quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Shoujocast no Ar! Watashi no Shiawase na Kekkon 12: E chegamos ao final... quer dizer, não é bem assim.

Ontem, terminou a primeira temporada de Watashi no Shiawase na Kekkon  (わたしの幸せな結婚).  Fugindo do livro, mas não sei se do mangá, porque a animação se inspira em ambos os materiais, tivemos a mocinha usando poderes que vão muito além do que eu esperava.  Miyo não somente entra nos sonhos de Kiyoka, ela passa por uma transformação ao estilo garota mágica, recebendo uma roupa especial, enfrenta grotesqueries neste mundo onírico usando poderes que, a rigor ela não tinha, e ainda derrota o imperador.  

Sim, ele era o grande vilão da temporada, mas o anime deixou a desejar neste aspecto, porque não incluiu a conversa do príncipe com Kiyoka e a explicação sobre a loucura do soberano, que perdeu o dom da clarividência (*e que no livro era seu ÚNICO dom*) e decidiu destruir todos os dotados, começando pelos Kudo e sua divisão anti-grotesqueries.  Eu senti falta desse tipo de informação e o sentido da história foi um tanto perdido.  Agora, repito o que já escrevi, o livro 2 é um tanto confuso e a impressão que eu tenho é que a autora tinha se planejado para um livro só, deu certo, ela continuou e temos alguns problemas de consistência.  Aliás, já comentei sobre isso na resenha do terceiro capítulo do livro 2.

Também lamento que tenham colocado Miyo quase como o adolescente que senta em um robô gigante e pilota como se tivesse nascido naquele cockpit, porque Arata, no livro, precisa lhe dar uma série de instruções e fica muito ansioso sobre possíveis problemas que a prima pudesse enfrentar.  Aliás, no livro 2, o príncipe o coloca como instrutor de Miyo (*para aborrecimento de Kiyoka*) e ele continua nessa função no livro 3.  Pelo que vimos no episódio 12, Miyo não precisaria de mestre nenhum.

De resto, a animação estava belíssima, a cena de batalha, as cenas, na verdade, foram muito bem dirigidas, e as sequências criadas, seja Miyo se confrontando consigo mesma, com suas dores e sentimento de inferioridade; seja Kiyoka e Miyo fazendo as pazes e, no final, voltando juntos para casa, foram ótimas.  Problema desse confronto de Miyo com suas inseguranças, é que no livro 3, ela não as tinha superado ainda, então, enfim, como vão arranjar isso?  E como criaram uma sequência de Miyo e Kiyoka se entendendo, poderiam ter enfiado um beijo, porque nem o beijinho na testa que ele lhe dá no fim do livro 2 está lá.

 E tivemos uma cena extra pós-créditos, na tal festa para a qual Miyo estava se preparando com Hazuki.  Infelizmente, tudo mudado.  Miyo com um vestido que não se sabe de qual época é, apesar de lindíssimo, sem Hazuki, sem o filho da irmã de Kiyoka, sem a conversa do príncipe com o protagonista, sem o mocinho receber um uniforme novo especial para a festa e com o figurino feminino ocidental mais preguiçoso que eu já vi.  

Ao fundo, há silhuetas de mulheres e elas estão vestidas como se estivessem na década de 1970-80.  Parece coisa de shoujo antigo, sem pesquisa de figurino.  Enfim, essa parte não gostei, mas a série foi muito competente e que bom que terá a segunda temporada, fora o especial animado que já havia sido anunciado.  Agora, é esperar que o filme live action apareça por aí e que alguma editora brasileira anuncie o mangá e/ou os livros.  Abaixo, o Shoujocast sobre este episódio: 

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Watashi no Shiawase na Kekkon terá uma segunda temporada animada

Hoje, foi ao ar o último episódio  de Watashi no Shiawase na Kekkon  (わたしの幸せな結婚) na Netflix e veio o anúncio no Japão do que já era pedra cantada:  teremos continuação.  No Twitter da série, foram postadas imagens comemorativas. Uma da equipe de animação, outra da ilustradora das novels (Tsukiho Tsukioka) e a autora do mangá (Rito Kohsaka).  


A autora dos livros é Akumi Agitogi.  Ela é creditada no mangá, também.  Agora, é esperar os detalhes.  Os dubladores  Reina Ueda (Miyo) e Kaito Ishikawa (Kiyoka) postaram um vídeo comemorando, também.

Watashi no Shiwase na Kekkon termina hoje!!! E eu nem tinha postado o último vídeo resenha por aqui.

Hoje, chega ao fim o que eu espero que seja a primeira temporada de Watashi no Shiawase na Kekkon (わたしの幸せな結婚).  A série, no geral, foi bem satisfatória.  Eu postei vídeos regularmente todas as quartas-feiras depois de assistir ao episódio da semana e, no diz seguinte, postava aqui o Shoujocast.  Mas eis que eu parei para escrever a resenha do capítulo 3 do livro, que é o material base para os últimos dois capítulos do anime e perdi o timing.  Enfim, se você não assistiu ao Shoujocast ainda, ele está aí embaixo.  

