Tristão é Isolda é uma das histórias de amor que são imortais, e uma das primeiras da literatura européia. Escrita pela primeira vez no século XII, com base em lendas célticas, a história faz parte do ciclo arturiano. Já virou peça, ópera, filme e merecia muito, mas muito mais mesmo. Vou resumir o básico da história para quem não conhece: Tristão está marcado pela tragédia desde antes de nascer e não poderia, claro, ser feliz no amor. Órfão de pai e mãe, é criado por um servidor fiel e depois levado à corte do tio, o Rei Marc, onde pode provar sua coragem e fidelidade. O rei, solteiro e sem filhos, cai de amores pelo jovem cavaleiro, perfeito e belo.
Marc fica apreensivo quando Tristão deseja enfrentar o campeão da Irlanda para livrar seu reino de um tributo humilhante. E é exatamente quando está para enfrentar o gigante irlandês que Tristão revela sua origem, é filho de Branca Flor, irmã de Marc. O rei solitário fica com o coração pesado, mas deixa que Tristão lute. Vitorioso, mas ferido de morte, o jovem agoniza e pede que o lancem ao mar em uma tentativa desesperada de chegar à ilha das fadas (*Avalon*) onde talvez alguém pudesse curá-lo. Chega à Irlanda.
Quase morto, é levado até a rainha, conhecedora das artes mágicas. Ela – que mal sabia que o jovem lhe matara o irmão – apieda-se e o cura. O belo rapaz convalescente fica a cargo da jovem princesa de 12 anos, Isolda já então chamada de a loura, a bela. Como paga ele ensina a jovem a tocar harpa. E os dois se apaixonam, claro, mas a moça termina descobrindo que Tristão matou seu tio (*não digo como, leiam o livro*) e ele tem que partir. Aliás, a ficha de Tristão não tinha caído ainda... Só Isolda sabia que estava amando.
De volta à Cornualha, é alvo da inveja dos barões que não o queriam herdeiro do tio. Eles pressionam Marc para que ele se case, não querem um rei estrangeiro, e o velho rei tem outros sobrinhos. Marc não quer casar e acaba pensando em uma saída: diz que só se casará com a dona do fio dourado que uma andorinha deixou em sua janela. Mas Tristão, tentando mostra-se fiel, diz a quem pertence o fio: Isolda, a bela filha do rei da Irlanda. Retorna ao reino inimigo, para pedir sua mão de Isolda não para si, mas para o tio como demonstração de que não desejava o trono. O país estava sendo assolado por um dragão, e o prêmio era a mão da princesa.
Tristão não sabia disso, mata o dragão, mas cai enfermo por causa da peçonha do bicho porque guardara a língua do animal em seu bolso. Um senescal – que amava Isolda – encontra o monstro morto, corta-lhe a cabeça e exige a mão da moça. Isolda estava desesperada, mas eis que alguém encontra um homem semi-morto, inchado e desfigurado à beira da estrada e levam para a rainha (*ela deveria ser a única feiticeira do reino*). Logo se descobre a razão da doença. Extraída a língua e guardada em bom lugar, o moço melhora rápido e volta a ser “tão belo quanto Lancelot”.
No dia marcado para que o senescal exiba a cabeça da fera, Tristão aparece com a língua do monstro. Provada a mentira, morto o senescal, Isolda se sente feliz, a noiva mais feliz do mundo. Quando sabe que será esposa de outro, a moça passa a odiá-lo de morte. Preocupada, a rainha prepara um filtro do amor que deveria ser servido à Isolda e Marc na noite de núpcias. O filtro garantiria paixão por três anos, depois do que, certamente o casamento estaria garantido. Mas eis que a dama de companhia de Isolda se confunde e serve para a princesa e Tristão o tal filtro no meio da viagem. Todas as resistências do jovem caem por terra, toda a raiva de Isolda se desfaz e, claro, a confusão está armada... Quer saber o resto? Leia o livro, ou veja o filme... E aí mora o meu medo.
Quando soube que iam fazer um filme sobre Tristão e Isolda, e soube logo depois de ter reclamado que o que havia sido feito era antigo e eu não conseguia de jeito nenhum, fiquei contente. Tristão e Isolda é minha história de amor favorita e a versão juvenil recontada foi o primeiro livro que li de verdade na vida. Digo isso, pois foi pedido de amigo oculto, e não simplesmente um livro qualquer que me deram porque acharam que eu ia gostar. Era o livro que eu queria e, aos 12 anos, estava ansiosa por ler a história. Ansiosa porque assistia ao anime "Rei Arthur" (*sim, indiretamente tinha anime no meio*) e Tristão era meu cavaleiro favorito. Ficava assoviando a música da harpa, que depois soube ser da ópera de Wagner, o tempo todo.
