segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Nos Tempos do Imperador está na reta final e é preciso comentar o que deu certo

Acredito que este será meu antepenúltimo texto sobre Nos Tempos do Imperador, novela das 18h da Rede Globo e que está prevista para terminar no dia 4 de fevereiro.  Para quem não sabe do que estou falando, Nos Tempos do Imperador é um caso curioso de continuação de uma novela anterior, no caso Novo Mundo, e que faz parte de uma trilogia planejada pelos autores da trama, Thereza Falcão e Alessandro Marson.  A novela começou no ano de 1856 e tem como protagonistas, a jovem Pilar (Gabriela Medvedovski), que sonha ser a primeira médica do Brasil, e o escravizado Jorge (Michel Gomes)  acusado de um crime que não cometeu, assassinar seu próprio pai, o Coronel Ambrósio (Roberto Bonfim).  O caminho dos dois se cruza, eles se apaixonam instantaneamente, mas acabam tendo seu amor atrapalhado por uma série de obstáculo, boa parte deles colocados por Tonico Rocha (Alexandre Nero), noivo arranjado da moça e meio irmão de Jorge. Pilar foge do casamento e deixa para trás sua irmã criança, Dolores (Julia Freitas), que acaba sendo prometida para o vilão como noiva substituta, assim que tenha idade para se casar.

Com a ajuda de Luísa, Condessa de Barral (Mariana Ximenes), vizinha da fazendo tanto do pai de Pilar, quanto do Coronel Ambrósio, Jorge assume a identidade de Samuel, mais tarde, a nobre acolhe Pilar.  A Barral, uma mulher culta e determinada acaba sendo contratada para ser a preceptora das princesas Isabel (Any Maia) e Leopoldina (Melissa Nóbrega), assim, o grupo se desloca do Recôncavo Baiano para a Corte, no Rio de Janeiro.  No Rio de Janeiro, Barral e o Imperador Pedro II (Selton Mello) se apaixonam também instantaneamente.  Ambos são casados, ela por amor, ele por um arranjo político, e iniciam um tórrido romance. Tivemos um salto no tempo e estamos agora já caminhando para o final da Guerra do Paraguai (1864-1870), penúltima semana de novela, Pilar se tornou médica, mas ainda não se casou com Samuel, o vilão vem conseguindo se safar de todas e o imperador e a Barral continua com seu affair.  

Sendo franca, tudo o que deu certo na trama passa à margem dos quatro protagonistas, mas falarei do que deu errado principalmente no próximo texto.  Ia ser um só, mas foi ficando looongo demais. Enfim, sou professora de História, gosto de novelas de época e estou dando exatamente esta matéria (Segundo Reinado) no ano escolar que estou alocada desde 2020, no início, minha intenção era comentar capítulo a capítulo, algo que se tornou impossível, seja porque a novela não me dava material suficiente para isso, seja por cansaço mesmo, além disso, já comecei mais de um texto  não terminei, mas vou tentar concluir este pontuando o que, na minha percepção, deu certo e errado na novela.  Antes de começar, algumas coisas precisam ser estabelecidas.  

Primeira coisa, a novela foi muito prejudicada pela pandemia, assim como outras inéditas exibidas em 2020-2021.  Não é novidade que uma obra estreie totalmente gravada, mas o normal é que um a telenovela seja uma obra aberta e passível de alterações ao longo do percurso.  Essa possibilidade ajudaria a remediar problemas da trama e dar mais espaço ao que estava funcionando.  Nada disso foi possível, no máximo, regravaram algumas coisas para tapar buraco.  Relacionado a isso, temos, também, certa pobreza no uso de figurantes.  Não me conformo com aquela escuridão e vazio da fazenda de Eudoro (José Dumont) e Dolores no início da segunda fase.  Aquilo só se explica por uma contenção no número de pessoas no set de forma a colocar o mínimo de gente em risco.  

