quarta-feira, 13 de junho de 2007

Falando como "Manés"


Ontem, depois de refletir um pouco sobre minha leitura do volume 10 de Karekano e uma discussão que estava rolando na comunidade Tomodachi do Orkut, decidi escrever um e-mail para a Panini. Eu calhei de ler o volume 10 de Karekano e me senti incomodada com o excesso e o tipo de gírias usadas pela Miyazawa, nada para me fazer morrer, mas não gostei. Não costumo ler o mangá, porque já li quase tudo em inglês. Eu compro e coloco na estante. Peguei o volume 10 exatamente porque tem uma das minhas partes favoritas, o Ato Zero. Outra coisa que me incomodou em Karekano é que a moeda usada pelas personagens seja o Real e, não, o Yen. Será que acham que o pessoal é bobo? Por que não voltamos ao tempo em que se adaptavam nomes e lugares também? Bem, escrevi para a Panini e no fim do post há o e-mail.

Não sei se pesarão minhas críticas, nem o tipo de receptividade, mas sou consumidora e preciso externar elogios e insatisfações. Abri um
tópico na mesma comunidade do Orkut estimulando as pessoas a escreverem para as editoras. Para a minha surpresa, alguém comentou dizendo que adolescentes falam como "manés" e o mangá é shoujo, além, é claro, de não dever criticar a Panini. Sinceramente, trabalho com adolescentes e meus alunos não falam "como manés". Alguns, aliás, se expressam melhor do que muitos adultos e se usam gírias o fazem de forma adequada e oportuna. Além disso, adolescentes não são massas uniformes, todos iguais, falando "como manés", mesmo que alguns efetivamente o façam. Não sei se o objetivo era me ridicularizar, defender apaixonadamente a editora do coração, ou desqualificar a inteligências dos adolescentes em geral. Só sei que em respeito aos adolescentes que conheço, me recuso a aceitar esse tipo de comentário. Enfim, segue o meu e-mail para a Panini, espero que surta algum efeito:
"Boa noite!
Sou compradora do mangá de Karekano, assim como outras obras da editora, e decidi escrever apra comentar algumas questões. Gosto do tratamento dado pela Panini a algumas questões, como a opção pelas notas explicativas que muito enriquece a nossa leitura, assim como a seção de cartas que é um lugar de troca e interação entre quem faz e quem consome a obra. Nota 10 para a Panini e nesse aspecto vocês são muito melhores que as concorrentes. No entanto, ler Karekano tem me deixado um pouco decepacionada. Algumas opções, como adaptar Yen por Real, são inexplicáveis. Não estamos nem no meio do mangá, por favor, revejam este ponto. A história se passa no Japão, não há motivo para esse tipo de adaptação esdrúxula, nenhum leitor ou leitora, por mais inexperiente que seja, vai deixar de achar artificial ou mesmo desrespeitoso. Não estamos mais no tempo dos nomes traduzidos e mangás espelhados. Ninguém precisa disso. Adaptações como colocar Airton Senna ao invés de um nome que nos seja desconhecido, até é passável, e a nota ajudou; eu posso não gostar, mas não vejo como um mal em si, mas no caso da moeda, não tem perdão.
Outro ponto que me preocupa é o excesso de gírias e o tipo de gírias colocadas em especial nas falas e pensamentos de uma personagem como a Miyazawa. Lendo o Ato 0, fiquei um pouco decepcionada, afinal, é um dos meus capítulos favoritos do mangá. Enfim, é um pedido. Gírias demais depreciam uma obra e tendem a torná-las datadas. Gírias demais e mal escolhidas podem também comprometer a credibilidade de uma personagem. Mas aqui, é questão pessoal; acredito que não seja algo com o peso do Real no lugar do Yen.

Quanto a Bijinzaka, sinceramente, não gostei do formato. Prefiro o formato que vocês vinham usando como padrão. Não sei, claro, em qual formato sai no Japão, porque efetivamente a coisa lá é mais variada do que normalmente pensamos. Agora, se este não for o formato, acho legal manter o padrão antigo. Bijinzka foi um título bem escolhido, mas acho que a impressão ficou fraquinha. Parecia mangá de uma concorrente de vocês e não o padrão que a Panini vem estabelecendo como seu. No mais, o mangá lembra muito Peach Girl e gostaria muito que a Panini terminasse a publicação desse título, assim como de Éden. Muita coisa foi falada, mas nós consumidores não sabemos o que foi mentira ou verdade em relação aos cancelamento ou atraso na renovação. Dêem notícias, sejam claros e verdadeiros, mesmo se for para nos dizer que os mangás foram cancelados de verdade.
No mais, elogios a equipe de mangá da editora que sei que se esforça para nos oferecer o melhor. Isso, no entanto, não impede algumas falhas, mas elas sempre podem ser corrigidas e superadas."

10 pessoas comentaram:

Oi Valéria,

parabéns pelo texto. Mais uma vez concordo com você, alias, tanto que cheguei a mandar um e-mail , que nunca foi respondido, para a Panini logo após ler o 3° vol.

É bom saber que não sou a única.
Uma amiga chegou a perguntar, em um evento, sobre a tradução à um dos responsaveis pelo stand da Panini. Ele disse que as reclamações eram recorrentes.

Tenho pensado, sinceramente, em deixar de comprar a versão da Panini e começar encomendar a da Tokyo Pop, vou demorar a completar a coleção, mas ao menos vou ter em mão um trabalho mais condizente com o original japonês (e uma edição mais bonita ^^), já que ver a Miyazawa e o Arima usar um vocabulário tão incoerente com suas posições e posturas é tão irritante que as vezes chega a ser insuportavel.

