pude usar jeans, podia ser bermuda, saia ou calça, sem problema.  Shortinho?  Acho que ninguém achava adequado, mas rolava umas saias curtas e ninguém ligava muito.  

Já quando eu era estudante do Ensino Fundamental (*primário e ginásio*), era muito comum, assim como nos animes e mangás, que as meninas enrolassem as saias na cintura.  Muitas vezes, a mãe ou pai deixava na porta da escola com a saia no joelho e bastava a garota entrar e as saias eram dobradas e passavam a medir palmo e meio.  Isso independia do calor, era uma forma de marcar que você era rebelde, moderna e/ou bonita, de conseguir status dentro de uma estrutura machista que julgava meninas – algumas tinham meros 12 anos – pela sua aparência e disponibilidade para namorar (*Beijar?  Dar uns amassos?  Fazer sexo?*).  Nessa escola na qual estudei de 1981-1989, ninguém ligava muito, nenhuma autoridade realmente interferia nessa prática, pois, ao contrário do que muita gente acredita, não existe evolução – esse caminhar progressivo – quanto aos hábitos e costumes.  Eram tempos de Xou da Xuxa e outras apresentadoras de TV usando roupas mínimas, falava-se quase nada de pedofilia e adolescentes estavam desde muito cedo na vitrine e no mercado. 

A maldita conga.  A do meu uniforme de jardim de infância era vermelha.
Agora, é fato que as meninas eram julgadas e separadas pelo comprimento de suas saias, as sérias e as que não eram sérias, as vadias e as boas meninas.  E isso é de uma perversidade sem tamanho, ainda mais levando-se em conta que o mesmo sistema que estimulava a sexualização precoce, era o mesmo que as ofendia e discriminava.  Por exemplo, na banda marcial desse meu colégio de ensino fundamental, as meninas do prato eram mal vistas.  Sua saia era curtíssima e as evoluções e piruetas eram encaradas não como uma demonstração de destreza, mas como um espetáculo sexual.  Todo mundo sabia, todo mundo comentava e nenhuma menina “séria” saia no prato, afinal, havia as bandeiras e o tarol – não o bumbo, que era coisa de homem, e a moça do bumbo só podia ser lésbica – para desfilar.  Triste, mas era exatamente assim.  

A graça no meu 2º ano – aquele na escola tradicional – é que as meninas saiam de casa com as saias curtas e um quarteirão antes da escola, mais ou menos, desenrolavam as ditas cujas e chegavam com o uniforme certinho na porta da escola, afinal, ninguém queria levar uma anotação e ficar depois da hora por causa disso.  Nesta escola, preocupavam-se mais com o uniforme, o bom nome da escola, do que conosco.  Havia bedéis que circulavam pelo entorno do colégio nos anotando. Não era lenda, porque as anotações chegavam e as punições, também. Hoje, muito provavelmente, iriam nos fotografar para provar aos pais as nossas transgressões: saia enrolada, jogar no fliperama, fumar, namorar (*mão dada já era namoro*) etc.  Coisas assim, coisas que adolescentes fazem (*ou não fazem*) para testar limites, normal e sem grandes efeitos daninhos boa parte das vezes.

Cabelos masculinos também são motivo de confusão. 
Isso foi o que eu vivi.  Achava absurdo um uniforme valer mais que um aluno ou aluna.  Achava absurdo que Dona Zenaide – a velhinha da portaria – tivesse prendido a carteirinha e mandado um colega de turma, o Fabrício, voltar e cortar o cabelo, porque cismou que ele estava grande demais.  Eram 6h20 da manhã, a aula começava 6h50... Pensei comigo “Será que o pai dele é barbeiro?”.  Enfim, é muito poder nas mãos de uma pessoa só, é como ser o capataz que tem a chave do banheiro em uma fábrica.  Os micro poderes, que muita gente não percebe, tem impacto sobre a dinâmica social e nas hierarquias.

Lembro que quando estava no 3º ano do ensino médio tivemos uma discussão na aula de História Geral por causa de um protesto de um garoto de um colégio tradicional e caríssimo da Zona Sul do Rio que tinha se recusado a cortar o cabelo.  Era 1992, parece, pelo que eu me lembro, que o garoto venceu.  Parte da turma comentou que era absurdo o que faziam com a gente no colégio tradicional de onde viemos, que deveríamos protestar e coisa e tal... Lembro do meu professor, um comunista bem militante, dizer que mesmo sendo elite (*era o que éramos dentro da Baixada Fluminense, ainda que uns fossem ricos de verdade e a maioria, não*), éramos uma elite subordinada, daí, as regras sobre nós, as exigências (*e as exceções abertas para um ou outro filhinho de papai*) iriam ser mantidas, pior ainda, com o apoio dos nossos pais.  

