quinta-feira, 26 de março de 2009

Mangá-Ka brasileiro ganha destaque na BBC



O site da BBC trouxe uma matéria sobre o mangá-ka brasileiro Thiago Furukawa Lucas, que publica no Japão. A revista Made in Japan já tinha trazido matéria sobre ele e os mangás da JBC são enfocados no texto da BBC. Enfim, não sei da qualidade do roteiro do cara, mas o traço é muito bom. De qualquer forma, é um estímulo para que garotos e garotas brasileiras persigam os seus sonhos.
Brasileiro faz sucesso como desenhista de mangá no Japão

Ewerthon Tobace
De Tóquio para a BBC Brasil


A rotina de Thiago Furukawa Lucas, de 24 anos, é tão corrida quanto a dos imigrantes brasileiros que estão nas fábricas japonesas.

Ele trabalha cerca de 12 horas por dia, inclusive nos finais de semana. Mas o jovem não reclama. Está feliz, pois realizou o sonho de ser desenhista profissional de mangá, profissão almejada por muitos japoneses e também estrangeiros.

Escondido sob o pseudônimo de Kamiya Yuu, o brasileiro está no seu segundo trabalho, intitulado Greed Packet Unlimited. A história é publicada mensalmente pela Ascii Media Works, uma das principais editoras do país.

"Ele tem muitos fãs", entrega a editora-chefe Michiko Doi.

O roteiro de Greed Packet Unlimited é bastante curioso. Fala de um mundo em que jovens usam o celular para ter acesso a poderes especiais, mas precisam dar um jeitinho para pagar as bilionárias contas de telefone.

Cada magia consome "packets" e vem daí o nome do mangá: algo como "Desejo por packets ilimitados" em tradução livre.

Futuro promissor

O mangá anterior de Lucas, chamado Earise (Earth), durou três anos e foi também um sucesso.

"Ele tem talento e seu trabalho tem potencial para crescer muito mais", elogia Michiko.

Entre os profissionais que trabalham para a revista Dengeki Maoh - são cerca de 20 desenhistas -, onde os trabalhos de Thiago são publicados, ele é o 5º mais popular.

Com um japonês afiado, o paulistano diz, no entanto, que ainda é um aprendiz da arte.

"Tenho muito para melhorar", fala. "Hoje vejo que meu primeiro trabalho não está bom. Se pudesse, desenharia tudo de novo", afirmou.

Descoberto por um "olheiro" numa feira de mangá, Lucas começou fazendo bicos. Isso foi há quase quatro anos. Hoje, para dar conta de entregar os capítulos no prazo, ele tem a ajuda de três funcionários.

"Quando entra muito serviço, chego a ficar até dois meses sem sair de casa", diz.

No começo, como não tinha experiência, Lucas chegou a dormir apenas três horas por dia para conseguir terminar os desenhos.

"É uma profissão muito estressante e a cobrança é grande", entrega o rapaz. "Mas estou muito feliz com essa profissão", ressalva.

'Desenhos irreverentes'

A palavra mangá significa "desenhos irreverentes". Surgiu em 1814, primeiramente como ilustrações e caricaturas sobre a cultura japonesa.

Em 1947, o primeiro mangá publicado foi o Shin Takarajima (A Nova Ilha do Tesouro), de Osamu Tezuka, chamado no Japão de "Deus Mangá".

Foi Tezuka quem definiu as características dos quadrinhos japoneses, como expressões faciais exageradas, elementos metalinguísticos - como as onomatopéias - e enquadramentos que dão um impacto emocional maior.

No Japão, a indústria do mangá representa cerca de 40% do que é impresso no Japão. Por ano, as editoras movimentam mais de 5 bilhões de dólares, com a venda de perto de 750 milhões de exemplares.

Os maiores consumidores no exterior são os Estados Unidos, França e Alemanha. Mas o Brasil também tem se mostrado um grande filão para o segmento.

"Desde 2001, quando os mangás começaram a ser publicados no Brasil, o crescimento do mercado foi incrível", atesta Marcelo Del Greco, da editora JBC, uma das pioneiras no Brasil.

"Considerando todas as concorrentes que trabalham com o segmento no país, pode-se dizer que o número de editoras quadruplicou desde que começamos", compara.

Ele conta que a editora começou publicando quatro títulos, há oito anos, e hoje possui quase 40 mangás no mercado.

Entre os sucessos editoriais estão Samurai X, Sakura Card Captors, Death Note, Nana, Cavaleiros do Zodíaco - The Lost Canvas, Negima, entre outros.

"Por mês a JBC coloca cerca de 500 mil exemplares de mangás nas bancas", conta Del Greco.

11 pessoas comentaram:

Que bom que ele esteja sendo reconhecido pelo seu esforco.

Que pena que isso ainda tenha que acontecer no exterior.

