quinta-feira, 30 de novembro de 2006

CLAMP no New York Times



A matéria original - Four Mothers of Manga Gain American Fans With Expertise in a Variety of Visual Styles - saiu em inglês e está disponível no site do jornal. Eu decidi traduzir porque a matéria era interessante e muita gente não lê inglês. Salvo o tropeção ao falar da história de Chobits, a matéria ficou muito boa.
Interessante os comentários sobre o trabalho das mangá-kas no Japão e ao fato da CLAMP se referir às leitoras norte americanas, mostrando que seu público alvo primeiro ainda são as mulheres. O respeito e carinho por Sailor Moon também salta aos olhos e citá-la como heroína forte é uma surpresa grande par amuita gente que só tem em mente as bobagens que fizeram com a personagem no anime. Aliás, os próprios sujeitos que fizeram a matéria caem na armadilha, mas a CLAMP, não. Me surpreendi por opiniões tão bem construídas, eu, em geral, não considerava as artistas da CLAMP tão maduras.

As Quatro Mães do Mangá Ganham os Fãs Americanos com sua Capacidade em uma Variedade de Estilos Visuais

O nome CLAMP soa estranho e pouco familiar para ouvidos Ocidentais, mas o estúdio dessas quatro mulheres está entre os mais bem sucedidos criadores de mangás, ou graphic novels, no Japão e nos EUA. Nos últimos 17 anos estas mulheres — Satsuki Igarashi, Apapa Mokona, Tsubaki Nekoi e Ageha Ohkawa — produziram 22 séries populares de mangá, muitas delas adaptadas para animação, incluindo X, Chobits e Card Captor Sakura, todas disponíveis em DVD nos EUA.

“A CLAMP tem sido uma parte integrante das explosão dos mangás que ocorreu nos Estados Unidos durante os últimos anos,” diz Dallas Middaugh, editor associado da Del Rey Manga divisão da Random House, em uma mensagem de e-mail. “A fluidez, arte dramática e estilo de contar histórias tocou profundamente os leitores de mangá de ambos os sexos”.

Mais de um milhão de cópias do mangá Tsubasa já foram vendidos nos EUA e no próximo mês a Del Rey vai publicar o guia de personagens desta série popular. A Funimation Entertainment sediada em Houston anunciou recentemente que a série de 52 episódios baseada em Tsubasa estará disponível em DVD no país no próximo ano.

Quando discutem seu trabalho, as quatro artistas da CLAMP conferenciam entre elas; então a Senhorita Ohkawa geralmente age como porta-voz.

Através de um intérprete, Ohkawa explica em uma entrevista que o estúdio começou com um grupo de onze estudantes de arte que se uniram para criar doujinshi, ou fanzines: publicações amadoras que continuam as aventuras de personagens populares da animação e dos quadrinhos. Ninguém lembra quem escolheu o nome CLAMP, mas ele pegou, bem antes do grupo encolher para quatro membros e tornar-se profissional.

As mulheres parecem ao mesmo tempo satisfeitas e surpresas com a popularidade que alcançaram nos EUA. “Para algumas séries, nós levamos em conta a audiência internacional,” diz Ohkawa. “Mas nós imaginamos que quando as garotas americanas lêem nossos mangás, as histórias tocam nos seus corações? Elas conseguem se identificar com as personagens?”

A CLAMP criou um estilo diferente de trabalho em uma indústria na qual os artistas com freqüência se especializam em um único gênero. A comédia de ficção científica Chobits envolve o romance frustrado entre um estudante universitário fanático por computadores e uma andróide perturbadoramente bela. Em XXXHolic, Watanuki um colegial com poderes psíquicos, entra por descuido na loja de Yuko, uma feiticeira que pode fornecer tudo aquilo que um cliente mais ardentemente deseja. A mais amada criação da CLAMP é Cardcaptor Sakura, a história de uma menina de quarta série que liberta um deck de cartas mágicas por distração, então tem que recuperar todas elas antes que elas possam causar problemas no mundo.