O mesmo vale para a Quinta da Boavista, povoada por quase ZERO criados e com uma corte inexistente.  A Imperatriz, ou Imperatriste, como a apelidaram, só tinha uma dama que fazia mais as vezes de criada pessoal, além de amiga e confidente, Celestina (Bel Kutner), as princesas, nenhuma dama tinham, ou tem.  E como temos nomes dessas damas, ou de gente que servia à família imperial no seu dia-a-dia, a coisa se torna ainda mais estranha, fica parecendo uma corte fantasma.  A pandemia e a tentativa de evitar o contágio é a única coisa que me vem à cabeça para justificar isso, ainda que pudessem ter remediado um pouco o problema.  Lendo a entrevistas com Daphne Bozaski hoje, soube que a atriz teve COVID-19 durante as gravações. A pandemia deve ter tido um papel a mais nos problemas de Nos Tempos do Imperador.

Se controlar uma pandemia está fora de questão, oferecer uma boa história é dever dos autores, não adianta ter um elenco esforçado e talentoso, quando o texto fraco, cheio de clichês e de incoerências.  Preencher capítulos com ceninhas de humor pastelão (*ou escatológico mesmo*), ou a tentativa de emplacar bordões e fazer crítica social rasinha, também não ajuda a tornar uma novela melhor.  A responsabilidade por uma trama mal estruturada e que parece não conseguir engajar muito mais público para além das panelinhas do Twitter, que se dividiram ferozmente em amar e odiar a Condessa de Barral.  Aliás, como comento a novela no Twitter, me surpreendo com as coisas horríveis que muita gente escreve, parece que aproveitam a novela para colocar para fora tudo o que de pior dentro de si.

Eu não consigo gostar dessa cultura dos ships (Pedrisa x Pedresa, Nelores e por aí vai*), especialmente, quando as pessoas levam a coisa aos extremos e começam a atacar-se umas às outras na internet. Lembro de ter deixado de comentar Éramos Seis no Twitter e bloquear mais de um perfil, porque pessoas usando nome de personagens vinham me perturbar e até agredir. Engraçado é que a experiência de comentar novela, comecei a fazer isso com Ti-Ti-Ti (2010), era muito divertida, ainda bem que não tive problemas com Nos Tempos do Imperador.  Agora, ainda que essas rinhas me pareçam infantis, raramente vi comentários tão pesados sobre personagens, como tem pipocado sobre a Condessa de Barral.  Alguns perfis tem um comportamento tóxico e usam de agressões misóginas das mais violentas, na mesma linha, mas com menos intensidade, juntam misoginia e racismo contra a Zayla.  Coisa bem triste mesmo.

De resto, Thereza Falcão e Alessandro Marson parecem não ter pesquisado o suficiente, ou ter aceito as orientações dos especialistas contratados, nem aproveitado o atraso da novela para tentar arrumar o que estava fora do lugar.  Eu realmente espero que a Globo não os deixe terminar a trilogia com a novela da Princesa Isabel, aliás, uma das personagens que mais sofreu nas mãos dos autores.  Antes de Nos Tempos do Imperador começar, temia que a novela pudesse ser uma peça monarquista, mas o que tivemos foi o enxovalhamento da imagem de Pedro II e da Princesa Isabel, em especial, além de um perigoso viés lavajateiro e de crítica aos políticos em geral.  Perigoso, porque ao longo de toda a trama ficou parecendo que se Pedro, que parecia mais interessado em se pegar com a Barral do que trabalhar de verdade, pudesse ser um autocrata, tudo daria certo.  

Lembro aos leitores e leitoras, que temos no poder um candidato a ditador que realmente parece ter pensado que poderia dar o golpe em 7 de setembro passado.  Nos Tempos do Imperador é uma novela tão política quanto O Salvador da Pátria, ou Roque Santeiro, afinal, como já escrevi várias vezes, uma novela, filme, minissérie de época, fala mais do presente, das inquietações dos seus autores, do que do passado que buscam retratar.  Com maior, ou menor talento, as questões contemporâneas sempre estão no texto da novela.  E se os autores geralmente perderam a mão nas referências diretas à política nacional, colocaram direitinho a sua visão quadradinha sobre política, ensino militar, racismo e o papel dos movimentos sociais, a maternidade na na sua história.  Mas o texto é para elogiar, não é?  Então vamos lá!  

