terça-feira, 10 de março de 2020

"Fique quieta. Cale a boca e viva como os mortos.": Comentando os primeiros capítulos de Ebony


Semana passada foi publicado no Comic Natalie um post falando do lançamento do Manhwa (*quadrinho coreano*) chamado Ebony (에보니), no Japão.  Achei o traço convidativo e ao tentar traduzir o post fiquei confusa, mas, procurando, encontrei scanlations de todos os capítulos lançados até o momento, dezenove. Quando a gente começa a ler e, no meu caso, não gosto daquele padrão tripinha feito para celular, não é possível parar.  

Saindo da prisão.
As responsáveis pela história Ja Ya (roteirista) e Neida e Red Ice (arte e cores) são muito competentes em manter o suspense.  Estou aqui, me angustiando, porque o capítulo 19 termina em um belo gancho.  O resumo do início da história é o seguinte: 

Marsha, a governanta, se espanta com as cicatrizes
da moça e seu estado de destruição.
Ebony Vonieck é uma criminosa condenada pelo assassinato de seu noivo e de seu próprio pai. Enquanto aguarda sua execução na prisão, ela é subitamente libertada do inferno quando é informada de que o arquiduque, terceiro na linha de sucessão ao trono, está esperando por ela. Crendo que sua vida se tornará ainda pior, ela segue para seu destino, em vez disso, é acolhida por funcionários e empregados calorosos. Ebony não tem ideia dos planos do arquiduque, mas ele ajudará a mudar sua vida.

Pensei que o arquiduque era um pervertido quando
ele invadiu o quarto onde Ebony tomava banho.
Não, não há romance algum nessa história.  Pode até acontecer, mas, até o momento, o arquiduque tem planos para Ebony, que ele não revelou na sua integralidade, ela embarca neles, colabora, até, mas eles são parceiros.  Ele deseja alcançar algum objetivo político, ela quer vingança contra os homens que a caluniaram e transformaram os últimos cinco anos de sua vida em um inferno em vida.  Ebony é chamada de bruxa por ter cometido um crime imperdoável, matar o próprio pai, em uma sociedade na qual as mulheres estão confinadas a uma condição de subalternidade.

Mas ele lhe faz uma promessa...
 antes de ser expulso do quarto.
Enfim, apesar de Ebony estar listado por aí como histórico, a série se passa em um mundo que não é o nosso.  Uma mistura entre séculos XVIII, XIX e algo mais.  Nesse continente com vários reinos, está Kalcass, lar da protagonista, um lugar quase tão hostil para com as mulheres quando Gilead do Conto da Aia.  Mulheres tem seus movimentos e ações controlados.  Devem ser obedientes e silenciosas.  Não podem ocupar lugares de mando, sequer conduzir o próprio cavalo.  Não frequentam a escola.
Ebony fica sabendo que estão matando todas
as mulheres da prisão onde ela estava para que
nenhuma outra fosse libertada por
vontade de um poderoso, como o arquiduque.
Mulheres da elite, como Ebony, podem aprender a ler e escrever na língua comum do país, mas não podem aprender a língua continental, usada nos negócios e na diplomacia entre os vários reinos, além de estar presente nos documentos oficiais.  Pior foi que Kalcass perdeu a guerra contra um dos reinos vizinhos, Babel, que é governado por uma mulher.  Isso aumenta a misoginia local e o ódio a qualquer mulher que atente contra as regras.
O secretário louro não confia
em Ebony, nem gosta dela.
Em flashbacks sabemos que Ebony sempre foi rebelde.  Não de enfrentar diretamente, mas de tentar de forma esquiva conseguir fazer e aprender coisas que lhe era proibidas.  Ela ama cavalos, ela aprendeu a língua continental observando os homens ao redor.  Em mais de uma de suas lembranças, vemos o pai a castigando.  E uma das cenas mais bonitas da história até agora, foi quando o arquiduque lhe presenteou com um cavalo.
Ela chega destruída, mas termina por se tornar Raven.
Mas não contei que Ebony chegou destroçada ao castelo do seu benfeitor.  Ela tinha cicatrizes por todo o corpo, uma lesão na coluna, além de absolutamente desnutrida e com seu cabelo muito maltratado. Sua mente está confusa.  Pode ter sido violentada, isso não fica claro, mas ela sofreu toda a sorte de tortura por ter ousado matar dois homens.  Foi chamada de bruxa.  Bem, lendo o quadrinho já é possível deduzir que Ebony não matou ninguém, talvez, o pai, mas foi um acidente, ela estava fugindo de mais uma agressão.  Já o noivo... Bem, ao que parece, que alguém em sua própria família o queria morto e esse alguém é inimigo do arquiduque... 

Um homem poderoso.
Ah, sim!  Chamar uma mulher de bruxa é comum, especialmente, quando ela não se submete.  Só que por conta de pelo menos um acontecimento, paira uma dúvida.  Talvez Ebony tenha poderes, sim... Já o arquiduque Dante também é um mistério.  Ele viveu muito tempo no exterior, todos os seus ciados são estrangeiros, as rega de Kalcass não valem em sua casa, mas, é fato, a vida de Ebony está em suas mãos.  Somente o secretário particular do Arquiduque, que não é estrangeiro, parece não se agradar de ter Ebony por perto.

Talvez aconteça alguma coisa entre eles... Talvez.
Não se sabe se o Arquiduque quer se vingar de alguém específico, tomar o trono para si, ou o que seja.  Há muito mistério em Ebony, mas, o fato, é que ele desconfia que alguém planeja tomar o poder e que ele precisa impedir isso.  Para seu benefício?  Para o do reino?  O fato é que depois de recuperada, Ebony é treinada para ser sua agente, passar-se por estrangeira, movimentar-se por lugares proibidos para as mulheres.  Como Raven, ela poderá ter sua vingança contra todos que tornaram sua vida um inferno e queriam executá-la, mas, também, ajudar seu protetor a conseguir atingir seus objetivos.

Essa ilustração é da novel.
Não darei mais detalhes.  Vale a pena ler esse mangá.  Espero que logo se revele ao certo qual o objetivo do arquiduque, se Ebony é bruxa de fato e como poderá alcançar sua vingança.  Para ler os capítulos, é só clicar nessa página.  As scanlations estão em inglês.  Antes de virar quadrinho, Ebony era uma light novel.  Estão traduzindo para o inglês, encontrei três capítulos aqui.

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