quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

A BBC busca atualizar Jane Austen para a geração TikTok. (artigo traduzido)

Hoje, apareceram as primeiras imagens da série The Other Bennet Sister, baseada em um romance de mesmo nome de Janice Hadlow, centrada em Mary Bennet, a irmã sem graça, pedante e moralista da protagonista de Orgulho & Preconceito.  Mary, porque este é seu nome, chega a ser eliminada de algumas adaptações.  Eu torço para que a série seja boa e, como eu antecipei no último Shoujocast, ela só estreia no ano que vem.  Deveriam ter lançado este ano, mas devem estar contando o aniversário de 250 anos de nascimento de Jane Austen a partir do dia 16 de dezembro próximo.

Procurando mais informações, tropecei nesse artigo do The Times.  Achei que valia a pena traduzir.  Como costumo fazer, mantive a estrutura do original, com as mesmas imagens.  Há outras fotos já circulando.  Agora, essa ideia de "para a geração TikTok", por isso os episódios mais curtos, me assusta um pouco e as opiniões da produtora, Jane Tranter, me fizeram virar os olhos, porque qual seria a graça de ver uma série de época ou um drama histórico descaracterizado?  Enfim, tudo em nome da audiência, ao que parece... Segue o artigo, para o original, é só clicar aqui.


A BBC busca atualizar Jane Austen para a geração TikTok.

A adaptação inspirada na obra da autora será exibida em dez episódios de meia hora, em um esforço para conter o declínio de popularidade entre os jovens adultos.

Alex Farber, Correspondente de Mídia

Atrizes da nova adaptação da BBC de "The Other Bennet Sister", incluindo Ella Bruccoleri como Mary Bennet, ao centro.

"Se um livro é bem escrito, sempre o acho curto demais”, escreveu Jane Austen certa vez.

Não se sabe ao certo o que ela teria achado da decisão da BBC de programar a mais recente adaptação dramática inspirada em sua obra em dez episódios de meia hora, em vez dos tradicionais episódios de 60 minutos.

Os produtores apelidaram The Other Bennet Sister de “Jane Austen para a geração TikTok”, antes de seu lançamento na primavera do próximo ano, em homenagem ao 250º aniversário do nascimento de Austen, em 16 de dezembro.

Eles esperam capitalizar sobre as 140 mil publicações sobre a autora na plataforma de mídia social, impulsionadas pela popularidade do drama de época da Netflix, Bridgerton.

Bruccoleri estrela na história da irmã do meio sem graça em Orgulho e Preconceito.

Embora a série não seja tão escandalosa quanto a releitura "agressivamente provocativa" de Emerald Fennell para "O Morro dos Ventos Uivantes", de Emily Brontë, os executivos ambicionam explorar o crescente interesse por Austen entre o público mais jovem.

A BBC está tentando conter o declínio de popularidade entre os jovens adultos. Aqueles com idades entre 16 e 34 anos passaram uma média de 46 minutos por dia consumindo conteúdo da BBC no ano passado, contra 75 minutos em 2017.

Wayne Garvie, presidente da Sony Pictures Television, proprietária da produtora Bad Wolf, responsável pela série, disse que, embora a leitura esteja em declínio, as histórias de Austen continuam relevantes.

Bruccoleri contracena com Laurie Davidson, que interpreta o Sr. Ryder.

“Séries de sucesso em streaming como Bridgerton são inspiradas no mundo de Austen, serviços digitais como o BookTok estão repletos de referências a Austen. Duzentos anos depois, as lutas emocionais dos personagens parecem surpreendentemente modernas e o ambiente, estranhamente inspirador”, acrescentou.

“O formato de meia hora é mais comum para comédia e The Other Bennet Sister é definitivamente uma experiência divertida que o público pode consumir em pequenas partes ou maratonar — perfeita para um público mais jovem. Mas é isso que imaginamos como o início de uma maneira diferente de abordar o cânone de Austen, trazendo as histórias de personagens secundários para o primeiro plano e criando novos contos para uma nova geração de amantes de Austen.”

A Outra Irmã Bennet é baseada no romance de Janice Hadlow de 2020 e reimagina a história de Mary Bennet, a irmã do meio negligenciada de Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, após sua mudança para Londres em busca de amor e autoaceitação.

Richard E Grant e Ruth Jones interpretam o Sr. e a Srª. Bennet.

A série é estrelada por Ella Bruccoleri, cujos trabalhos incluem Bridgerton e Call The Midwife, como Mary, ao lado de Richard E Grant e Ruth Jones como Sr. e Sra. Bennet. A adaptação é de Sarah Quintrell, que disse que sua criação no sul de Londres foi muito diferente dos anos de formação de Austen em uma casa paroquial em Hampshire.

