Abri a página da UOL e lá estava a notícia, Rubens de Falco, o grande Leôncio de Escrava Isaura morreu. Todo mundo morre e ele já estava idoso, mas isso me fez ter aquele ataque de nostalgia. Eu realmente amo a primeira versão de Escrava Isaura que foi ao ar quando eu nasci, no ano de 1976. Apesar de canastrão, Rubens de Falco deu vida ao malvadíssimo Leôncio como ninguém. A interpretação perfeita em uma novela perfeita. Eu assisti a reprise duas vezes e veria mais uma e quantas mais repetissem. Aliás, se saísse lançada em DVD, compraria na hora, mesmo que tivesse a qualidade podre que a Globo colocou em O Tempo e o Vento.
Enfim, Escrava Isaura, como livro é um fiasco, mas nas mãos de um novelista competente, Gilberto Braga, se tornou a nossa telenovela mais bem sucedida, driblando a censura como pode. Eu até compreendo as críticas do movimento negro à brancura de Isaura, mas aconselho que esse pessoal pegue o livro, veja o quanto o autor original é racista (*e escreve de forma medíocre*), pois é exatamente assim que Isaura está lá. E se Isaura fosse uma octoroon, por exemplo? Poderia passar por branca no Brasil em um Brasil de mestiços que se achavam arianos sem grandes esforços. Querem chamar alguém de racista (*e machista, misógiono, repetitivo, paternalista, que estimula a discriminação social abertamente*), peguem para ver qualquer uma das "lindas" novelas do Manoel Carlos. Com suas empregadas domésticas - negras ou pardas ou caipiras - sempre dispostas a dar prazer sexual aos patrões e as legiões de agregados que povoam as casas dos ricos, sempre servindo alegremente. Nojento.
Deixo aqui a cena em que o terrível Leôncio mata o primeiro amor de Isaura, Tobias (*que não existe no livro*), e por engano a sua própria esposa, Malvina, que ele julgava ser a escrava tentando libertar o rapaz. É uma homenagem ao Rubens de Falco. Hoje, esta cena seria considerada "pesada" para uma novela das seis. Aliás, com toda a censura da Ditadura, as novelas podiam e ousavam mais do que certas coisas que temos hoje. Seja porque os novelistas são medíocres, seja por conta da maldita classificação indicativa que deixa os jornais sangrentos passarem, deixa as bundas desfilarem, deixa o "créu" rolar na hora do almoço, mas tolhe cenas de emoção, tensão e morte em novelas e animes.
A parte que segue saiu hoje na Folha de São Paulo e reproduzo só parte da notícia:
Enfim, Escrava Isaura, como livro é um fiasco, mas nas mãos de um novelista competente, Gilberto Braga, se tornou a nossa telenovela mais bem sucedida, driblando a censura como pode. Eu até compreendo as críticas do movimento negro à brancura de Isaura, mas aconselho que esse pessoal pegue o livro, veja o quanto o autor original é racista (*e escreve de forma medíocre*), pois é exatamente assim que Isaura está lá. E se Isaura fosse uma octoroon, por exemplo? Poderia passar por branca no Brasil em um Brasil de mestiços que se achavam arianos sem grandes esforços. Querem chamar alguém de racista (*e machista, misógiono, repetitivo, paternalista, que estimula a discriminação social abertamente*), peguem para ver qualquer uma das "lindas" novelas do Manoel Carlos. Com suas empregadas domésticas - negras ou pardas ou caipiras - sempre dispostas a dar prazer sexual aos patrões e as legiões de agregados que povoam as casas dos ricos, sempre servindo alegremente. Nojento.
Deixo aqui a cena em que o terrível Leôncio mata o primeiro amor de Isaura, Tobias (*que não existe no livro*), e por engano a sua própria esposa, Malvina, que ele julgava ser a escrava tentando libertar o rapaz. É uma homenagem ao Rubens de Falco. Hoje, esta cena seria considerada "pesada" para uma novela das seis. Aliás, com toda a censura da Ditadura, as novelas podiam e ousavam mais do que certas coisas que temos hoje. Seja porque os novelistas são medíocres, seja por conta da maldita classificação indicativa que deixa os jornais sangrentos passarem, deixa as bundas desfilarem, deixa o "créu" rolar na hora do almoço, mas tolhe cenas de emoção, tensão e morte em novelas e animes.