Aqui vai a cópia do e-mail que mandei para a Panini. Sei que fui deveras petulante e mal-criada, mas estava com raiva. XD
Creio que por ser estudante de Direito e uma leitora ávida tenho certa intolerância a textos ruins.

Cara Elza Keiko,

Primeiramente gostaria de elogiar o trabalho que vem sendo feito em Karekano. A revista está bonita e denota um verdadeiro cuidado por parte de toda a equipe responsável por sua produção. Ademais, é motivo de grande felicidade a publicação deste título no Brasil, parabenizo e agradeço à editora Panini pela iniciativa.
Escrevo, entretanto, por concordar com o leitor Leonardo Lanna Valença, porquanto, os cuidados editoriais não se refletem no texto da revista, uma vez que, apesar de bem traduzido, peca, em minha opinião, ao adaptar de forma errônea a forma de falar dos personagens principais.
Noto nos volumes um uso exagerado de gírias e abreviações tais como “tô” ou “ta” e a freqüente utilização,de recursos de linguagem ao invés da correta conjugação verbal. Correntes em nosso cotidiano e isento de erros ao serem usados no texto falado esses recursos cabem perfeitamente no discurso do Asaba ou na fala dos pais de Yukino, porém soam estranhos quando colocados na boca de um dedicado professor e de personagens como Arima e Yukino, alunos brilhantes, e que, portanto, deveriam, se expressar naturalmente de forma mais polida.
Perdoe-me pelo pedantismo, mas doe-me ver repetir-se em “Karekano” o mesmo problema de “Peach Girl”, problema responsável, inclusive, pela minha desistência de acompanhar a série. Por mais estúpido que possa soar, deixei de comprar o título por não suportar o vocabulário chulo dos personagens.
Não seria muito mais legal tentar se ater ao máximo ao português formal no discurso dos personagens principais, o que creio que seria mais coerente, visto a personalidade e brilhantismo acadêmico de ambos? Assim, quem sabe, até estimular os leitores a utilizar-se dele da mesma forma.

Grata pela atenção

Exceto pelo erro de trocar iene por real, o resto parece ser reclamação indevida.
A Panini vem fazendo um bom trabalho com seus mangás, não vejo o problema de usar gírias se elas não são regionais demais e são bem cabíveis na história.
Isso é feito muito bem em Karekano e em Angel Sanctuary (que tem ainda mais gírias, eu acho).
Todo mundo fala gírias, principalmente adolescente. Negar isso é ilógico e até estranho.

Bah... a edição brasileira de Instituto Bijinzaka foi a pior tradução que eu li na minha vida e tudo que eu li na Internet foram comentários de "tá lindo, perfeito, a Panini é maravilhosa". Pelo menos sei que a Elza leu minha opinião...

Alias, uma coisa que me incomoda é a falta de contra-capa na edição brasileira. Sério! As contra-capas sempre tem ilustrções novas e tal e aqui eles simplesmente n botam sem nenhum motivo plausivel.

E última reclamação: essas capas moles de mangá que todas as editoras adotaram... eu não gosto não.

Guilherme, preste atenção ao que escrevi, você não compreendeu direito. em nenhum momento neguei que adolescentes falassem gírias, só ponderei sobre o excesso delas, o uso de algumas e seu risco e o que considerei a descaracterização das personagens. Se minhas reclamções são indevidas, escreva para a Panini elogiando e pedindo mais gírias, talvez, eles nos brindem com alguma coisa a mais nas próximas edições.

Pois é... Acho que as pessoas realmente se tem em muito baixa conta. "Adolescentes falam como manés", então deixa a editora "do coração" fazer do jeito que quiser, me pareceu algo tão desparatado. Sugerir, elogiar e criticar com educação não é ofensa. Mas no Brasil, parece que só é possível "amar" ou "odiar".

Também, me surpreende que não se possa separar, como a Maho bem colocou, a fala de uma personagem da de outra. Será que o Setsuna de Angel Sanctuary fala como o Arima de Karekano? Duvido. Mas para quem não se importa, ou para quem apontar o problema é "ofender" tanto faz. Como valorizo o meu dinheiro, não me calo. Poderia deixar de comprar a edição nacional, mas prefiro tentar interagir com a editora. E eu acredito que possamos ser ouvidos, sim.

Engraçado é que o que comentei como pessoal e sugestão, como o novo formato maior da Panini não ser de meu agrado, também soou como ofensa... Enfim, vai entender...

Estou de acordo com a sua opinião, Valéria.
Claro que faz parte do dia-a-dia não só dos adolescentes usar gírias, mas o excesso delas empobrece a fluência das falas no mangá. Além do mais, se atentarmos aos modos de cada personagens, ao Arima não cabe o mesmo modo de falar que o do Asapin, certo? Então o uso ou não de gírias diz muito da personalidade de cada um.
Gosto muito do trabalho que a Panini vem fazendo com seus mangás, mas tanto nesse ponto quanto ao uso do Real ao invés do Iene (se o enredo é no Japão, por que usar a moeda brasileira?), eu dou razão à Valéria, sim.

A Conrad acaba de virar minha editora favorita. Zettai Kareshi tá em ótima qualidade e com uma boa tradução, coisas bem raras no mercado nacional atual!

Eu não sei... honestamente, a Panini é a que mais lança shoujo e o atendimento ao cliente é bom, mas caíu MUITO MUITO MUITO no meu conceito depois do que eles fizeram com Bijinzaka D:

Concordo com você.

Todos falam gírias uma vez ou outra. Mas não falam gírias o tempo todo. O excesso de gírias realmente torna o texto um pouco mais díficil de ser lido.

Quanto ao formato é realmente uma questão pessoal, eu acredito que essas variações de formato são originais do Japão, mas vai saber.

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