segunda-feira, 9 de junho de 2025

Sobre a "Febre" dos Bebê Reborn e a estigmatização dos hobbies femininos

Umas duas semanas atrás, fiz uma postagem no Instaram sobre essa onda de matérias sensacionalistas sobre bebês reborn e as mulheres que fazem parte da comunidade que mantém o hobby, sim, porque é coisa de mulher mesmo.  Fiquei adiando um post no Shoujo Café até que, nesta semana, duas coisas aconteceram, a primeira, descobri que várias mulheres que fazem parte do grupo do blog no Facebook acreditam nessas matérias sensacionalistas caça cliques a ponto de acharem que TODAS as pessoas que têm bebê reborn como hobby são mentalmente desequilibradas; a segunda, foi a agressão sofrida por uma bebê real por parte de um homem que acreditava que se tratava de uma boneca.  Sim, para além da maldade, talvez tenhamos a crença para alguns de que bebês reborn são androides, porque o celerado brincara com a bebezinha e sabia que ela se mexia e tudo mais.  Muito bem, trouxe o post do Instagram para cá e vou atualizá-lo e expandi-lo. 

Há mulheres que colecionam e/ou fazem as bonecas hiper-realistas chamadas de bebê reborn.  Essa coisa é antiga nos Estados Unidos, e chegou no Brasil faz muito tempo, também, lá no final dos anos 1990.  Bebês Reborn não são as bonecas caríssimas vendidas em lojas de brinquedo e que ficam sempre em estantes envidraçadas junto com as Barbies de colecionador, trata-se de outra  coisa. Essas mulheres formam uma comunidade que, assim como em qualquer outro hobby caro, se comunicam entre si e marcam eventos. O documentário excelente do Chico Barney chamado Bebês Reborn não Choram mostra bem o funcionamento do grupo, o encontro que se repete por mais de um década no Parque do Ibirapuera e entrevista uma das principais cegonhas (*nome das artesãs de bebê reborn*) brasileiras, que explicou que há o uso terapêutico das bonecas, também, com pessoas em depressão e até Alzheimer.

Dentro dessa comunidade, há todo tipo de mulher. As que só colecionam, as que buscam o hobby como uma forma de apoio emocional e as que monetizam com a brincadeira, inclusive fazendo roleplay.  Roleplay são encenações nas quais os participantes encarnam personagens, tipo RPG, sabe, mas como são somente mulheres brincando, algumas são meninas ainda, adolescentes, as pessoas acham que é coisa de gente doida. Um dos canais mais importantes desse nicho é o da Nane Reborns, que sempre aparece sendo entrevistada. Só no Tik Tok ela acumula 286.4 seguidores e tem 3 milhões e 400 mil likes, não fui checar o tamanho das suas redes no Instagram, nem no Youtube, porque ela está em todos esses lugares. Deve ser sua principal fonte de renda, eu imagino. Minha filha Júlia, quando pequena, via canais de novelinhas feitas por adultos (*homens e mulheres*) só que com bonecos para criança mesmo e tudo bem. Meu marido achava esses canais ridículos, até eram, mas não estão fazendo mal para ninguém e nem viraram alvo dessa sanha difamadora da mídia e de vários youtubers.

Com a exposição na mídia, e tudo veio depois do documentário do Chico Barney, descobriu-se uma mina de ouro. Emissoras lucram com matérias sobre o tema, podcasts chamam pseudo-especialistas para falarem mal das mulheres que fazem parte da comunidade (*o Três Irmãos trouxe uma dessas criaturas.*), multiplicam-se os projetos sem sentido de políticos de extrema-direita e há o pessoal que entrou na brincadeira para viralizar e se projetar nas redes. Neste último ponto, eu brinquei dizendo que melhor eles se concentrarem em problemas inexistentes inofensivos (*levar bebê reborn para posto de saúde, por exemplo*) do que ficar perseguindo menina grávida que foi estuprada, professor e pessoas trans.  Resumindo, falar de bebê reborn tornou-se um negócio, que já se arrasta por várias semanas.

Entre uma e outra matéria séria, a maioria é sensacionalismo puro.  Os títulos clickbait parecem fazer crer que existe uma febre e que legiões de mulheres estão embarcando em um hobby que é muito caro e deixando de ter filhos e mesmo animais de estimação.  Durante toda a minha vida, só conheci uma pessoa que colecionava bebês reborn, uma tia que faleceu durante a pandemia (*mas não foi de COVID-19*).  Ela tinha filhos e netos, mas comprou dois bebês reborn e, às vezes, saia de casa com eles.  Como ela começou com isso mais de dez anos atrás e morava na periferia do Rio de Janeiro, todo mundo achava estranho, mas como ela era uma pessoa muito brava e não levava desaforo para casa, NINGUÉM tinha coragem de falar qualquer coisa na frente dela.  Se tenho nos meus contatos mulheres que tem bebês reborn, nenhuma delas nunca falou nada, nem apareceu em público com qualquer um deles.

A partir dessa minha tia e do que tem aparecido sobre os bebês reborn, fiquei pensando sobre uma coisa, se algumas dessas mulheres, especialmente as mais velhas, não se tornam colecionistas para compensar o fato de não terem tido as bonecas bonitas e caras que desejavam quando crianças.  Agora, com renda própria, ou a do marido, elas podem satisfazer o sonho.  Tenho 49 anos e lembro de ter ganho bonecas que não queria, simplesmente, porque minha mãe não as tivera quando criança, como a Amiguinha.  Mamãe era muito pobre, minha avó viúva e com cinco crianças para criar não tinha condições de comprar brinquedos que não fossem muito baratos, a maioria, eram feitos em casa mesmo.  Por isso, mesmo pagando em 5 vezes, mamãe me dava umas bonecas indesejadas de Natal e somente nesse data eu ganhava brinquedos mais caros, porque eles continuavam tendo preços altos e minha família era pobre, mas não tanto.