No anime, não desenvolviam a história dele com Isolda e ela só aparece em um episódio que, por dublagem ou opção, não deixava ver o tamanho da tragédia. Daí, depois que o anime parou de passar, assisti a um filme sobre uma cantora de ópera que fica aleijada (*sim, mais tragédia*) e que tinha como sonho interpretar Isolda. No final do filme, a ópera é mudada para que ela possa cantar todas as árias sentada... Só que ela e Tristão morrem no fim. Fiquei angustiada, queria saber porque e descobri que a Ediouro havia publicado o livro. Era recontado, e isso eu não sabia na época, mas era muito bom. Devorei em poucas horas e terminei chorando as lágrimas que não consegui chorar por Romeu e Julieta. Afinal, o que impedia aqueles dois de ficarem juntos salvo a burrice e a precipitação?
Falemos do filme então. Passando pelo IMDB, descobri que o filme estava sendo feito. Ridley Scott de Alien é o produtor. Até aí nada. Kevin Reynolds é o diretor e o sujeito tem currículo ruim. O roteirista é o mesmo de Lara Croft, o medo aumenta. O rapaz que faz o Tristão, James Franco, tem como grande ponto do currículo fazer o filho do inimigo do Homem Aranha nos dois primeiros filmes. Nada contra ele ainda, mas ele não é bonito como eu desejava que Tristão fosse. A moça que faz Isolda está OK, Sophia Myles, afinal, a outra versão teve a Capitã Janeway fazendo a personagem, o único problema é que ela parece não ser tão jovem quando conhece Tristão e isso compromete o início da história.
Agora, quando vi o Rei Marc, Rufus Sewell, me preocupei. O cara não pode nem ser chamado de coroa enxuto ainda, parece uma escolha tão problemática quanto a feita no filme do Fantasma da Ópera e pode ter o mesmo resultado. Marc deveria ser um cara entrando nos sessenta, para marcar bem a situação complicada de Isolda e colocam um cara que mal entrou nos quarenta, com aparência viril e atlética, talvez mais atraente em alguns pontos do que o Tristão... Parece o Fantasma da Ópera mesmo! Vai ter grupo do Orkut dizendo que a Isolda deveria ter preferido Marc. Aliás, o cara que faz o Tristão tem cara de bobão como o que fazia o Raul.
Agora vamos ao trailer que pode dizer muito ou pouco de um filme. Tristão não é órfão de nascença, temos os pais sendo mortos de forma violenta. Marc é “gostosão” e não um velho solteirão. Parece que vão reduzir o papel da rainha da Irlanda e aumentar o de Isolda. É ela quem acha Tristão e, não, os pescadores. Eles ficam aos beijos e ela – que parece já ter quase vinte anos – o ajuda a fugir da primeira vez, quando não tinha havido fuga alguma, simplesmente ele recebeu ordem de partir, já que matara o irmão da Rainha em justo duelo. Não pensem que Isolda é passiva ou algo assim, ela é muito inteligente, ardilosa e capaz, nas versões mais antigas da história, de esmurrar cavaleiros, arrancando-lhes dentes, quando ofendida. O que estou dizendo é que ela não fez o que a colocam fazendo. E o pior: parece que não tem dragão!
Nada pior do que essa mania dos filmes atuais de tentarem anular o mágico-maravilhoso da mitologia. Fizeram isso com Tróia e quase ferraram o filme. Rei Arthur foi a coisa mais pavorosa do mundo como filme medieval e me fez amar Excalibur ainda mais e Camelot mais ainda. Agora não colocam Tristão matando o dragão? Essa era a imagem mais antiga que eu tinha do herói, tirada de um encarte em um livro baseado na obra de Monteiro Lobato. Se Tristão ganhar a mão de Isolda na liça e não ao se desfazer a confusão com o dragão o filme perde metade da graça para mim. Só vai faltar tirarem o filtro do amor... Mas aí ferrou tudo! Bem, vou cruzar os dedos e torcer para que o trailer tenha me enganado e MUITO!
Para os curiosos que quiserem assistir ao trailer, eu o coloquei na minha página é só clicar aqui e baixar o arquivo da lista. Tentei colocar no YouSendIT, mas houve algum bug, então foi a saída. Se quiser ler a história completa de Tristão e Isolda e saber como termina a história, sugiro a versão de Joseph Bedier chamada no Brasil de O Romance De Tristão E Isolda. Há uma outra versão da Editora Francisco Alves, mas ela está esgotada. Eu tenho as duas e elas são muito boas.
Enfim, o filme estréia em janeiro ou fevereiro nos EUA, espero que saia logo em seguida aqui, pois minha ansiedade é grande. Espero que minha impressão tenha sido errada e que o diretor, o roteirista e o Marc não atrapalhem. Só que depois do que tenho visto Hollywood fazer, duvido que o resultado seja realmente bom.