O QUE DEU MUITO CERTO

TONICO ROCHA, o vilão, foi desde o começo da trama bravamente defendido por Alexandre Nero.  Desde o início, ter Alexandre Nero em cena era certeza de que qualquer trama boba que os autores inventassem conseguiria ser minimamente convincente.  No início, ele era um vilão cômico, agora, ele está mais sombrio e cruel, porque o tom da terceira fase da novela se tornou bem mais pesado do que era antes.  Talvez, algo que lhe tenha faltado é que os autores tivessem deixado evidente a necessidade de ser amado e como isso contribuiu para potencializar os seus malfeitos.  Isso poderia ter sido marcado desde o início na sua relação com Pilar e até com Dolores, porque na primeira fase e na segunda, quando a questão dos sentimentos do vilão era trazida, o que estava evidente era a necessidade do Tonico em agradar seu pai, atender as expectativas que ele acreditava que o Coronel Ambrósio teria a seu respeito.

DOLORES foi outra personagem que deu certo desde a primeira fase da novela.  Raramente vi uma sintonia tão grande entre atrizes que interpretaram a mesma personagem em fases diferentes.  Júlia Freitas e Daphne Bozaski deram o mesmo tom para a sofrida mocinha, que começou como uma menina tímida e oprimida pelo pai, que lhe plantava toda a sorte de complexos, o casamento com Tonico, as humilhações, a descoberta do amor verdadeiro e foi crescendo para se tornar corajosa.  Quando Dolores encontrou a sua coragem, algo que ela não sabia que tinha dentro de si, isso se materializou em ótimas cenas, como a da fuga e quando ela empurra Tonico do penhasco. Bozaski, que ficou mais tempo com a personagem, se mostrou uma atriz muito competente, sei que quem a conhecia de Malhação e da série As Five já sabia disso, mas eu a conheci na novela. 

NÉLIO E DOLORES: Ainda falando de Dolores, a relação dela com Nélio foi sendo construída de forma muito sólida, delicada e tudo aquilo que faltou nos casais protagonistas, sobrou com esses dois.  Nada de correrias, de amor à primeira vista, as dúvidas sobre se era certo, ou errado se entregar à paixão, afinal, Dolores era uma mulher casada e Nélio, o "melhor amigo" do marido dela.  Ambos eram rejeitados, vistos como patinhos feios, que se encontraram um no outro.  E já escrevi outro texto comentando que o bom trabalho dos atores Bozaski e João Pedro Zappa fez com que eu relevasse o fato de Nélio ser pelo menos uns doze anos mais velho que Dolores. Para quem não lembra, porque o trabalho do roteiro foi bom em nos fazer esquecer, Nélio era o faz tudo de Tonico desde a primeira fase da novela, muito inteligente, com alguns princípios morais, mas sem força de vontade e um minion do vilão. Ele era adulto na primeira fase, mas, desde lá, desconfiei que ele e Dolores poderiam ficar juntos, porque ele era o único que era gentil com a menina, gentil de verdade.   

No sábado, os dois se reencontraram depois de estarem afastados por meses e meses, o que, na novela, foram duas semanas de capítulos, se muito.  Mesmo com alguns trechos muito cafonas nos diálogos dos dois, o reencontro de ambos foi tocante.  Infelizmente, e nem estou falando do milagre de Nélio ter sobrevivido e de Dolores não ter enlouquecido no manicômio, os autores meteram os pés pelas mãos e colocaram a mocinha moral da novela saindo da proteção da Quinta da Boa Vista, onde estava sob as asas da imperatriz, e indo para a casa de Nélio.  

Os autores parecem esquecer que Tonico é um homem perigoso e que diante das leis da época, ele é o marido de Dolores e poderia levá-la de volta para sua casa ou mandar os amantes para a cadeia sem maiores problemas.  Os autores também anulam o fato de estarem em um ambiente católico e conservador no qual jamais Dolores seria reconhecida como mulher de Nélio sendo casada na igreja e com marido vivo.  Alguém deveria pontuar isso mesmo que mostrando pena da moça, mas todo mundo ignorar é um absurdo.  Isso estraga o romance dos dois?  De forma alguma, eles continuam sendo o melhor casal da novela.

VITÓRIA E AS CRIANÇAS: me dava angústia ver a forma como o roteiro usava o abandono afetivo e intelectual de Hilário (Theo de Almeida Lopes) e Prisca (Maria Carolina Basílio) para fazer humor.  Nem pai, nem mãe, ligavam realmente para os gêmeos, que eram vistos como um estorvo e se comportavam de forma totalmente insensível e indisciplinada.  A chegada de Vitória (Maria Clara Gueiros), tão avessa às gentilezas e a qualquer expressão de afeto com as crianças, mas, ainda assim, sensível às necessidades dos dois, criou um jogo interessante no qual o apego foi sendo construído de forma lenta, mas segura.