“Nossa história se passa em um mundo familiar e muito amado, mas estamos abordando-a de um ângulo completamente novo”, disse Quintrell. “Quando criança, crescendo em Croydon, meu mundo não poderia ser mais diferente do de Jane Austen. Mas há uma universalidade em sua obra que transcende gerações e classes sociais, e mal podemos esperar para apresentar a família Bennet a um novo público.”

Jane Tranter, a produtora, quer modernizar o drama de época.
MATT WINKELMEYER/GETTY IMAGES

Jane Tranter, cofundadora da produtora Bad Wolf, também responsável pelos dramas da BBC Dr. Who e Industry, afirmou que os dramas de época precisam começar a quebrar convenções, incluindo a de que os atores "começam a falar de forma afetada" quando vestem trajes de época e que todos os figurantes andam muito devagar.

“Nem todo mundo falava com elegância naquela época”, disse ela ao Hay Festival em maio. “Você precisa tentar fazer com que os atores pensem além do fato de estarem usando trajes de época.”

Ela disse que os dramas de época precisam parar de “fetichizar” a era em que o material original se passa, acrescentando que havia “flexibilizado as regras” em relação aos penteados e chapéus da Regência.

“Se você pentear o cabelo exatamente como nas pinturas a óleo, ou colocar os chapéus, o público não conseguirá tirar os olhos desses cachos estranhos ou chapéus esquisitos. É preciso saber quais são as regras e então analisar onde as quebramos para construir uma ponte ou oferecer uma recepção calorosa ao público moderno”, disse ela.

“Porque se você fizer uma reprodução fiel, combinando tudo, ‘Aqui estão os botões exatos, aqui estão as calcinhas exatas que você está usando por baixo do vestido’, isso se torna uma abordagem tão fetichista que cria uma barreira entre o público e o que está acontecendo.”


Campanha do Casamento Igualitário tem um revés no Japão, mas a luta continua

Vou começar reproduzindo um parágrafo do meu post de março deste ano, quando o tribunal superior de Osaka reconheceu que a não existência do casamento igualitário vai contra a constituição japonesa: "No Japão, não há reconhecimento por parte do governo federal do casamento igualitário.  Como o ordenamento jurídico lá é diferente do nosso, as prefeituras e governos regionais podem conceder direitos e mesmo reconhecer os casamentos de pessoas do mesmo sexo, mas a constituição não reconhece.  Dito isso, a coisa pode ser judicializada e ir parar em uma corte federal e o cônjuge não ter seus direitos respeitados.  Uma das críticas da Anistia Internacional  é que esses acordos não asseguram oferecendo alguns direitos, mas estes não dão direitos como herança, visitas hospitalares ou reconhecimento parental."

Esses reconhecimentos municipais ou regionais, no entanto, não são suficientes, pois, como explica o Unseen Japan: "(...) os sistemas de união estável não podem garantir direitos abrangidos pelo governo nacional, como direitos de herança. Eles também estão vinculados ao município de residência atual, o que significa que os casais podem perder o reconhecimento da união se precisarem se mudar (por exemplo, por motivo de transferência de emprego)."

Muito bem, o movimento Marriage For All vem conseguindo avançar no Japão utilizando-se da seguinte estratégia, conseguir que as cortes supremas das províncias reconheçam que todos são iguais diante da lei e que, por isso, negar aos LGBTQIAPN+ o direito de se casar e gozar dos mesmos direitos das pessoas cis hetero seria inconstitucional.  Sendo assim, onze cortes supremas regionais reconheceram total ou parcialmente este princípio.

Depois de uma série de vitórias,  no entanto, no dia 28 de novembro, o Supremo Tribunal de Tokyo reconheceu que a identidade de gênero e a orientação sexual como características pessoais importantes que devem ser levadas em consideração em questões legais, porém, não apontou inconstitucionalidade na negativa do governo federal em reconhecer os casamentos de pessoas LGBTQIAPN+, bastando, na visão do tribunal, que se conceda a união estável, algo que já existe em Tokyo.  Os militantes e advogados demonstraram sua insatisfação, pois a decisão do tribunal negaria um princípio de igualdade que está na constituição do país.  

