quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Comentando os dois primeiros volumes de Kyou, Koi wo Hajimemasu



Eu tinha resistido muito a pegar qualquer outro mangá de Minami Kanan depois de ter lido alguma coisa de Honey X Honey Drops (蜜×蜜ドロップス) e ficar meio enojada. Só que eu dei uma segunda chance para Fumi Yoshinaga, então, por que não fazer o mesmo com Minami Kanan? Por conta disso, por ter lido uns capítulos avançados e achado interessante, e pelas boas críticas que vi de Kyou, Koi wo Hajimemasu (今日、恋をはじめま) decidi dar uma chance para a série. Os scans dos dois primeiros volumes estavam horríveis – o do segundo volume, nem se fala –, mas li tudo com bastante rapidez. Enfim, vamos para o resumo básico da história:

Hibino Tsubaki é uma garota tímida, estudiosa e que se veste muito mal, de forma antiquada, a ponto de ser chamada de “garota da Era Showa (1926-89)” pelos colegas de história. Tsubaki, no entanto tem um grande talento, ela é uma excelente cabelereira, faz belos penteados na irmã caçula todos os dias e corta cabelos muito bem. Já seu próprio cabelo, a menina traz em duas tranças, o que só faz com que ela pareça ainda mais fora de moda. Nossa história começa no primeiro dia de aula no colegial, Hibino quer ser popular, quer se apaixonar, mas desiste sem nem começar... Ela tem medo de não conseguir se sair bem no primeiro dia de aula e se ressente de não ter sido a primeira no concurso de admissão.


Na nova escola, se sentindo muito deslocada, Hibino descobre que o primeiro colocado, o rapaz que fará o discurso de admissão, tem o mesmo nome que ela, chama-se Tsubaki Kyouta. Ela o acha atraente e repulsivo ao mesmo tempo, já que tem uma longa cabeleira que a menina considera “desgrenhada”. Kyouta é popular e acaba pegando no pé de Hibino, debocha da garota, do seu jeito, e puxa sua trança. Hibino sem pensar muito, pega a tesoura e corta parte do cabelo dele. Apesar de tentar se desculpar, não adianta muito. Ele a leva para o lado de fora da escola e diz que ela terá que pagar com “seu corpo”. Hibino não entende bem e se propõe a cortar o cabelo do jovem, que fica com um belo visual. Só que Kyouta ri dela e diz que foi a primeira vez que uma mulher cortou seu cabelo, mas que ela entendeu errado. Ele a beija e diz que vai roubar todas as suas “primeiras vezes”. No outro dia, do nada, ele diz na frente de todos que “ela é sua mulher”... Ele estaria sendo sincero? Seria uma brincadeira de mau gosto? E Hibino? Quais são os sentimento que ela tem em relação a ele? E assim se inicia Kyou, Koi wo Hajimemasu ou Hoje começa o amor.

Comparando com Honey X Honey Drops, tenho que registrar que Kanan Minami melhorou muito. Quer dizer, ainda que Kyouta tenha tentado forçar a barra com Hibino em seu “primeiro encontro” (*ou seja lá o que foi aquilo...*), não houve sexo e, melhor ainda, não houve estupro. Kyouta achava que poderia transar com ela e descartá-la, mas não consegue nem fazer sexo (*ou estupra-la*), nem se livrar do interesse que começou a brotar dentro dele. Nesse ponto, é muito importante que mesmo sendo tímida, Hibino não seja passiva ou subserviente. Lembram da minha tipologia dos homens de shoujo mangá? Pois é, eu escrevi lá que quando se relacionando com um oresama guy a mocinha não pode se rebaixar ou vai se tornar um capacho. Kyouta se refere a si mesmo como “oresama guy” e ainda que não pareça ser rico, ele está bem dentro desse tipo, ainda que tenha um pé no bad boy.


