sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Projetos pelo Brasil estimulam a leitura de livros escritos por mulheres


Uma amiga repassou uma matéria do Correio Braziliense falando de um clube de leitura, aqui, na capital, comprometido em ler somente livros escritos por mulheres.  A primeira reunião foi ontem, quinta-feira (17/9), a partir das 20h, na livraria Sebinho (406 Norte).  O Sebinho é um dos lugares mais acolhedores de Brasília.  É um grande sebo, inclusive com uma área para quadrinhos, com livraria, café, e espaço para reuniões.   Se vier até Brasília, visite o Sebinho, fica perto da UnB e de outros lugres legais.

Enfim, segundo o Correio, trata-se de uma ação inspirada em um projeto chamado #readwomen2014 proposto pela escritora Joanna Walsh.  Fui procurar informações, afinal, estava absolutamente por fora e descobri que o movimento nasceu de  uma constatação, mulheres representam uma minoria entre os jornalistas que resenham livros e os livros resenhados são em sua maioria de autora masculina.  Faltam boas autoras?  Certamente, não, mas elas não são percebidas.  E, só para lembrar, a autora de Harry Potter abreviou seu nome para evitar uma rejeição imediata, afinal, era mulher escrevendo livros de fantasia.

Enfim, abri uma matéria do The Guardian comentando o movimento e dando dados colhidos por uma organização americana chamada Vida (Women in Literary Arts), vejam só: em 2012, na  New York Review of Books somente 16% dos resenhistas eram mulheres e somente 22% dos livros resenhados tinham autoria feminina.  Segundo o The Guardian, em março de 2013, 8,7% dos livros resenhados pela London Review of Books tinham autoria feminina, 26,1% no New Stateman, e 34,1% no próprio The Guardian.  Enfim, sem visibilidade, assim como acontece nos quadrinhos, fica parecendo que as mulheres pouco escrevem ou produzem material de qualidade inferior. 

Simplesmente, deveríamos perguntar quais os critérios de inclusão e exclusão nesses grandes veículos de divulgação literária.  Nesse sentid, recomendo muito o livro How to Supress Women Writing de  Joanna Russ.  Ele explica direitinho essas regras ocultas que inibem, excluem e ridicularizam as mulheres escritoras.  Infelizmente, só em inglês.

Se você se interessou pelo clube de leitura, o movimento está vicejando (*verbo bonito, eu gosto*) em vários lugares do Brasil.  O Correio Braziliense trouxe as seguintes informações:

Leia mulheres pelo Brasil

São Paulo
O projeto começou na capital paulista em março deste ano. O próximo encontro está marcado para 29 de setembro, às 19h30, no Blooks Livraria, no Frei Caneca Shopping. O livro escolhido é Jazz de Toni Morrison.

Rio de Janeiro
Na cidade maravilhosa, o clube de leitura se reúne todo mês. Em setembro, o último encontro foi no dia 9 e em outubro está marcado para o dia 14, às 19h30, no Blooks Livraria, em Botafogo. A obra Redoma de vidro, de Sylvia Plath, será o tema.

Porto Alegre
A cidade recebeu uma edição em agosto e já tem outra prevista para 26 de setembro, às 16h, na Usina do Gasômetro. O livro que será discutido também é Redoma de vidro, de Sylvia Plath.

Belo Horizonte
O livro Orlando de Virginia Wolf será o tema de discussão no clube em BH, que está marcado para 30 de setembro, às 19h30, no Café com Letras.

2 pessoas comentaram:

Tentarei participar do encontro em São Paulo. Difícil é conseguir ler o livro (carga de leitura da faculdade está pesando, já estou com os livros de uma matéria atrasados).

Na verdade estou seguindo o caminho contrário recentemente. Sempre li mais mulheres do que homens: J. K. Rowling, Agatha Christie, Anne Rice, alguns da Stephenie Meyer, depois Emily Brontë, Jane Austen, Charlotte Brontë...

Na faculdade a maioria dos professores trabalha com cânone, daí comecei a ler os homens. Mas tenho tentado pegar literatura mais periférica, digamos assim. Ou professores que trabalhem além do cânone tradicional.

Já ouviu falar n'As Cartas Portuguesas e Novas Cartas Portuguesas? Acho que você gostaria de ler sobre o assunto.

Interessante a ideia. Queria participar de um grupo de leitura de autores e autoras negros, se não existe algum alguém devia criar!

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