Na minha infância, lembro que na casa das tias-avós sergipanas mais abastadas, mas tinham sido muito pobres na infância,  era comum que elas e minhas primas mais velhas (*que já não brincavam com bonecas*) tivessem camas com colchas bonitas e bonecas muito elaboradas sentadas sobre elas, ou sobre algum móvel muito bem arrumadinho.  Essas bonecas não eram de brincar, eram de enfeitar e eu, criança, não podia tocar nelas.  Herdei uma boneca dessas da minha avó paterna, era uma boneca negra que eu adorava.  Enfim, acredito que colecionar bebês reborn possa ter esse significado para várias colecionadoras.  Agora, elas podem ter as bonecas bonitas que queriam e exibi-las é mostrar ao mundo a sua felicidade e que venceram, ou sobreviveram, a dias  difíceis.  Elas não substituem filhos, netos, maridos, mas fazem parte de suas interações sociais com outras mulheres.

E acabei encontrando  uma matéria com uma mulher que acabou dizendo o que eu tinha inferido como realidade para algumas colecionadoras.  Thaís tem 35 bebês reborn e é colecionadora desde 2019.  Ela diz o seguinte da sua experiência: “Sou apaixonada (por bonecas) desde criança. Minha mãe teve dez filhos e não tinha condições de comprar bonecas (...) Cuido deles como artigos de coleção  (...) Tenho amigas que eram depressivas e, desde que começaram a colecionar (bebês reborn), viram sentido na vida. A gente se apoia. Não somos loucas como todo mundo fala. É apenas um hobby, e somos felizes".


E  as pessoas chegam ao hobby de várias formas.  Em uma das poucas matérias sérias sobre bebê reborn, falaram da experiência de Ana Luiza Dixon.  Ela se tornou cegonha, porque queria presentear a filha com uma boneca hiper-realista e descobriu que elas eram muito caras.   Segundo  a matéria, "Sem recursos, Ana Luiza comprou uma boneca simples e adaptou como conseguiu ao formato reborn, assistindo tutoriais na internet. Ela decidiu publicar uma foto da boneca nas redes sociais e passou a receber encomendas. Assim, o que era um lazer virou fonte de renda e o negócio acabou expandindo."  Ela se tornou uma pequena empresária, emprega 35 pessoas e produz cerca de 300 bonecas por mês.  Aqui, temos duas questões, mulheres que se interessam por bebês reborn não raro tem famílias e filhos, especialmente, as mais velhas, e trata-se de um negócio para muitas delas, unem o útil ao agradável.

Mas com as matérias e a atenção, há muita gente nova chegando.  Essa galera que virou mamãe e/ou papai reborn para ganhar dinheiro e/ou atenção vai fazer qualquer coisa para aparecer, afinal, é um fenômeno do nosso tempo. Esse tipo de gente PRECISA ser reprimida, sim.  Houve um caso recente de uma mulher que entrou com pedido de licença maternidade, negado, ela entrou na Justiça, mas a repercussão ruim, segundo as matérias, a fez recuar.  Tenho cá minhas dúvidas sobre essa história, porque houve inclusive falsificação de assinatura de advogado.  

Deixe eu explicar, só vejo duas possibilidades nesse caso.  A mulher pode ter um transtorno, mesmo que não seja laudada, e não consegue separar realidade de fantasia, ou poderia ser alguém em busca de atenção e fama.  Com a história da falsificação, a segunda possibilidade é a mais plausível.  Mesmo perdendo a ação, ou retirando, como ocorreu, ela pode terminar sendo entrevistada por programas sensacionalistas e, com sorte e talento, acabar sendo convidada para aparecer em algum reality show de segunda linha.  Para quem não tinha nada, isso pode render algum dinheiro e ser o início da carreira como subcelebridade.  Agora, com a história da falsificação, ela pode tomar processo do advogado e da empresa na qual trabalha, ou trabalhava, porque acredito que não vá durar por lá.  Dito isso, um caso isolado não quer dizer que milhares de mulheres estejam indo à Justiça em busca de licença maternidade para bebê reborn, ou levando suas bonecas ao posto de saúde, ou tentando matriculá-las em creche.  Se alguém lhe contar algo assim, desconfie que se trata de sensacionalismo de quem quer caçar likes e/ou atenção.  

Um caso que viralizou foi o da moça que levou um bebê reborn para uma UPA 24h na Bahia.  A jovem tem problemas sérios de saúde mental.  Saiu de casa sem que seus pais e irmão soubessem.  Não foi alguém em busca da fama, mas uma pessoa em acompanhamento psiquiátrico.  A partir desse caso, desse único caso, porque nenhum mais foi noticiado, criou-se uma fantasia monetizável de que mulheres estariam fazendo isso por todo o Brasil e que seria necessário leis para contê-las.  Uma loucura planejada para criar escárnio e chamar atenção e cliques.  Projetos pipocando pelo país em nível municipal e federal, todos de políticos de extrema-direita para proibir o atendimento de bonecas no SUS. 

há profissionais que estão querendo aparecer, também. Em meados do mês passado, houve o padre influencer com milhões de seguidores que postou que não faz batizado, nem primeira comunhão, de reborn. Alguém perguntou? Alguém pediu? A resposta deve ser NÃO, mas ele quer entrar no hype e já tinha feito um texto atacando a comunidade antes, como se mulheres que mantém o hobby não quisessem procriar, assim como os padres não procriam. Quem viu o documentário do Chico Barney deve ter notado que havia avós, mães e netas (crianças) compartilhando o hobby. A Nane Reborns é casada e tem uma filha de 7 anos. Ela não expõe a criança, como uns e outros por aí, ela mostra as bonecas. E já disse que a filha também brinca com as bonecas que são guardadas em um armário (*ela tem vídeos mostrando o móvel, como acomoda as bonecas e tudo mais*).  Mas a questão é marcar que o hobby é contra a natureza, porque mulher precisa ter filhos e procriar, se não quer, se não consegue, está indo contra a natureza.  Quem sustenta as crianças, como sustenta, não importa, só pare de colecionar bonecas e parecer feliz com seu hobby.

