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sábado, 6 de abril de 2024

Comentando Firefly Wedding (Hotaru no Yomeiri): Uma série viciante e que deve virar anime em breve.

Nem lembro quando comecei a escrever esta resenha.  Foram três dias sem postar nada no blog, estava cansada demais, peço desculpas.  Há notícias atrasadas que, talvez, nem sejam mais postadas.  Enfim, por conta de um post do Manga Mogura, acabei finalmente indo atrás de Firefly Wedding ou Hotaru no Yomeiri (ホタルの嫁入り), de Oreco Tachibana.  Trata-se de uma das séries shoujo queridinhas do momento, com ótimas vendagens e algumas premiações com somente três míseros volumes.  A série é publicada na internet, começou na revista on line Ura Sunday, sa Shogakukan, em janeiro de 2023, e está disponível, também, no aplicativo MangaONE.  Vamos para o resumo do começo da História, então?

Estamos na Era Meiji, se do nosso mundo, ou de um Japão altrnativo, não sei explicar.  Satoko é a filha mais velha da família Kirigaya.  Ela é muito bonita, amaa por seu pai, mas tem uma saúde frágil e acredita que não terá muito tempo de vida, apesar do patriarca lhe assegurar que ela está errada.  Satoko perdeu a mãe ainda muito pequena e seu pai casou-se novamente.  A madrasta não gosta da enteada, pois quer toda a atenção para sua própria filha.  A madrasta não cansa de repetir que Satoko é um estorvo e que só está viva para servir aos interesses do clã.

Logo no primeiro capítulo, somos informados de que Satoko rejeitou vários pretendentes, porque não acha justo que eles se casem com uma mulher que lhes será um fardo.  Ela quer se casar para honrar sua família, mas deseja que seu futuro marido tenha ciência de seus problemas de saúde.  Como o pai irá fazer aniversário, ela pede permissão para ir até a cidade.  Antes de sair, ela tem uma altercação com a irmã caçula, a moça se sente prejudicada, porque Satoko rejeita todos os pretendentes.  Imagino que, se a mais velha não se casa, a mais nova deve esperar.  O último deles era alguém de seu interesse.  

Satoko perde a paciência e diz que não foi a irmã a ser pedida, mas ela.  E ainda lhe dá uma lição, com seus maus modos, ela não vai se casar, porque mesmo que sua aparência possa ser agradável, um homem de boa família não se casará sem a permissão de seus pais, especialmente, da mãe.  É preciso agradar a sogra e a caçula se comporta muito mal.  A garota ameaça Satoko e diz que vai se queixar para sua mãe.  A protagonista vê do jardim a irmã aos prantos nos braços da mãe e o olhar ressentido da madrasta para ela.   

Na cidade, Satoko é sequestrada por vários homens.  Ao acordar, ela está amarrada e amordaçada em uma cela.  Homens a observam e o que parece ser o chefe comenta que gente de muito dinheiro encomendou a morte dela, mas que é um desperdício, porque poderia fazer muito dinheiro porstituindo-a.  Ele ameaça os seus comparsas dizendo que ninguém deve tocar na moça e chama por um rapaz de nome (Shinpei) Goto e diz para que mate Satoko às 21h.

Goto, que estava coberto de sangue, se lava e olha com curiosidade para Satoko.  Ele tira sua morçaça e lhe oferece bolos de arroz que a recusa.  Ela tenta suborná-lo, mas ele diz que cumprirá sua missão.  A moça está aterrorizada e não imagina como pode estar nesta situação.  Pensa sobre no pai e que não poderá recompensá-lo por todo amor que lhe deu, nem honrar sua família.  Antes das 21h, alguns dos comparsas do homem que contratou Goto retornam e tentam violentar Satoko.  Ela resiste, imagina que se se deixar estuprar envergonhará sua família.  Goto ameaça os sujeitos, eles o ignoram e terminam mortos.  Satoko implora por sua vida, mas Goto diz que irá matá-la, nao vendo outro caminho, ela o pede em casamento e ele abre um sorriso e aceita, pedindo-lhe um beijo para selar o acordo.


Esse longo resumo introdutório não cobriu nem os dois primeiros capítulos, na verdade, é um capítulo 1 em duas partes.  Mas só por esse começo, já é possível entender por qual motivo Firefly Wedding está fazendo tanto sucesso.  Satoko é uma protagonista com várias camadas.  Ela é mimada pelo pai, sem dúvida, mas ao mesmo tempo que se mostra orgulhosa, ela se sente em dívida profunda com seu clã.  Essa culpa lhe foi inculcada principalmente pela madrasta, que torce pela morte da moça.  

