sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Capítulo 2: A Decisão de uma Vida (Parte 10)


Se você está lendo este post, deve ter passado pelo capítulo 1. Se caiu aqui por engano, clique para retornar para a parte anterior, se você clicar na tag Rosas, poderá acessar todos as partes que coloquei no blog até aqui. Agora, você está na décima e última parte do capítulo 2. Quem estiver perdido é só perguntar. Continuarei a postagem até o terceiro capítulo. Depois, só se realmente houver interesse. Aguardo comentários dos leitores e leitoras, sugestões e críticas.


Ventos de Mudança
Capítulo 2: A Decisão de uma Vida (Parte 10)

Alan, a contragosto, afastou-se de Flora e foi em direção à Alda, pois a dança havia terminado e precisava falar-lhe. Lívio cedeu-lhe a vez. Estava sendo chamado em outro lugar.

— Está tudo pronto para partirmos esta noite.

— Eu não partirei com vocês, primo. — Alda explicou. — Tenho uma missão a cumprir aqui, antes.

— Como não!? Vai nos trair como seu pai fez com o meu? — Havia ódio em sua voz outra vez.

— De forma alguma e desfaça esta cara de cão raivoso, ou vão achar que está querendo me matar... Ouça bem: — Falou em voz baixa e com um sorriso nos lábios. — Devo me casar amanhã. Não, não me interrompa, por favor. Devo fazer isso por meu pai. — Fez pausa. — Vou ao encontro de vocês logo em seguida e levarei o Príncipe Guilherme comigo. — Ele lhe lançou um olhar incrédulo. — Confie em mim. Sei que é difícil para você, mas tente. Eu encontrarei com vocês no caminho ou mesmo no Castelo do Amanhecer. Não vou trair a sua confiança.

— O que me garante que fará isso? Se Guilherme for executado, nós... — Estava ainda incrédulo.

— Minha palavra, meu primo. É o que posso lhe oferecer neste momento. Não tenho nada, além disso. Se vocês tentarem libertar o Príncipe Guilherme, podem não ter tempo de fugir. — Completaram a dança.

— Quem é seu noivo? — Quando Alda o apontou com os olhos. Alan ficou sem palavras.

— Afaste-se agora antes que desconfiem. — Fez pausa. — Esperem por nós, meu primo!

— Até o Castelo do Amanhecer então. — Beijou-lhe a mão e se foi.
XXX
Neste momento a Rainha foi anunciada e entrou, majestosa, junto com Marina, que, por sua vez, parecia extremamente abatida. As danças prosseguiram e Alda se viu obrigada a dançar com Humberto De Dorsos que quase esmagou seus pés com sua imperícia. Alan, contrariando o que esperavam dele, posto que Konrad estava dançando com Flora, foi tirar a Princesa para dançar e esta sem saber o que e responder, lançou um olhar de dúvida para a Rainha.

— Vá, minha querida. Seu primo merece esta honra. — Já no meio do salão, Marina falou:

— Acho que não vou com vocês. — Gaguejou, desviando os olhos.

— O que você disse? — Ele estava tão indignado que sem perceber quase esmagou a mão da moça.

— Ai! Minha mão! — E depois de refeita: — Isso mesmo que ouviu. Eu não vou. — Ela estava trêmula. — Eu tenho medo, muito medo... — Falou num sussurro.

— Depois de tudo que viu e ouviu? Lembra do que eu disse à tarde? Você vai nem que seja arrastada. — Falou com raiva, sem que o sorriso cortês deixasse sua face conforme conselho de Alda.

— Você está me machucando! — Ele prendeu sua mão outra vez. — Solte-me ou eu vou gritar.

— Se desejar ser culpada do meu sangue... Vá em frente, grite! Nossas vidas estão em suas mãos. — Ele falou olhando bem fundo nos olhos da moça. — A decisão é sua. — Acrescentou calmamente.