Houve, também,  o caso da advogada que apareceu na mídia não conta como exposição por cliques, ainda que os títulos das matérias tenham (*Exemplo*). Como ela bem explica no vídeo, a briga é por DINHEIRO. O Instagran da tal bebê reborn é monetizado. O marido quer o controle da boneca, do Instagram e do dinheiro e a mulher diz que quem investiu comprando a boneca e criando o canal foi ela. O caso nada tem de absurdo, concordam comigo? Trata-se de mais uma briga por propriedade de um casal que se divorcia. Como a advogada bem explica, redes sociais são ativos financeiros.  Agora, é possível que o termo "guarda" tenha sido usado de forma equivocada pela mulher?  Sim, afinal, ela parece ter um envolvimento emocional com a boneca que comprou.  Quem tem itens de coleção deve ser capaz de entender esse tipo de sentimento.  E isso muda alguma coisa?  Não!  É uma briga por bens.

No fim das contas, é hobby de mulher para mulher, logo, pode ser atacado, pode ser depreciado, pode ser difamado. Nada incomoda mais o patriarcado do que mulheres se divertindo entre elas e sem se preocuparem com o olhar masculino. Lembro de um historiador, que foi meu contemporâneo no IFCS-UFRJ expressando opinião, porque era OPINIÃO, de que as atenienses (*mesmo inferiorizadas, desprezadas, obrigadas a uma vida limitada ao lar, quando esposas de cidadãos ricos ou remediados, claro*) eram mais felizes que as espartanas que herdavam propriedade, que mantinham uma vida social entre elas mesmas, porque os homens passavam boa parte do tempo fora da cidade. Motivo? É muito triste para uma mulher não estar perto dos machos e vivendo em função deles. Deve ser doença até. 

Agora, o mais triste é quando mulheres não percebem isso e se tornam detratoras de outras mulheres.  E foi isso que eu vi no Facebook, no tal post que fiz.  Eu comparei o gosto por K-Pop (*e poderia ser K-drama, também*) com o das bebês reborn, porque é feminino e transgeracional, isto é, une mulheres de todas as idades das pré-adolescentes às avós.  Só que acrescentei que o das bebês reborn não gera lucro para grandes corporações, por isso, precisa ser detratado e os membros da comunidade ridicularizadas.  E vários comentários pareceram se ofender com o que eu escrevi, porque interpretaram que eu estava dizendo que gostar de K-Pop e colecionar bebê reborn seria a mesma coisa e não pode ser, porque mulheres que colecionam bonecar hiper-realistas seriam LOUCAS.  

A graça é que todas as descrições sobre o fanatismo e adoecimento da comunidade reborn dos comentários (*coisa derivada das tais matérias sensacionalistas*) poderiam ser aplicadas a qualquer comunidade de fãs.  E a ideia de que deveriam gastar seu dinheiro (*sim, o dinheiro*) com coisas úteis, como crianças de verdade, poderia se aplicar a qualquer hobby.  Se eu perguntar para a minha mãe sobre o meu hábito de comprar quadrinhos, ela vai dizer que é dinheiro gasto com bobagem.  Quando era adolescente, comprei um álbum de figurinhas de Zillion com o dinheiro da merenda, quando ela descobriu, além de uma brinca colossal, fiquei sem dinheiro para o lanche e, consequentemente, para as figurinhas.  😉 Mas sou adulta e desde que comecei a trabalhar, e isso foi lá no meu primeiro ano da faculdade, a coisa passou a ser problema meu.

Ora, gostar de anime, mangá, manhwa, dorama whatever, especialmente, também são hobbies estranhos para a maioria das pessoas.  A normalização veio, principalmente, com a possibilidade real de lucro por parte de uma série de empresas, desde as dos países de origem até os serviços de streaming como Netflix e Crunchyroll.  Elas lucram com as mulheres que consomem seus produtos, de doramas até shows concorridíssimos.   Agora, quem lucra com bebê reborn?  As próprias mulheres.  A dona da fábrica em Guaratinguetá não é uma mega milionária, menos ainda a cegonha solitária que usa a intenet para anunciar sua arte e os  encontros de colecionadoras para mostrar seus produtos.

Dito isso, é realmente o sucesso do patriarcado, quando as próprias vítimas da descriminação não percebem que sempre estarão na fila da chacota, é só uma questão de tempo.  Hoje, são as mães de reborn, amanhã, poderá ser você.  E eu estou nessa seara faz muito tempo para já ter visto a discriminação, para ter sido imbecil e preconceituosa em algum momento de minha vida, e para já ter sofrido rechaço de gente que acredita que uma velha como eu não deveria falar de cultura pop, porque é coisa de jovem.  Me importo?  Não.  Mas estou aqui tentando alertar do que está acontecendo.  A palavra sororidade é muito mal utilizada, às vezes, mas cabe aqui, quando vir mulheres sendo perseguidas e ridicularizadas, tente refletir sobre os motivos.  Misoginia vende.  Aliás, eis uma discussão que é extremamente atual.

Oni no Hanayome tem anime finalmente anunciado

Oni no Hanayome (鬼の花嫁) é uma série de light novels de Kureha com ilustrações de Yuu Shiroya, com adaptação para mangá assinado por Jun Togashi.  Durante um bom tempo, sempre que um novo volume do mangá  era lançado, ele aparecia entre os mais vendidos da Oricon.  Eu já havia comentado antes que era questão de tempo para que virasse anime.  O anúncio veio hoje e eu vi bem cedinho no Manga Mogura, mas foi um dia tão complicado, que só estou postando agora.

Ilustração comemorativa de Jun Togashi.