Vitória se humanizou e as crianças se civilizaram mostrando que sua falta de modos era um resultado direto do descaso paretal.  Criou-se, inclusive, um espaço para a discussão da maternagem sem recorrer aos clichês do instinto materno.  Só que, como os autores são ruins mesmo, inventaram um desnecessário romance de Vitória com o traste do Quinzinho e trouxeram Clemência de volta, criando um estranho trisal.  A relação de Vitoria com as crianças terminou com a ida dos gêmeos para a Inglaterra, talvez para não ter que trocar os atores mirins, afastando-os da trama.  Péssima escolha e não consigo ver como melhora o súbito encantamento de Vitória por Clemência e vice-versa.  

Parece mais uma ideia corrida para dar função para as personagens, já que nenhuma parece ter uma história própria e, ao mesmo tempo, emplacar um discurso de diversidade sem que a coisa tenha sido construída de forma orgânica dentro da trama.  Se queriam discutir a invisibilidade lésbica, ou de casais de mulheres bissexuais, no século XIX, deveriam ter trabalhado mais para isso e, não, de repente, inventar esse casal.  E eu gosto muito de Vitória, ela é uma personagem bem divertida e interessante, mas precisa de um bom texto para funcionar.  Seria melhor colocá-la interagindo mais com a imperatriz.

LOTA: Na primeira fase da novela, Lota (Paula Cohen) e Batista (Ernani Moraes) me irritavam quase tanto quanto Germana (Vivianne Pasmanter) e Licurgo (Guilherme Piva).  Não via função nas personagens, detestava a forma como tratavam Nélio, enfim, não conseguia ver nada de bom neles e ainda houve aquele primeiro encontro com Lupita (Roberta Rodrigues) e o humor que tentaram fazer sobre o abuso sexual sofrido pelas escravas, que se desdobrou em piadinha gordofóbica.

Na segunda fase da trama, parece que Paula Cohen se assenhorou da personagem e conseguiu torná-la a única que conseguia transitar por todos os núcleos brancos da trama com desenvoltura e naturalidade.  Perdido o marido, e matarem Batista foi cruel, eu diria, a interação de Lota com Lupita se tornou ainda mais intensa e as duas são ótimas juntas, é o núcleo de humor que funciona, eu diria.. Também deram para Lota um arco de redenção no qual ela começa tentando proteger Nélio de Tonico e se conclui com um pedido sincero de perdão ao filho enjeitado.  Enfim, a coisa só não  foi completa ainda, porque ela não conseguiu rever as suas ideias a respeito da escravidão.

A IMPERATRIZ: Ainda considero a escolha de Letícia Sabatella para o papel de Teresa Cristina um erro, porque, enfim, trata-se de uma atriz belíssima, que brilha mesmo sendo desfavorecida pelo figurino, que é propositalmente sem graça no caso dela.  Por outro lado, adoro ver Sabatella atuar e ela está muito bem como a terceira imperatriz do Brasil.  A novela prestou inclusive um serviço relevante ao mostrar na TV que a esposa de Pedro II não era somente a princesa "feia" e apagada (*porque a historiografia pouca atenção lhe dá*), mas uma mulher culta e que se interessava por arqueologia e outras ciências.  Se retomassem as cartas da imperatriz e o que seus contemporâneos diziam sobre ela, veriam, também, que era uma mulher de fortes opiniões e que tinha muito peso na dinâmica familiar.  Verdade, Teresa Cristina não foi uma Leopoldina, mas ajudou a criar o acervo do Museu Nacional, o mesmo que foi perdido no incêndio trágico de 2018.  Apesar dos altos e baixos do roteiro, a personagem atravessou a novela praticamente sem cair em contradição.

O QUE DEU CERTO

Aqui, coloco LUPITA, que teve altos e baixos, mas foi sempre defendida de forma muito competente por Roberta Rodrigues.  A escrava que tinha escravos, foi algo desnecessário, mas ao colocá-la realmente amando Batista e seu arco de redenção no final, reconhecendo os males da escravidão foi algo interessante.  O problema, claro, é colocarem homens dando-lhe a lição de moral para que ela compreendesse onde estava errando.  Agora, a história da casa é absurda, ainda que dentro do costume, um escravizado pudesse ter propriedades, se seu senhor quisesse, poderia tomar-lhe tudo.  Será que Lota desconhecia a lei?