Marc fica apreensivo quando Tristão deseja enfrentar o campeão da Irlanda para livrar seu reino de um tributo humilhante. E é exatamente quando está para enfrentar o gigante irlandês que Tristão revela sua origem, é filho de Branca Flor, irmã de Marc. O rei solitário fica com o coração pesado, mas deixa que Tristão lute. Vitorioso, mas ferido de morte, o jovem agoniza e pede que o lancem ao mar em uma tentativa desesperada de chegar à ilha das fadas (*Avalon*) onde talvez alguém pudesse curá-lo. Chega à Irlanda.
Quase morto, é levado até a rainha, conhecedora das artes mágicas. Ela – que mal sabia que o jovem lhe matara o irmão – apieda-se e o cura. O belo rapaz convalescente fica a cargo da jovem princesa de 12 anos, Isolda já então chamada de a loura, a bela. Como paga ele ensina a jovem a tocar harpa. E os dois se apaixonam, claro, mas a moça termina descobrindo que Tristão matou seu tio (*não digo como, leiam o livro*) e ele tem que partir. Aliás, a ficha de Tristão não tinha caído ainda... Só Isolda sabia que estava amando.
De volta à Cornualha, é alvo da inveja dos barões que não o queriam herdeiro do tio. Eles pressionam Marc para que ele se case, não querem um rei estrangeiro, e o velho rei tem outros sobrinhos. Marc não quer casar e acaba pensando em uma saída: diz que só se casará com a dona do fio dourado que uma andorinha deixou em sua janela. Mas Tristão, tentando mostra-se fiel, diz a quem pertence o fio: Isolda, a bela filha do rei da Irlanda. Retorna ao reino inimigo, para pedir sua mão de Isolda não para si, mas para o tio como demonstração de que não desejava o trono. O país estava sendo assolado por um dragão, e o prêmio era a mão da princesa.
Tristão não sabia disso, mata o dragão, mas cai enfermo por causa da peçonha do bicho porque guardara a língua do animal em seu bolso. Um senescal – que amava Isolda – encontra o monstro morto, corta-lhe a cabeça e exige a mão da moça. Isolda estava desesperada, mas eis que alguém encontra um homem semi-morto, inchado e desfigurado à beira da estrada e levam para a rainha (*ela deveria ser a única feiticeira do reino*). Logo se descobre a razão da doença. Extraída a língua e guardada em bom lugar, o moço melhora rápido e volta a ser “tão belo quanto Lancelot”.
No dia marcado para que o senescal exiba a cabeça da fera, Tristão aparece com a língua do monstro. Provada a mentira, morto o senescal, Isolda se sente feliz, a noiva mais feliz do mundo. Quando sabe que será esposa de outro, a moça passa a odiá-lo de morte. Preocupada, a rainha prepara um filtro do amor que deveria ser servido à Isolda e Marc na noite de núpcias. O filtro garantiria paixão por três anos, depois do que, certamente o casamento estaria garantido. Mas eis que a dama de companhia de Isolda se confunde e serve para a princesa e Tristão o tal filtro no meio da viagem. Todas as resistências do jovem caem por terra, toda a raiva de Isolda se desfaz e, claro, a confusão está armada... Quer saber o resto? Leia o livro, ou veja o filme... E aí mora o meu medo.
Quando soube que iam fazer um filme sobre Tristão e Isolda, e soube logo depois de ter reclamado que o que havia sido feito era antigo e eu não conseguia de jeito nenhum, fiquei contente. Tristão e Isolda é minha história de amor favorita e a versão juvenil recontada foi o primeiro livro que li de verdade na vida. Digo isso, pois foi pedido de amigo oculto, e não simplesmente um livro qualquer que me deram porque acharam que eu ia gostar. Era o livro que eu queria e, aos 12 anos, estava ansiosa por ler a história. Ansiosa porque assistia ao anime "Rei Arthur" (*sim, indiretamente tinha anime no meio*) e Tristão era meu cavaleiro favorito. Ficava assoviando a música da harpa, que depois soube ser da ópera de Wagner, o tempo todo.
No anime, não desenvolviam a história dele com Isolda e ela só aparece em um episódio que, por dublagem ou opção, não deixava ver o tamanho da tragédia. Daí, depois que o anime parou de passar, assisti a um filme sobre uma cantora de ópera que fica aleijada (*sim, mais tragédia*) e que tinha como sonho interpretar Isolda. No final do filme, a ópera é mudada para que ela possa cantar todas as árias sentada... Só que ela e Tristão morrem no fim. Fiquei angustiada, queria saber porque e descobri que a Ediouro havia publicado o livro. Era recontado, e isso eu não sabia na época, mas era muito bom. Devorei em poucas horas e terminei chorando as lágrimas que não consegui chorar por Romeu e Julieta. Afinal, o que impedia aqueles dois de ficarem juntos salvo a burrice e a precipitação?