Ainda que tenha este mangá represente uma melhora para a autora, que me parecia viciada em fazer steamy shoujo cada vez mais barra pesada, Kyou, Koi não foge da maioria dos clichês, na verdade, consegue lidar bem com eles. Temos a mocinha de bom coração, tímida e prendada, mas capaz de dizer “não” e reagir. Quer dizer, nem sempre ela é capaz de dizer “não”, mas se faz compreender, e nesses momentos Kyouta mostra ter caráter o suficiente para respeitar o desejo da menina. Se continuar assim até o fim da série, já está de bom tamanho. Já o mocinho é bonitão, mas atormentado. Ele acha que todas as mulheres são traidoras em potencial e a autora não perdeu tempo em mostrar que ele tem problemas com a mãe. Não sabemos ainda o que aconteceu, mas ele mora sozinho com o pai e odeia sua genitora que parece ser alguém que se preocupa com ele, apesar de tudo. A mocinha – que já convenceu Kyouta de que “ela é diferente” – quer saber os motivos do conflito e da dor do rapaz.

Há outras personagens, como o amigo engraçadinho e meio tarado do protagonista (*outro clichê*) e a irmã da mocinha, que é mais bonita que ela, mais descolada e experiente que ela, mesmo sendo caçula. Foi interessante a autora usar Sakura, a irmã caçula, para obrigar Hibino a se posicionar em relação aos seus sentimentos, já que a menina estava interessada por Kyouta. E tudo aconteceu muito rápido e prevaleceu a amizade e o respeito entre as irmãs, o que foi positivo. Na verdade, a Kyou, Koi não perdeu tempo com bobagens e a história caminhou de forma segura, ainda que recorrendo aos clichês mais comuns do shoujo escolar contemporâneo.


A série também mostra algumas curiosidades culturais. Não sei quantos de vocês perceberam, mas é muito raro uma personagem de mangá ou anime ter computador no quarto. Eu conto nos dedos e quando acontece a personagem é extremamente nerd ou gamer. Hibino tem computador, um Vaio, faz pesquisas usando a internet e diz que lê seus e-mails todos os dias. No entanto, ela não tem celular e por não ter o telefone, ela é tratada como uma alienígena pelo grupo. Do que eu deduzo que para o adolescente médio japonês – pelo menos nos mangás – o celular é item indispensável, computador, não.   Há ainda a questão da fala infantilizada de algumas meninas, Sakura e uma colega de turma de Hibino sempre se referem a si mesmas usando seu nome e nunca "eu", já a protagonista não aparece fazendo o mesmo, o que de uma certa forma sinaliza que ela é mais madura... Vamos ver se quando o romance engrenar, ela vai passar a falar como uma garotinha...

A questão do bullying aparece, no início até pensei que fosse render mais, no entanto a questão foi usada para empurrar o romance. Kyouta pratica bullying contra Hibino, mas logo recua e passa a protegê-la dos colegas, ainda que fingindo que não liga para ela. Kyouta – que parece ser intelectualmente superior a todos – consegue manobrar os colegas de turma e Hibino. Quando a moça mostra o seu talento como cabelereira, ela acaba ganhando a admiração das colegas. Acredito que se eles romperem, ela será perseguida de novo. Pode acontecer uma situação de ciúme, também, já que Kyouta é desejado e vai acabar sendo monopolizado por Hibino. Na verdade, e isso tem se tornado recorrente nos shoujo escolares, quando a mocinha esquisita – e Hibino faz parte do mesmo time de Mei de Suki-tte Ii na yo。(好きっていいなよ。) – é “escolhida” pelo cara cool, ela atrai ódios, se ela o rejeita, também ocorre o mesmo. Afinal, quem é ela para desprezar o sujeito mais desejado da escola? Mas Kyou, Koi não se mostrou uma série violenta até o final do segundo volume. Há alguma tensão, Kyouta se mostrou sexualmente agressivo no primeiro encontro, mas nada mais sério. Acredito que o sucesso da série, cujo filme live action está para estrear, vem do fato da autora ter criado personagens simpáticas, uma trama ágil, e que recorre aos clichês de forma equilibrada.