A "seriedade" e a separação entre os sexos da escola de outros tempos.
Nessa cadeia alimentar das hierarquias sociais, não nos seria nunca concedida a liberdade que os meninos e meninas da Zona Sul tinham, nós deveríamos ser educados para conservar as regras, vê-las como uma segurança para nós.   Tenho curiosidade para saber quantos coleguinhas que criticavam o colégio tradicional realmente foram para a fila – porque havia fila – para colocarem suas crianças no maternal, ou quantos vão obrigar, ou já obrigaram, os filhos e filhas a fazerem exame de admissão.  Lá só se entra no maternal/jardim ou por prova.  Era assim, e os representantes da escola sempre nos jogavam na cara que os que afrontavam as regras hoje, mais tarde iriam para  fila em busca de um lugar para as suas crianças, porque sabiam o que era um ensino de qualidade. Sei... Sei... 

Vindo para o século XXI e a polêmica dos shortinhos, achei excelente vários trechos do manifesto das meninas do colégio, ele pode ser lido aqui, destaco um deles:“Ao invés de ensinar que a minha decência e o meu valor dependem do comprimento do meu short ou do tamanho do meu decote, ensine aos homens que eu sou a única responsável pela definição da minha decência e do meu valor. Ensine aos homens o respeito, desconstrua o pensamento de que a roupa de uma mulher decreta se ela é ou não merecedora de respeito.”  Ele está muito conectado com o que eu escrevi lá sobre as meninas que enrolavam a saia no meu tempo de colégio.  O valor de uma mulher – ou menina – não está no comprimento de sua roupa e a escola deveria ensinar sobre respeito e diversidade.  

Será mesmo que o shortinho é só por causa do calor?
Se a escola – através de algum funcionário com muito poder ou professor/a machista – emitiu esses discursos, errou.  O uniforme escolar e seus limites não podem ser definidos a partir das supostas necessidades e falta de controle dos homens e meninos.  Isso não é igualdade.  Daí, sou solidária com a garota que reclamou do colégio/cursinho no qual estuda, que a barrou por causa de seu vestido, bem decente até para muitos padrões conservadores, aliás, basta olhar a foto, e estabelece que as meninas só podem ir de calças compridas, enquanto os garotos podem usar bermuda.  Mas, ein?  É isso mesmo?  

Ela não estava de uniforme, mas não é raro – no meu tempo de escola era assim – que nos primeiros quinze dias de aula a gente possa ir sem uniforme.  Não sei como é hoje, já que o colégio militar é exceção, afinal, há uniforme para quem não tem uniforme.  Sim, existe, e é igualzinho para meninos e meninas: calça jeans azul, tênis pretos, camisa branca t-shirt.  Só depois de um mês mais ou menos, eles e elas recebem a boina e passam a usar o uniforme regular.  Está resolvido o problema.  É justo que todos estejam submetidos a condições iguais, desde que não exista alguma necessidade especial.  
Que ninguém esqueça disso.
Aliás, há sempre aqueles machistas bonzinhos – o sheik da mesquita de Brasília na época em que levei meus alunos e alunas lá – que vão dizer que as mulheres devem se cobrir, porque os homens são maus, "a culpa não é de vocês, é nossa".   E o mundo gira em torno do umbigo desses pobres coitados que não podem se controlar.  Vejam que essa animalização dos homens e meninos também é péssima para eles.  Procure professores de educação infantil, por exemplo, e encontrará muito poucos, alguns muito competentes são, simplesmente, impedidos de trabalhar com criancinhas.   A desconfiança tem origem nesses discursos aí.

Estou do lado das meninas, então?  Sim e não.  Acredito que deva existir um "dress code" – um código mínimo de vestimenta – mais ou menos desenhado para cada espaço.  Isso não é imutável, natural, nem fixo, é fruto da dinâmica entre as partes interessadas, mas deve existir.  Pensem, por exemplo, no caso dos fóruns e tribunais.  Acho desumano que os homens tenham que usar terno  essa vestimenta que confere status a quem a veste  no verão carioca e há casos de exceção quando o calor é muito forte, mas, ainda assim, uma roupa social mínima é mantida.  Acho absurdo que os mesmos homens que se impõe o terno – afinal, são eles que ainda detém a maioria dos postos de mando – permitam que as mulheres usem bermudas ou alcinha no mesmo ambiente de trabalho.  Ora, ora, fica parecendo que a seriedade é só para uns e, não, para outras, mulheres, afinal, são adornos. 