Falemos do filme então. Passando pelo IMDB, descobri que o filme estava sendo feito. Ridley Scott de Alien é o produtor. Até aí nada. Kevin Reynolds é o diretor e o sujeito tem currículo ruim. O roteirista é o mesmo de Lara Croft, o medo aumenta. O rapaz que faz o Tristão, James Franco, tem como grande ponto do currículo fazer o filho do inimigo do Homem Aranha nos dois primeiros filmes. Nada contra ele ainda, mas ele não é bonito como eu desejava que Tristão fosse. A moça que faz Isolda está OK, Sophia Myles, afinal, a outra versão teve a Capitã Janeway fazendo a personagem, o único problema é que ela parece não ser tão jovem quando conhece Tristão e isso compromete o início da história.
Agora, quando vi o Rei Marc, Rufus Sewell, me preocupei. O cara não pode nem ser chamado de coroa enxuto ainda, parece uma escolha tão problemática quanto a feita no filme do Fantasma da Ópera e pode ter o mesmo resultado. Marc deveria ser um cara entrando nos sessenta, para marcar bem a situação complicada de Isolda e colocam um cara que mal entrou nos quarenta, com aparência viril e atlética, talvez mais atraente em alguns pontos do que o Tristão... Parece o Fantasma da Ópera mesmo! Vai ter grupo do Orkut dizendo que a Isolda deveria ter preferido Marc. Aliás, o cara que faz o Tristão tem cara de bobão como o que fazia o Raul.
Agora vamos ao trailer que pode dizer muito ou pouco de um filme. Tristão não é órfão de nascença, temos os pais sendo mortos de forma violenta. Marc é “gostosão” e não um velho solteirão. Parece que vão reduzir o papel da rainha da Irlanda e aumentar o de Isolda. É ela quem acha Tristão e, não, os pescadores. Eles ficam aos beijos e ela – que parece já ter quase vinte anos – o ajuda a fugir da primeira vez, quando não tinha havido fuga alguma, simplesmente ele recebeu ordem de partir, já que matara o irmão da Rainha em justo duelo. Não pensem que Isolda é passiva ou algo assim, ela é muito inteligente, ardilosa e capaz, nas versões mais antigas da história, de esmurrar cavaleiros, arrancando-lhes dentes, quando ofendida. O que estou dizendo é que ela não fez o que a colocam fazendo. E o pior: parece que não tem dragão!
Nada pior do que essa mania dos filmes atuais de tentarem anular o mágico-maravilhoso da mitologia. Fizeram isso com Tróia e quase ferraram o filme. Rei Arthur foi a coisa mais pavorosa do mundo como filme medieval e me fez amar Excalibur ainda mais e Camelot mais ainda. Agora não colocam Tristão matando o dragão? Essa era a imagem mais antiga que eu tinha do herói, tirada de um encarte em um livro baseado na obra de Monteiro Lobato. Se Tristão ganhar a mão de Isolda na liça e não ao se desfazer a confusão com o dragão o filme perde metade da graça para mim. Só vai faltar tirarem o filtro do amor... Mas aí ferrou tudo! Bem, vou cruzar os dedos e torcer para que o trailer tenha me enganado e MUITO!
Para os curiosos que quiserem assistir ao trailer, eu o coloquei na minha página é só clicar aqui e baixar o arquivo da lista. Tentei colocar no YouSendIT, mas houve algum bug, então foi a saída. Se quiser ler a história completa de Tristão e Isolda e saber como termina a história, sugiro a versão de Joseph Bedier chamada no Brasil de O Romance De Tristão E Isolda. Há uma outra versão da Editora Francisco Alves, mas ela está esgotada. Eu tenho as duas e elas são muito boas.
Enfim, o filme estréia em janeiro ou fevereiro nos EUA, espero que saia logo em seguida aqui, pois minha ansiedade é grande. Espero que minha impressão tenha sido errada e que o diretor, o roteirista e o Marc não atrapalhem. Só que depois do que tenho visto Hollywood fazer, duvido que o resultado seja realmente bom.
2 pessoas comentaram:
Oi, gostaria de saber sobre esse filme que vc comentou, sobre uma cantora de ópera que fica aleijada e que tinha como sonho interpretar Isolda. No final do filme, a ópera é mudada para que ela possa cantar todas as árias sentada. Vc sabe o nome desse filme? Um abraço.
O filme no Brasil se chamou Sinfonia Interrompida (interrupted Melody). A página dele no IMDB é essa aqui: http://us.imdb.com/title/tt0048210/
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