Satoko tem medo e repulsa por Goto, mas, ao mesmo tempo, se sente fascinada pelo ar inocente que ele tem, por suas ações intempestivas e sua gentileza, mesmo tendo visto que ele é capaz de matar sem sentir qualquer peso na consciência.  Ele a salvou da morte, a protegeu durante a fuga e tenta garantir o seu conforto, mesmo que nem sempre as coisas funcionem bem.  Com o andar dos capítulos, e estou no quatorze, há trinta e quatro traduzidos para o inglês, ela percebe que está se apaixonando por ele e se sente ainda mais culpada.  


Goto nunca seria um marido possível para ela e termina por confessar que o enganou para salvar sua vida.  É nesse pé que estamos neste momento.  Lendo os comentários sobre a série no Bakaupdates me espantei com gente dizendo que Satoko era mais uma protagonista inútil de shoujo mangá.  Não é o caso.  Na situação limite em que está, ela tem buscado forças para lutar e não depender tanto de Goto.  E tem sido bem sucedida até o momento, ainda que ele esteja sempre por perto para entrar em cena.  E é bom dizer que não é uma história de Cinderela, afinal, o pai está vivo e ama sua filha, Satoko teve também uma refinadíssima educação.  

Falando de Goto, ele é um assassino que mata sorrindo e sem pensar duas vezes, mas, no fundo, no fundo, ele é adorável.  Na verdade, não é o termo, ele parece uma criança mesmo, inocente, capaz de grande gentileza, mas pouco consciente das convenções sociais, e com baixa tolerância à frustração.  Ele é perigoso e, em alguns momentos, parece que ele pode, sim, fazer algum mal a nossa protagonista.  A autora altera as expressões faciais de Goto.  Ele é um bishonen bonito, mas suas pupilas podem mudar, sua face ser deformada.  Há momentos em que ela o desenha com traços infantilizados.

Com o andar da história, descobrimos algumas coisas sobre o passado de Goto.  Satoko foi mandada para uma ilha dos prazeres proibidos. Lá estão mulheres que foram vendidas, que envergonharam suas famílias, que possuem algum defeito.  Há bordéis de todos os tipos e uma vez que uma mulher vá para lá, ela só sai morta, ou casada e redimida por algum patrono.   Essa ilha é secreta e foi criada no momento em que o Japão está se abrindo para o Ocidente. Prazeres que não podem ser mais tão públicos, o mangá diz que por causa da religião ocidental.  A autora deveria ter lido mais sobre os submundos de Paris, Londres e outras cidades, mesm deixa estar.  Goto nasceu nessa ilha, ele nunca saiu de lá.

Em dado momento, ele conta seu passado para Satoko, ele diz que nunca conheceu seu pai, que sua mãe era uma prostituta.  O primeiro homem que ele matou foi o assassino de sua mãe.  A partir daí, e não sabemos a idade de Goto, ele está sozinho e tem que se fazer útil.  Ele é segurança dos bordéis, poucos sabem que ele é um assassino.  Ao que parece, a ilha dos prazeres recebe gente que precisa morrer, vide o caso de Satoko.


Goto quer fugir da ilha com Satoko.  Ele primeiro lhe dá a ideia dela se prostituir para conseguir sair da ilha.  Na verdade, ele quer que ela seduza alguém sem se deitar com o sujeito, até porque Goto diz que se algum homem tocar nela, ele irá matá-lo.  Satoko lhe explica que ela nunca conversou com um homem, salvo seu pai.  Os empregados não são homens, porque eles não podem sequer cogitados como par de uma mulher da condição dela.  Era assim no Japão, era assim na Europa antes da Revolução Francesa.  Um homem poderia tomar para si uma mulher de condição inferior, uma mulher, se o fizesse, arriscava um escândalo.  Se fosse um empregado, então...

Goto a coloca em um dos bordéis mais vagabundos da ilha, um lugar que ele conhece bem.  Um trio de prostitutas locais fica com ciúmes de Satoko.  Goto, inocentemente, pede que a protejam Satoko, mas as mulheres querem desgraçar com ela.  Só mais tarde conhecemos uma das moças do local, que é gordinha, tímida e sonhadora, que se torna amiga da protagonista.  Ela também é humilhada pelo trio.  Quando comecei a ler o mangá, achei que Goto era virgem como Satoko, sugeriu-se que não é, no entanto, como pontuei acima, ele se comporta como uma criança, não sei que tipo de relação ele teve com a prostituta que diz que foi sua amante.  Aliás, Satoko parece já ter virado a mesa em cima dela.

