domingo, 17 de agosto de 2008

Após fracasso em Pequim, Brasil se prepara para mudanças na ginástica



Estou postando isso aqui, porque me deixou muito indignada. Paisinho miserável este nosso. Toda a evolução na ginástica, a primeira vez em uma final por equipe e outras coisa smais, não vale NADA, porque não houve medalhas. O que eles querem é gastar pouco e colher grandes frutos. Uma escola de ginástica se forma com tempo, com estrutura e investimento. Uma matéria como essa, se realmente se concretizar tudo o que está escrito, vai resultar no fim de uma boa fase e na impossibilidade de realmente se chegar a uma medalha olímpica.

Depois vem alguém me falar em "orgulho de ser brasileiro". Outra coisa, não sei quem leu, mas César Cielo não teve nenhum tostão da confederação. Cortaram sua bolsa porque ele foi treinar nos EUA. Agora, me digam uma coisa, como você pode se nivelar com os melhores do mundo se você não mede forças com eles? Fica parecendo a leva de alunos que temos esse ano lá no colégio, o nível é baixo, os mehores alunos são bons, mas acabam aprecendo melhores do que são, porque a média é muito ruim. Daí, conforntados com a realidade - no caso dos atletas os mundiais e as Olimpíadas, vem o choque. Leiam a matéria do UOL, me deu vontade de chorar e xingar muito. Peguem todo o dinheiro e metam na droga do futebol. Falar em treinar nos seus clubes é uma ofensa a inteligência dos leitores.

Após fracasso em Pequim, Brasil se prepara para mudanças na ginástica

Lello Lopes
Em Pequim (China)

A despedida da equipe brasileira de ginástica artística dos Jogos Olímpicos de Pequim sem medalhas na bagagem marcou o fim de uma era. Agora, com a iminente saída do técnico Oleg Ostapenko e a dissolução da seleção feminina, a modalidade se prepara para mudanças drásticas nos próximos meses.

principal mudança deve acontecer no comando técnico. O contrato do ucraniano Oleg Ostapenko, no comando da ginástica brasileira desde 2001, acaba em setembro. Dificilmente ele continuará no cargo.

Assim, a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) decidiu dissolver a seleção brasileira. As atletas, que ficavam concentradas no centro de treinamento da entidade em Curitiba, agora voltam para os seus clubes, onde devem ficar até o final do ano.

"Depois de tanto tempo, voltar para casa tem um gostinho especial. Eu vou estar com a minha família e com o meu clube, mas o rendimento vai cair um pouco. De qualquer forma, o rendimento sempre cai depois das Olimpíadas", disse Jade Barbosa.

A ginasta também comentou a saída de Ostapenko, que em sua passagem pelo Brasil ficou marcado pelas broncas que dava às atletas assim como pela nítida evolução que deu à seleção.

"Quando ele for embora a gente não vai lembrar das coisas ruins. Tudo o que foi ruim agora não importa mais. O que importa é que o Brasil evoluiu nos últimos anos", declarou Jade.

De saída da seleção, Daiane dos Santos acredita que o Brasil deve seguir os ensinamentos deixados por Oleg. "Temos que aprender a usar o que aprendemos com ele. Não tem porque mudar, tem que manter a mesma cabeça."

Com Ostapenko no comando da seleção feminina, o Brasil conquistou um inédito título mundial no solo, obtido por Daiane dos Santos. A equipe também se classificou para os Jogos Olímpicos, algo que nunca havia acontecido anteriormente.

Entretanto, a passagem do treinador ucraniano pelo país não resultou em medalhas olímpicas. O mais perto que o país chegou foi em Atenas-2004, quando Daiane dos Santos, favorita no solo, acabou em quinto lugar.

12 pessoas comentaram:

Isso é serio???

O pessoal vai acabar com o que tava dando certo????

como eles podem querer medalhas sem dar condições???

Maldita incapacidade de planejar a longo prazo, queremos tudo p/agora ou então não tem valor.

eu com esperanças de uma evolução de uma melhora, mas agora vão querer reinventar a roda...resultado...vai dar merda.

Esse é o nosso país de hipócritas e oba-oba.

Eu q faço taekwondo sei muito bem disso... Se sair uma medalha de bronze vai ser um milagre...

É revoltante!!!!
Eu achei que eles foram bem!
O Diego caiu, mas outros caíram e eram favoritos, tb. Acontece! Agora vem esta palhaçada??? Êta governo ignorante!!!!
:-(

é uma solução medíocre mesmo, parece futebol, o time perde e o técnico é mandado embora...

O mesmo aconteceu no jornal Globo, que discorreu na página principal sobre o fracasso brasileiro nas Olimpíadas. Isso é um absurdo total e um desrespeito com os cidadãos e com os atletas. Fiquei com vontade de reclamar diretamente com a redação do jornal. É uma vergonha falar assim do esforço alheio.