— Não quero que você morra. — Gemeu. — E não quero morrer, também.

— Eu sei que não. Mas de que vale viver desta forma? — Sua voz tremeu e por um momento a capa de ódio que o protegia, caiu, e ela pode ver que bem lá dentro ele também tinha medo. — É hora de irmos.

A Rainha, notando o movimento, chamou Richard:

— Mande alguém obstruir-lhes o caminho. — Sussurrou. — Seja o mais realista, possível.

— Perfeitamente, Senhora. Eles vão querer libertar o jovem Guilherme e eu farei com que tenham problemas, mesmo que pequenos. — Ela assentiu.

— E Richard! — O outro se deteve. — Não mate Alan De Brier. Controle seus impulsos, por hoje.

Alan se retirou, quase arrastando Marina, embora tentasse parecer o menos suspeito possível. Flora, porém, notando-lhe os movimentos e foi atrás deles.

— Alan, aonde vai? E por que arrasta a princesa? — Não havia ciúme em sua voz, só preocupação.

— Tenho uma missão e devo partir, agora. — Fez pausa. — Seu tio lhe dirá tudo. Confie em mim. — Ela foi em sua direção e lhe deu um rápido beijo nos lábios. Sussurrando: “Eu confio.” Nesse ínterim, Alan soltou Marina que assustada e, também enciumada, começou a recuar em direção ao salão. Konrad chegou, logo em seguida, não viu o beijo, mas achou a cena suspeita.

— Alan, que faz aqui? — Seu olhar era de desconfiança. — Alteza, por que está tremendo?

— Konrad não se interponha, estamos partindo. — Alan falou tentando manter o controle da situação.

— Partindo!? E para aonde, posso perguntar? E o que a Princesa faz aqui? Responda-me! — Tinha sido treinado para morrer pela realeza se preciso fosse. — Não me faça chamar a guarda, Alan. — Ameaçou.

— Konrad, não é nada do que está pensando. Marina e eu...

— Vá sozinho, Alan. Eu não vou. — Disse Marina se acovardando. — Ele vai partir, Sir Konrad, não lhe faça mal. Ele não queria me ferir... — Konrad estava confuso. — Acredite em mim.

— Marina, não seja tola! Você vem comigo. — Disse segurando o braço da moça.

— Não, eu não vou! — Choramingou e Richard apareceu à distância com alguns guardas.

— Alan, ouviu a dama. — Fez pausa e continuou em voz baixa. — O que pretende fazer de sua vida, meu amigo? Está metido em alguma sorte de traição? Ainda há tempo de voltar atrás!

Alan não respondeu, somente pegou Marina pelo braço e foi puxando-a em direção aos estábulos. Konrad estava ferido, mas, mesmo assim, ia defender sua princesa, só que Flora entrou na sua frente.
— Konrad deixe-o ir, por favor! — Era torturante para ele fazer qualquer coisa que a desagradasse, mas era preciso... “Suas emoções a cegaram, mas eu não posso permitir que o mesmo me aconteça!”

— Não posso! Seria traição, traição! — Gaguejou e, desvencilhando-se dela com carinho, mas firmeza, gritou: — Sir Richard! Traição!

— Pare onde está, De Brier! — Gritou Richard do alto de sua voz.

— Me pegue primeiro, canalha! — E voltando-se para Marina: — Vê o que fez, sua tola? Se não correr terá nosso sangue sobre sua cabeça. — Fez pausa. — E viverá com essa culpa até o fim dos seus dias!

— Me perdoe. — Falou Marina entre lágrimas. — Me perdoe!

— Então corra! Por Deus, corra! — Foi o que fizeram, caçados de perto pelos homens de Richard. Konrad não poderia lutar por causa de seus ferimentos, deixou-se ficar parado observando e lamentando: “Alan, meu amigo, por que fez isso comigo. Terei que odiá-lo, agora! Terei que perseguí-lo! Por que decidiu ser um traidor? Por quê?”

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