É aqui que eu leciono, esse é o uniforme padrão, meninas podem usar calça ou saia calça.
A meu ver, escola (*ou universidade*) não é espaço para ir vestido/a como se você estivesse indo para a praia, por exemplo.  Ainda que estejamos em um país tropical, a bermuda ou o short, algo que as escolas normalmente permitem, não serão tão mais sufocantes que o shortinho fashion que muita gente usa nos passeios de fim de semana. Quando adentrarem o mundo do trabalho, talvez várias dessas meninas venham a reclamar que a escola – e os responsáveis – não lhes ensinaram como se vestir adequadamente para cada ocasião.  Lembro da minha professora orientadora do doutorado dizendo que não era obrigada a ver as genitais dos alunos que iam de chinelo e shortinho sem cueca e sentavam na primeira fileira da sala.  Para um professor ou professora não há como olhar para o lado e não falo em cobiçar, falo em enxergar mesmo o que está diante de seus olhos.  Um pouco de formalidade para eles e elas não faria mal algum.

Segundo, educar, infelizmente, é um ato de violência, é estabelecer regras e, muitas vezes, usar do poder e da coerção para mantê-las.  A graça é que tentar burlar essas regras também faz parte do jogo.  Quem vai vencer?  Não sei.   O tempo muitas vezes mostra que lutamos por coisas sem importância, tanto um lado, quanto o outro, e vamos rir dos tempos de escola, lembrar de situações ridículas e até constrangedoras.  No entanto, reforço que nenhuma menina deveria ser humilhada por causa de sua roupa, mas acredito que a escola tenha o direito de delimitar qual o tipo de roupa e comprimento será aceito pela instituição.  

O blackpower da discórdia.
Se, por exemplo, as meninas não pudessem usar bermuda e os meninos, sim, como parece ser no tal cursinho do rolo do Facebook, OK, mas não parece ser o caso.  Querem ver uma coisa?  Houve uma matéria recente sobre um menino negro que acusou o colégio adventista de Santos de racismo, porque tinham se negado a rematrícula-lo depois de várias advertências sobre seu cabelo.  A escola deixa claro em seus estatutos que os meninos precisam ter cabelo curto e proíbe penteados “exóticos”, seja lá o que isso signifique, e enquadrou o blackpower do rapaz de 16 anos.  O colégio religioso deixou as regras claras, é conhecido por sua rigidez, aliás, não excluiu o garoto durante o ano letivo apesar das várias advertências e, bem, diante de sua resistência, considerou que o seu cabelo é incompatível com a instituição.

É racismo?  Bem, se no argumento do moço ele mostrasse que os colegas brancos ou orientais de cabelos lisos podem ter longas madeixas e ele não pode ter seu black por ser negro, eu apoiaria.  Se tivessem mandado que ele cortasse o cabelo por atrapalhar a visão dos colegas (*aconteceu algo assim em São Paulo*) ou que tivessem recomendado que o alisasse, eu não teria dúvidas.  Só que os argumentos giram sempre em torno da imbecilidade da regra, que ela tem uns 100 anos e coisa e tal.  OK, por que não procurar uma escola mais democrática e que não exija essas idiotices?  Porque, bem, é uma bobagem, mas não é algo que vá acabar com a sua vida.  E os pais do garoto?  Silêncio nas matérias.  Será que ele mesmo escolheu o Colégio Adventista?  Será que eles esperavam que o colégio se dobrasse?  Será... Normalmente, os pais escolhem esse tipo de colégio exatamente pelo seu diferencial, nesse caso, o conteúdo religioso e o regime disciplinar.  Os Adventistas tem até colégios internos mistos que são disputados pelos pais dos candidatos.  

Pode ser uma expressão de poder, mas não está de acordo com as regras do colégio.
Enfim, não vi racismo.  Fosse eu o rapaz ficaria feliz em ir para uma instituição mais arejada, mas aí batemos com a necessidade de afirmação.  O mundo deve se dobrar aos meus desejos, se assim não for, eu grito, e berro, e afirmo que estou sendo discriminado/a.  Nem sempre é assim, nem sempre é aconselhável ceder, é verdade.  Mais ainda, as regras de todas essas instituições vêm mudando, algumas mais lentamente que outras e, talvez, a discussão da regra e, não, a afronta pela afronta poderiam render mais.  Olha, não existe bicho mais teimoso que adulto afrontado, podem acreditar, é pior que criança birrenta ou adolescente rebelde, mas, falem baixo, a gente nunca vai admitir isso.

