Saudades dos filmes de John Hughes

No dia 06 de agosto, morreu John Hughes, o mestre dos filmes adolescentes dos anos 80. Fiquei pensando se fazia ou não um post... Eu sou uma criatura dos anos 80, via muita Sessão da Tarde e Tela Quente quando minha mãe não me obrigava a ir dormir. Daí, comecei a dar tratos à bola para lembrar de todos os filmes do Hughes que tivesse visto e, claro, descobri que muitos dos filmes adolescentes que eu amava, não eram dele, mesmo os com a Molly Ringwald, uma das musas aqui do meu marido.

Dos filmes do Hughes que eu adorei, temos Clube dos Cinco, que só vi passando alta madrugada e era sério e não comédia; Alguém Muito Especial, que é bem simpático; Gatinhas e Gatões, que eu adorava ver e rever; e, claro, Curtindo a Vida Adoidado, que não é tão bom quanto o Clube dos Cinco, mas é o filme símbolo do cara, acho que seu clássico dos clássicos. Curtindo a Vida Adoidado não é com a Molly Ringwald ou o Anthony Michael Hall, e Alguém Muito Especial é com o gatíssimo do Eric Stoltz, a May Stuart Masterson e com a Lea Thompson de De Volta para o Futuro. Acho que, na época, alguém colocou na cabeça que ela era linda... Mas vejam que as musas eram ruivas, e não as louras aguadas de hoje. Nunca gostei muito dos outros filmes do cara, nem Garota Rosa Shoking, que é acredito o ponto alto da Molly Ringwald com ele, ou o Mulher Nota Mil , que obviamente, não era para mim, afinal, eu não tinha inclinação para babar por Kelly LeBrock... Aliás, outra ruiva.

Achava que a dramédia For Keeps? era dele também. Não lembro o nome em português, mas era com Molly Ringwald fazendo a moça excelente aluna, namorando outro excelente aluno, com vaga assegurada em universidades de elite, que engravidam. Os pais querem o aborto, eles resistem, têm que sair de casa, e comem o pão que o diabo amassou, mas, no final, as coisas terminam bem, só que ambos sabem que nunca mais serão os mesmos e a vida será difícil por muito tempo. Alguns podem até considerar um filme pró-vida, mas, pelo que me lembro, só de mostrarem os perrengues dos dois, e não um mundo rosa, já é para pensar mil vezes.

Engraçado que, talvez por ser criança e adolescente na época acho os filmes adolescentes dos anos 80 infinitamente superiores aos de hoje. Mesmo um Porki’s, aliás, no quesito sexo, mesmo fake eles eram. Mas vamos lá, John Hughes teve seu principal sucesso de bilheteria com Esqueceram de Mim, abandonou os filmes adolescentes e, como alguém disse em outro site, sua carreira entrou em declínio criativo. Aliás, não suporto assistir nenhum dos filmes dele dos anos 90, mas na década anterior, ele era rei e ditava tendências. A maioria dos filmes adolescentes bons poderiam ser dele, mesmo que não fossem. E, claro, foi a década que lançou muitos atores e atrizes de qualidade, para além do Brat Pack, a maioria, no entanto, ficou pelo caminho, ou não conseguiu grande destaque, como o C. Thomas Howell, que não era bonito, mas era um dos melhores daquela leva.

Por conta disso, fui buscar meus filmes favoritos, alguns deles eu jurava que eram do Hughes, como Te Pego Lá Fora, outros, como Os Garotos Perdidos, A Hora do Espanto e Karatê Kid, eu sabia que não eram. Mas quais foram os melhores filmes adolescentes dos anos 80? Aqueles que eu lembro com carinho? Vamos listar e desculpem se esqueço os títulos em português...

Dentre os melhores filmes da época, eu destaco A Lenda de Billy Jean e Soul Man (*esqueci o nome em português*). O primeiro mostrava uma adolescente acusada de um crime injustamente e que pegava a estrada com o irmão e outros garotos. A analogia era com Joana D’Arc e a garota vira, como o nome do filme bem diz, uma lenda. O segundo é sobre um palyboy branco que não entra para Yale e é punido pelo pai com um “vai trabalhar vagabundo”. Ele então decide virar negro (*uns mudam de gênero, outros mudam de cor de etnia*) e pleitear uma bolsa integral para afro-descendentes. Ele tem boas notas, fica com a bolsa, pensa que vai levar tudo na flauta, mas descobre que ser negro nos EUA não é fácil. E, claro, descobre que roubou a bolsa que seria de uma moça esforçada e pobre. Ótimo filme, um dos meus favoritos, com muito humor e de bônus o James Earl Jones, "a voz" de Darth Vader. Tem o Enigma da Pirâmide, também. O jovem Sherlock Holmes pouco tem a ver com o cânon, mas era um dos meus filmes adolescentes favoritos. Por causa dele acabei começando a ler as histórias do grande detetive. Mas este não era estilo John Hughes.

Dos filmes menores, mas divertidos, destaco, Just one of the Guys ou Quase Igual aos Outros, que é sobre uma garota que decide mudar de escola e ser um rapaz para fazer uma reportagem fantástica, isso, porque se sentiu discriminada por um professor. Viu? Não é só em shoujo mangá que você engana a escola inteira dizendo que é um rapaz. Dos que não me lembro os nomes em português, incluo: Space Camp, que era com uns adolescentes que iam fazer um cursinho de férias na NASA e decolavam com um ônibus espacial; Explorers, que era com o Ethan Hawke e o River Phoenix garotinhos, eles e mais um amigo faziam uma nave espacial e realmente iam parar no espaço; e Combat High, em que dois garotos causam um tremendo dano à cidade e recebem como pena educativa terem que freqüentar um colégio militar linha dura.

Não vou incluir Sociedade dos Poetas Mortos e Conte Comigo, porque não são comédias, são filmes sérios e densos. Eles poderiam até passar na Sessão da Tarde – se bem que não lembro do Clube dos Cinco ter passado (*acho que por causa das drogas*), mas Porki’s passou (*fim da censura do regime militar e tudo era possível em termos de nudez e sexo*) – mas não eram ao estilo John Hughes, não faziam a gente querer cantar Twist and Shout.

É isso. Ficou longo o post. Se puderem, assistam algum filme do John Hughes, principalmente vocês que são mais novinhos. Depois, comparem com o que existe hoje no mercado de comédias adolescentes. Não vou dizer que ele fará falta, até porque fazia quase 20 anos que ele tinha abandonado o filão que o consagrou, mas morreu jovem demais, e deixou uma marca importante nas vidas de muita gente da minha geração. ^_^ Um... então os anos 80 tiveram algo de bom afinal...