Não li nada do mangá, mas desde que olhei o resumo, isso lá atrás, só pensei em Watashi no Shiawase na Kekkon (わたしの幸せな結婚).  Trata-se de outra história de Cinderela, por assim dizer.  O resumo que segue é baseado no Bakaupdates: "Estamos em um Japão, onde ayakashi (*oni, youkai whatever*) e humanos coexistem em harmonia.  Os ayakashi, com suas habilidades superiores e bela aparência, às vezes encontram entre as mulheres humanas uma "noiva" que está no seu destino. A noiva, em troca de trazer prosperidade aos ayakashi, recebe o amor absoluto deles.  Yuzuko é uma colegial comum, que tem uma irmã que é "noiva" de uma raposa, é sempre comparada à irmã e não é amada pela família.  Um dia, um homem a vê vagando pelas ruas à noite. Ele é o homem mais bonito que Yuzuko já conheceu e lhe diz que ela é "sua noiva"..."  Percebem as semelhanças?

Ilustração comemorativa de Yuu Shiroya.

A série de livros começou a ser publicada em 2019, as light novels (*com ilustrações*) iniciaram sua publicação em 2020 e tem 9 volumes até o momento, já o mangá está em publicação na revista Noicomi desde 2021 e já vai no volume #6.  Até o momento, o mangá vendeu 5.8 milhões de cópias.  Agora, é esperar que anunciem o anime de Kizumono no Hanayome (傷モノの花嫁), porque ele virá.

sexta-feira, 6 de junho de 2025

Ranking da Oricon - Semana 26/05-01/06

Ontem, postei os rankings atrasados e este é o último.  Trata-se daquelas semanas com vários shoujo e josei.  São quatro no top 10.  Pink to Habanero e Uruwashi no Yoi no Tsuki  vieram da semana passada.  Ao todo, temos 10 títulos shoujo e josei entre os trinta mais vendidos.  Uruwashi no Yoi no Tsuki vai ter anime em breve e vai sair pela JBC.

1. Kishibe Rohan wa Ugokanai #3
2. Kusuriya no Hitorigoto ~Maomao no Koukyuu Nazotoki Techou~ #20
3. Kuubo Ibuki GREAT GAME #16
4. Blue Period #17
5. Pink to Habanero #12
6. Jishou Akuyaku Reijou na Tsuma no Kansatsu Kiroku。 #3 
7. S-kyuu Guild wo Tsuihousareta kedo, Jitsu wa Ore dake Dragon no Kotoba ga Wakaru no de, Kidzuita Toki ni wa Ryuu Kishi no Chouten wo Kiwametemashita。 #6
8. Tairan Sekigahara #5
9. Uruwashi no Yoi no Tsuki #9
10. Re:blue #7 
11. Tora-Ou no Hanayome-san #7
13. Kimi wo Wasureru Koi ga Shitai #5
14. Reijo wa Mattari Wo Goshomo。 #7
17. Yandere Mahoutsukai wa Sekizou no Otome shika Aisenai Majo wa Manadeshi no Atsui Kuchizuke de Tokeru #3
19. Watashi wo Oidasu no wa Ii desu kedo, Kono Ie no Kusuri Tsukutta no Zenbu Watashi desu yo? #2
22. Uramichi Oniisan #11

"Em Elogio ao Romance Menos Amado de Jane Austen" (Artigo Traduzido): Qual será esse romance?

Apareceu esse artigo do The New Yorker na minha TL do Facebook e achei que valia a pena traduzir.  No ano em que celebramos os 250 anos de nascimento de Jane Austen, a gente precisa divulgar tudo o que de interessante sobre a autora que possa aparecer.  E realmente "A Abadia Northanger" parece ser o romance mais esquecido de Jane Austen, começando pelo fato de ter sido, se não estou errada, o menos adaptado das seis obras mais importantes da autora.  Northanger Abbey teve somente duas adaptações para a TV, ambes em formato filme, a de 1987 (BBC) e a de 2007 (ITV).  A da ITV é  uma das minhas adaptações favoritas de Jane Austen, mas a obra merecia uma adaptação mais longa, uma minissérie mesmo, e um filme para o cinema (*pelo menos*).

Para quem quiser ler o original, é só clicar: In Praise of Jane Austen’s Least Beloved Novel - Part marriage plot, part novel about novels, “Northanger Abbey” is Austen’s strangest—and perhaps most underappreciated—work.  E, sim, mantive a estrutura do original e só havia uma ilustração mesmo.  Os links, salvo o para a edição na qual saiu esse artigo, é link do original, só troquei pelo do Amazon Brasil mesmo.


Em Elogio ao Romance Menos Amado de Jane Austen

Parte enredo de casamento, parte romance sobre romances, "A Abadia de Northanger" é a obra mais estranha — e talvez a mais subestimada — obra de Jane Austen.

Por Adelle Waldman, 31 de maio de 2025

Ilustração de Naï Zakharia.

"A Abadia de Northanger" é o menos amado dos seis romances de Jane Austen. Também aparece com frequência em aulas de literatura em nível universitário. Essas duas coisas estão relacionadas.

Concluído em grande parte entre 1798 e 1799, quando Austen tinha pouco mais de 20 anos, "Northanger" foi o primeiro romance de Austen a ser escrito, mas um dos últimos a ser publicado. Austen vendeu o manuscrito em 1803, mas a editora nunca lançou cópias do livro. "Northanger" só foi publicado em 1817, alguns meses após a morte de Austen. Seu irmão o publicou junto com "Persuasão", seu último romance. Essa história pode sugerir algo sobre o quão incomum e inclassificável "Northanger" é.