Shinya Yamagata, ao centro, um dos autores de uma ação judicial que contesta a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo no Japão, e seus advogados realizam uma coletiva de imprensa em Tóquio, em 11 de dezembro de 2025, após apresentarem um recurso ao Supremo Tribunal. (Kyodo)

Pela decisão do Tribunal Superior de Tokyo: "(...) o sistema de casamento atual é útil para preparar um ambiente para a criação dos filhos e que é razoável interpretar "marido e mulher" como um homem e uma mulher.  O tribunal também afirmou que a liberdade de casamento garantida pelo Artigo 24 da Constituição não se aplica a casais do mesmo sexo."  Esse trecho veio da matéria do Mainichi Shinbum relatando que o grupo entrou com um recurso no tribunal com o objetivo de reverter a decisão de 28 de novembro, a primeira derrota da campanha em um tribunal superior até o momento.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Shoujocast no Ar! Hagio Moto em Janeiro, Dublagens em IA, Netflix X Paramount, Jane Austen etc.


Mais um Shoujocast!  E ele terá vários assuntos, porque vou comentar algumas notícias, a chegada de Hagio Moto em janeiro e a sangrenta campanha de erradicação da violência contra as mulheres.  Essa última parte é pesada, mas a minutagem está no YouTube para que ninguém precise sofrer desnecessariamente.  Eu falei sobre muita coisa mesmo e, hoje, é dia dos Direitos Humanos e final da campanha da Erradicação da Violência contra as Mulheres.


E, só para lembrar, hoje é o Dia dos Direitos Humanos.  A escolha é por um motivo simples: mulheres são tratadas como menos que humanas em muitos momentos e aspectos, porque são consideradas mais uma propriedade, por isso tantos feminicídios do que gente de verdade.


E foram muitos feminicídios, muitos, mais do que em qualquer outro período da campanha que eu tenha acompanhado.  E alguns que nem estão nesse post emergiram mais tarde, como o da mulher que  o pai de seus três filhos matou esmagando seu crânio com uma pedra, ou outra, também mãe de três filhos, morta a facadas pelo ex dentro de casa, ou o de outra que foi espancada e atirada do 10º andar pelo companheiro.  Ele foi chorar em seu enterro fingindo que não tinha nada a ver com isso.  E um caso que me chocou tremendamente, o da moça trans de 18 anos estrangulada por um motorista de aplicativo de 19 anos.  Ele levou o cadáver até a delegacia, confessou o crime (*tinha medo que ela falasse que ele andava com mulheres trans*) e saiu livre.  LIVRE como se nada tivesse feito.  Há uma guerra contra as mulheres, além do descaso.  Peguem qualquer notícia sobre violência contra NÓS e sobre medidas de reação, ou atos e contem as risadinhas, ou olhem os comentários.  Estamos TODAS em perigo.

Revista Literária Da Vinci libera a lista dos melhores mangás do ano


Estamos na temporada das listas de melhores do ano, e a edição de janeiro de 2026 da revista literária Da Vinci, da Kadokawa Media Factory, divulgou na última sexta-feira seu 25º "Book of the Year". O ANN traduziu os 30 melhores títulos escolhidos como melhores do ano.  A maioria são mangás seinen, seguidos dos mangás shounen.  O mangá josei melhor colocado é Shiawase wa Tabete Nete Mate (A felicidade vem de comer, dormir e esperar), que é sobre uma mulher que está doente e com os dias contados, mas prefere aproveitar da melhor maneira possível essa situação em que está.  Eu conheço esse mangá de um bom tempo, mas ele não tem scanlations. Ele teve dorama, assim como Nagi no Oitoma. O Kono Manga ga Sugoi também já saiu, mas só o top 10, estou esperando o resto da lista.  Segue os 30 melhores segundo a Revista Da Vinci:

