sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Comentando Liberdade Liberdade pela última vez

Os gritos de "liberdade" não me impressionaram.
Tudo meia boca, esse final de Liberdade Liberdade.  Como supus no texto de ontem, Joaquina – que até o final apegou-se aos seus princípios e não teve senso de autopreservação – foi salva pelo “herói”, porque, bem, ela é mocinha e, não, heroína.  Não foi nenhuma cena colossal o seu salvamento, aliás, tudo foi bem modesto, esta foi a marca da novela, afinal, Vila Rica é um ovo que , por exemplo, só tinha um padre.  Ninguém sequer estava no patíbulo para encomendar a alma da mocinha.  Bastava isso, um padre de pé em algum lugar. E nem venham me falar em estado de sítio, ou guerra, que com essas coisas não se brincava.  Negar os últimos sacramentos para alguém ia dar inferno para a autoridade envolvida, também. Só que o autor não deve ter sido informado... Deveriam ter investido mais em pesquisa histórica.

E para que não pensem que é a feminista louca exigindo que a mocinha fosse mais do que o possível dentro de uma trama como a da novela, cito a crítica final de Nilson Xavier: “Andreia Horta também desenvolveu um bom trabalho como a heroína Joaquina/Rosa Raposo. Heroína não, mocinha! Aqui cabe uma crítica à personagem (não à atriz). A novela vendeu Joaquina, a filha de Tiradentes, como uma espécie de grande revolucionária. Mas o que se viu na maior parte da trama foi pouca luta (logo, pouco foco na História) e uma mocinha de melodrama que sucumbiu às armadilhas e à gratidão por Rubião (Mateus Solano), caindo muito facilmente em sua rede, assim pouco condizente com o perfil de heroína. Andreia Horta fez o que pôde, mas Joaquina/Rosa poderia ter sido bem mais, em concordância com a proposta inicial da novela.”

Gostando, ou não, de Tolentino, Ricardo Pereira brilhou.
E a morte de Rubião?  Duelo?  Qual nada!  Foi morto por Anita que, bem, brilhou no último capítulo, mas não se despacha um vilão deste porte de forma tão negligente.  Joaquina, mesmo tomada pela dor, ainda entra na casa do “marvado” falando em julgamento, prisão e/ou forca.  Quem prenderia ou julgaria Rubião se a rebelde era ela?  De resto, de novo a inexperiência do autor, Joaquina é presa, condenada pela morte de Rubião e ninguém sequer dá enterro ao corpo.  Que freak e sem sentido foi a cena do Marquês e da Virgínia encontrando Anita ceando com o cadáver.  De novo, brilhou a atriz portuguesa, Joana Solnado, mas a cena não tinha função alguma para a narrativa.

Outros que brilharam, claro, foram Marco Ricca e Ricardo Pereira.  Tolentino em todas as suas contradições, foi um grande personagem. Vil, pusilânime, incapaz de qualquer ato de grandeza, um sobrevivente, ainda assim.  Mão de Luva é puro amor. Melhor papel de Marco Ricca, em minha opinião.  Como não vi semana passada, boiei em relação ao “Padre” Viseu/Dimas, mas logo descubro o porquê do ódio de Mão de Luva.  De resto, foi um final corrido.  Esqueceram de dar destino ao Caju, ele deveria ter aparecido no navio com Xavier e Joaquina.  Ascensão, apareceu na porta e foi só isso, desperdício.  Fora as demais personagens. 

E foi só isso de Ascensão no último capítulo.
O autor – Mário Teixeira – precisa melhorar muito, porque o que salvou a novela foi a direção, a parte de arte (fotografia, figurino) e o elenco.  E, sim, Rede Globo, mais investimento em pesquisa histórica, por favor, porque algumas coisas ficaram muito feias.  O roteiro foi enviesado, cheio de clichês e evidenciando o desconhecimento de coisas mínimas sobre o Brasil e a Europa da virada do XVIII para o XIX.  Fora que bastava ir até Vila Rica e ver que aquela cidade cenográfica era uma “vila” no sentido mais acanhado da palavra e, não, a capital da província mais rica do Brasil, um grande centro urbano com muitas igrejas, conventos e tudo mais. Gostei da novela?  Sim, mas com muitas ressalvas.

2 pessoas comentaram:

Oi Valéria

eu comentei no outro post mas não concluí.
Gostei da novela como um todo. Aliás, muito me impressionou a caracterização dos atores. Nada bonitinho e arrumadinho, bem como devia ser na época (bem diferente de Escrava Mãe, cujo figurino parece de teatro de escola. Não desmerecendo a história, mas a caracterização é ruim).
Concordo com a crítica à reprodução de Vila Rica, muito tímida pra uma potência da época. Na minha cabeça eu então resolvi fingir que era uma outra vila mineira, homônima da antiga Ouro Preto haha
Gostei da história, dos personagens e da atuação dos atores. Maaaasss o final foi MUITO errado, ficou muita ponta solta. E que "broxante" foi a morte do Rubião. Enquanto todos esperavam um duelo épico entre ele e Joaquina, ele já aparece morto. Cena mal feita.
E Virgínia, voltou a comandar o bordel?
E o filho da Mimi?
E o menino Caju? Ficou com Dionísia e Mão de Luva? (acredito que isso será mostrado no spin of do site, a História de Mão de Luva)


Enfim....novela boa com final decepcionante.

Realmente, o final foi muito sem graça. Não entendo porque não mostraram o que aconteceu com os outros personagens. A morte de Rubião foi sem clímax algum.

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