Outra coisa, há pais que não querem dizer “não”, que não concordam com certas práticas de seus filhos e filhas, mas delegam para a escola o dever de cumprirem esta parte da educação.  Daí a escolha de certas escolas mais rígidas.  Eles não dizem o não necessário e terminam por criar pequenos monstrinhos que acreditam que as regras precisam se dobrar às suas vontades e desejos.  Se assim não for começam as acusações de discriminação – racismos, sexismos, classismos e outros ismos – e muitos pais aplaudem a iniciativa de suas crias, porque, bem, trata-se de estimular seu espírito de luta e liderança.  

Normalistas nos anos 1950-60.  O uniforme deveria ser uma tortura.
Olha, o manifesto das meninas do Anchieta tem partes lindas sobre o que deveria ser a verdadeira educação, mostra uma articulação e capacidade de argumentação invejável, mas o que questiono é se o shortinho é uma bandeira legítima e válida, se o argumento do calor se sustenta.  Eu acredito que não, mas não cabe a mim pautar a luta de ninguém.  Agora, humilhar e usar de argumentos machistas para manter a regra é o que uma escola não deveria fazer.  Aí cabe lutar, sim, erodir a cultura machista que joga na vítima a culpa pelo abuso.  Aliás, a roupa "modesta" não livra mulher ou menina alguma do assédio, basta procurar estatísticas de abuso sexual no Egito e se espantar.  

Agora, shortinho, me desculpem, é roupa de passeio no shopping, de praia e campo, não é uniforme escolar.  Se os meninos não podem usar shortinho – porque há shortinho masculino, também – as meninas não precisam usar.  Isso não é machismo, não, não é definição de regras de vestuário com base no olhar masculino, é parte do crescimento e do processo de socialização, coisa que a gente vai ter que enfrentar pela vida toda.   São regras que não são fixas, vejam bem, mas são parte constitutiva do bom convívio social.  Se eu sou menos feminista por pensar desse jeito, que seja, mas é assim que eu percebo a questão.



4 pessoas comentaram:

Oi Valéria! Estou comentando hj aqui mais para contar sobre umas experiências minhas com uniforme, assim como você teve a sua. Na realidade lendo o post eu nem sabia qual a sua idade até você comentar, fico até envergonhada de comentar pois faço 20 esse ano e tem muitas coisas que digamos, não sou tão esclarecida como você.
Eu vi quando saiu essa matéria e eu concordo com o que você disse sobre as meninas estarem também usando alguns pontos fracos para isso e também não consegui entender alguns cartazes e falas que elas disseram, sendo que não tinha muita coisa a ver com o assunto. Levanta o ponto de que sempre que eu vejo posts desse assunto nos jornais ou no facebook, há uma enxurrada de comentários machistas, e ofendendo todas essas crianças como "putas", "só querem se mostrar" entre grandes babaquices que não há necessidade, pois eu mesma vi um comentário dessa escola fazendo uma nota que estão verificando o assunto, visto a proporção que tomou. Mas eu também sou a favor da uniformização; de um padrão que consiga manter tanto os garotos quanto garotas em um formato estudantil.
Estudei lá no Japão por alguns anos (ensino fundamental) e mesmo de pequeninha tinha esse meso esquema de uniforme que você descreveu XDD Era bem coisa de animê mesmo. Camisa branca, um paletó por cima, saia com suspensório, meia alta e tênis de sua preferência; mas dentro da escola aquelas sapatilhas (que eram super confortáveis na vdd, adorava heheh). Nunca me senti desconfortável em usar, mas minha irmã que é mais velha as vezes tinha problema no periodo do mês que a menstruação vem >-< Saia, sabe como é né? Não tinha alternativa e mesmo NAQUELE INVERNO do Japão a gente tinha que usar. Daí eu botava aquelas meia-calça branca que esquenta, até hoje lá pelo que sei é padrão. Fora o cabelo de todos, também é controlado.
Aqui no brasil estudei em uma escola super pobre e que o uniforme era só a camisa >-< E depois de um tempo os estudantes não usavam mais nem isso. Lá no JP eu entendia pq os professores e os moradores se vissem alguém tentando matar a aula já sabia o uniforme, a escola, e tinha crachá, sabia quem era o aluno. Dependendo do uniforme tb dava pra saber se era fundamental e médio. Eu acho SUPER útil uniforme nesses casos, mas aqui no BR nunca vi ninguém. Aliás, difícil encontrar um aluno que nunca matou aula. Me formei em 2013, vi umas injustiças na minha escola desse naipe; os garotos andando sem camisa na aula de ed. física e dai a diretora n podia ver uma menina com um short e já começava a falar que ia mandar embora, etc... Barrava. Eu era a nerdona pobre que vivia com sono então eu ia de calça moletom de um uniforme antigo da minha irmã; era feio? Era. Tinha até bordado o nome da outra escola kkkkkkkkkk E todo mundo olhava feio tb. Povo vai te olhar feio se vc for de short ou de calça, acho que no brasil n tem jeito de evitar isso só com essas manifestações.
Bem, só queria contar isso mesmo XD E acho que mesmo se elas não estão manifestando por uma causa lá justificável, espero que com essa experiência elas aprendam também a manifestar com coisas diretamente ligadas ao ensino, que as prejudicam realmente -e não reclamar com uma escola que pelo visto até tem um uniforme bom-. Eu no resto do ensino fundamental estudei em escola do brasil e SEMPRE vi garotas usando shortinho; mas não era por causa do calor não. Era só algo que elas usavam fora da escola, como as calças de moletom que eu usava e eram feias por demais. Fazia parte do vestuário delas, e ninguém achava nada de anormal. Acho que tem que ver por esse lado, que elas, diferente de mim e de você, nunca realmente usaram um uniforme ou mesmo foram explicadas os motivos de usá-lo. Assim como aconteceu na minha antiga escola, onde os assaltos eram tantos, que ninguém mais se importava de usar o uniforme. Que faltava tanto professor, que os que tinham já precisavam ensinar por 4 matérias e não tinha tempo para falar pro aluno vir uniformizado.