  1. Hon Nara Uru Hodo (本なら売るほど) de Ao Kojima - seinen - revista Harta.
  2. What Did You Eat Yesterday? (きのう何食べた?) de Fumi Yoshinaga - seinen - revista Morning
  3. RIOT (ライオット) de Yuuūta Tsukada - seinen - Gekkan! Spirits.
  4. Ohitori-sama Hotel (おひとりさまホテル) de Maro ed Hirochi Maki- seinen - revista Comic Bunch.
  5. Korogaru Kyōdai (転がる姉弟) de Tsubumi Mori - seinen - Flat Hero/Comiplex.
  6. One Piece de Eiichiro Oda - shounen - Shounen Jump.
  7. Medalist (メダリスト) d Tsurumaikada  - seinen - Afternoon.
  8. Robou no Fujii (路傍のフジイ) de Nabekurao - seinen - Big Comic Spirits.
  9. Shiawase wa Tabete Nete Mate (しあわせは食べて寝て待て) de Tori Mizunaga - josei - For Mrs.
  10. Miharu no Senjou (ミハルの戦場) de Gouten Hamada - seinen - Manga One.
  11. Madan no Ichi (魔男のイチ) de Osmau Nishi e Shiro Usazaki  - shounen - Shounen Jump.
  12. Gohan ga Tanoshimi (ごはんが楽しみ) de Chiaki Ida - josei - CREA.
  13. Kagurabachi (カグラバチ) de Takeru Hokazono - shounen - Shounen Jump.
  14. Danmitsu (壇蜜) de Tooru Seino - seinen - Morning.
  15. Nba! (んば!) de Uo Ayae - seinen - Big Comic Original.
  16. Jumon yo Sekai wo Kutsugaese (呪文よ世界を覆せ) de Nicolson Nico - shounen - Getsumaga Kichi.
  17. Iemori Kitan (家守綺譚) de Youko Kondou  - ??? - revista literária Nami.
  18. Yotsuba&! (よつばと!) de Kiyohiko Azuma - shounen - Comic Dengeki Daioh.
  19. Satou-san no Tomodachi (サトウさんの友達) de Miri Masuda - mangá ensaio?.
  20. Nagi no Oitoma (凪のお暇) de Misato Konari - josei - Elegance Eve.
  21. Belle Poupée no Supadari Konyaku (ベル・プペーのスパダリ婚約) de selen (mangá e original novel character design) e Asaki Asagiri (original novel story)  - josei - Manga UP!.
  22. Detective Conan (名探偵コナン) de Goushou Aoyama  - shounen - Shounen Sunday.
  23. Yasuhisa Hara's Kingdom (キングダム) (volumes 1-77) - seinen - Young Jump.
  24. Dandadan (ダンダダン) de Yukinobu Tatsu - shounen - Shounen Jump+.
  25. Chainsaw Man (チェンソーマン) de Tatsuki Fujimoto - shounen - Shounen Jump.
  26. Don't Call It Mystery (ミステリと言う勿れ) de Yumi Tamura - josei - Flowers.
  27. Space Brothers (宇宙兄弟) de Chuuya Koyama  - seinen - Morning.
  28. My Hero Academia (僕のヒーローアカデミア) de Kouhei Horikoshi - shounen - Shounen Jump
  29. Koishita Hito wa, Imouto no Kawari ni Shindekure to Itta. - Imouto to Kekkon Shita Kataomoi Aite ga Naze Imasara Watashi no Moto ni? to Omottara (恋した人は、妹の代わりに死んでくれと言った。―妹と結婚した片思い相手がなぜ今さら私のもとに?と思ったら―) de Maki Yamori (mangá), Mizuki Nagano (original novel story) e Saori Toyota (original novel character design)  - shoujo - Comic Corona.
  30. Kusuri no Mamono no Kaiko Riyuu (薬の魔物の解雇理由) de  Ino Manmaru (mangá), Ayaka Sakuraze (original novel) e Border (original novel character design)  - shoujo - Comic Corona.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

O Agente Secreto faz história e é indicado a três Globos de Ouro

As indicações aos Globos de Ouro saíram hoje e O Agente Secreto, filme de Kleber Mendonça Filho estrelado por Wagner Moura, recebeu três indicações, duas esperadas e uma não.  As duas que já se contavam como certas são Melhor Filme Internacional e Melhor Ator em Drama, porque os Globos de Ouro separam Drama e Comédia-Musical.  Wagner Moura foi o primeiro ator brasileiro a ser indicado.  Antes dele, somente mulheres haviam sido indicadas, Sônia Braga (*Três vezes: coadjuvante em 1986, melhor atriz de comédia-musical em 1989 e coadjuvante em minissérie de TV em 1995.*), Fernanda Montenegro (*melhor atriz de drama em 1999.*) e Fernanda Torres, que venceu como atriz em filme dramático em 2025. Moura tem boas chances de levar.

A indicação surpreendente foi na categoria de Melhor Filme em Drama.  A Neon, distribuidora do filme nos Estados Unidos e vencedora com Anora no Oscar este ano, conseguiu enfiar três de seus filmes na categoria (*Foi Apenas um Acidente, O Agente Secreto, Valor Sentimental*), todos são filmes em língua não-inglesa.  Desses três filmes, o favorito em filme internacional é Valor Sentimental.  Foi indicado em várias categorias.  Eu vi o trailer de Valor Sentimental, trailers normalmente fazem propaganda do filme, às vezes, se vendendo como o que não são.  Infelizmente, achei um trailer muito chato e que não me chamou para o filme.  Vou me obrigar a assistir, mas o trailer não me atraiu, não, sabe?