Voltando ao mocinho, bem, quando ele puxa a trança de Hibino, logo veio a imagem de Rei fazendo a mesma coisa com Kira em Mars (マース). Parecia uma referência a obra de Fuyumi Souryo. O problema é a distância entre uma trama elegante e comovente, que conseguia ter humor, mas desenvolvia de forma eficaz discussões pesadas, como a do abuso sexual dentro do ambiente familiar, e tramas contemporâneas como Kyou, Koi wo Hajimemasu. Hibino é tão talentosa quanto Kira, provavelmente, sem nenhum dos traumas desta última, mas duvido que amadurecerá e ganhará a assertividade que a protagonista de Mars construiu a partir da sua relação com o bad boy da escola. Kyouta é tão bonito e desejado quanto Rei, mas acredito que terá muito menos paciência e gentileza para lidar com a namorada. Comentei a cena da camisinha em outro post, achei toda a seqüência da primeira vez dos dois muito realista e bonita até, mas ainda assim, falta alguma coisa, ou várias coisas... É claro que Minami Kanan não é Fuyumi Souryo, mas o que choca é o quanto esse modelo oresama guy se tornou popular e como esse tipo de mocinho sexualmente agressivo, pervertido até, faz sucesso com as leitoras. E os romances parecem muito superficiais, mesmo um Suki-tte Ii na yo。é muito menos maduro do que um Mars , por exemplo.  

Também não sei até que ponto a série vai questionar papéis de gênero, mas suspeito que não teremos nada de novo nesse quesito. Kyouta e Hibino parecem desenhados para serem bem tradicionais,  e ainda que a autora possa dialogar com o mundo ao seu redor, acredito que será a doçura e paciência da mocinha que  vai resgatar o rapaz.  Aliás, ela é até boa cozinheira e já conquistou parte dele pelo estômago... E ele, por sua vez, vai protegê-la das ameaças do mundo exterior e, ao mesmo tempo, exercer sobre ela alguma forma de domínio, de posse.  A cena do primeiro encontro, quando ele lhe dá um salto altíssimo, ela reclama que não consegue andar com aquilo e ele lhe diz que é melhor, porque assim ela é obrigada a se apoiar nele, pode ser emblemática disso que destaquei.  Obviamente, aquele primeiro encontro não serve de parâmetro do relacionamento dos dois.  É o que se desenha, ainda que sem cores violentas.  Há ainda uma metáfora bonita, ainda que recorrente, vide Valente da Pixar, que é a do cabelo preso como metáfora da repressão, inclusive sexual.  Hibino começa com o cabelo preso e vai soltando a cabeleira conforme se apaixona e percebe que é especial.  De qualquer forma, meu pessimismo inicial, fruto das minhas reservas em relação à autora, foi dissolvido.


Obviamente, julgar a obra inteira por dois volumes é burrice, afinal, há mais treze para ler e nem sei se farei isso. De qualquer forma, ainda que eu tenha gostado dos dois volumes, percebido o amadurecimento da autora, e suportado os piores scans que já vi, a série me parece muito limitada se comparada com outros materiais contemporâneos e ainda mais com obras mais antigas. Mas vamos ver, de repente, eu sigo por mais alguns volumes. Além do filme que está por vir, Kyou, Koi wo Hajimemasu teve dois OADs que estão disponíveis no Youtube. Procurei os torrente, mas estão todos mortos, ao que parece.

5 pessoas comentaram:

Eu tentei ler esta série, tal como Sukitte ii na Yo. Fui atrás de boas indicações e belo traço (no caso de sukitte). Mas eu não consigo gostar desse tipo de narrativa. Alguma coisa me incomoda. Não sei se é por que eles mostram o jeito como o sexo é banalizado por estudantes no Japão. A falta de grande inovação no plot. Eles não tem a doçura de um Kimi Ni Todoke ou nem interessantemente narrados como Strobe Edge, só para citar shoujos escolares. Nesse tipo de mangá, existem sempre os clichês de shoujo que te fazem odiar determinados personagens. Por que não fazer mais personagens humanos e não predeterminados a serem vilões? Strobe Edge conseguiu fazer isso. Não há vilões, você fecha o mangá sem odiar ninguém (a ex, a aproveitadora todas estavam lá, mas elas eram tão humanas e bem narradas que você não conseguia odiá-las).
No caso de Kyou koi wo hajimemasu eu ainda não gostei do protagonista. Veja bem, eu li Hana Yori Dango e consegui até simpatizar com o Doumiyouji, mas não consigo simpatizar com o Kyouta.
Não sei exatamente o que é, mas eu não consigo gostar desse tipo de obra. :\

Veja bem, eu li dois volumes, mas pegando o ponto do "sexo banalizado". Será que em obras como Kyou, Koi e Sukitte (*e não concordo no caso deste último*) o sexo é banalizado ou não a questão não é super-idealizada? Eu não li Strobe Edge, nada posso falar da série a não ser que faz muito sucesso no Japão e impulsionou a obra seguinte da autora que é outro sucesso. Agora, KimiTodo é tão açucarado e idealizado e clichê quanto outras obras, só que são outros clichês, ou variações do mesmo.