Este último vídeo teve uma adesão curiosa, muitas visualizações, para a média do canal, mas pouco tempo assistido.  Espero que as pessoas tenham caído lá e ido ver a série para voltar depois, porque, efetivamente, não faz sentido assistir uma resenha do penúltimo episódio de um programa sem ter ido ver o resto antes.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Sexualidades são construções históricas e a gente precisa sempre reforçar isso


Se você caiu aqui de paraquedas, saiba que eu sou historiadora de formação, com graduação, mestrado e doutorado na área.  Sou medievalista aposentada, por assim dizer e especialista em Estudos Feministas e de Gênero.  Obviamente, nada disso me impediria de escrever e falar groselhas, mas acho que eu sou uma profissional relativamente responsável. Vamos falar de História, então!  Saiu uma matéria no jornal O Globo chamado “Seios e pênis grandes eram objeto de ridículo na Roma Antiga, diz historiadora espanhola” e decidi comentá-la.

O livro “Cunnus: Sexo y poder en Roma”, da historiadora  Patricia González Gutiérrez, saiu este ano, é novinho, portanto.  A matéria destaca o desinteresse dos romanos pelos seios das mulheres, ainda que não pontue que na própria imagem escolhida para ilustrá-lo tenha uma mulher com os seios cobertos, algo comum em afrescos e mosaicos de mulheres reais produzidos por esta civilização; informa que a mulher por cima era algo anormal aos olhos dos romanos e que a prostituta da imagem (*descoberta em Pompéia*) deveria receber mais para estar nessa posição; e pontua a aversão dos romanos pelo sexo oral.


Parece novidade, mas boa parte das informações da matéria sobre o livro  já eram acessíveis na minha época de universidade, ou seja, uns trinta anos atrás, porque meu primeiro contato com os textos sobre o assunto datam da época que eu estava fazendo Antiga I e as optativas de Grécia.  “Nos Submundos da Antiguidade”, da Catherine Salles, e o capítulo assinado pelo Foucault, primeira coisa que li dele, sobre Roma no livro “Sexualidades Ocidentais”, já nos trazem discussões sobre isso.  “Sexualidades Ocidentais” já era um livro antigo em nossa língua, ou a galera pegava muito o exemplar na biblioteca, lá em 1994. Eu tenho um exemplar dele e do livro da Salles em casa.  Além disso, essa história dos romanos não se interessarem por seios está em um livro comemorativo da história do sutiã, não é um material acadêmico, vejam só, foi  feito (acho) por encomenda da Duloren, chamado "Sutiãs E Espartilhos - Uma Historia De Sedução"

Não sei o que o livro mais recente traz de novo, nem o índice está disponível no Amazon, mas gostaria de dar uma olhada nele.  É importante pontuar que práticas sexuais são culturais e a gente só sabe o que não era a norma, porque havia quem a transgredia.  Exemplo, sexo oral era visto como algo indigno se praticado por um homem livre em um parceiro ou parceira, ou que fosse algo pedido a uma esposa, PORÉM, não havia lá grande problema se este mesmo homem livre recebesse de um escravo, ou uma prostituta, ou um prisioneiro de guerra.  A ideia era de dominação, se impor sobre o outro. Sexo não era visto como troca, mas como exercício de poder.


Como os romanos adoravam atacar seus oponentes, há historinhas que ficaram para a eternidade acusando adversários, ou suas esposas de práticas sexuais desviantes.  O problema é quando as pessoas ignoram a perfídia e a difamação e tomam como verdade.  Aliás, o filme A Favorita, que não é sobre Roma, se constrói todo em cima de uma difamação tomada como verdade pelos roteiristas e diretor.  

No fim das contas, o que está na mesa, ou na cama, não é o que se faz entre quatro paredes, mas quem está na posição de domínio e, o que é mais importante, se a coisa se torna PÚBLICA.  No sigilo, ninguém tinha nada a ver com isso.  Parece um pouco com nossos dias, não é?  A imagem pública do romano, especialmente os de boa família, era muito importante para ele mesmo e para o clã.  Estamos falando de papéis de gênero (*expectativas de comportamento masculino e feminino em uma dada sociedade*), mas, também, de poder econômico e político.


De resto, houve mudanças com a introdução do cristianismo, mas mesmo nos discursos medievais, o que continuava em jogo era a mesma ideia, quem faz o que com quem, quem está em posição de domínio.  Tanto que as penitências eram diferenciadas a partir das práticas e dos sujeitos envolvidos.  E recomendo o livro “Sexuality in Medieval Europe: Doing Unto Others”, da historiadora  Ruth Mazo Karras.  Deve ter em *.pdf por aí, aliás, os outros dois que eu citei, são fáceis de achar em português para baixar na internet.  

De qualquer forma, destacar que o exercício da sexualidade é histórico e, não, natural, parece ser importante em um momento como o nosso, afinal, vivemos um embate público entre grupos que querem naturalizar comportamentos, gostos, desigualdades roubando-lhes a sua historicidade.  Vamos torcer para que o livro da espanhola saia em português.  Só há versão Kindle no Amazon e está bem em conta, eu diria.

domingo, 17 de setembro de 2023

Morre a mangá-ka Yoshiko Tsuchida

Foi anunciado ontem no Twitter, a morte da mangá-ka Yoshiko Tsuchida na última sexta-feira.  Ela tinha 75 anos e a causa não foi informada, segundo o Comic Natalie.  Tsuchida começou a carreira como assistente de Fujio Akatsuka (Himitsu no Akko-chan, Osomatsu-kun)  e estreou em 1968 com o mangá Harencha-kun (ハレンチくん).  Ao longo da vida, ela publicou principalmente shoujo e seu maior sucesso na carreira foi o mangá Tsuruhime-ja! (つる姫じゃ〜っ!), publicado na Margaret entre 1973 e 1979.  O mangá foi transformado em uma animação com 49 episódio lançado em 1990.  Trata-se de um mangá cômico naquele estilo "para toda família".

