quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Kimi to Koete Koi ni Naru vai virar anime: Uma escolha muito surpreendente (+ review dos primeiros capítulos do mangá*)

Hoje, houve a surpresa, pelo menos para mim, do anúncio de que Kimi to Koete Koi ni Naru (キミと越えて恋になる), em inglês,  With You, Our Love Will Make It Through, irá virar anime.  A série de Yuzuki Chihiro é publicada na plataforma Manga Mee (Shueisha) e tem 8 volumes até o momento.  Como publico os rankings de mais vendidos e acredito que ele nunca apareceu por lá, um dos motivos da minha surpresa é esse, mas vamos ao resumo, peguei o que está no Bakaupdates e fiz alguns acréscimos e modificações:

"Mari é uma estudante do ensino médio que vive em uma cidade onde homens-fera e humanos coexistem. Quando ela está atrasada para a escola, ela conhece Tsunugu, um homem-fera que veio para a escola como um 'aluno especial' para o Programa de Educação de Homens-fera, no portão da frente. Mari fica perplexa com seu primeiro contato com um homem-fera, mas conforme ela o conhece, ela é atraída por seu lado gentil e puro. No entanto, alguns de seus colegas de classe não parecem aceitar bem os homens-fera, e de repente os dois são trancados em um depósito. 

Para protegê-la de uma queda, afinal, é um lugar apertado, Tsunugu a abraça! Ele diz: "Você cheira bem..." Sua respiração fica irregular e ele entra no cio!!! Para se controlar, ele termina mordendo a si mesmo.  Mari fica com medo, e com desejo, afijal, tudo é novo para ela, mas não desisste. Já Tsunugue se assusta com o que está sentindo e decide que não pode ficar tão perto dela. Será que ele vai conseguir? Uma humana e um homem-fera. O que acontecerá com o amor entre duas pessoas que transcendem a raça?  Amor juvenil interespécies puro e emocionante."

Vamos lá, eu fui olhar o mangá e, logo de cara, fiquei achando que o traço me era familiar e que eu já tinha visto uma história parecida em algum lugar e não falo do clichê de pessoas de mundos tão distintos se apaixonando, mas do fato de termos um furry como interesse romântico da mocinha.  Não foi difícil descobrir o motivo do meu déjà-vu.

Um dos primeiros TL (Teen Love) que eu peguei para olhar, porque apareceu propaganda dele para mim no Facebook, acho, foi Juujin-san to Ohana-chan (獣人さんとお花ちゃん).  Kimi to Koete Koi ni Naru, ou KimiKoe, seu apelido, é uma continuação dessa série e o menino-cachorro protagonista é filho do casal dessa outra série. 

Um detalhe importante, o garoto-cachorro é desenhado de forma menos feral, mas mais para o final do mangá original, o traço da autora já tinha suavizado as características mais agressivas da personagem, basta olhar.  Não sei se a ideia a passar era a de que Hana o havia domesticado de alguma forma, mas também nem quero descobrir.

KimiKoe é uma série de ficção científica, mas, no fim das contas, é mais uma fantasia mesmo.  A história se passa no Japão do nosso século, a data aparece como 20XX.  Pesquisas científicas, possivelmente pouco éticas, criaram uma raça de homens-fera.  Que eu me lembre, cachorros e gatos, mais adiante em KimiKoe, Tsunugu explica que há aves, mas eles vivem muito pouco. O menino-cachorro quer estudar para ser médico,  porque no gueto onde vivem os homens-fera, não há hospitais e eles precisam de permissão para tratamento em hospitais humanos, quando o caso é grave. Os humanos os criaram, os isolaram, os temem e os  discriminam.  Trata-se de uma fábula sobre racismo.

Na primeira série, eles viviam separados dos humanos por um muro e a protagonista atravessa para o outro lado, como em um isekai, e acaba como par romântico de um cachorro. Ambos eram  adultos.  Acabei indo olhar o final do mangá, porque eu larguei logo nos primeiros capítulos, e vi que eles se casam.