País de merda. Credo, as vezes dá MUITA vergonha ser Brasileira, coisa que não deveria acontecer.

A imprensa trouxe uns artigos interessantes, ontem e hoje. Vou postar os dois.

Bia Abramo na Folha de São Paulo, antes da ginástica:

BIA ABRAMO

Olimpíada em tempo de espetáculo


NA CERIMÔNIA de abertura, a China avisou ao mundo: nós inventamos o papel, a impressão, a pólvora e a bússola; depois, vivemos um século 20 ainda inexprimível, ainda intraduzível. Nós, que desafiamos a força da gravidade com facilidade, uma, duas, quantas vezes forem necessárias, mandando meninas, fadas, atletas e astronautas pelos ares, queremos, agora, que vocês nos levem a sério.
Toda cerimônia de abertura de grandes eventos esportivos é, ao mesmo tempo, cafona e grandiosa, tocante e comum.

Qualquer dos países que sedie a Copa do Mundo, Jogos Panamericanos, Olimpíada aproveita, é claro, a oportunidade para fazer do evento uma vitrine de seus feitos, da beleza e pujança de seu povo, que sirva também de cortina de fumaça de seus mal feitos.
No século 21, qual país seria tolo de desprezar 1 bilhão de espectadores do mundo inteiro? Um bilhão, na verdade, foi a estimativa mais contida; houve quem falasse em mais de dois bilhões, em três e até em quatro bilhões de telespectadores. Mesmo ficando "apenas" no um bilhão, isso corresponde a cerca de 15% da população mundial.
Depois das luzes e cores e acrobacias, vem a competição e, nesta Olimpíada, para o espectador brasileiro, de certa forma, a festa está um pouco sem graça. Talvez iludidos pela performance entusiasmante de vários esportes nos Jogos Panamericanos, ano passado, talvez levados a engano pelo jornalismo ufanista que costuma permear o noticiário esportivo, sobretudo o da TV, queríamos mais dessa Olimpíada.
Os resultados podem ser razoáveis, bons e até ótimos, do ponto de vista do lugar do Brasil no cenário esportivo mundial, mas não são muito bons como espetáculo. E, para boa parte dos telespectadores, aquela que só vê esporte na TV quando há algum grande evento, o que interessa é o espetáculo.
É certo que a participação brasileira rendeu, sim, algumas belas e emocionantes imagens.

A torcida solitária da mãe e da madrinha de Ketleyn Quadros, na final que deu a primeira medalha ao Brasil. Ketleyn, altiva, contida e de olhos secos, para desespero dos jornalistas que esperavam lágrimas. Daiane dos Santos, tanto nos seus saltos velocíssimos, dificílimos e, desta vez, bem mais precisos, como nos bastidores, animando as outras ginastas. A mulheres briguentas e habilidosas do futebol feminino.
É sempre algum espetáculo, claro. Teremos mais alguns momentos até o final. Mas ainda é pouco.

biabramo.tv@uol.com.br

Este é da Revista Época. Até concordo com algumas coisas, como o espírito de luta e o equilíbrio emocional,
que a Jade, por exemplo, não parece ter. Agora, misturar política para os esportes com "educação física obrigatória" é ridículo.
Minha lembrança da educação física era a humilhação, a falta de interesse dos professores e a ênfase nas corridas e exercícios com o fim de torturar e o handbol como único esporte.
Um horror. Fora, claro, que não se formam nadadoes, judocas, ginastas de ponta com educação física obrigatória ou aos moldes que temos em boa parte das escolas brasileiras.

Essa gente bronzeada e o chororô olímpico

Ruth de Aquino

A cada medalha perdida, a cada último lugar numa final, a cada travessia suada para uma semifinal, nós somos convidados a chorar de orgulho verde-amarelo, enrolados na bandeira, pelo esforço de atletas excepcionais. É a maior delegação brasileira, 277 atletas, uma população de quase 200 milhões e, até este domingo, tínhamos quatro medalhas de bronze e uma de ouro. Com a ressalva de que o nosso nadador de ouro, o paulista César Cielo, vive e treina... nos Estados Unidos. Que me desculpem, mas não consigo me emocionar com o desempenho do Brasil nas Olimpíadas. Está longe de nosso potencial humano.


Acorda, Brasil, antes de 2016! O incentivo precisa ser consistente e planejado para nossos atletas não chorarem de decepção. Eles são movidos a teimosia e paixão. Carentes de uma política esportiva séria. Dinheiro já existe. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) recebe R$ 50 milhões por ano. Em Sydney (2000), últimas Olimpíadas em que o COB mendigava verbas do governo, ganhamos 12 medalhas: seis de prata e seis de bronze. Em Atenas (2004), foram dez medalhas: quatro de ouro, três de prata e três de bronze. Para onde vai esse dinheiro do COB? Quanto é sugado por despesas administrativas?