Outras obras importantes de Yoshiko Tsuchida são Nanohana Tsubomi (なの花つぼみ), Watashi wa Sijimi! (わたしはしじみ!), Yoshiko de~su! Waratte Itadakimasu!! (しこで〜す! 笑っていただきます!!), Hideko-chan (日出子ちゃん), Kimidori Midoro Aomidoro (きみどりみどろあおみどろ), Neba Neba Nebako (ねばねばネバ子) e Mattanashi!! Yoshiko wa Old Lady (待ったなし!! よしこはOL).  A causa da morte não foi divulgada.  

Entrevista com Mari Okazaki ou ainda temos pais que não sonham com a carreira de mangá-ka para suas filhas

Estava passando pelo Twitter e vi o link para uma entrevista com Mari Okazaki, mangá-ka que começou no shoujo para meninas mais velhas (*revista Cookie, a mesma de Nana*) e josei, tem um traço lindo, usa muito bem as cores.  Faz algum tempo que ela está publicando seinen.  Enfim, meu japonês é indigente e usei o Google Translator.  O link da entrevista na página do Jornal Asahi é esta aqui. Minhas observações estão entre colchetes e em negrito. Para quem quiser, basta checar lá, e me sugerir correções, caso vejam necessidade.  A entrevistadora se chama, Kaori Terada.

O caminho de Mari Okazaki para se tornar uma artista de mangá foi desencadeado pela oposição de seus pais. Quais são algumas dicas para encontrar o amor?

A artista de mangá Mari Okazaki está atualmente serializando seu último trabalho, Haibaiyoushi Mizuiro (胚培養士ミズイロ) que retrata o tratamento da infertilidade, em uma revista seinen. Até o momento, ela produziu inúmeras obras, incluindo o mangá Sapuri (サプリ), que se passa em uma agência de publicidade. Depois de se formar na escola de artes, trabalhou em uma grande agência de publicidade. Perguntamos ao Okazaki-san, que estreou como artista de mangá enquanto ainda trabalhava [com publicidade], sobre sua carreira, como criar os filhos e como ela lida com a vida.

Trabalhando em uma agência de publicidade e trabalhando como artista de mangá

──Depois de se formar na escola de artes, você ingressou em uma agência de publicidade e fez sua estreia como artista de mangá enquanto trabalhava lá. Você pode nos contar sobre o caminho que você percorreu para chegar lá?

Mari Okazaki (doravante denominada Okazaki): Comecei a desenhar mangá quando estava no ensino médio e me inscrevi em concursos de ilustração realizados em vários lugares. É surpreendente agora, mas naquela época era uma bolha e você poderia ganhar um prêmio de 1 milhão de ienes por uma ilustração. Ganhei dinheiro enquanto era estudante.

Depois de terminar o ensino médio, usei minhas economias para me mudar para Tokyo e ingressar na escola de artes. Me inscrevi em um concurso e, se ganhasse, conseguiria um emprego fazendo mangá e, graças a isso, fui abordado por muitas pessoas de todo o mundo. [Aqui não sei se o final da frase está correto.]

Porém, nunca pensei em não conseguir um emprego e trabalhar de forma independente como artista de mangá. Sou uma pessoa solitária. Não consigo fazer isso sem pessoas ao meu redor, então definitivamente pensei que seria melhor ingressar em uma empresa.

Quando eu estava procurando emprego em uma escola de arte, imaginava que primeiro iria para uma agência de publicidade, depois para o departamento de publicidade de uma grande empresa e depois para um escritório de design. Então, a primeira empresa que aceitou meu currículo foi a Hakuhodo, onde mais tarde ingressaria. Eu realmente não fui bem na primeira prova, mas quando trouxe o mangá que desenhei na época, as pessoas acharam interessante, então passei para a segunda prova.

Para o segundo exame, os participantes receberam uma palavra-chave e tiveram que passar uma semana desenhando de 500 a 600 ilustrações em um caderno e enviando-as. Eu gostava de desenhar ilustrações, então passei no exame em primeiro lugar, consegui uma oferta de emprego e entrei na empresa.

Entrei na empresa como designer, mas um dia meu chefe me disse: “Você é ruim em design e entrou na empresa por causa de sua criatividade, então deveria se tornar uma planejadora comercial” [Achei esse posto no Brasil, mas não sei bem o que faz, não deve ser um cargo gerencial ainda.]. Quando comecei minha carreira pensando que não era tão boa nisso, me disseram que eu deveria parar de fazer mangá. Como você disse, continuei desenhando mangá enquanto trabalhava como planejadora comercial, e então fiz minha estreia, e sou mangá-ka ate hoje.

──Você alcançou o que hoje chamaríamos de carreira dupla e se aposentou da empresa quando se casou. Quando você acha que foi o ponto de virada em sua vida?

Okazaki: Foi quando larguei meu emprego? Até então, eu tinha feito o que queria com o mangá e a empresa. Porém, quando me casei e quis ter filhos, percebi que não conseguiria equilibrar mangá, trabalho [na empresa] e criação dos filhos ao mesmo tempo.

Então, pela primeira vez na vida, pensei nas coisas e decidi me aposentar. Nesse sentido, foi um ponto de virada.

