terça-feira, 25 de março de 2008

Mangá também é cultura


Reconhecimento: sofisticada estrutura para guardar o acervo do Museu Internacional do Mangá em Quioto Popularidade: Nana é um dos mangás de maior influência social dos últimos temposCarreira: jovens interessam-se cada vez mais em investir de forma profissional nas artes gráficas


Matéria do Jornal Nippo-Brasil, sobre o mangá. Simples, mas interessante, afinal, é raro ter matérias interessantes sobre mangá na net em português.
Mangá também é cultura

História em quadrinhos hoje tem um museu, uma faculdade e um prêmio promovido pelo governo

A visão da sociedade japonesa sobre o mangá mudou. O que antes era visto como diversão infantil hoje ganhou status de um importante meio para o governo promover a diplomacia cultural. Além do prêmio internacional criado recentemente pelo Ministério das Relações Exteriores, existe até uma faculdade especializada que forma futuros cartunistas.

A Universidade Seika, de Quioto, inaugurou o curso de mangá dentro da Faculdade de Belas Artes em 2001. Em abril deste ano, o curso ganhou independência e foi transformado numa faculdade. Atualmente, cerca de 600 alunos estudam para realizar o sonho de se tornar cartunista, chargista, editor de mangá ou criador de desenho animado.

Mas qual é o diferencial de estudar o mangá num curso univesitário, e não numa das cerca de cem escolas profissionalizantes existentes em todo o país? “Os alunos têm oportunidades de comparar os quadrinhos com outros estilos de desenho, como as pinturas ocidental e oriental, e estudar outras disciplinas. Com isso, eles ganham uma visão mais ampla sobre o mangá e o mundo que os cercam”, explica o chargista e diretor da faculdade, Keiichi Makino.

Mercado de trabalho

Formar-se nesta faculdade não garante uma carreira de cartunista para os alunos. Mas, antes mesmo da conclusão do curso, eles têm chance de mostrar seu trabalho participando da produção de quadrinhos em vários tipos de publicação. A faculdade recebe encomendas para elaborar folhetos sobre assuntos diversificados que utilizam o mangá em vez de texto. Eles já produziram panfleto para conscientização sobre portadores de hanseníase para uma prefeitura, folheto explicativo sobre aneurisma para um hospital e até a petição de um grupo de cidadãos. “São poucos os alunos que conseguem se profissionalizar como mangaka [cartunista]. Mas há outras atividades como essas que eles podem exercer, aproveitando o conhecimento e as técnicas adquiridas no curso”, conta Makino.

Para dar apoio maior aos alunos e formados do cursos de mangá, a Universidade Seika inagurou o Museu Internacional de Mangá, em novembro do ano passado, em conjunto com a prefeitura de Quioto. Num prédio de quatro andares com uma área total de 5 mil m2, o museu guarda um grande arquivo de materiais relacionados ao mangá, que inclui mais de 200 mil livros e revistas, japoneses e estrangeiros.

Entre os cerca de 600 jovens que estudam o mangá na Universidade Seika, os alunos estrangeiros representam 10%. A grande parte deles é da Coréia do Sul, onde o mercado de mangá está em crescimento. Segundo Makino, a metade dos estudantes que fazem o curso de pós-graduação são coreanos.

Com o aumento da popularidade dos quadrinhos japoneses no Exterior, espera-se que um número cada vez maior de estangeiros venha ao Japão para estudar o mangá. Eles serão concorrentes dos cartunistas japoneses futuramente? “Há muitos estrangeiros com nível técnico elevado. Mas, para fazer sucesso no mercado editorial daqui, o importante é elaborar histórias que caiam no gosto dos leitores japoneses”, afirma o diretor.

Quadrinhos na tela do celular

O mangá eletrônico está em alta. As editoras estão investindo neste novo segmento do mercado para disponibilizar um número cada vez maior de títulos para serem lidos na tela de um celular. A Shueisha, que publica várias revistas de mangá populares, como Shonen Jump e Ribon, criou o site Manga Capsule no ano passado, para distribuir mangá pelo telefone móvel. O serviço oferece 249 títulos, incluindo quadrinhos de sucesso, novos e antigos, como Dragon Ball, One Piece, Deathnote, Naruto, Nana, Hachimitsu to Kuroobaa e Hanayori Dango. Para ler os quadrinhos, é preciso se cadastrar e pagar uma mensalidade de ¥ 315 (R$ 4,90) ou ¥ 525 (R$ 8,20), que dá 300 e 500 pontos, respectivamente. Estes pontos podem ser usados para fazer download de arquivos. Há também amostras grátis. O serviço está disponível nos modelos de celular das operadoras Softbank Mobile, au e NTT DoCoMo. Mais informações:
mangacapsule.jp/pc.

Outro site especializdo, Comic i, distribui 167 títulos que incluem clássicos como Hokuto no Ken e Bad Boys, além de mangás eróticos para público adulto. Utiliza o sistema de pagamento semelhante ao do serviço concorrente. Interessados podem ler as amostras gratuitas no site. Mais informações:
www.nttsolmare.com/comic_cmoa

Estude com mangá

Os mangás eram vistos com maus olhos pelos educadores. Mas, hoje, existem até livros didáticos que utilizam quadrinhos para alunos do ensino médio no Japão. Entre o material escolar reconhecido pelo Ministério da Educação neste ano, há um de matemática com 20 páginas que apresentam o conteúdo em quadrinhos, num total de 180.

1 pessoas comentaram:

Bela matéria mas deprimente por um lado, por aqui vai demorar para ter um serviço de mangá pelo celular, por lá ainda rola um icentivo de pontos para que sempre voltem a baixar do mesmo lugar.
Por aqui esse tipo de serviço só continua no sonho de vários fãs mas sonhar não mata ninguém né?!
E quem não adoraria ter um livro com quadrinhos no ensino médio *-* termina-lo com chave de ouro... Se tivesse um reforço assim por aqui tenho certeza que muita gente iria melhorar muito mais a nota no boletim e deixaria a recuperação nos livros de história XD

Beijão, Suzanna.

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