Desde o anúncio do anime Skip to Loafer (スキップとローファー), baseado no mangá de mesmo nome de Misaki Takamatsu, achei que a série poderia ser interessante. Bem, o primeiro episódio foi muito gostosinho de assistir. Não sei ainda, porque não peguei nada do mangá, se se trata de um romance escolar, ou um slice of life (*painel de acontecimentos da vida cotidiana de gente comum*), mas a série conseguiu oferecer uma protagonista simpática, personagens secundárias que despertam nossa curiosidade e ainda oferece uma visão contrastante entre o campo japonês e a cidade grande. Mas vamos a um resumo do começo da história e ele tem como base o que está no Bakaupdates:
Iwakura Mitsumi sempre teve grandes sonhos: deixar sua pequena cidade, avançar para uma universidade de elite (*a famosa Toudai, sonho do protagonista de Love Hina*), seguir carreira política sendo útil ao seu país e, depois e se aposentar, voltar para sua cidade natal e encerrar sua vida como prefeita. O problema é que ela está tão focada em seus projetos de vida que acaba sendo desastrada no seu dia-a-dia, ou falhando em algumas competências sociais. No fim das contas, a pergunta da série é será que uma garota do interior conseguirá sobreviver em uma metrópole como Tokyo?
Gostei bastante do primeiro capítulo de Skip to Loafer, começando pelo panorama da cidadezinha do interior. A população japonesa encolhe a cada ano e a turma de ginásio da menina tinha somente 8 alunos; a estação de trem tinha sido fechada por falta de usuários regulares fazia anos, impedindo que ela pudesse se despedir romanticamente dos amigos de infância acenando do trem. Achei muito bom que a menina tente manter o contato com a melhor amiga, que fica no interior e não tenha ido morar sozinha em Tokyo.
Em Tokyo, ela irá residir com a tia, irmã de seu pai, que mora e trabalha na cidade. É mais realista do que investir na eliminação dos adultos como uma forma de garantir ao protagonista - criança ou adolescente - a liberdade para fazer o que der na telha, além de um desamparo cruel em momentos de crise. Mitsumi sonha em fazer amigos e é evidente que os fará, mas seu primeiro encontro é com Sousuke Shima, um colega de escola que está atrasado e a encontra perdida na estação de trem. Aqui, investe-se no clichê, Shima se apaixona pela garota estranha (*e que tem olhos bem diferentes dos que se coloca em uma mocinha*) e ela cai de amores por ele.
No fim das contas, Mitsumi chega à escola em tempo de fazer o discurso em nome dos novos alunos. Se entendi bem, ela foi a primeira colocada no concurso e sua fala, sem usar papel como referência deixa todos atônitos. Mitsumi me lembra um pouco Miyazawa e Karekano (彼氏彼女の事情), mas sem as duas caras, ela é extremamente inteligente e esforçada em todos os momentos de sua vida, mas é inocente e bem menininha, por assim dizer, o que lhe confere certo realismo. Ela poderia ser uma das minhas alunas que, aliás, tem mais ou menos a idade das personagens da série. Falando em Miyazawa, espero que a protagonista não esqueça de seus sonhos e projetos de vida por causa de macho.
Neste primeiro episódio, o destaque é para Mitsumi e Shima, mas vemos um pouco da tia, da melhor amiga no interior, da família da menina, e da professora responsável pela turma. A professora em particular é novata e parece muito ansiosa para acertar. É sua primeira turma, ela precisa acertar, e quase tem um treco por causa o atraso de Mitsumi e de outras coisas que acontecem neste primeiro episódio (*assistam*). Talvez, Skip to Loafer esteja mais próximo de um Azumanga Daioh (あずまんが大王), com menos realismo fantástico, do que da média dos romances escolares. Apostaria em slice of life mesmo.
E vamos ao X da questão, Skip to Loafer não é shoujo ou josei. Poderia ser, na verdade, a autora do mangá tem pouca coisa no currículo, um BL, dois josei e dois seinen contando com Skip Loafer que sai na Afternoon. Então, fiquem atentos, se começarem a falar por aí que é shoujo, porque ser romance escolar, ter menina protagonista, ter autoria feminina não determina demografia, revista, ou selo, sim. Não vi mais nada na série, somente pelo primeiro capítulo, que pudesse sinalizar que o material não pudesse estar em uma revista para mulheres, PORÉM a série está alocada em uma revista para o público masculino, talvez para conseguir ampliar a base de leitores, porque as mulheres leem revistas para o público masculino, já o inverso é mais raro. Então, é fim de conversa para mim.
No primeiro capítulo, a animação teve muita qualidade, resta saber se o padrão será mantido, ou se teremos uma queda. A abertura da série lembrou um pouco o espírito de Azumanga Daioh e Karekano, gostei bastante. O tema se chama "Mellow" (メロウ) e é cantada por Keina Suda. Já o encerramento, "Hanauta to Mawari Michi" (ハナウタとまわり道) de Rikako Aida não me pareceu tão marcante.
Concluindo, vou falar um pouco do mangá. Skip to Loafer começou a sair em 2018, tem oito volumes lançados até o momento, o último foi publicado em janeiro deste ano. Skip to Loafer ficou em 7º lugar no ranking masculino do Kono Manga ga Sugoi! 2020, ficou em 46º lugar no livro do ano da revista Da Vinci de 2021, foi indicado em 2020 ao 13º Manga Taisho Award, foi indicado ao 44º (2020) e 46º (2022) Kodansha Manga Award na categoria geral, e foi uma das séries recomendadas pelo júri no 23º Japan Media Arts Festival em 2020. É questão de tempo para que Skip to Loafer receba algum prêmio, aliás, ter anime já é uma espécie de prêmio.
1 pessoas comentaram:
Eu acompanho regularmente o manga.
Para mim, é um verdadeiro tesouro escondido. Tem de tudo um pouco e é muito emocionante, engraçado, reflexivo e dramático.
Não se deixem levar pelo que parecem ser clichês no início. Ele vai torcer e mudar isso muito rápido.
Espero que ele consiga se manter assim até o final.
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