domingo, 26 de abril de 2009

Capítulo 4: Ventos de Mudança (Parte 4)


Esta é a quarta parte do capítulo 4 da história que estou escrevendo. A terceira está aqui. Para ler os três capítulo anteriores, é só acessar esse link. Agora só posto alguma coisa daqui uma semana. Se alguém quiser comentar, eu agradeço, pois, como disse, esse quarto capítulo é bem raw se comparado com os três primeiros. Foi muito pouco reformado.

4º Capítulo: SEGUINDO O CAMINHO - Parte 4

Um pouco mais à frente da estrada, Alda, Erik e Guilherme encontraram uma fazenda abandonada. Era algo comum naquela região. As colheitas tinham sido ruins e muitos deixavam suas terras para trás porque não podiam pagar seus impostos. Alda fez sinal para Erik de que iriam parar, os dois desmontaram e quando Guilherme foi fazer o mesmo caiu do cavalo. Alda e Erik correram acudi-lo e ao tentar erguer o rapaz desfalecido, notaram que a capa estava empapada de sangue.

— Erik, temos que carregá-lo!

— Eu acho que ele está morrendo, Milady! — Exclamou temeroso.

— Não, não está! É só um pouco de sangue. Logo estará bem! — O olhar de Erik era de incredulidade.

Levaram-no para dentro do estábulo e Erik retirou sua capa para que pudessem deitá-lo sobre ela, depois, retornou para buscar os cavalos e disfarçar as marcas mais evidentes. Ninguém poderia saber que estavam ali. Alda retirou a capa de Guilherme, pois o haviam deitado de bruços e percebeu que além do pano ter grudado nos ferimentos, o esforço da cavalgada tinha causado o intenso sangramento. Agora ele estava muito fraco.

— Deus, o que fizeram com você! — Ela nunca havia visto as costas de uma pessoa depois de um flagelo como aquele, também nunca havia ficado à sós com um homem semi-despido antes. "Eu não sabia que você estava tão mal..." Pensou com tristeza e penalizada pela condição do rapaz. "Espero que sua coragem seja recompensada!" A imagem que montara de Guilherme, pelo que dele ouvira falar e por seu destemor e energia, apesar das terríveis dores que estava sentindo, era a de um herói galante.

— Mila...

— Cedric! — Interrompeu antes que ele terminasse.

— Sim, Cedric... — Pigarreou. — Precisaremos de fogo, ou vamos congelar aqui!

— Eu sei, mas se fizermos fogo vão nos descobrir... — Mesmo assim era necessário e ela sabia. — Faça o que deve fazer, Erik. Onde está sua bolsa? Você trouxe o que pedi? — Perguntou para desviar o foco da questão da fogueira que iria denunciá-los se não fossem rápidos o suficiente.

Ele saiu e retornou com a bolsa que estava na cela de seu cavalo. Dentro havia bálsamos curativos e ataduras limpas, em seguida, foi buscar lenha para fazer uma fogueira. Alda limpou os ferimentos com cuidado, usando a água de seu alforje e seu lenço. O rapaz deu por si e gemeu.

— Peço desculpas pela minha fraqueza, eu... — Tentou levantar e Alda o impediu.

— Vai ficar onde está, Alteza. Não se preocupe, Erik e eu cuidaremos de tudo.

— Chame-me de Guilherme, este é meu nome! — Ele tentou sentar e seu rosto se contorceu de dor. — Quantos anos tem, rapaz? — Perguntou de repente, mas não deu tempo para Alda responder, pois emendou a conversa. — É tão decidido e está no comando, apesar de mais jovem que seu irmão, quer dizer, pelo menos é o que parece... Saber comandar é uma virtude em um homem, principalmente em tempos como estes. Seu pai deve se orgulhar de você, — "Com certeza, ele se orgulha.", pensou Alda. — espero que cresça para um dia ostentar sua própria barba. — No país de Guilherme era costume que todos os homens adultos usassem barba.
— Fique em silêncio, senhor. Vai precisar de suas forças para continuar.

— Foram aquelas malditas mulheres... Elas nos traíram, nos entregaram nas mãos das tropas da Rainha quando menos esperávamos.

— Que mulheres? — Alda perguntou curiosa, esquecendo que tinha mandado que o outro se calasse.

— Meus companheiros estão mortos, todos eles... Meus amigos... Meu pai teria vergonha de mim por ter me deixado enganar da forma como fui. — Ele resmungou por fim.

— E qual vergonha nisso, Príncipe Guilherme? Qualquer um...

— É muito jovem para compreender completamente as responsabilidades de um comandante, e elas são maiores ainda quando se é um príncipe. — Falou pomposo. — Jamais deveria ter entrado naquele lugar, só que não víamos mulheres há muito tempo e os homens precisavam de um estímulo.

