Suicídio no Japão

O link para a matéria do The Economist estava no Japan Probe que admite o problema, mas diz que as maiores taxas de suicídio, bem maiores, aliás, não são japonesas, são da Finlândia e da Hungria (*arrolada como país rico*) que estão em outro gráfico feito pelo mesmo grupo de pesquisa, já a Coréia do Sul vem na cola do Japão. Claro que, se fossem incluídos estes dois países europeus teriam que justificar os motivos das taxas maiores e estariam na saia justa religiosa, e talvez tivessem que fazer uma crítica ao tipo de capitalismo que hoje impera no mundo, mas o foco foi o Japão e, sim, todos os argumentos estão bem fundamentados. Por isso, decidi traduzir.

A temática se faz presente em muitos mangás e alguns animes e quem quiser complementar com um bom anime ou mangá, recomendo Confidential Confessions, o primeiro volume, Welcome to NHK, o clássico Oniisama E (*o mangá, pois no anime eles mudam de forma escandalosa o fnal de Saint-Just*), ou O Clube do Suicídio (*que traz os tais sites bizarros da net*).

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Suicídio no Japão: A Morte não se Orgulha

1º de maio de 2008/Tokyo
Da versão impressa do The Economist

Uma Erupção de Suicídios Horroriza o Japão

“Não abra! Gás sendo criado!” Escrito em caneta hidrográfica vermelha e fixado à porta, estavam entre as últimas palavras de uma colegial japonesa de 14 anos, que tirou sua vida no último diz 23 de abril. O aviso seguiu o conselho de uma página na internet que fornece instruções de como criar gás sulfídrico misturando limpador de vaso sanitário com sais de banho.

Este método simples de suicídio reivindica algo como 60 vidas só em abril – a maioria na adolescência ou na faixa dos 20 anos – e cerca de outros vinte no início deste ano. O incolor, gás picante não se dissipa com facilidade. Assim, passantes e possíveis salvadores são colocados em risco. A mãe da menina está hospitalizada e cerca de 100 vizinhos ao redor tiveram que abandonar as suas casas.

Ainda assim este é apenas a última, das macabras técnicas em um país que sofre da epidemia dos suicídios. O Japão tem uma das mais altas taxas de suicídios entre os países ricos. Fatores culturais exercem papel parcial. A sociedade japonesa raramente permite que alguém se recupere de uma vergonha pública ou da falência. O suicídio, algumas vezes, é mesmo recebido com aprovação – é como enfrentar o destino, sem tentar se esquivar. A tradição samurai vê o suicídio como algo nobre (embora talvez em resultado do interesse próprio, já que os guerreiros capturados eram tratados de forma odiosa). A religiões japonesas mais importantes, Budismo e Xintoísmo, são neutras em relação ao suicídio, diferente das religiões abraâmicas que explicitamente o proíbem.

Mesmo assim, as angústias econômicas têm um papel ainda maior. As taxas de suicídio crescerem em meados dos anos 1990 conforme a economia recuou, e permaneceu alta desde então (mesmo quando a economia começou a se recuperar levemente). Preocupações financeiras são citadas em 1/5 das notas de suicídio; quase metade de todos os suicidas está desempregada. Alguns tiram suas vidas para garantir que os membros sobreviventes da família possam receber algum seguro, o que levou as seguradoras a exigirem dois ou três anos de carência. Pela mesma razão, a Japan Railway cobra das famílias das vítimas de suicídio os custos do inconveniente e da limpeza.

Ano passado, o governo instituiu medidas tais como serviços de aconselhamento e hotlines, com o objetivo de reduzir as taxas de suicídio a 20% em nove anos. Mas são somente paliativos. Mas importante seria mudar as atitudes sociais. O suicídio poderia ser menos comum se, ao invés de forçar as pessoas a suportarem uma vida inteira de vergonha, a sociedade japonesa começasse a oferecer às pessoas uma segunda chance.