“Eu amo crianças, mas odeio criar filhos (risos)”

──Você construiu uma carreira baseada em dois eixos: o trabalho que você começou como artista de mangá porque adorou, e o trabalho que lhe foi dado como planejadora.

Okazaki: Sou o tipo de pessoa que só quer fazer o que quer. Porém, há muita gente envolvida em comerciais, e mesmo que você tenha uma ideia que queira fazer, há muitos casos em que você não consegue por diversas condições como orçamento ou talento.

Quando comparei trabalho, mangá e os cuidados com as crianças, foi do trabalho que desisti para seguir o que queria fazer até o fim. Então, quanto a mim, só tenho feito o que sempre quis fazer.

No entanto, criar os filhos foi o que quebrou isso. Meus filhos nunca ouvem o que eu quero fazer. Ainda não gosto de fazer o jantar e de cuidar da limpeza. Amo crianças, mas odeio criá-las (risos). Consigo fazer isso pensando que não tenho escolha a não ser fazer porque as pessoas de quem gosto ficarão felizes com isso. [Ela é meio que refém das expectativas de gênero e do dispositivo amoroso.  Precisa servir para se sentir feliz, porque os outros estariam felizes.]

Depois de me tornar mãe, percebi que com certeza deveria trabalhar. Artistas de mangá podem ser maníacos por controle. Porque no mangá você pode decidir a estação do ano, as roupas que vai vestir e até a altura da árvore ao fundo.

Eu mesma mudei para Tokyo e fugi porque não queria que meus pais me controlassem, então decidi desenhar mangá para não controlar meus filhos. Estou feliz por ter um emprego.

Se você ainda não pode dar esse passo, não precisa.

──Ouvimos leitores dizendo: "Há algo que quero fazer, mas não consigo dar o primeiro passo" e "Não consigo encontrar o que gosto." Você tem algum conselho da Okazaki-san, que fez o que queria?

Okazaki: Como eu ficava muito obcecada quando fazia desenhos e mangás, meus pais faziam oposição a isso pedindo para eu parar. [1] Eu não me dava bem com meus pais, então aquela oposição se tornou um gatilho para mim e pensei: "Isso é o que vou fazer pelo resto da minha vida!'' "Vou embora e voltar para casa algum dia", e comecei a pensar em como ganhar dinheiro com a única coisa que tinha. Cresci pensando nisso.

A vida era tão difícil que não tive escolha a não ser dar um passo à frente, mas se você ainda sente que não consegue dar um passo à frente, não precisa. Pode não ser o que você realmente deseja fazer.

Quando eu trabalhava em escritório, pensava que as melhores pessoas eram aquelas que não gostavam de nada, mas estavam de bom humor. O mundo diz que o que você quer fazer está certo, mas as pessoas mais virtuosas são aquelas que estão de bom humor e cuidam de suas vidas diárias. Então não acho que haja nada com que se preocupar.

Mas acho que isso não me dá uma sensação de realização. Se for esse o caso, por favor leia o mangá. Pode ser uma boa ideia tentar conscientemente fazer algo que lhe dê uma sensação de realização, como ler um mangá que você acha um pouco exagerado, ler um romance difícil ou completar um jogo.

Outra opção é pensar em maneiras de ganhar dinheiro fazendo aquilo em que você passa mais tempo fazendo. Faça um gráfico de pizza das 24 horas de um dia e pense em qual parte ocupa mais tempo. Não seria mais eficiente se você pudesse ganhar dinheiro fazendo algo que normalmente passa muito tempo fazendo? Se for dormir, me pergunto se existe uma maneira de ganhar dinheiro enquanto durmo. Acho que você não sabe o que pode fazer para viver.

(Imagem superior: © Mari Okazaki/Shodensha Feel Comics)

●Perfil de Mari Okazaki

Artista de mangá. Ela começou a desenhar ilustrações e mangás ainda no ensino médio e, depois de se formar na Tama Art University, ingressou em uma agência de publicidade. Enquanto trabalhava como designer e planejadora comercial, ela estreou como artista de mangá em 1994. Desde então, ela lançou vários trabalhos como Sapuri, A-um (阿・吽) e Shibuyaku Maruyamachou (渋谷区円山町), e recebeu apoio de mulheres de diversas gerações. Ela também é mãe de três filhos.


[1] Obrigada pela ajuda, Luiz!

Ranking da Oricon - Semana 04-10/09

Desta vez, não sei por quanto tempo, eis o ranking da Oricon na data certa!  VIVA!  Não perdi a semana!  Enfim, primeiro lugar para, como não poderia deixar de ser na semana de seu lançamento, Mystery to Iunakare.  Lembrem que tem especial na TV e filme estreando no cinema, logo, eram favas contadas.  Se tivesse edição especial, estariam as duas entre os trinta mais vendidos.  Também no top 10, Natsume Yuujinchou com sua edição comum e a especial.  É disso que eu estou falando.  

Saindo do top 10, temos Given, BL que sai pelo NewPop, aliás, o único mangá feminino que sai em nosso país, porque Mystery to Iunakare foi anunciado pela JBC, mas está na fila.  E outros destaques, Akuyaku Reijou wa Dekiai Route ni Hairimashita!?, série de vilã sobre mulher de trinta anos que morre de trabalhar e reencarna em um jogo (ai... ai...) e, lá no final, Suterareta Kouhi, série coreana, tem scanlation e o nome internacional é The Abandoned Empress.

