domingo, 26 de novembro de 2006

Uma nova fronteira para graphic novels: o mercado das meninas adolescentes

"No geral, a linha está posicionada como uma alternativa para as adolescentes que, especialmente em livrarias, se tornaram cada vez mais interessadas pelos quadrinhos japoneses conhecidos como mangá."

Veja como o shoujo mangá incomoda... Vamos ver se deste incomodo nasce algo que preste, agora acho que vão comer muita poeira até produzirem algo atraente, inteligente e que não seja mera tentativa de macaquear aquilo que de mais superficial os mangás têm. Vai demorar até que tenhamos outra WITCH, e veja que é produto italiano e a Itália assiste shoujo densde os anos 70 e publica desde os anos 80. Mas é bom castigo para o mercado norte-americano, pois ignoraram 50% do público consumidor e produtor e agora tem que correr atrás do prejuízo. A matéria saiu no New York Times.



Uma nova fronteira para graphic novels: o mercado das meninas adolescentes

George Gene Gustines

"É hora de fazermos meninas adolescentes lerem quadrinhos", disse Karen Berger, a vice-presidente sênior da DC Comics. E a DC, a potência dos quadrinhos mais conhecida como o lar do Super-Homem e do Batman, tem um programa para fazer com que isto aconteça.

Em maio, a DC planeja lançar a Minx, uma linha de graphic novels voltada para leitoras jovens adultas, começando com seis títulos em 2007, cada um custando menos de US$ 10. As histórias não terão nada a ver com os super-heróis que geralmente têm apelo junto aos garotos. "Clubbing" é sobre uma party girl de Londres que soluciona um mistério; "Re-Gifters" é sobre uma adolescente coreano-americana na Califórnia que adora artes marciais; e "Good as Lily" é sobre uma mulher jovem que se encontra com três versões de si mesma com idades diferentes.

As adolescentes, disse Berger, são inteligentes, sofisticadas e se interessam "por mais do que sair com um rapaz bonito. Esta linha de álbuns dá para elas algo para ler que respeita tal inteligência, assim como sua assertividade e individualidade".

No geral, a linha está posicionada como uma alternativa para as adolescentes que, especialmente em livrarias, se tornaram cada vez mais interessadas pelos quadrinhos japoneses conhecidos como mangá. Em 2004, a DC deu início ao CMX, um selo de mangá, para explorar parte deste público. O marketing foi semelhante ao dedicado a outros títulos da DC.

Mas para a Minx a DC deu um passo que, para ela, é incomum: a busca por ajuda externa. Ela se juntou à Alloy Marketing & Media para promover o selo Minx. Ao todo, a DC, uma empresa do grupo Time Warner, gastará US$ 125 mil na promoção da linha.

"Em termos de marketing ao consumidor, será a maior coisa que fizemos em pelo menos três décadas", disse Paul Levitz, presidente e publisher da DC Comics. "Não é grande segundo a escala de marketing ao consumidor e publicidade realizados na América, mas é um compromisso de grande escala, eu acho, para editoras em geral."

A Alloy Entertainment, uma divisão da empresa de marketing, ajudou a transformar em sucessos livros como "Gossip Girl -As Delícias da Fofoca" e "A Irmandade das Calças Viajantes". A Alloy também foi uma chamada "book packager" por trás de "How Opal Mehta Got Kissed, Got Wild and Got a Life", o primeiro romance de uma aluna de Harvard de 19 anos, Kaavya Viswanathan, que foi recolhido das lojas neste ano quando foi descoberto que várias passagens tinham sido copiadas de romances de outros autores.

Ainda assim, a Alloy está oferecendo à DC acesso a um público maior de meninas adolescentes, por meio de sites na Internet e catálogo de compras da Delia's, que é enviado para aproximadamente 5 milhões, segundo Samantha Skey, a vice-presidente sênior da Alloy para marketing estratégico. Skey disse que a Minx será o primeira linha de graphic novels a ser incluída no catálogo.

Juntamente com outras iniciativas, a Alloy planeja criar redes online sobre as graphic novels, que permitirão às assinantes escreverem críticas, verem prévias e esboços ou discutir as histórias.

A DC lançou uma grande rede na busca por tais histórias. "Para nós, não importa se a pessoa já escreveu quadrinhos antes ou se é conhecida no mercado de histórias em quadrinhos", disse Berger. "Nós queremos escritores que possam realmente escrever para o público específico e realmente trazer algo novo à mesa."