Quanto ao odiar, eu acompanho Sukitte e não vi ninguém odiável ou que não pareça humano, muito pelo contrário. A menina que emagrece e faz de tudo para supostamente ficar bonita e seduzir o cara que ama (*e que não a ama e que a acha bonita como é*) é deveras humana. Há várias moças assim por aí na rua. Já a protagonista e seu amado... bem, mas os de KimiTodo também não seriam encontrados nas esquinas...

Acompanho Kyou, Koi wo Hajimemasu e sinceramente? Daquelas bizarrices adoráveis do shoujo: com o tempo o 'mocinho' se mostra bem mais razoável do que parece, com objetivos de vida e estudos. Enquanto a 'mocinha' mais e mais perdida, no relacionamento, nas escolhas para o futuro... De uma insegurança q me faz perguntar pq o menino ainda aguenta ela. Ok, a confiança que ela passa é um bom motivo, mas a reciprocidade não existe, ela ñ confia nele, aliás, ñ confia nela mesma. E coisa insuportável essa criatura fazendo drama com um cara q é incapaz de olhar p'ra outras. Por vários capítulos seguidos, 'encheção' de linguiça DAQUELAS.

Valéria, eu até te entendo. O que eu quis dizer é que eu não me identifico com esse tipo de shoujo, eu acho. Prefiro um romance mais "inocente", mais puro, menos agressivo. O que eu quis dizer do comportamento sexual alterado foi com relação não muito aos protagonistas, mas principalmente ao que se mostra dentro da escola. Eu acho que foi em Kyou que eu vi que as garotas procuram os rapazes para fazer sexo casual até mesmo dentro da escola. É algo tão banal! Os japoneses parecem valorizar e ficar tão receosos com atos como segurar as mãos, abraçar e beijar, mas são desse jeito quando o assunto é sexo? Sexo deveria ser algo mais significativo... Mas talvez eu pense assim porque estou baseada nos meus ideais. E, sim, talvez eu esteja idealizando isso. Mas é justamente por isso que eu não gosto de ver garotas tratando algo que deveria ser tão significativo na vida de uma mulher como se fosse algo casual, que se pode fazer com qualquer em qualquer lugar um quando se está entediada. Strobe Edge e Kimi Ni Todoke tem seus clichês sim. As heroinas são bobinhas, românticas, mas elas valorizam cada passo que dão adiante com seus parceiros. E não se mostra esse tipo de conduta dentro da escola que nós vemos nesse outro estilo de shoujo. O que está mais próximo da realidade é bem relativo. O que está mais próximo da minha (porque está também próximo da minha conduta) são esses shoujos mais leve mesmo. Mas eu não sei se outras garotas da minha escola diriam o mesmo. É relativo e depende da experiência da pessoa. Eu sei que muitas garotas de 15, 16 anos (e até menos) já estão tendo suas relações sexuais dentro e fora das escolas. (Lembrei daquele caso da menina que fez sexo com dois meninos dentro da escola lá no Norte do país) Talvez esse plano de fundo que se tece em Kyou se mostrasse mais aceitável para elas.
Quanto à humanidade que eu me referia. É verdade, todo personagem é humano, mas será que as mangakás nos mostram bem o plano de fundo dos personagens? Em Sukitte, aquela personagem que emagreceu teve seu plano de fundo contado bem brevemente e isso não foi suficiente para me fazer gostar dela. Já em Strobe Edge, a autora sempre utilizava recursos para contar os planos de fundo por trás dos personagens (principalmente capítulos extras). E ela fez isso de uma forma tão boa, que te faz compreender (não só aceitar) o sentimento e a razão pela tomada de decisões dos personagens, você vê e pensa "será que eu não faria o mesmo nessa situação? Eu entendo porque ele/a fez isso". A cena do rompimento do protagonista com sua namorada foi tão bonita, significativa e positiva. Eu acho que me ensinou até algumas lições. E eu gosto de histórias assim, que trazem mensagens positivas para minha vida, bons referenciais. Mas acho que isso é mais um mérito da autora.
Fechando, eu não vou dizer que Sukitte e Kyou são ruins, até porque eu larguei as séries depois de ler alguns volumes, mas que eu não me identifiquei com eles. Para Sukitte eu já dei uma chance ao anime, se o conjunto me cativar e me mostrar que vale à pena, quem sabe eu não retomo o mangá?
Desculpa pelo texto enorme, mas eu queria responder de uma forma clara.