Diferente de Serena, a avoada adolescente que se transforma em Sailor Moon, a heroína de outra série muito popular, Sakura é uma menina boazinha, mas nunca garota melosa, que aprende e cresce com suas experiências sobrenaturais. Sua melhor amiga, Tomoyo, faz belas fantasias que devem ser usadas em suas missões maciças.

“É comum nos mangás para garotas uma personagem se transformar, como faz Sailor Moon, e queríamos incorporar isso à Sakura,” Ohkawa diz. “Mas muitas delas sempre usam o mesmo uniforme, assim, queríamos fazer algo diferente. Achamos realmente triste para uma menina usar a mesma roupa o tempo todo”.

Os mangás da CLAMP também se distinguem pela diversidade dos estilos visuais. Yuko, a feiticeira sensual em XXXHolic, deve ter saltado fora de um bloco de madeira esculpido, um Ukiyo-e. Kamui, o elegante e andrógino herói da fantasia dark X, busca conselhos com a Princesa Hinoto cujo cabelo se derrama em redemoinhos estilo Art Nouveau que lembram os largamente reproduzidos posters de Alphonse Mucha representando Sarah Bernhardt e propagandas de cigarro. As concentrações de sombras negras e escuras em XXXHolic contrastam profundamente com a arte final direta e limpa de Cardcaptor Sakura.

A senhorita Ohkawa, que compara o seu trabalho ao de produtora e diretora, explica: “Eu decido quem faz as personagens, e o que ela vai fazer com elas, da mesma forma que uma diretora escolhe seus atores. Eu distribuo papéis, dependendo do gênero da série: horror, comédia e assim por diante. Eu também escolho o estilo visual: no caso de XXXHolic, ele é derivado dos Ukiyo-e”.

“Entretanto, eu não tenho certeza se minha equipe está satisfeita com a minha direção,” ela diz com um sorriso.

Muitos dos mais populares mangás nos dois lados do Pacífico são escritos e desenhados por mulheres, incluindo Rumiko Takahashi (Ranma 1/2, InuYasha); Hiromu Arakawa (Fullmetal Alchemist); e Clamp. Seus muitos sucessos deram às artistas da CLAMP o poder de criar muito daquilo que elas desejam.

“Enquanto é verdade que o número de mulheres diretoras de animação tem crescido ao longo dos anos, é mais comum para as mulheres apresentarem seus trabalhos na forma de mangá,” Ohkawa diz. “É a forma que elas tem para se expressar com liberdade. Personagens femininas fortes tornaram-se muito comuns nos mangás — Sailor Moon é provavelmente o exemplo mais famoso — mas eu não sei dizer se as mulheres no Japão se tornaram mais fortes. Nós estamos em uma posição privilegiada: a CLAMP faz uma apresentação aos editores sobre o que deseja fazer, recebe a aprovação e vai trabalhar”.

As artistas da CLAMP estavam ansiosas por discutir as diferenças entre a forma americana e japonesa de criar quadrinhos e graphic novels, e na crescente troca entre as culturas populares dos dois países.

“No Japão os artistas que trabalham em um mangá não mudam até que a série seja concluída, e quando um artista falece, a história termina; há apenas um artista,” Ohkawa diz. “Mas na América, equipes diferentes trabalham em diferentes histórias para os X-Men e outros comics”.

“Já foi difícil encontrar quadrinhos americanos no Japão, mas eles se tornaram mais acessíveis nas livrarias de grande porte,” ela disse. “Como criadoras no Japão, nós somos muito curiosas sobre como os americanos trabalham e muito conscientes de que estamos influenciando uns aos outros”.

1 pessoas comentaram:

Oi, Valéria

Td bem? Agora vi que vc me "linkou"... Vou linká-la, se vc não se incomoda né ^_~ Já que o meu não é lá essas coisas ^^'
Gostaria de postar a tradução da matéria no meu blog, vc me autoriza? Colocarei os créditos ^^
Boa semana p/ vc!

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