Em Kimi to Koete Koi ni Naru, estamos algum tempo no futuro e o apartheid absoluto começou a ser rompido.  Há homens-fera interagindo com humanos e mesmo em um programa de intercâmbio estudantil.  KimiKoe é romance escolar padrão,  eu diria, o traço é bonito até, só que eu não tenho fetiche por animais e a autora tem.   

A menina  protagonista olha para seu cachorrinho de estimação e fica pensando em Tsunagu, no toque de nariz que houve entre eles (*metáfora para beijo acidental*) e no abdômen sarado do rapaz.  Mais tarde, depois do incidente do armazém, toda vez que ela fica feliz com o toque dele, ou excitada, ela libera ferormônios e as coisas podem ficar complicadas. 

E fica já marcada no primeiro capítulo, mesmo que a série pareça um shoujo romance escolar mainstream, a tensão sexual entre Mari e o Tsunugu é  muito grande.  O garoto-cachorro entra no cio já no segundo capítulo, e a mocinha se culpa por seus feromônios, que são produzidos por sentir desejo por ele.  Tsunugu tem medo, já que ele tem a perfeita noção de que qualquer coisa que ele fizer, será usada não somente contra ele, mas contra todos os homens-fera e ele não quer machucar Mari de maneira alguma.  Daí, ele se ferir na primeira vez em que se sente saindo do controle e sair correndo de perto dela.  

Quem os liberta do depósito é uma terceira personagem, Yukihiro, que é amigo de Mari e decide acolher Tsunugu desde o início.  Yukihito é quem pressiona para que Tsunugu explique porque ele diz que não pode ser amigo de Mari e deve acabar se tornando uma espécie de amigo alcoviteiro.  Além de discutir racismo, KimiKoe discute amizade e está fazendo um excelente trabalho até onde eu vi.  Yukihito se coloca contra o bullying, compra briga por Tsunugu, mesmo não sendo mais forte, mais rico, ou o melhor aluno da turma.  Mari também é bem corajosa ao se posicionar contra os racistas.  

Esta é a segunda série que eu leio da Yuzuki Chihiro e eu só tenho o referencial dela como autora de TL, e dos apimentados, e tudo o que ela poderia fazer em um mangá adulto, ela parece estar encaminhando em KimiKoe desde o comecinho.  Não vai chegar no mesmo nível, imagino, mas não acho que não vá demorar muito para que a mocinha e o menino-cachorro estejam trocando amassos e lambidas, ou até mais.

Eu, Valéria, não tenho problema com criaturas mágicas e humanos; aliens e humanos; com meninos (*porque normalmente são eles*) amaldiçoados/enfeitiçados que estão em uma forma animalesca, porque sei que eles vão virar humanos de novo; mas bicho-bicho me gera desconforto, porque há pornografia pesada e totalmente criminosa que explora esse nicho.  Não gosto  mas é direito seu gostar. De qualquer modo, com tantos shoujo esperando animação,  a escolha me pareceu estranha.

E é óbvio que a autora está falando de racismo, e falando bem, que fique claro, e com um traço bonito e dinâmico, fala tambémde amizade e solidariedadede forma muito tocante. O quadrinho tem qualidades, é fato, mas o fator furry é demais para mim.  De qualquer forma, quando anime sair, devo dar uma olhada no primeiro capítulo, mas vai ser só.  E já temos um vídeo de propaganda, porque os dubladores protagonistas estão escalados.  Assistam, ele está abaixo, veio da conta oficial do anime no Twitter, que já está aberta:

1 pessoas comentaram:

Engraçado que vejo essa notícia logo depois de ver no Bsky o mangá novo da Itagaki Paru, "Taika no Rise" que parece ter essa interação romântica/sexual entre humanos e pessoas que são outros animais antropomorfizados. Ela é a autora de Beastars que, do que eu tive contato, não parece tratar desse tipo de contato, sendo todos os personagens da história animais antropomorfizados

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