quarta-feira, 29 de maio de 2024

Criador de Precure!, Takashi Washio, dá entrevista comemorativano 20º Aniversário da Franquia

Normalmente, não acompanho Precure!, mas minha filha de 10 anos descobriu a franquia graças ao Tik Tok e isso despertou a curiosidade dela.  Júlia está maratonando as séries (*que eu tenho que baixar*) e assistindo no original com legendas, o que é já me deixa muito admirada e contente, porque ela nunca tinha mostrado interesse real por animes.  Ela assiste SpyxFamily, Demons Slayer e My Hero Academy, lê os mangás desses últimos, mas por shoujo era ZERO interesse, agora, estamos até discutindo a discriminação aos produtos feitos para o público feminino.  Sim, estamos já chegando ao motivo deste blog ter sido criado quase vinte anos atrás.  Enfim, vamos para a entrevista!  

Takashi Washio, considerado o pai da série Precure!, deu uma entrevista para o Yomiuri Shimbun no dia 17 de maio e ela está publicada no site Chuokoron.  Não vou traduzir a entrevista, meu japonês é quase inexistente, mas comentar os pontos principais.

Washio começa explicando que queria fazer um anime de ação para meninas e colocá-las lutando com as próprias mãos, como nos desenhos animados para garotos.  Ele diz que o sucesso foi graças em grande parte ao diretor Daisuke Nishio, que tinha muita experiência com cenas de ação em anime.  Ele pontua que Precure! talvez tenha sido a primeira série para meninas com as garotas lutando desta maneira, sem usar golpes e apetrechos mágicos.  [Aqui, minha filha comentou que o uso de gadgets é comum nas séries que ela está assistindo, a mais antiga que ela pegou foi Heart Catch Precure! de 2010, que é a favorita do pai dela.  Então, o produtor deve estar falando das primeiras séries mesmo.]

Vem a pergunta comparando com Precure! e Sailor Moon.  O produtor diz que há diferença entre as séries e que, em Precure!, há maior ênfase nas atividades do dia-a-dia das meninas, na escola, nos clubes e na amizade e que o amor e o desejo do casamento são evitados pelo show.  [E as protagonistas são mais jovens, também, além de mudarem a cada temporada.  Em Sailor Moon, acompanhamos as meninas crescerem até se tornarem quase mulheres adultas, algumas delas, aliás, chegam a se tornar adultas.  Mas Júlia já me explicou que, em algumas das séries, há romance, SIM.  E em uma das séries que ela estava assistindo, tinha um bishounen lindo de cabelo e olhos azuis claros que, obviamente, não estava lá para ficar sozinho.  E havia, nesta mesma série, um vilões bem bonitinhos.]

A seguir, ele fala da importância dos efeitos especiais de séries como Kamen Rider e dos Super Sentai em um anime para meninas.  Isso seria uma experimentação.  Perguntado sobre a estrutura inicial de Precure!, com duas meninas e a mudança para um grupo de garotas, Washio diz que sua inspiração inicial para Precure! veio de uma série chamada Shounan Bakusouzoku (しょうなんばくそうぞく), de Satoshi Yoshida.  Esta série da revista Shounen King tem o seguinte resumo no Bakaupdates: "Conheça Eguchi Yoosuke, líder de uma gangue de colegiais motociclistas e do clube de artesanato da escola. O que significa que ele divide seu tempo entre brigas e bordados sofisticados. E se você acha que ele é estranho, espere até conhecer o resto da gangue dele."  Olha, esse mangá deve ser uma pérola dos anos 1980!  E teve anime, live action, achei figures, muita coisa, menos uma ilustração dos caras bordando.  Agora, salvo, talvez, pela questão da amizade, como essa série influenciaria Precure?

Ele explica que em Precure! não existe líder, todas as meninas são iguais, que não há hierarquia entre elas, mas trabalho em equipe.   E há uma pergunta sobre discussões de gênero na série e o produtor fala que eles se preocupavam com isso desde o início e que o diretor, Daisuke Nishio, soube trabalhar muito bem a questão.  "Em PreCure, elas não usam frases do tipo 'como uma garota'” ou 'porque somos mulheres' e, embora expressassem lágrimas de frustração, não as retratamos com lágrimas nos olhos."  Ele fala, também, de como a série reforça a amizade entre garotas, como nas séries feitas para os meninos fazem.  E a discussão se sofistica o suficiente para apontar que os produtos para meninas tendem a estimular a rivalidade entre elas, naturalizá-las, quando a audiência de shows como Precure! são simplesmente meninas que gostam de brincar juntas.

A seguir, eles falam do número cada vez maior de mulheres trabalhando com animação.  Washio fala que as produtoras das últimas séries de Precure! são todas mulheres e que há muitas profissionais do sexo feminino trabalhando no character design, também.  E ele diz que mulheres sabem retratar melhor a beleza e a fofura.  Já chegando no final, vem outra discussão importante:

"[Pergunta] --A série apresenta um menino que sonha em ser princesa, um pai que é dono de casa e um guerreiro que desempenha um papel coadjuvante e usa linguagem feminina, e senti que isso transmitia uma mensagem sobre a aceitação de diversas jeitos de viver.

R.: Acho que comecei a tomar consciência disso em meados da década de 2010. Cure Milky (Lala Hagoromo) de Star☆Twinkle PreCure (2019) é uma alienígena, e Cure Soleil (Elena Amamiya), que é meio mexicana, também está no mesmo trabalho. Em ``Hirogaru Sky PreCure!'', temos um PreCure masculino, Cure Wing (Yuunagi Tsubasa). É natural que existam pessoas com origens diversas no mundo. Estamos incorporando rapidamente mudanças na sociedade à medida que a coexistência multicultural avança."

Na penúltima pergunta, eles discutem o quanto Precure! incentiva a liberdade de pensamento e que a série vai muito longe nas discussões filosóficas, mesmo sendo voltado para crianças da pré-escola e primário.  E a última parte da entrevista é a seguinte:

"[Pergunta] --A frase “nunca desista” aparece com frequência. Na verdade, desde o final da década de 1990, até mesmo os heróis dos efeitos especiais têm dito “Não vou desistir” com frequência, então é interessante que eles se sobreponham no tempo.

R.:A década de 1990 foi uma época turbulenta com o arrebentamento da bolha econômica, o Grande Terremoto de Hanshin-Awaji e o incidente de Aum Shinrikyo, e a sociedade como um todo estava tentando descobrir como lidar com eles. Eu próprio não estava envolvido na produção de anime na época, mas talvez o grito do coração das pessoas naquela época fosse “nunca desista”."

É isso.  Para quem quiser ler a entrevista original, o link está lá em cima.  Se eu tiver cometido algum erro grosseiro, por favor, me corrija nos comentários.  É isso.  Há cinco séries de Precure! no Crunchyroll, mas a franquia é muito, muito maior que isso.  

1 pessoas comentaram:

Que demais! A Júlia já está vendo precure. E o Heartcatch é o queridinho de muitas fãs. É muito bom.
Nas primeiras séries, os gadgets eram mais pra transformação mesmo. A porrada era na mão. Mas, com o tempo, eles ficaram mais importantes prós golpes e nos combates. Tem bastante efeitos de cgi presentes. Nossa filmes tem mais ainda.
O interesse amoroso era muito muito lá pra baixo nas prioridades, agora tá mudando um pouco. Mas a amizade é o ponto principal da franquia.
Amei esse texto aqui no blog, vou ler a entrevista toda depois.

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