A equipe criativa certa é importante. "Quando você tinha uma maioria de meninos e homens produzindo quadrinhos, você tinha quadrinhos feitos principalmente para meninos e homens", disse Johanna Draper Carlson, a editora do comicsworthreading.com, um site dedicado a notícias e críticas de quadrinhos. "Então você acaba com super-heroínas adolescentes que são desenhadas como modelos da Victoria's Secret."

"Eu não acho que apenas mulheres podem escrever para mulheres", acrescentou Carlson, "mas acho que ajuda fornecer uma perspectiva alternativa e uma experiência mais realista". Carlson, que freqüentemente defende quadrinhos voltados ao sexo feminino em seu site, adotou uma postura aguardar para ver diante da linha Minx.

A primeira graphic novel da Minx será "The P.L.A.I.N. Janes", escrita por Cecil Castellucci e ilustrada por Jim Rugg. Ela conta a história de Jane, uma estudante transferida para um colégio suburbano que inicia uma campanha, "Pessoas que Adoram Arte nos Bairros". É um chamado para apreciar o mundo cotidiano que começa a envolver de tudo, de protestos contra a construção de um novo shopping ao encorajamento da adoção de animais deixados em abrigos.

Além de Jane, que é interessada em teatro, suas colegas de classe e outras seguidoras são Jayne, uma gênia acadêmica, e Polly Jane, uma atleta. Cada uma delas decididamente não faz parte da galera "in". O motivo para a transferência de Jane é sério: a família dela fugiu para o subúrbio depois que Jane sobreviveu a um ataque terrorista que explodiu um café na fictícia Metro City.

A experiência de sobrevivência é pessoal para Castellucci, 37 anos, cujos romances jovens-adultos incluem "Boy Proof" e "The Queen of Cool". Em 1979, quando tinha 9 anos, Castellucci testemunhou um atentado do Exército Republicano Irlandês em Bruxelas, Bélgica. Em 1986, ela estava em Paris durante uma série de atentados. Estes incidentes, e os eventos de 11 de setembro, tiveram um papel importante na história.

"Me pareceu uma boa oportunidade para explorar aqueles sentimentos temerosos que tinha ao crescer", ela disse em uma entrevista por telefone, de sua casa em Los Angeles. "Eles sempre fizeram parte da minha constituição e temores." Sentir medo, ela disse: é uma emoção que todo mundo entende. "Você não pode evitar se faz parte deste mundo."

Castellucci foi recrutada por Shelly Bond, uma editora da Minx. Foi uma venda fácil. "Eu adoro quadrinhos", disse Castellucci, listando várias séries que gosta, incluindo "Fábulas" e "American Virgin", do selo Vertigo da DC, e um criador em particular ("Brian K. Vaughan. Eu adoro tudo o que ele faz").

Mas ler quadrinhos é diferente de criar um, particularmente uma graphic novel de 146 páginas. "Eu tive que aprender de novo como escrever uma história", ela disse. "Eu tive uma semana ou duas em que pensei que não sabia o que estava fazendo." Ela disse que a graphic novel era "uma espécie de filme ou storyboard, mas não é. Há tanto que você pode fazer com as imagens e o ritmo". Ela deu crédito a Rugg, o artista de "The P.L.A.I.N. Janes", como uma importante fonte de conselho.

Rugg, que mora nos arredores de Pittsburgh, disse que apreciou a meta da Minx. "Eu gosto do público alvo do selo", ele disse. "Eu gosto de fazer quadrinhos para um leitor atípico." Além de criar os desenhos, Rugg também fez uso de tons de cinza, dando aos quadrinhos em preto e branco uma sensação de cor. Ele concluiu seu trabalho no mês passado.

Um dos trabalhos anteriores de Rugg foi "Street Angel", sobre uma adolescente sem teto que combate o crime, que ele criou com o escritor Brian Maruca. Rugg, 29 anos, chamou aquele trabalho, publicado pela Slave Labor Graphics, sua resposta ao retrato típico das mulheres nos quadrinhos populares, mais particularmente seus corpos de proporções impossíveis.

"É o mesmo para os homens", ele reconheceu. "Mas não considero isto ofensivo."

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