MARQUÊS DE CAXIAS: Dado o que fizeram com D. Pedro II e a Princesa Isabel, o futuro Duque de Caxias até que está sendo bem tratado.  Claro, colocaram Samuel, o suposto protagonista, orbitando em torno dele nessa última fase e agindo com demasiada familiaridade, mas não ridicularizaram a personagem, ainda que aquela parte com o patrono do Exército servindo de babá para o imperador tenha sido bem deprimente.  Fora isso, Jackson Antunes está defendendo bem o papel, ele, aliás, tem mais o que fazer do que o Barão de Mauá (Charles Fricks), que poderia render muito, também, se lhe dessem mais espaço.

LEOPOLDINA E AUGUSTO: Só não coloco os dois no item anterior, porque eles têm muito pouco tempo em tela.  Agora, foi interessante a forma como construíram o apaixonar-se dos dois e a sintonia  entre Bruna Griphao e Gil Coelho é perfeita.  No inicio,  pensei que Griphao iria fazer o mesmo tipo de personagem de Orgulho & Paixão, mas ela é mais do que uma moça espevitada e miolo mole. Já o drama a de Augusto, que deveria casar com  a Herdeira do trono  mas se apaixonou pela caçula e teve que enfrentar a mãe, que esperava muito mais dele também foi conduzido de forma competente.  

Mas foi o fim da picada os autores não mostrarem algo da noite de núpcias dos dois já que perderam tempo com Isabel e Gastão e terem omitido a primeira perda gestacional de Leopoldina, que poderia servir, porque novela tem que ter função social, para discutir coisas úteis.  Fora isso, ao colocarem Leopoldina defendendo o adultério de Barral com o Imperador, logo ela tão parceira da mãe, foi triste.  Ainda que o adultério dos homens pudesse ser algo socialmente aceito, colocar na boca da princesa o discurso do "encontro de almas" foi ofensivo, anacrônico e uma contradição com a própria trajetória da personagem até então.  E Leopoldina, a histórica, nunca rompeu com a Barral, da mesma forma que Augusto parece nunca ter realmente gostado da preceptora, mas a cena em si, a grosseria de príncipe, o cinismo da Condessa de Barral, a complacência de Leopoldina foi tudo uma escolha muito ruim para tentar justificar o romance de Pedro e Luísa.  Enfim, a culpa do casal estar aqui é dessas incoerências do roteiro.

SOLANO LÓPEZ e ELISA: Sim, a primeira aparição de López (Roberto Birindelli) foi ruim, caricata mesmo, mas depois disso, considero que o presidente-ditador do Paraguai acabou sendo uma personagem marcante e que ganhou ainda mais projeção na sua interação com a companheira, a irlandesa Elisa Lynch, interpretada de forma altiva por  Lana Rhodes.  Os dois tem química e convencem como apaixonados e parceiros.  E, não, a história de López interessado por Pilar não me convence, parece mais um recurso pobre do roteiro.  Duas das melhores cenas solo de López são a visita à Quinta (*que ficaria melhor se fosse um pesadelo do Imperador*) e quando ele confronta Tonico em Uruguaiana (*onde o verdadeiro López nunca esteve*).  E Solano López como líder seguro e exalando masculinidade rústica termina apequenando ainda mais D. Pedro II, que sofre de esgtresse pós-traumático tendo visto a batalha através de um binóculo.

É isso.  Houve mais alguma coisa que deu certo, ou muito certo, na novela?  Talvez, eu lembrasse de mais coisas, mas achei melhor parar por aqui.  O texto com o que deu errado, tenham certeza, será mais longo ainda.

1 pessoas comentaram:

Eu assisti o primeiro capitulo e não gostei muito, resolvi nao assistir a novela.Sempre gostei mais de filmes e etc que tentem chegar o mais próximo da Historia, mas lendo suas resenhas,penso
que a novela foi um desperdício. Resta esperar que alguém faça algo melhor referente esta epoca.Ana Luiza.

Related Posts with Thumbnails