"Ele foi capturado em um bordel!", Alda estava horrorizada e decepcionada. O padrão que Alda possuía para julgar os outros homens era seu pai, e mesmo que nos últimos dias tivesse vindo a saber de muitas coisas, seu comportamento sempre se pautara pelo rigor moral e austeridade de costumes, assim, sua visão de liderança não podia estar dissociada dessas virtudes.

— Mas você é pouco mais que um garoto, com certeza nunca esteve em um lugar como aquele... Esteve? — Perguntou com um sorriso amargo e, ao mesmo tempo, levemente malicioso. Acabara de justificar aquilo de que se envergonhara a princípio.

— Com certeza, não. — Alda respondeu abruptamente e virou o rosto, que sentiu queimar contra sua vontade. Afinal, que conversa tão estapafúrdia era aquela? Nunca se sentira tão constrangida em toda a sua vida.

— Mas quando chegar a hora... — Era espantoso como conseguia mudar de um assunto para outro com tanta rapidez, principalmente quando não havia ligação lógica entre eles. — Já esteve com uma mulher, rapaz? — Indagou sério. — Ai! Pretende me matar? — Perguntou, pois Alda apertou as ataduras com raiva. — Você tem muita força, sabia?

— Me desculpe. — Falou fingindo contrição, pois não se arrependera nem um pouco. "Como tem coragem de falar coisas como essa? Ele não tem o mínimo respeito pelas mulheres! E é tão imbecil que não percebe que eu não sou um homem! Basta olhar pra mim!" Só que para Guilherme não bastava pois, com certeza, seu conceito de mulher não englobaria jamais alguém como ela.

— Ah, já sei! Não quer responder minha pergunta! Timidez não é uma virtude viril, mas, com o tempo, tenho certeza que irá perdê-la, eu garanto, assim como outra coisa. — Brincou e Alda cogitou de onde vinha tanta energia e tanta tolice. — Sua hora vai chegar, verá! — E começou a rir.

— Vejo que já está bem, Príncipe Guilherme. — Disse Erik voltando e ascendendo o fogo. Notou, também, que Alda estava rubra, mas nada perguntou. — Trouxe-lhe uma camisa, senhor.

— Você sempre pensa em tudo, Erik, não sei o que faria sem você. — Disse Alda, levantando-se. — Cuide do Príncipe Guilherme um pouco, enquanto eu preparo o fogo. — Ela não agüentava mais olhar para ele, queria um pouco de distância.

Os três comeram alguma coisa rapidamente e se puseram a caminho de novo, Guilherme tinha uma capacidade de recuperação fantástica. Quando estavam na estrada, o rapaz disse que havia um mosteiro mais à frente, cujo abade não era fiel à Rainha, e que, com certeza, teriam pousada ali.

— É um mosteiro, mesmo? — Alda perguntou desconfiada.

— Ora, confie em mim! Eu não pretendo mais por meus pés em tabernas nem bordéis por muito tempo, eu juro. — Alda suspirou, a imagem galante que tinha daquele príncipe rebelde se desvanecera rapidamente e a fizera sentir saudades de seu pai e Lívio. — Afinal, eu quero distancia das malditas mulheres! Elas são um estorvo, só servem para atrapalhar nossa vida e nos afastar do caminho virtuoso, não acha? Se só houvesse homens no mundo, com certeza, teríamos menos problemas, — Fez pausa. — e menos diversão, também, é bem verdade. — Disse isto e deu uma piscadela para Alda que fechou a cara definitivamente. Erik, apesar de tentar se controlar, não resistiu ao ridículo da situação e caiu na gargalhada.

— Desculpe, Cedric, eu... — Não conseguiu terminar e continuou rindo e Guilherme se juntou a ele.

— Vamos em frente, não temos tempo a perder. — Falou Alda respirando fundo e se perguntando para que serviria aquele paspalho e como qualquer mulher sensata poderia sequer olhar para ele. "Mas, não são as mulheres sensatas que olham para ele, são donzelinhas imbecis que gostam de cavaleiros bonitos, musculosos e igualmente sem cérebro!"

5 pessoas comentaram:

Muito bom.

Gosto de ver o caminho que a serie esta tomando.

Obrigada por sempre comentar, Anderson. :)

É sempre um prazer Val.

Gosto do blog e gosto da historia.

Sò não mando nada mais completo, pq hoje esta muito corrido aqui no trabalho.

Eu agradeço de novo. Mas quando puder comentar com mais vagar, por favor, comente. Eu tenho feedback quase zero deste capítulo, sabe?

Verdade.

Mea culpa, pq tb andei sem comentar. ^^

Vou ver se reparo isso, mas agora hora deixa eu me concentrar que a chefia esta no meu pé. ~^

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