1. Mystery to Iunakare #13
2. Tensei Shitara Slime Datta Ken #24
3. Natsume Yuujinchou #30
4. Mairimashita! Iruma-kun #34
5. SAKAMOTO DAYS 13
6. Bungo Stray Dogs #24
7. Sangatsu no Lion #17
8. Makai no Shuyaku wa Wareware da! #15
9. Tensei Shitara Slime Datta Ken #24 Edição Especial
10. Natsume Yuujinchou #30 Edição Especial com Nyanko-sensei de acrílico
12. Koori no Jouheki #4
14. Akuyaku Reijou wa Dekiai Route ni Hairimashita!? #3
17. Given #9
25. Suterareta Kouhi #12 

sábado, 16 de setembro de 2023

Mais uma quase resenha do livro 2 de Watashi no Shiawase na Kekkon: as diferenças entre o original e os episódios 10 e 11 do anime

Diante das mudanças em relação ao livro que percebi nos últimos dois episódios do anime, decidi reler o terceiro capítulo do livro dois de Watashi no Shawase na Kekkon (わたしの幸せな結婚), de Akumi Agitogi, e fazer um texto sobre ele.  A edição que eu tenho está em inglês, sempre há perda em relação ao original, adaptações de tradução, mas, no geral, o texto flui bem.  O que eu ressaltei já na outra quase resenha é o quanto o livro 2 me parece confuso se comparado com os livros 1 (*resenha*) e 3 (*resenha*).  Mas é isso, vamos para o  texto, que ficou grande.

Quando Arata visitou a casa de Kiyoka, no capítulo 2, e falou com Miyo, ele deixou um cartão com seu nome e Usuba escrito atrás.  Foi assim que Kiyoka pode finalmente juntar as pistas e entender que os Tsuruki e os Usuba eram a mesma família.  No capítulo 2, Kiyoka, muito transtornado por não poder ajudar e proteger Miyo e por acreditar que ela está escondendo dele seus sentimentos, discute com a moça e diz que ela deve se preparar para fazer uma visita no outro dia.  Algo que é descrito no livro é o quanto a mansão dos Usuba é imponente por fora e pobre por dentro.  Vejam bem, não austera, mas empobrecida mesmo.

O que Kiyoka descobriu através do detetive é que Sumi Tsuruki frequentou uma escola feminina e que, vinte anos antes, fundos foram passados dos Saimori para os Tsuruki.  Os Usuba eram visíveis até esta época? Kiyoka sabe quem eles são e diz que eles estavam em decadência (econômica?), depois sumiram.  Os Tsuruki também eram visíveis e continuaram sendo.  Sumi Tsuruki morre na mesma época em que Sumi Usuba se casou.  Eu já escrevi na minha outra quase resenha que considero o livro 2 confuso e qualitativamente inferior ao livro 1 e ao livro 3, pois bem, um dos problemas está aí.  

Se os Usuba viviam em segredo, o casamento da mãe de Miyo deveria se manter assim e todo mundo na história sempre soube que a jovem pertencia ao clã que, pelas regras que o livro 1 e o 2 explicam, só poderia se casar com alguém de sua própria família, só para repetir de novo e de novo, e não poderia manter laços amorosos e de amizade com nenhuma outra família.  Era absolutamente endogâmico.  Por essa lógica, Sumi nem deveria ir a uma escola, deveria ficar restrita à residência do avô.  Arata diz que Kiyoka entrar na casa dos Usuba é uma exceção, que isso era uma quebra de protocolo.  

Miyo se sente muito incomodada dos homens (seu avô, Arata e Kiyoka) estarem falando dela como se ela não estivesse ali.  Ela quer gritar.  Ela está magoada com Kiyoka e imagina que foi assim que Hazuki se sentiu quando lhe comunicaram o seu divórcio.  Kiyoka diz que não irá deixá-la com os Usuba e o velho Yoshirou diz que isso não é algo que ele vá negociar.

O avô de Miyo explica para Kiyoka que a moça tem um dom raro e feminino, a visão dos sonhos (Dream-Sight).  A portadora desse dom pode entrar nos sonhos, ver passado, presente e futuro, além de fazer lavagem cerebral em qualquer pessoa.  O avô afirma que o dom de Miyo pode ser maior que o do imperador, o da Revelação Divina.

É o avô quem humilha Kiyoka com palavras estudadas.  Ele não é capaz de proteger Miyo, ela irá continuar sofrendo com seus pesadelos, somente os Usuba podem ajudá-la.  Fora isso, os Usuba jamais permitiriam que o dom especial que ela possui passasse para outro clã.  E o avô deixa claro que só procuraram Miyo agora, porque não sabiam que ela tinha o dom, ele deveria estar selado, provavelmente, por obra de sua mãe.

Uma menina com a visão dos sonhos nasce raramente, às vezes, com décadas de diferença.  Esta menina sempre tem como mãe uma mulher com o dom de telepatia, algo que é cada vez mais raro, porque o número de pessoas com dons está declinando.  E, de novo, a autora explica que quanto mais comuns são o uso da tecnologia e a educação científica, menos grotesqueries, porque elas são movidas à medo e ignorância, e, curiosamente, menos dotados nascem.  O anime eliminou essa discussão.  Apesar de ninguém ter revelado isso para Sumi, ela cresceu sob imensa pressão.  Seu pai já havia combinado seu casamento com um parente distante, mas os negócios pioraram e os Saimori apareceram oferecendo dinheiro.

