Comentando os dois primeiros episódios de Silent Witch: o anime é simpático, mas a Matemática da protagonista é muito complexa para mim

Silent Witch: Chinmoku no Majo no Kakushigoto (サイレント・ウィッチ 沈黙の魔女の隠しごと), de Isora Matsuri, começou como romance em capítulos naquele site de publicação de novos trabalhos (Shousetsuka ni Narou), que virou celeiro de grandes sucessos, em 2020.  Foi comprado pela  Fujimi Shobo, um dos braços da Kadokawa, e as light novels saíram por um selo para o público masculino com ilustrações de Nanna Fujimi.  O primeiro mangá, porém, saiu em uma revista josei, a B's Log Comic, voltada para o público fã de games, assinado por Isora Matsuri e Tana Tobi.  Mais tarde, foi lançado um mangá shounen, também.  Não estava muito inclinada a ver a série, mas acabei não conseguindo parar, os dois primeiros episódios são bons, ainda que carregados de clichês e com uma inconsistências cronológicas irritantes. Recomendo ver os dois em sequência, porque juntos eles funcionam como uma boa apresentação de personagens. No fim das contas, quero saber qual o trauma de Monica, nossa bruxinha poderosa, e desejo que ela consiga encontrar sua voz.

O primeiro episódio abre com uma sequência de batalha contra dragões.  Os magos que estão fazendo feitiços para proteger o condado que está sob ataque, não conseguem contê-los.  Mais tarde, ficamos sabendo que um dos sete mágicos mais poderosos do reino de Ridill, Monica Evverett, conseguiu sozinha conter todos eles.  Só que ninguém conhece o rosto de Monica, ou sabe como é sua voz.  A moça, a mais jovem desses sete magos, vive isolada com seu gato preto (*na verdade, um familiar*), Nero, em uma floresta e se dedicando a resolver uma equação Matemática tida como impossível.  A sua única paixão, mais do que a magia, são os números.  

Ela é visitada por Louis Miller, um dos sete magos poderosos e uma espécie de ministro da magia do reino.  Ele foi colega de escola de Monica, o que parece muito estranho, porque ele é um homem adulto e casado com uma mulher de aparência igualmente adulta.  Muito que bem, ele vem convocar Monica para que ela se torne guarda-costas do segundo príncipe do reino, Felix, pois ele já está ocupado demais com o primeiro príncipe.  Alguém quer matá-lo.  Monica tenta resistir, mas Louis parece exercer um certo domínio sobre ela.  

Monica terá que se infiltrar na Academia (*sim, temos escola de magia de elite*), na qual Felix estuda e é presidente do "Seitokai" (生徒会), o  conselho estudantil.  Você já viu esse arranjo em sei lá quantos animes.  No segundo episódio, conhecemos todos os membros do Conselho e ele segue uma composição padrão, com o esquentadinho, o tímido, o artista e uma menina só.  Chaaato!  Mas, voltando para o primeiro episódio, Monica precisa de um disfarce e a jovem Isabella Norton, a filha do conde que foi salva pela bruxinha, irá participar da missão.  Ela vai fingir ser uma ojousama do mal, com aquela rissada característica e tudo, quando, na verdade, é uma menina de ótimo coração e que se preocupa com todo mundo.  Monica passa a ser a filha bastarda do conde anterior ao pai de Isabella e que foi transformada em uma espécie de cinderela da casa.  Todas as cenas com Isabella são maravilhosas.  Pena que ela não tenha aparecido muito no episódio dois.

Monica só tem 16 anos, o que me faz pensar que ela era uma criança  prodígio e que entrou na escola de magia muito cedo.  A menina não conseguia falar, então, se esforçou ao máximo para aprender a fazer feitiços sem usar palavras.  Foi o que a salvou de ficar reprovada e ter que sair da escola.  Monica é esforçada e em um de seus sonhos, ela é mostrada pequena conversando com seu pai e sendo estimulada a trabalhar e se esforçar para atingir seus objetivos.  Ao que parece, ela está tentando resolver a equação que seu pai deixou inacabada.  Em outro sonho, na verdade, um pesadelo, Monica aparece criança e vestida em andrajos sendo atormentada por um homem que parece embriagado.  Ele quer que ela pare de recitar números, é a única coisa que ela consegue falar.  

Em qual momento e circunstâncias ela perdeu seu pai, eu não sei, mas é algo que gostaria de descobrir.  Monica não fala por ter um trauma.  Na Academia, ela  começa sendo discriminada pelo professor responsável por sua turma, sofre bullying das meninas da nobreza e é acolhida por uma nova rica chamada Bridget Greyham que, também, é discriminada.  Bridget puxa conversa e termina por arrumar o cabelo de Monica de uma forma mais adequada a sua idade e condição.  Estamos em nossa típica série escolar.  Monica começa a se esforçar para conseguir falar, nem que seja para agradecer.  Bridget deve se tornar sua primeira amiga.  Acredito que Isabella esteja na turma do primeiro ano.

No segundo episódio, Monica conhece o príncipe.  Ele estava, junto com outro dos membros do conselho, em um belo jardim de rosas.  Ponto negativo aqui, o garoto que estava com ele acredita que Monica é uma assassina e bate nela.  Achei desnecessário, mas, efetivamente, alguém tenta atingir o príncipe, que se coloca como escudo para que Monica não se machuque.  Nossa mocinha, obviamente, se apaixona por ele.  Inevitável.  Felix é gentil, é bonito, mas, até agora, o menino mais bonito é Nero, porque ele se transforma em humano.

Enfim, Monica tem crises de pânico e sua fobia social é imensa.  O trauma de infância, que deve ser explicado, precisa ser, a debilita muitíssimo.  E ela tem um medo atroz de Louis.  Ah, sim, falando de outra inconsistência, se Monica é a única que pode fazer feitiços silenciosos, é estranho que a maid (*sim, detesto maids aleatórias*) que acompanha Louis também seja capaz de fazê-los.  Muito bem, Monica acaba sendo levada até o "Seitokai" e revela que viu Felix da sua janela saindo na calada da noite.  Ele nega, mas ela prova MATEMATICAMENTE que é ele, usando ângulos e proporção áurea.  Não estou habilitada a dizer se faz sentido, ou não, mas sei que teremos muitas equações blá-blá-blá matemático nessa série.

Acredito que, por enquanto, é isso que eu tenho a dizer.  Acho que Silent Witch tem tudo para fazer sucesso e atrair a atenção de um público bem diverso.  Os clichês podem incomodar, mas o resultado é agradável.  Monica é fofa, seu drama é bem palpável e verossímil, mesmo que nem todas as piadinhas funcionem comigo.  É isso, por enquanto.  O anime estreou no dia 5 de julho.