Por um lado, é um romance sobre romances, derivando grande parte de sua energia e humor da zombaria dos tropos do romance sentimental do século XVIII — particularmente a convenção de dotar os protagonistas de qualidades pessoais extraordinárias e histórias comoventes. "Ninguém que tivesse visto Catherine Morland em sua infância teria imaginado que ela tivesse nascido para ser uma heroína", começa o livro. Catherine era, como sabemos, uma criança de aparência simples — "figura desajeitada, pele pálida... cabelo escuro e liso" — e não era órfã nem maltratada pelos pais. Ela era mais travessa do que precoce em virtude ou gênio, pois "nunca conseguia aprender ou entender nada antes de ser ensinada; e às vezes nem mesmo então, pois era frequentemente desatenta e ocasionalmente estúpida". Austen admite que ela melhorou — um pouco — com a idade, de modo que, na época em que a ação do livro se passa, o "coração de Catherine era afetuoso"; "seu temperamento alegre e aberto, sem vaidade ou afetação"; e sua mente não é mais "ignorante e desinformada como a mente feminina de dezessete anos costuma ser". Em outras palavras, Catherine é uma garota inglesa de classe média, simpática e comum. Talvez não seja surpreendente, então, que suas aventuras sejam de um tipo mais realista do que as de heroínas anteriores e mais convencionais: muitas das dificuldades de Catherine são causadas por seus próprios erros de julgamento, e não pelas maquinações vilanescas de seus inimigos. "Northanger" é, como todos os romances de Austen, um drama doméstico, não um romance relâmpago ou uma história de terror do tipo da qual Catherine não se cansa de ler.

O amor de Catherine por livros é uma de suas qualidades mais marcantes. Os que ela prefere são "só história e nenhuma reflexão", dos quais "nada como conhecimento útil poderia ser obtido". Austen escreveu "Northanger" em reação aos romances góticos imensamente populares e sensacionalistas de Ann Radcliffe e seus imitadores, livros que dominaram as bibliotecas circulantes da Inglaterra no final do século XVIII e início do século XIX. No entanto, a crítica mais ampla de Austen à convenção romanesca também se aplica aos romances muito menos polêmicos de autores como Frances Burney e Samuel Richardson. Austen admirava esses escritores, mas provavelmente percebia que a sofisticação psicológica de suas representações da natureza humana estava atrelada a ideias exageradas sobre o que constitui um herói ou heroína adequado, bem como a enredos melodramáticos envolvendo esquemas de sequestro, heranças repentinas, pais insensíveis e libertinos bigodudos — o tipo de artifício que a própria Austen notoriamente evitaria.

“Northanger” consiste em dois enredos. Um é um romance de formação/enredo de casamento (ou seja, o romance de formação culmina, como é típico para jovens mulheres em romances do século XIX, com o casamento, fazendo com que o romance se encaixe simultaneamente em ambas as categorias) sobre uma jovem ingênua do interior que se aventura pelo mundo — neste caso, a elegante cidade turística de Bath — onde ela navega por novas amizades e envolvimentos românticos. O outro é o que podemos chamar, na falta de outro nome, de enredo de leitura, no qual Catherine, sob a influência de seus adorados romances góticos, começa a suspeitar que as pessoas ao seu redor são tão capazes de praticar o mal quanto os vilões sobre os quais leu.

O enredo da leitura só vem à tona depois de Catherine ter tido tempo suficiente em Bath para ser convidada a visitar a casa dos irmãos Eleanor e Henry Tilney, amigos que lá fez. Na casa dos Tilney, a Abadia de Northanger, a imaginação de Catherine se inflama pela idade e tamanho da casa, e pelo fato de ter sido outrora uma abadia em funcionamento, com claustros; tudo isso a remete aos romances históricos de Radcliffe, particularmente "Os Mistérios de Udolpho", pelo qual Catherine é especialmente apaixonada. Ela começa a se sentir a heroína de tal livro e quase espera encontrar passagens secretas que levam a masmorras secretas contendo punhais sangrentos e manuscritos em ruínas que detalham os horrores que ali ocorreram. Nessa mentalidade, Catherine continuamente interpreta mal o que vê, atribuindo atos obscuros ao dono da casa, o pai de seus amigos, o General Tilney, com base em evidências escassas e quase inexistentes.

Na verdade, o General Tilney é, como o leitor percebe muito antes de Catherine, presunçoso, vaidoso, amante do dinheiro, excessivamente preocupado com a boa comida e um pouco tirânico. Mas, por mais pouco atraente que seja como personagem, ele não é o vilão gótico — capaz de assassinar ou aprisionar mulheres — que Catherine brevemente suspeita que seja. A prontidão de Catherine para vê-lo de forma tão negativa certamente reflete tanto sua suspeita crescente de que ele não é exatamente o homem bom que finge ser, quando tenta cortejá-la, quanto os efeitos perniciosos dos romances góticos em sua imaginação juvenil.

E, no entanto, apesar de sua sátira um tanto ampla do efeito da leitura de romances em uma mente como a de Catherine, "Northanger" não é um ataque grosseiro ao romance. Nem mesmo é um ataque ao romance gótico. É, na verdade, uma refutação a tais críticas, embora tão elegante e tão versada nos vários argumentos contra o romance e seus leitores, que sua radicalidade muitas vezes passou despercebida.

Como Austen bem sabia, havia um componente de gênero na percepção social dos romances. Ecoando a sabedoria convencional de sua época, até mesmo Catherine, amante de romances, se pergunta se ler romances é uma atividade essencialmente feminina e, portanto, frívola. "Mas você nunca lê romances, eu diria?", ela pergunta a Henry Tilney, seu inteligente interesse amoroso. "Por que não?", ele pergunta. Ela responde: "Porque eles não são inteligentes o suficiente para você — cavalheiros leem livros melhores". Para sua surpresa, no entanto, Henry, encarnando Austen, diz a ela: "A pessoa, seja cavalheiro ou dama, que não sente prazer em um bom romance, deve ser intoleravelmente estúpida". Ele até confessa sentir prazer escapista na ficção de Radcliffe: "'Os Mistérios de Udolpho', quando comecei, não consegui parar mais."