Não vou dar mais detalhes-spoilers, mas preciso comentar mais algumas coisas.  Quando o mangá abre, temos uma pessoa idosa lendo cartas de Satoko.  Lá, ela diz que uma mulher da sua posição não pode casar por amor.  Ela diz a mesma coisa para a irmã caçula na grande discussão do começo da série.  Não sei se a pessoa idosa é Goto.  Em um dado momento do mangá, vemos que Satoko tem uma grande cicatriz de cirurgia de tórax aberto.  Não há possibilidade de algo asism na Era Meiji, por isso, acho que estamos em um mundo que não é bem o nosso.  Lá no comecinho do mangá, ela diz para Goto que tem o coração fraco, que vai morrer, ele diz que vai morrer cedo, também, e promete lhe dar seu coração.  Imaginei que algo nessa linha de sacrifício pudesse acontecer, agora, não sei mais.

Essa história de estarem presos na ilha é um recurso fraco, porque alguém com os talentos de Goto poderia sair e entrar, ele tem competência para isso.  Mataria toda a tripulação de um navio, por exemplo. Por outro lado, ele precisaria sair com Satoko, talvez, mesmo sem saber, ele tenha medo de perdê-la quando sair da ilha.  Mas ele mesmo já disse para Satoko que, se eles saírem, ele vai matar todos os seus pretendentes, caso ela decida não ficar com ele.  Sim, ele faz essas coisas.  De resto, fico aqui imaginando o que Goto vai fazer descobrir quem mandou matar Satoko, a protagonista está desconfiada, mas não disse nada.  A madrasta e a irmã sonsa terão problemas.  Ah, sim!  O empregado que está com Satoko quando ela é sequestrada, Kotaro, foi duramente torturado por sua falha.  Achei imagens do mangá mais lá para frente e parece que ele vai se tornar um rival de Goto.  Será que estou enganada?  Ele é muito bonitão mesmo.

Algo que realmente não me agradou foi Satoko ter 16 anos.  Com toda essa ênfase em ter rejeitado vários pretendentes, eu imaginei que ela tivesse pelo menos uns 19 anos, como a Miyo de Watashi no Shiwase na Kekkon  (わたしの幸せな結婚).  O pai está preocupado, ele quer que ela tenha uma família que a proteja.  E se Satoko tiver 16 anos, quanto tempo tem a irmã caçula que está com tanto fogo para casar?  14 anos?   E Goto é adolescente, também, ele só tem 18 anos.  Mesmo sendo shoujo, as persoangens não precisavam ser tão novinhas, há mangás para meninas protagonizados por adultos.  

Oreco Tachibada é uma contadora de histórias muito competente, já a conhecia de seu sucesso anterior, Promise Cinderella (プロミス シンデレラ). Ela é boa inclusive desenhando cenas de ação e pedaços de corpos voando pelos ares.  Quanto às premiações de Firefly Wedding, ela ficou em quinto lugar no Tsutaya Comic Award, em nono lugar na lista feminina da edição de 2024 do guia Kono Manga ga Sugoi!.  Ganhou o grande prêmio na competição "Minna ga Erabu!! Denshi Comic Taishō 2024" da NTT Solmare em 2024. E ficou em primeiro lugar no Digital Comics Manga Award 2024  Outros prêmios virão e eu aposto em uma adaptação para anime.  Promise Cinderella teve dorama, mas acho que Firefly Wedding seja um material complicado para ser colocado em live action.  Já teve mais de um Voice Comic. 

E por qual motivo os vaga-lumes (firefly/hotaru) no título?  Logo no início, Goto leva Satoko a um lugar especial, onde ele reforça seus votos de que irá casar com ela.  É um lugar lindo e a moça, que vivia reclusa, nunca tinha visto vaga-lumes e fica encantada.  Mais tarde, quando Satoko está acamada, ele captura vaga-lumes e os traz para o quarto dela.  A moça agradece, mas se levanta e abre as janelas, porque eles devem ser livres.  Ela quer ser livre.  Goto quer ser livre, também.  Resta saber como e se, eles ficarão juntos.  Firefly Wedding tem scanlations em português, também. Recomendo ler no Bato.to, porque os comentários dos leitores valem tanto quanto o mangá.  Diversão garantida.

Um comentário:

  1. Eu não vou dar spoilers, é meu shoujo atual favorito, mas sobre os vaga-lumes, há a implicação a curta vida dos vaga-lumes... e que talvez a Satoko só teria um casamento "curto" porque morreria cedo...

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