Vou repetir de novo, se o paradeiro dos Usuba era secreto, se usavam publicamente o nome Tsuruki, se só se casavam entre si, como os Saimori ficaram sabendo de Sumi?  Isso tudo é uma armação do imperador, como se mostrará no último capítulo.  Então, faltam peças nessa história, neste momento em que estamos do livro.

Yoshirou se nega, segundo ele, a aceitar as propostas e os Saimori começam a perseguir a própria Sumi e ela acaba cedendo para salvar a família, mesmo contra a vontade do pai.  Aqui, não fica claro se o patriarca consentiu no final, porque sem a permissão dele, ela não poderia casar.  Ele deixa claro que os Saimori deveriam estar cientes do dom de Sumi e da possibilidade do nascimento de uma menina com a visão dos sonhos e certamente iriam explorar os poderes desta criança se ela viesse a nascer.  Por isso, Sumi deve ter selado os poderes da filha.  Nada é dito sobre uma doença prévia de Sumi.

Com o passar do tempo, o selo se enfraqueceu e, segundo o avô de Miyo, ele estava em algum lugar na residência dos Saimori.  Obviamente, era o pé de cerejeira que virou pó.  O avô de Miyo prossegue dizendo que como Miyo não tinha o dom, os Usuba lavaram suas mãos e se sentiram tranquilos, porque um poder tão grande não tinha passado para outra linhagem. Vejam bem, a partir desta fala sabemos  que eles estavam cientes dos sofrimentos da menina e a abandonaram.  

Os filhos são do pai, trata-se de uma sociedade patriarcal, mas os Saimori não tinham interesse nela, muito pelo contrário.  Mas quem quer uma menina sem dons?  Só alguém como Kiyoka, que a aceita com ela é e a ama assim mesmo, apesar de ainda não saber disso.  Miyo ouve tudo isso e fica com cada vez mais raiva e acredita que a ação da sua mãe prejudicou enormemente a sua vida lhe tirando o amor de sua família paterna, a possibilidade de educação e perspectivas de vida melhores, porque, como até ela sabe, toda mulher portadora de um dom é obrigada a se casar.  Já Kiyoka, se mostra indignado com o abandono imposto a sua noiva.

Arata entra na conversa e confronta Kiyoka sobre sua incapacidade de proteger Miyo.  A moça está em dúvida se Kiyoka a quer ao seu lado e, ao ser perguntada, perguntada, diz que faria o que seu noivo dissesse.  Inquirida de novo por Arata, ela diz não se importar com seu destino como uma forma de libertar Kiyoka de qualquer compromisso.  O moço chocado, mas ela não o olha nos olhos.  Arata, então, o desafia para um duelo e ele aceita.  O duelo é tratado como um absurdo dentro do livro.  Miyo desesperada chama por Kiyoka enquanto ele se dirige para a parte externa da casa, mas ele não se vira para ela e a moça se sente ainda mais insegura.

O duelo seguiu mais ou menos o que vimos no anime e com Miyo estava desesperada e culpada por não confiar no noivo.  Tudo se define quando Arata toma a forma da jovem, porque Kiyoka, que estava em vantagem, o jovem fica confuso e acaba baixando a guarda.  Derrotado, ele vira o rosto e tenta controlar as lágrimas de frustração.  Miyo se desvencilha do avô, que a estava segurando e corre para Kiyoka, mas não  o alcança, Arata a segura e diz que a luta foi justa e que, agora, ela estará sob a proteção dos Usuba.

Kiyoka volta para casa e a primeira coisa que ele pensa é que aquele lugar parece frio e vazio sem Miyo.  Quem aparece de repente é Hazuki e ela se espanta ao não ver a moça com ele.  Quando Kiyoka conta que a perdeu em um duelo, a irmã lhe dá um tapão na cara. Relendo o livro, lembrei que Hazuki bate mais nele no original do que na animação, são um tapa e dois cascudos. Nos animes e mangá, tapa na cara raramente tem um sentido cômico como os cascudos têm, é algo que tende a ser levado à sério, seja como alerta, ou ofensa. Ela o lembra que alguém como Miyo é frágil e se sentiria culpada por toda a situação.  Miyo passara a ter dúvidas sobre o moço querer que ela ficasse em sua casa depois da discussão  na cozinha e ele a ter levado sem qualquer explicação para a casa dos Usuba.

Sua irmã o cura e o livro comenta que este dom vem do lado materno da família, não é um dos que correm no clã dos Kudo.  Hazuki exige que ele vá atrás de Miyo e ele está decidido a ir, mas chega a mensagem de Godou.  Hazuki percebe a indecisão do irmão e diz que ele deve ir e voltar rápido para resgatar a moça e que ela está do lado de Miyo.  Kiyoka então se retira para seu quarto para trocar de camisa e fica olhando o uniforme e pensando que é necessário se desvencilhar do dever o quanto antes para retomar Miyo, na verdade, ele pensa em retomar "tudo o que perdeu".  Não é somente a moça fisicamente na sua casa, onde ele acredita que ela deveria estar se despedindo dele ao partir (*ele pensa isso*) e o recebendo quando ele retorna depois do trabalho, mas dos sentimentos que preencheram sua vida.  Ele não pode e não vai perdê-la.