“Ainda é cedo para um balanço, porque o Brasil é forte em esportes coletivos, que só rendem medalha no final; e aí a percepção de fracasso muda inteiramente para sucesso”, diz o editor-executivo André Fontenelle, nosso especialista enviado à China. “Mesmo assim, na melhor das hipóteses, ganharemos um total de 18 medalhas, e sempre nos mesmos esportes e com as mesmas figuras. Uma evolução pífia”. Para seu tamanho e dinheiro disponível, o Brasil deveria ganhar umas 30, como a Grã-Bretanha, décima colocada em Atenas.


O brasileiro é bom de briga. Dá para ver pelo judô. A primeira mulher a conquistar medalha em esporte individual para o Brasil foi a judoca Ketleyn Quadros, de 20 anos. Nasceu em Ceilândia, cidade-satélite de Brasília. A mãe a matriculou na natação, mas ela fugia para ver o judô. Aos 10 anos, numa redação escolar, escreveu que ganharia uma medalha. Hoje, em Belo Horizonte, Ketleyn recebe salário do Minas Tênis Clube. Para financiar sua viagem a Pequim, precisou que amigos em Ceilândia fizessem uma vaquinha. Vaquinha para uma campeã?

A mídia dá cambalhotas para minimizar o constrangimento de anunciar repetidas derrotas para telespectadores insones. Ninguém agüenta mais acordar cedo para ver o Brasil perder. Na falta de medalhas, a mídia entrevista famílias com voz embargada. E vamos todos à maternidade, onde está o filho recém-nascido do Marcelinho do vôlei. Close nos olhos vermelhos de todos. A musa Ana Paula também chora com saudade do filho. E o brasileiro chora junto, porque é sentimental e adora uma novela. Na categoria de choro derramado, o Brasil já é ouro.


Quando uma americana ganha prata, ela se irrita. Quando as ginastas brasileiras ficam em oitavo e último lugar numa final, pulam de orgulho por ter sido a primeira vez. Em patriotismo de resultado, ninguém bate os chineses e os americanos. Para eles, o que interessa é o pódio. Por trás, contam com uma extraordinária estrutura oficial, não só verba. Quando o Brasil conquista medalhas, elas vêm de talentos isolados que vencem adversidades. Ou de um esporte coletivo como o vôlei, mais bem-sucedido por ter apoio de empresas.


Vão dizer que o Brasil tem outras prioridades, como saúde e educação fundamental. Mas, se vamos investir uma fortuna para tentar trazer os Jogos para o Rio de Janeiro em 2016, precisamos evoluir no quadro de medalhas. Por que acabou a obrigatoriedade de Educação Física nas escolas? País anfitrião não pode dar vexame. Não pode deixar a vitória escorrer entre as mãos e os pés.


Olimpíadas não são uma questão de sorte, embora Jade tenha dito que a ginástica é “uma caixinha de surpresas”. Olimpíadas exigem preparo, preparo, preparo. Planejamento, persistência, trabalho a longo prazo. Dinheiro chegando ao destino certo. Atletas não precisam ser heróis nem fenômenos Phelps. Bronze é bom, mas essa nossa gente bronzeada também almeja ser prata e ouro. E aí, ninguém mais segura o choro do Brasil.



só tristeza, não pelos atletas, mas pela postura do país de "não ganhou? foda-se, nunca era pra ganhar".

eu estou muito orgulhoso pelos atletas, e pelos atletas somente. Fazem muito mais do que eu faço, e isso me basta. Claro que isso não basta para eles, e eles tem meu apoio por sempre quererm mais.

As coisas mudam, tudo muda. Essa vergonha pátria ainda há de mudar.

É como cansei de dizer esses dias: olímpiada é competição, e ganham os melhores e/ou mais bem preparados, não tem prêmio pra todo mundo. Se tiver 1 medalha e 2 atletas, sinto muito mas alguém vai voltar mais triste pra casa. Daí eu não entendo essa cobrança toda por medalhas.

Pra mim, esse fracasso só mostra o que qualquer pessoa mais bem informada está careca de saber: falta de investimento em qualquer outro esporte que não seja seleção. Quem é diretamente envolvido, então, sabe a merda que é pra arranjar um patrocínio, que seja para uma única viagem.

Acabar com a equipe porque perdeu me parece muito o seguinte "descobrimos q vc está doente, sabemos o que é, mas como vc não melhora nós vamos cortar o seu remédio". Lindo isso. É a mesma lógica besta de demitir um técnico de futebol depois de 2 partidas se o time joga mal. Equipe se forma com o tempo, pô.

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