Mas Austen não deixa a defesa do romance a cargo de um personagem masculino. Em sua função de narradora, Austen não apenas libera algumas das exegeses mais apaixonadas, ainda que sarcasticamente exaltadas, em elogio ao romance já delicadamente inseridas nas páginas de um livro, como também critica o tipo de sexismo casual que sustenta a condescendência em relação à forma. Sua irritação com aqueles que presumem despreocupadamente que a não ficção é superior, por lidar com fatos e assuntos complexos como política e história, fica evidente quando ela escreve:

... Enquanto as habilidades do nonocentésimo resumidor da História da Inglaterra, ou do homem que reúne e publica em um volume algumas dezenas de linhas de Milton, Pope e Prior, com um artigo do Spectator e um capítulo de Sterne, são elogiadas por mil penas — parece haver um desejo quase geral de menosprezar a capacidade e subestimar o trabalho do romancista, e de menosprezar as obras que têm apenas o gênio, a sagacidade e o bom gosto para recomendá-las. "Não sou leitor de romances — raramente leio romances — não imagine que eu leia romances com frequência — é realmente muito bom para um romance." — Essa é a gíria comum. — "E o que você está lendo, Srta. —" "Oh! É apenas um romance!", responde a jovem, enquanto pousa o livro com indiferença afetada ou vergonha momentânea. — "É apenas Cecília, ou Camilla, ou Belinda"; ou, em suma, apenas alguma obra em que os maiores poderes da mente sejam demonstrados, em que o conhecimento mais completo da natureza humana, a descrição mais feliz de suas variedades, as mais vivas efusões de sagacidade e humor sejam transmitidas ao mundo na linguagem mais bem escolhida.

Austen, embora perfeitamente ciente de que muitos romances tolos são escritos — e que muitos tropos tolos aparecem até mesmo em bons romances — está longe de ridicularizar os romances em si como tolos.

As partes de "Northanger" que abordam os equívocos de Catherine, inspirados no romance, estão lá para servir aos propósitos argumentativos mais amplos de Austen e, portanto, não são inteiramente naturais para as próprias personagens. Felizmente, porém, essas partes do livro são relativamente curtas. E o restante do romance — a parte que é puro bildungsroman — é um deleite.

Catherine Morland só perde para Elizabeth Bennet como a heroína mais cativante de Austen. Embora lhe falte a sagacidade e a confiança de Elizabeth, sua doçura e engenhosidade a tornam muito mais fácil de ser apreciada do que a esnobe e presunçosa Emma ou a tímida e recatada Fanny Price de "Mansfield Park", ambas as quais tendem a desafiar os preconceitos dos leitores e nos forçam a nos importar com elas, e até mesmo admirá-las, apesar de nossos preconceitos. Mas Catherine nos conquista da mesma forma que conquista Henry Tilney — com a demonstração simples e despretensiosa de sua boa índole e sinceridade. Sentimos o que Henry sente quando, dançando com ele em um baile, Catherine observa que o irmão de Henry, Frederick, convidou Isabella, amiga de Catherine, para dançar, um acontecimento que a confunde, pois ela já ouvira Frederick dizer que não tinha interesse em dançar. Como ela mesma diz apenas o que pensa, não ocorre a Catherine que Frederick pudesse estar apenas fingindo não ter interesse em dançar — era uma pose, usada para demonstrar sua superioridade em relação aos outros, e que foi facilmente descartada quando viu Isabella, uma beldade elegante. Catherine atribui a mudança de opinião de Frederick não à atratividade de Isabella, mas à sua gentileza — ela imagina que Frederick viu Isabella sentada sozinha e sentiu pena dela. Isso diverte Henry: "Como isso pode lhe dar tão pouco trabalho para entender o motivo das ações dos outros", diz ele.

"Por quê? O que você quer dizer?"

"Com você, não se trata de: Como tal pessoa pode ser influenciada? Qual é o incentivo mais provável para agir de acordo com os sentimentos, a idade, a situação e os prováveis ​​hábitos de vida de tal pessoa, considerados — mas de: Como eu deveria ser influenciada? Qual seria meu incentivo para agir assim e assim?"

Essa troca culmina em uma das falas mais engraçadas do romance. Quando Catherine confessa que não entende aonde Henry quer chegar, ele diz que eles estão, portanto, em termos muito desiguais, já que a entende perfeitamente. Isso não surpreende Catherine nem um pouco. É claro que ele consegue entendê-la: "Não consigo falar bem o suficiente para ser ininteligível", ela lhe diz.

Muitos dos prazeres do livro advêm de observar a ingenuidade de Catherine se manifestar. É claro para os leitores, mas não para Catherine, que sua amiga Isabella é insincera e egoísta. Catherine tenta repetidamente dar a Isabella o benefício da dúvida, interpretar os atos de desconsideração de Isabella sob a luz mais condescendente possível. Essa é a marca registrada de Austen — uma jovem que luta para interpretar o mundo e seus habitantes. Elizabeth Bennet e Emma Woodhouse, por mais diferentes que sejam uma da outra e de Catherine, têm tendências semelhantes a interpretar mal, a confiar em primeiras impressões e ilusões, e assim chegar a conclusões equivocadas sobre a natureza das pessoas ao seu redor. Catherine, pelo menos, tem uma compreensão melhor de seu próprio coração — de seus próprios sentimentos — do que qualquer uma dessas heroínas mais confiantes e abertamente inteligentes.