O capítulo passa a mostrar o dia-a-dia na casa dos Usuba.  A autora descreve em detalhes a mobília, as cores das paredes e tudo mais do andar onde Miyo está confinada, porque é isso mesmo, uma espécie de prisão.  Tudo é bonito e ao estilo ocidental, em contraste com o primeiro andar, que tem uma decoração japonesa tradicional.  Miyo não está acostumada a dormir em uma cama elevada, ela não pode escolher o que comer, todas as refeições são ao estilo ocidental.  Ela também não precisa fazer coisa alguma, nem a permitem.  As horas e dias passam de forma arrastada e triste, mas ela não tem mais pesadelos, na verdade, ela acaba se insensibilizando diante de uma rotina que lhe é imposta e perdendo a noção do tempo.  Diferentemente do anime, o livro não enfatiza a melhora da saúde física da moça, ainda que esteja implícito, afinal, o bem-estar mental dela está muito deteriorado.

Arata é o único que vem visitá-la, o avô parece não se aproximar dela.  Arata passou a chamá-la pelo nome sem sua permissão, como ela bem pontua em sua mente e isso é algo sério no Japão, uma quebra de etiqueta.  A versão em inglês usa "miss" (senhorita), mas ele deveria estar usando "san", o honorífico mais comum.  Arata é sempre gentil, mas quando ela pede seu quimono de volta, recebe uma negativa seca.  O rapaz também lhe nega a possibilidade de rever Kiyoka.  Miyo quer se desculpar, ela reflete que deveria ter confiado mais no noivo, que ele sempre a recebeu de braços abertos e lutou por ela quando foi sequestrada.  

Miyo lamenta em seu íntimo o que perdeu, enquanto Arata lhe explica uma série de detalhes sobre a sua família materna.  Os Usuba tem como função conter outros dotados, eles não precisam ter a visão, que é o primeiro indício de que alguém tem um dom, Miyo diz que faz sentido, afinal, eles não precisam ver grotesqueries. A seguir, ele conta sobre o código dos Usuba, entre eles, absoluta endogamia.  E qualquer transgressão seria punida.  

Pensem comigo, senhoras e senhores, é óbvio que o avô mentiu sobre Sumi decidir seu casamento.  Uma adolescente, uma mulher, uma pessoa sob tutela, ademais alguém tão precioso para seu clã e para o Japão, afinal, ela poderia gerar uma menina com a visão dos sonhos, JAMAIS teria autonomia para casar sem permissão, além disso, ela já estava prometida a um parente.  Há caroço neste angu, há o dedo do imperador.  Fora que dado o nível de segredo descrito por Arata, os Saimori não poderiam saber da existência dos Usuba, detalhes sobre Sumi e por aí vai.  O avô mentiu e o anime investiu em transformar a mentira em verdade.  Quem deve estar dizendo o que realmente aconteceu de verdade é Usui lá no terceiro livro.

Por fim, Arata fala de como sua vida foi árida até aquele momento.  Que foi separado de seu pai, porque ele não tinha dons e obrigado a residir com sue avô.  Solidão e falta de propósito marcaram sua vida até então.  E ele se declara dizendo que o "natural" é que eles se casem e que ele deve proteger Miyo.  A razão de sua existência deveria ser proteger a donzela portadora da visão dos sonhos.  A declaração não é romântica, mas ele espera que ela o aceite.  Miyo se cala, no íntimo, lamenta por ele, mas ela deseja rever Kiyoka.  Arata se retira um tanto transtornado.

A seguir temos Arata passando em revista seus sentimentos, na verdade, o quanto ele é vazio como a casa dos Usuba.  Sem pessoas e depauperada de bens de valor e mobília.  Por fora imponente, impecável, por dentro, vazio.  Miyo pode encher sua vida e ele acredita que ela pode se tornar sua razão de existir, ele a imaginava vazia, também, quando a amparou na rua, mas percebeu que ela não era, quando foi até a casa dos Kudo e os criticou, pois Miyo ergueu sua voz em protesto.  O fato é que Arata teve uma vida infeliz e acredita que Miyo possa mudá-la.  E ele vai para a firma acreditando nisso, ou tentando.

Na última parte do capítulo, que é muito longo, finalmente Yoshirou vem falar com a neta.  Algo que não ficou claro para mim é se o tempo passa de forma diferente dentro da mansão dos Usuba.  O velho se desculpa por não ter vindo falar com ela antes.  Ela percebe a mudança de atitude do avô, de arrogante e impositivo para alguém que parece contrito e frágil.  Ele pergunta se tudo está ao gosto da moça e reforça que Arata está ali para servi-la.  Miyo, mesmo timidamente, diz que ter Arata a seu serviço não lhe agrada, porque ela se sente como um peso.

O velho diz que pode lhe contar sobre sua mãe, mas ela diz que quer saber outra coisa, quer ver Kiyoka.  O velho fecha a cara, mas corre em explicar que está de mãos atadas sobre isso e mesmo se lhe fosse permitido fazer isso, ela nao conseguiria encontrá-lo, porque Kiyoka e sua unidade estão em combate no momento.  O velho sugere que a informação veio do imperador e Miyo se recorda que Arata falou para Kiyoka, que a situação dele iria se complicar.  O velho pergunta se Miyo ama tanto Kiyoka que está chorando por ele e ela expressa a sua tristeza e incapacidade de se mostrar forte quando necessário.  


O velho diz que ela e Arata são parecidos, que ambos não sabem o que fazer com seus dons e suas vidas, mas que isso, no caso dela, é responsabilidade da família agora.  E pede desculpas por não ter ido em seu auxílio e a tirado das mãos dos Saimori.  Ele se curva expressando um profundo pedido de desculpas que desconcerta a moça.  A partir daí, ele começa com o papo de somos uma família, que pode confiar neles, que parentes servem para dividir a carga.  Miyo se lembra que Hazuki lhe disse algo semelhante.  