Natália, eu entendo que é o que você prefere e gosta. E a gente não precisa explicar nossos gostos e afinidades ou justificá-los. A diversidade do mangá – para qualquer demografia – é tão grande que a gente pode (*na medida do possível para quem não é fluente em japonês, claro*) escolher ler o que quiser e selecionar nosso tipo de história favorita. Kyou Koi não é meu tipo de história favorita, eu peguei o material para analisar depois de ter evitado por muito tempo, já que tinha odiado HoneyXHoney Drops.

A questão é que shoujo mangá tende a tentar representar de forma próxima o mundo e os sentimentos das personagens. Então, há adolescentes que fazem sexo e adolescentes que não fazem. Há aqueles (*meninos e meninas*) que valorizam a primeira vez, e outros que vêem o sexo como uma forma de prazer como outra qualquer ou de agradar o parceiro. Aqui entramos no caso das meninas que cedem, se sacrificam, atacam as outras, porque, bem, querem – como na abertura do Casamento do Meu Melhor amigo – pertencerem ao garoto X que é lindo e perfeito. O pior é que além de lindo, em um filão de mangá shoujo cada vez mais traduzido, esse cara é, também, sexualmente agressivo.

Agora, as mocinhas de Kyou Koi e Kimi ni Todoke são muito parecidas. Elas são inocentes, elas têm dificuldades de se relacionar com outras pessoas, embora desejem muito terem amigos. O tipo de heroína é o mesmo, o que muda é o entorno. O mocinho que elas amam/desejam, o tipo de enfoque da autora e por aí vai. De novo, a gente tem tipos de história favoritos, mangás favoritos, eu estou usando o olhar de quem vê esse tipo de material como objeto de estudo, também. A Mei de Sukitte é um pouco diferente, Strobe Edge, como disser antes, não posso julgar. Tenho que pegar para ler.

Quanto a simpatizar, bem, como eu pontuei, a menina que emagrece e fica com as estrias e tudo mais é bem construída e é bem humana. Todo mangá, ainda que não tenha esse objetivo, passa lições, ensina alguma coisa. Se não ensina sobre o Japão, mostra um pouco o tipo de série que é vista como aceitável (*vendável*) em uma revista, assim como o tipo de gosto da autora.

Agora, importante é lembrar que em um mundo ideal, as pessoas são diferentes umas das outras, ainda que com algo em comum. Como mulheres, compartilhamos algumas experiências que são social e culturalmente associadas a essa identidade de gênero. Como brasileiras, compartilhamos outras tantas experiências. Como Ocidentais, compartilhamos, também. Mas nossas idades, condição econômica-familiar-cultural-religiosa, etc., nos separa, também. Me preocupa a naturalização de certas experiências, sua generalização, a venda panfletária de certos comportamentos e idéias. E isso vai desde o “quem ama espera” (*mas normalmente a cobrada é a menina*) até a glamourização do estilo periguete e de que se transformar em predadora sexual é demonstração de poder.

E tenha certeza, você não foi chata. E tem o direito de eleger suas séries e estilos favoritos e ler e assistir com prazer o material que te agrada. O bom do mangá – a indústria – é que ele oferece um pouco de tudo e a gente, como em um self servisse, pode se servir daquilo que mais gosta, quer o precisa. Só é bom, claro, estar aberta a novas experiências. ;-)

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