Se Catherine se sai bem em comparação com outras heroínas de Austen, então "Northanger" também se sai bem em relação aos outros livros de Austen. É quase tão perfeito em seu estilo, tão consistente em sua ironia, sagacidade e bom senso, e tão casualmente brutal em suas críticas àqueles personagens que merecem ser, se não criticados, pelo menos ridicularizados. Sobre a Sra. Allen, a amiga que leva Catherine a Bath, por exemplo, Austen escreve: "Ela não tinha beleza, gênio, talento nem maneiras. O ar de uma dama, um bom humor tranquilo e inativo, e uma mentalidade superficial eram tudo o que poderia justificar que ela fosse a escolha de um homem sensato e inteligente como o Sr. Allen." (A fixação singular da Sra. Allen por roupas — as suas e as dos outros — é uma das fontes recorrentes de humor do livro: não importa o que as pessoas ao seu redor estejam discutindo, a Sra. Allen expõe a triste pobreza de sua própria vida interior com declarações espontâneas sobre vestidos, costureiras e tipos de tecido.) A presunção e o egocentrismo do irmão de Isabella, John, também são abordados com eficácia, não com aforismos, mas com suas próprias palavras. Austen permite que ele se enforque. "Sua conversa, ou melhor, seu tagarelar, começava e terminava consigo mesmo e com suas próprias preocupações", escreve ela. Ele contou a Catherine “sobre cavalos que ele havia comprado por uma ninharia e vendido por quantias incríveis; sobre corridas de cavalos, nas quais seu julgamento havia infalivelmente previsto o vencedor; sobre caçadas, nas quais ele havia matado mais pássaros (embora sem ter um bom tiro) do que todos os seus companheiros juntos; e descreveu a ela um famoso dia de esporte, com os cães de caça, no qual sua previsão e habilidade em direcionar os cães haviam reparado os erros do caçador mais experiente...” Et cetera, et cetera.

Com tanto a favor do livro — um estilo que é a marca registrada de Austen, uma heroína cativante e ingênua, um interesse amoroso igualmente cativante em Henry Tilney e uma abundância de comentários maliciosos sobre "o Romance" que deveriam agradar ao tipo de pessoa que ama Austen, ou seja, os leitores de romances — por que "Northanger" não é mais apreciado? Por que quase nenhum amante de Austen o cita como seu favorito? A razão provavelmente está ligada à mesma qualidade que torna o romance tão irresistível para aqueles cujo trabalho é ensinar a história do romance aos jovens.

Como um romance sobre romances, "Northanger" opera de forma diferente dos outros livros de Austen. Quando lemos "Mansfield" ou "Emma", interpretamos o mundo pela perspectiva de suas heroínas. Sentimos o desconforto de Fanny Price ao perceber os sentimentos de seu primo Edmund por Mary Crawford; somos levados a sentir o charme de Mary, a corresponder à sua vivacidade e bom humor, mesmo que, como Fanny, vejamos a inadequação de Mary para ser a esposa de Edmund. Nossas mãos estão tão atadas quanto as de Fanny quando se trata da questão do que fazer a respeito; gostemos ou não de Fanny, estamos lá com ela — sua jornada é a nossa jornada. Da mesma forma, quando lemos "Emma", caímos nas mesmas leituras equivocadas de Emma. Tendo sido levados a ver o mundo através dos olhos dela, nós também achamos que o Sr. Elton está apaixonado por Harriet Smith; nós também ficamos chocados ao descobrir que não é bem assim. Em contraste, quando lemos "A Abadia de Northanger", não vemos o mundo pelos olhos de Catherine; em vez disso, vemos Catherine pelos olhos da narradora. Ou seja, Austen não está falando ao leitor apenas sobre romances — ela também está falando ao leitor sobre Catherine, que é tanto personagem quanto recurso, criada para ridicularizar outras heroínas e expor diferentes tipos de loucura.

Considere, por exemplo, a maneira como Austen nos descreve o estado de espírito de Catherine após seu primeiro baile: “aos seus próprios ouvidos, dois cavalheiros a declararam uma moça muito bonita. Tais palavras surtiram o efeito desejado; ela imediatamente achou a noite mais agradável do que a encontrara antes — sua humilde vaidade estava satisfeita — sentiu-se mais grata aos dois jovens por esse simples elogio do que uma verdadeira heroína de qualidade teria sido por quinze sonetos em celebração aos seus encantos”. Por mais compreensível que seja, e por mais cativante que seja, não é o tipo de passagem projetada para fazer o leitor sentir a felicidade de Catherine com ela. Em vez de perceber o mundo como ela o vê, vemos o que está acontecendo de fora: embora estejamos felizes por Catherine por sua “humilde vaidade” ter sido satisfeita, a vemos neste momento principalmente como um contraste, um contraste com as heroínas impossivelmente belas dos livros anteriores.

Ou observe como Austen introduz uma troca caracteristicamente exagerada entre Catherine e Isabella, o sarcasmo com que Austen nos diz antecipadamente o que devemos fazer com ela: "A seguinte conversa, que ocorreu entre as duas amigas na pump-room certa manhã, após oito ou nove dias de convívio, é apresentada como um exemplo de sua afeição muito calorosa e da delicadeza, discrição, originalidade de pensamento e gosto literário que marcavam a razoabilidade dessa ligação." Como sátira à tolice de um certo tipo de amizade rápida entre jovens, isso pode ser justificado, mas tal descrição não visa nos fazer sentir por Isabella a afeição que Catherine sente, para sermos levados junto com ela. Pelo contrário — estamos alinhados com o narrador, participando da piada.

Os prazeres de "Northanger" não vêm do método tradicional do romance de habitar a mente de uma personagem, mas de algo mais distante. Em vez de nos fazer virar Catherine, Austen nos envolve em uma conversa sobre Catherine. Como as observações de Austen são secas, irônicas, sensatas e convincentes, isso resulta em uma conversa muito agradável, mas ainda leva a uma experiência de leitura mais cerebral do que estamos acostumados quando lemos ficção, particularmente a ficção de Austen. Assim, a própria qualidade que torna "Northanger" um chamariz para acadêmicos — sua eloquência sobre o tema "o Romance" — também o torna menos um romance enquanto romance do que os outros livros de Austen.

Mas isso não significa que "Northanger" não mereça ser mais apreciado. Merece. Por um lado, a defesa veemente de Austen do "Romance" não é apenas encantadora, mas também estimulante, especialmente porque Austen, ao contrário de uma escritora contemporânea, dificilmente seria aplaudida em sua época por denunciar o sexismo casual e o preconceito inconsciente. Além disso, mesmo sem nos permitir habitar plenamente o ponto de vista de Catherine, "Northanger" é uma delícia de ler. Com um tom mais leve do que os romances posteriores de Austen, é ao mesmo tempo jovial no espírito e sofisticado na técnica. Ou seja, apesar de suas limitações inerentes, não se lê como um romance de aprendiz.