Na verdade, Miyo não entende o que é ter uma família e fala claramente, o que é algo bem surpreendente, que o avô lhe dizer todas essas palavras de repente não conseguem lhe dar conforto, que a experiência com os Saimori foi muito traumática para ela.  Ela fica surpresa de conseguir abrir seu coração para o velho e não ter sido capaz de expressar seus sentimentos para Kiyoka e Hazuki.  A seguir, ela se desculpa com o avô por sua tagarelação, mas ele diz que está tudo bem e lhe dá conselhos.  Miyo então pergunta se ela foi tão compreensivo com sua mãe.


O velho fala que ficou furioso de perder Sumi, sua filha querida, para os Saimori, mas que não conseguiu lhe virar as costas.  Ou seja, ele nunca rompeu com Sumi como mostrado no anime.  E cito o livro: “Você terminou ressentido com ela...?”  “Não.  Em imaginei que nunca iria conseguir perdoá-la, mas Sumi era muito preciosa para mim.  Claro, há pais que renegam seus filhos e cortam seus laços completamente.  Mas se minha filha estivar magoada e sofrendo, eu gostaria de estar lá para ajudar, e se eu soubesse com certeza de que ela está vivendo feliz, isso me traria alegria, também.” (p. 99)  E o velho diz estar feliz por ela existir e Miyo vê uma lágrima brilhando nos olhos dele.

Quando Miyo se levanta para falar sobre Kiyoka novamente, a porta se abre e Arata entra muito nervoso e chama o avô, os dois saem da sala.  De novo, ela é excluída da conversa, mas os segue sorrateiramente e fica ouvindo a conversa.  Aconteceu uma batalha, Kiyoka foi ferido, na verdade, somente ele, pois toda a sua unidade saiu ilesa.  Miyo invade a sala onde eles estão e exige explicações.  Arata se empertiga e ordena que ela vá para seu quarto.  Ela resiste e o encara, ele começa a gritar com ela, mas a moça não se intimida.  Arata perde a compostura, passa a mão na cabeça e bagunça seu cabelo (*como fez no anime*). 


Por fim, ele conta, sem nenhuma paixão, o que aconteceu com Kiyoka.  Miyo nao consegue acreditar, ela fecha os olhos, cobre os ouvidos e imagina estar em um pesadelo.  Kiyoka não pode estar morto, mas ela se apega a um detalhe, Arata não havia dito que seu noivo está morto, mas que ele foi derrotado e colocado fora de combate.  Ele está vivo, então. Quando ela se dá por si, está correndo escda abaixo e em direção à porta.  Arata a alcança e a segura com força pelos ombros a ponto de doer.  Quando ela se vira, ele está chorando.

Ele insiste para que ela fique, ela diz que quer estar com Kiyoka, ele pergunta se não é bom o suficiente para ela.  Ela diz que ele é com o suficiente e ele suplica que ela fique com ele.  Miyo é firme e diz que não pode, que o único homem que ela quer é Kiyoka, nenhum outro poderia ocupar o lugar dele. Ela lembra dos dias na casa de Kiyoka e como era feliz.  Ela diz que não pode honrar o resultado do duelo que ele teve com Kiyoka.   


Arata diz que ela não pode partir e que são ordens do imperador, deixá-la ir embora seria alta traição.  O imperador não quer que ela e Kiyoka fiquem juntos.  Miyo diz que não se importa com as ordens do imperador, que ela quer estar com Kiyoka.  Arata dá a entender que se ela se aproximar dele, poderá acabar com a família Kudo, da mesma forma que todos os Usuba serão punidos, que o imperador só lhe permitiu trazê-la de volta para a casa dos parentes e sua mãe depois de se comprometer com ele.

Miyo vacila, mas Arata diz que ele serve a portadora do dom de visão dos sonhos e que seu compromisso maior é com ela e se ela quer partir, ele irá junto, para protegê-la.  Se ela não pode desistir de Kiyoka, Arata não pode desistir dela, mesmo se sua identidade for revelada, ou se ele for punido.  Miyo fica muito surpresa com a decisão dele.  Depois, ele explica que para sair da propriedade dos Usuba e chegar até a casa de Kiyoka, ela precisaria dele.  Arata se vira para o avô e ele lhes dá sua bênção e diz que irá apoiá-los em sua decisão.  Miyo agradece e os dois partem.  Nada é dito sobre ela mudar para o quimono que Kiyoka lhe deu.


E esta é a longa resenha/descrição do capítulo três do segundo livro de Watashi no Shiawase na Kekkon.  Espero ter deixado claras as diferenças em relação ao anime e como as coisas foram simplificadas e, ao fazê-lo, algumas questões foram melhor explicadas, porque o livro é confuso.  O problema é ter jogado a responsabilidade para a mãe de Miyo de algo que não era escolha dela.  Essa história do casamento continua muito mal contada e acredito que só será explicada, isso se for, claro, nos livros.  Minha opinião é que a autora pensou em um livro só, o sucesso foi enorme e ela teve que esticar a história e isso, normalmente, pode resultar em problemas de coerência.  De qualquer forma, é isso.  Vou reler o último capítulo e resenhá-lo depois do último episódio do anime.  E, para quem quiser, há vídeo resenha dos episódios 10 e 11 do anime.