Bom, sou mais velho que a Valéria e em todas as escolas que estudei aqui em São Paulo, o uniforme era obrigatório e unissex, com bermuda e camiseta de manga curta para os dias quentes, calça e blusa no frio.
Só apoio o tal protesto se a regra for realmente de duplo padrão, com cunho machista. Caso contrário, não faz sentido.

Existem bermudas. Duvido que as meninas sejam impedidas de usar bermudas. Pra mim é assim: se o colégio quer mesmo manter regras, é bermuda para ambos os lados. Agora, acredito mesmo que tem algumas meninas esclarecidas que estão lutando para uma visão mais justa de gênero. Ponto para elas. Mas, por experiência, infelizmente, vejo que a motivação das massas é simplesmente usar seu mini shortinho super sexy onde quer que elas queiram. E essa massa nem se dá conta (acho que finge, na verdade) que se forçar a usar um shortinho na escola quando se pode usar uma bermuda pode ser uma reação machista. Afinal, quantas dessas meninas não querem ser o objeto de desejo que elas veem nos malditos comerciais de cerveja ou nos filmes adolescentes tipo Velozes e Furiosos?
Eu admiro as motivações feministas daquelas que querem suscitar a discussão de gênero. Mas não consigo acreditar que a maioria não esteja motivada pura e simplesmente pela moda. E por não saber ouvir um não como resposta.

Acho bem sensata sua análise, embora eu seja a favor de abolir alguns tipos de uniformes tanto da escola, qt de alguns trabalhos hehehe. Traduzindo: concordo em parte. De fato, existem padrões no mundo do trabalho e preparar estudantes para isso deixa-os acostumados. O problema eh q n se questiona mt o porquê de usar determinadas roupas em determinados trabalhos! E aí q entra a minha crítica: por que continuamos a usar determinadas roupas em certos locais, durante anos e anos, msm q o clima não seja favorável? Tradição? Por que o shortinho é considerado "roupa de praia"? Penso que alguns padrões poderiam ser superados... Por que não usar o shortinho num casamento? As coisas mudam, a moda tb muda...
Sua colocação sobre os paletós foi super! Acho q temos que bater nos ícones mesmo, questionando alguns padrões e refletindo se não podemos usar a roupa com base no clima, no gosto das pessoas e suas tribos, afinal roupa é para isso também. É de matar usar um paletó no verão nordestino ou do Rio, por exemplo! Não acho q eu seja dona da verdade, mas fica a reflexão! bjs e parabens pelo texto de qq forma.

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