O caminho tortuoso do livro até a publicação é, pelo menos em parte, o motivo. Como "Northanger" só foi publicado logo após a morte de Austen — quase duas décadas depois de ela tê-lo concluído —, ela pôde retornar ao manuscrito para poli-lo e refiná-lo. Como resultado, "Northanger" é a mais rara das raridades: um primeiro romance exuberante que, frase por frase, e em tom moral, é simultaneamente a obra de uma artista em pleno domínio de seus poderes.♦

Isto foi extraído da introdução de uma nova edição de “Abadia de Northanger”.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Últimos rankings da Oricon

Estou atrasada nos rankings da Oricon, como de outas vezes, aliás.  O último, foi este aqui.  Então, juntei todos os que estavam atrasados, o novo deve sair hoje, ou amanhã.  Para quem não sabe como eu faço, sempre posto o top 10 e todos os mangás femininos que aparecem entre o 11º e o 30º lugar.  Outra coisa, Kizumono no Hanayome e Akujiki Reijou to Kyouketsu Koushaku eram mangás shounen, porque estavam sendo publicados no selo da revista Shounen Sirius, PORÉM, estava na cara que não eram.  A Shounen Sirius agora tem uma revista shoujo irmã, a Artemis e esses mangás foram para lá, logo, são shoujo oficialmente agora.

1. Kishibe Rohan wa Ugokanai #3
2. Kusuriya no Hitorigoto ~Maomao no Koukyuu Nazotoki Techou~ #20
3. Blue Period #17
4. Kouiu no Gaii # 10
5. Blue Lock-EPISODE Nagi- #7
6. Uruwashi no Yoi no Tsuki #9
7. Kishibe Rohan Jump
8. Toukyou Revengers ~Baji Keisuke kara no Tegami~ #6
9. COSMOS #6
10. Heiwa no Kuni no Shimazaki e # 9
13. Mou Kyoumi ga Nai to Rikonsareta Reijou no Igai to Tanoshii Shinseikatsu #4
15. Pink to Habanero #12
22. Kami-sama Gakkou no Ochikobore #11
23. Re:blue #7
25. Kimi wo Wasureru Koi ga Shitai #5
26. Nanatsuya Shinobu no Housekibako #24
29. Shi ni Modori no Mahou Gakkou Seikatsu wo, Moto Koibito to Prologue Kara #6 (※Tadashi, Koukando wa Zero)

1. Uruwashi no Yoi no Tsuki #9
2. Nanatsuya Shinobu no Housekibako #24
3. Tensei Kenja no Isekai Life ~Daini no Shokugyo wo Ete, Sekai Saikyo ni Narimashita~ #28
4. Kishibe Rohan Jump
5. Hananoi-kun to Koi no Yamai #17
6. Blue Lock-EPISODE Nagi- #7
7. Na no ni, Chigira-kun ga Amasugiru。 #12
8. Shi ni Modori no Mahou Gakkou Seikatsu wo, Moto Koibito to Prologue Kara 6 (※Tadashi, Koukando wa Zero) 
9. Madougushi Dahlia wa Utsumukanai ~Dahliya Wilts No More~ 8
10. Blue Box 20
10. Naka Made Aishite #5 
17. Uruwashi no Yoi no Tsuki #9 Special Edition
25. Akagami no Shirayuki Hime #27
29. Hana to Kuchizuke #10
30. Himokuzu Hana-kun wa Shinitagari #2

1. Ao no Hako #20
2. My Hero Academia Final Fanbook Ultra Age
3. Kagurabachi #7
4. Gokurakugai #5
5. Aoashi #39
6. Blue Exorcist #32
7. Akagami no Shirayukihime #27
8. Detective Conan #107
9. Ichinichi Gaishutsuroku Hanchou #20
10. Nige Jouzu no Wakagimi #20
12. Naka Made Aishite #5
19. Aisanai to Iwaremashite mo ~Moto Maou no Hakushaku Reijou wa Kimajime Gunjin ni Ezuke wo Sarete Shiawase ni naru~ #5
21. Honey Lemon Soda #28
25. Mushikaburi Hime #10
28. Kizumono no Hanayome #7

1. Aoashi #39
2. My Hero Academia Final Fanbook Ultra Age
3. Kagurabachi #7
4. Ao no Hako #20
5. Gokurakugai #5
6. Detective Conan #107
7. Dokagui Daisuki! Mochizuki-san #2
8. Blue Exorcist #32
9. Honey Lemon Soda #28
10. Mushikaburi Hime #10
11. Kizumono no Hanayome #7
12. Akagami no Shirayukihime #27
13. Sekaichi Hatsukoi ~Onodera Tadashi No Bai #20~Special Edition with Booklet
15. Kizumono no Hanayome # 7 Special Edition with Booklet
21. Akujiki Reijou to Kyouketsu Koushaku ~Sono Mamono, Watashi ga Oishiku Itadakimasu!~ #10
22. Fukakouryoku no I Love You #5
26. Your Grace, Please Leave Me Alone #1

1. Detective Conan #107
2. Honey Lemon Soda #28
3. Okiraku Ryoushu no Tanoshii Ryouchi Bouei #7
4. Yuusha ni Zenbu Ubawareta Ore wa Yuusha no Hahaoya to Party wo Kumimashita! # 5
5. Detective Conan #107 Special Edition with Movie Teaser Acrylic Stand
6. Dekin no Mogura #9
7. Kimi to Uchuu wo Aruku Tame ni #4
8. Saki #26
9. Shangri-La Frontier #22 ~Kusoge Hunter, Kamige ni Idoman to su~
10. Fukakouryoku no I Love You #
16. Taiyou Yori mo Mabushii Hoshi # 11
23. Natsume Yuujinchou #32