domingo, 8 de fevereiro de 2009

Capítulo 3: Sem Olhar Para Trás (Parte 1)


Cheguei ao capítulo 3. Como ele é menor que os outros, será postado bem mais rápido, acredito. Para quem não sabe do que se trata, estou postando uma história que venho escrevendo faz algum tempo. Tenho alguns capítulos escritos e outros, não. Por exemplo, o capítulo 5 eu não terminei, mas tenho o 6 e o 7.

Prometi postar continuamente até o capítulo 3. Fico sempre no aguardo dos comentários e sugestões, pois assim posso melhorar e mexer em coisas que não estejam funcionando. Como escrevi essa parte faz mais de dez anos e fiz várias revisões, talvez hoje fizesse tudo diferente, ou não. Mas é isso. Para ler os dois capítulos anteriores, é só clicar aqui. Boa leitura.


Ventos de Mudança
Capítulo 3: Sem Olhar Para Trás (Parte 1)

A barulheira dos soldados atraiu a atenção de todos e Alda aproveitou-se disso para se livrar de Humberto que, armando-se de sua espada, saiu atrás da confusão. “Vamos, Alan! Não me decepcione!”, Alda torcia silenciosa e seu olhar cruzou repentinamente com o da Rainha. A moça notou que ela mantinha um ar excepcionalmente calmo para alguém que “não sabia o que estava ocorrendo”. “Afinal, qual é o jogo?”

— Mais rápido, Marina! — Ele urgia enquanto eram caçados de perto pelos soldados.

— Com quer que eu corra com essas saias? É o mais rápido que posso! — Ela reclamou.

— Seu rápido, não é suficiente! — Disse, puxando-a pela mão. Já estavam contornando a capela, só que os soldados estavam perigosamente próximos. — Raios! — Entretanto, quando os soldados iam contornar o prédio, de cima do telhado, alguém derramou um barril de piche, o líquido grudento caiu sobre eles e Alan ouviu Richard praguejar e ordenar aos soldados que não tinham sido atingidos que prosseguissem.

— Eu quero o homem que atirou o piche! — Richard ordenou furioso.

Um dos escudeiros foi ver quem era, só que não achou ninguém. Nem sombra do agressor. Só que o “atirador de piche”, na verdade o jovem Erik, estava bem debaixo do nariz do homem que o procurava. Usando da sua habilidade para escalar, ele tinha se pendurado em um dos parapeitos da nave que estava na escuridão. E lá ficou pelo tempo necessário. Como o escudeiro não atentou para isso, posto que achava que ninguém pudesse se pendurar ali, Erik passou despercebido. “Fiz minha parte, agora é com vocês!” Quando percebeu que o rapaz se fora, voltou para o telhado e se enfiou dentro da torre da igreja.

Ainda que tudo tivesse corrido bem, algo o incomodava muitíssimo: o casamento de Alda. Desde que a vira pela primeira vez, a amava, embora já houvesse se acostumado com a o fato de jamais poder desposá-la, não poderia suportar vê-la casada com aquele bárbaro. Seria doloroso demais! Além disso, não sabia o que ela tinha em mente e, às vezes, as idéias de Alda o assustavam.

— Haroldo! — Alan gritou entrando na estrebaria e barrando a porta, atrás de si.

— Aqui em baixo! — Veio a voz do subsolo. — Rápido.

— Vem! — Disse Alan arrastando Marina outra vez.

— Não seja tão rude! Você me machucou nesta correria, sabia? — Reclamou e ele suspirou resignado e profundamente irritado, para, logo em seguida, continuar a arrastá-la. — Ai! Por que você precisa ser tão bruto comigo?

Haroldo já estava esperando com o grande “barco” todo iluminado e fazendo um barulho baixo e agudo, como um assobio.

— Entrem e sentem em algum lugar. — Eles obedeceram e os dois sentaram, lado a lado. Elaine estava na cadeira ao lado de Haroldo. — Apertem os cintos!

— Cinto!? — Marina perguntou, confusa. — Mas eu não tenho nenhum cinto nenhum!

— Na cadeira onde está, é só puxar. — ele lembrou que deveria explicar tudo, sempre. — A decolagem não será muito agradável. — Ele mexeu em vários botões. — Preparar para decolagem. Safira, parecer. — Demandou sério.

— Todos os instrumentos em ordem. Máquinas em linha, decolagem em cinco segundos. Quatro, três,... — Ouviram o barulho dos soldados derrubando a porta. — Ignição! — A voz metálica falou.

Elaine notou que Haroldo estava suando frio. Ele estava com medo como os outros, só que mantinha o sorriso no rosto para dar segurança aos outros. “Não precisa disso comigo, Haroldo. Eu confiaria em você sempre, mesmo se tudo dissesse que não deveria!”. Elaine deslizou a mão sem que os outros vissem e colocou-a em cima da mão que Haroldo estava usando para acionar a alavanca da decolagem. Ele desviou os olhos rapidamente para Elaine e respirou fundo, comprimindo os lábios. Havia sonhado com aquele vôo diversas vezes, mas nunca havia decolado de verdade. Só usara simuladores. Elaine sussurrou baixinho “Você vai conseguir.”

O estrondo foi enorme e o teto do estábulo foi arrancado na decolagem, ferindo, ou matando os soldados que estavam dentro dele. “Então, era essa a surpresa!”, pensou Alan, fechando os olhos, agarrando os braços da poltrona e recostando a cabeça, tenso. Todo o castelo pôde ver o estranho objeto alçando vôo, imponente, iluminando o céu como se fosse dia. Até Richard que já tinha visto e ouvido coisas inimagináveis se espantou, pois em seu íntimo teve a impressão de que era o Sol, nascendo em todo o seu esplendor, e temeu por sua existência. Marina, Alan e Elaine se sentiram atirar para trás com a súbita decolagem, e um buraco se abriu em seus estômagos. Marina começou a rezar, baixinho, e sua ladainha incomodou Alan profundamente. O rapaz se esforçava por esconder seus temores e manter seus sentidos sob controle, mas assim era difícil. Tão logo se viram no alto, pairando sobre o castelo, a nave estabilizou e a pressão se foi subitamente.

— Estão todos bem? — Haroldo perguntou com uma voz cheia de excitação. — Estamos livres!

Alan respirou fundo e assumiu sua postura de comando outra vez.

— Para o castelo das fadas, então! — Alan ordenou e Haroldo respondeu, levando na esportiva:

— Entendido, Comandante! — Brincou e seguiram o caminho que o mapa indicava.

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Aguardo as outras histórias.
:)

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