A parte que segue saiu hoje na Folha de São Paulo e reproduzo só parte da notícia:
(...)O último trabalho de Falco na televisão foi no remake de "Escrava Isaura", exibido na Record em 2004. Aqui, ele interpretou o comendador Almeida, pai de seu personagem na versão original.Há vários vídeos de Escrava Isaura no Youtube, a maioria são pedaços da novela dublados em russo e com legendas em inglês. Quase caí para trás. E nos comentários o pessoal pedindo para que colocassem mais pedaços com legenda em inglês. É um clássico, em várias línguas, e inesquecível para quem assistiu. Tinha até gente que pensava que a versão da Record de 2004 - última novela de Rubens de Falco como Comendador Almeida, pai de Leôncio - era mexicana. Escrava Isaura, a versão do Gilberto Braga, daria um excelente shoujo mangá e merecia ser reprisada todos os anos, da mesma forma que os japoneses reprisam Touch. ^_^
"Estou muito triste, chocada. Rubens foi dos colegas mais admiráveis que encontrei na vida: era generoso, talentoso, um grande ator. Aprendi muito com ele", disse Lucélia Santos, que teve o papel-título na "Escrava Isaura" de 1976: o da escrava branca que sofria nas mãos do filho de seus senhores, Leôncio (Falco), obcecado por ela. Primeiro sucesso internacional da Globo, a novela foi vendida para 40 países.
No cinema, a última aparição foi em "Fim da Linha", de Gustavo Steinberg, que estréia no Rio e em São Paulo no próximo dia 7. Na comédia, ele encarna o deputado Ernesto Alves, que desaparece após ganhar na loteria 1.313 vezes.
O personagem é inspirado no ex-deputado federal João Alves, um dos pivôs do escândalo dos Anões do Orçamento, no início da década de 90, que atribuía sua riqueza a vitórias sucessivas na loteria.(...)
De Sófocles a Gorki
A atriz e diretora Nydia Licia, que trabalhou com Falco e escreveu uma biografia dele para a Coleção Aplauso (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo), conta que o ator estreou no teatro em 1951, com "Ralé", de Máximo Gorki, encenada pelo Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Da mesma companhia, atuou em "Antígona", de Sófocles, e "Os Ossos do Barão", de Jorge Andrade.
Ainda na década de 50, passou pelo Teatro Íntimo Nicette Bruno, pelo Arena ("O Prazer da Honestidade", de Luigi Pirandello), pela companhia de Nydia e Sérgio Cardoso ("Lampião", de Rachel de Queiroz) e pelo grupo Os Jograis, com o qual fez turnês em Portugal e México. Em 58, fez "Boca de Ouro", de Nelson Rodrigues.
Nos anos 60, Falco subiu ao palco em textos de Bertolt Brecht, Friedrich Dürrenmatt e outros. Em 71, no Rio, atuou em "Casa de Bonecas", de Henrik Ibsen.
Outros destaques da carreira teatral foram "O Monta-Cargas" (82), de Harold Pinter, e "Péricles" (96), de William Shakespeare. A despedida se deu em 2004, com "Galeria Metrópole", de Mário Viana.
"Deixa, Amorzinho..."
No cinema, a carreira começou com "Apassionata", em 1952, primeiro de três filmes nos estúdios Vera Cruz - o mais bem-sucedido seria "Floradas na Serra", de Luciano Salce, dois anos depois. Nos anos 70, apareceu em comédias eróticas como "Deixa, Amorzinho...Deixa". Em 1981, fez uma participação no premiado "Pixote: A Lei do Mais Fraco", de Hector Babenco.
Na televisão, além do Leôncio, criou tipos marcantes nas novelas "A Sucessora" (1978), "Gaivotas" (1979), "Gabriela" (1975) "Os Imigrantes" (1981) e "Sinhá Moça" (1986).
2 pessoas comentaram:
Também senti a morte dele.Não o achava canastrão,acho que ele tinha um ar bem imponete pra fazer vilões.Lembro mais dele na versão original da Sinhã moça como o Barão de Aruna.Não gostei da nova versão feita pela Globo achei que Osmar Prado gritava de mais no papel do Barão.
É uma pena que ele tenha ido.
Quanto ao livro, o autor parece ter pena da Isaura apenas porque ela tem pele clara do que da escravidão.Também detesto o politicamente correto que taxa todas obras classicas de machistas,racistas e sei mais que ''istas''.Por causa disse têm surgido muitos escritores medianos e sem coragem de inovar.
Beijos
Pois é... Pensando bem, ele não era canastrão, ou era um pouco. O estilo dele me lembrava aqueles atores clássicos tipo Clark Gable, só que fazendo os maus.
Quanto ao racismo, bem, Bernardo de Guimarães era racista. E vc mesma colocou bem, toda a pena que ele sente de Isaura é porque ela é branca. O problema não é apontar que tal obra é racista, machista ou o que seja, é não entender a época na qual ela foi feita, as condições de produção do autor ou autora.
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