Eu li o primeiro capítulo. Ele é um bom desenhista e tem boas idéias. Mas vou ser sincero... rolou uma cena lolicon cabeluda que é pau a pau com o que a gente vê em Kodomo no Jikan. Aí a gente fica sem vontade de se orgulhar do conterrâneo, na boa. :\

li a matéria na Neo Tokyo e achei muito interessante. Ainda não vi o primeiro capítulo por que só achei o mangá no original.

Por outro lado tenho inveja dele em ter uma obra publicada na Dengeki, já que adoro as obras da revista.

Lancaster tem ele traduzido em outro idioma (de preferência inglês) em algum lugar?

Não, a obra é muito recente. Mas as cenas não deixam dúvidas. Você pode ver o primeiro capitulo aqui em japonês. Vá direto a ultima pagina do preview, se estiver curioso.
http://maoh.dengeki.com/try/greed/01.html

Por, que inveja do cara,eu desenho a tanto tempo e ainda nada, queria que o povo valoriza-se mais o mercado daqui,pra evita te perde os nos atestas por mercado estrangeiro,mas fazer o que,né
O traço dele é muito bom mesmo,ele esta acima de muitos profissionais daqui,o colorido dele é muito bom ^^mesmo assim achei ,o roteiro meio bobo^~sem falar na propaganda de lame que tem no mangá é bem critante ^^espero que essa matéria serva de incentivo pros nosso mangá-ka daqui ^^

Eu vi a matéria numa lista de ilustradores do qual eu faço parte, e infelizmente acho que douraram a pílula demais.

O cara é descendente, mora no Japão tem anos, fala japonês impecável e assina com pseudônimo oriental. O fato dele ter nascido no Brasil é tão relevante lá quanto a cor do cabelo dele. Mas a reportagem dá a entender que foi um brasileiro que foi, lutou e venceu.

E ao falarem que a história que ele desenha é a quinta mais lida daquela editora, dão a entender que ela é muito famosa por lá. E quem conhece o mercado editorial japonês sabe que não é bem assim: são várias séries estourando ao mesmo tempo, não existem só hits, e que todos os mangás tem que vender bem ou são cancelados. Não é como aqui, onde uma ou duas séries pipocam ao mesmo tempo.

Não ficou claro tb se ele tb é o roteirista, não explicaram direito que tem uma equipe toda por trás. E o traço dele é bonito, mas nada surpreendente. Tá dentro do padrão esperado pras revistas shonen.

Na verdade a Media Works é bem nanica. Para os padrões dela, deve ser bem sucedida. Mas a Dengeki Maoh é uma revista voltada a um perfil de otaku hardcore. Esse tipo de material vende bem na primeira semana e se paga rapidinho, mas não cresce tanto assim, de modo geral. Por isso que nas listas de mais vendidos, tem tanto material que chega lá – para na semana seguinte, evaporar do mapa. Esse Greedy Packet tem todo o perfil desse tipo de material. E é relativamente raro a Media Works chegar entre os dez mais vendidos na lista seinen.

ah sim não foi na Neo Tokyo que eu li isso, e sim na Made in Japan. Citei errado.

De todo jeito sendo otaku ou não gosto do material da Dengeki (com algumas exceções é claro).

Foi exatamente lá que saiu Iriya no Sora e Ookami to Koushinryou (Spice and Wolf). Dois títulos que ao meu ver não devem nada a qualquer coisa que esteja no topo da lista dos mais vendidos.

Isso sem falar nas outras revistas da Dengeki, onde foram publicados Kino no Tabi, Azumanga Daioh, Gunslinger Girl e To Aru Majutsu no Index.

Gabriela
Sobre o Thiago acredito que ele tenha sofrido bastante para chegar onde chegou. O fato de ser descendente de japonês não dá a ele nenhuma vantagem, pelo contrário, é até pior. Os japoneses acham que qualquer um que tenha cara de japonês tem obrigação de saber o idioma e os costumes do país.

Até onde sei o Thiago se mudou pra lá quando pequeno, e sem saber nada do idioma. E sofreu bastante ijime (bullying) no colégio por causa disso. Não foi nada fácil a adaptação, quanto menos começar a desenhar mangás profissionalmente. O japonês fluente veio depois de tudo isso. Ser descendente não o ajudou em nada.

Falo isso por experiência própria. Para se ter uma idéia, meus familiares e muitos descendentes da geração atual não sabem muito sobre o Japão. E o que se fala aqui da cultura japonesa é na maioria das vezes apenas a cultura tradicional (taikô, "sushi e sashimi", origami, etc).

Isso sem falar que o japonês falado no Brasil já é diferente daquele falado no Japão. Não somente pelo fato dos termos estrangeiros, mas no uso de determinadas palavras em certas ocasiões (questão de formalidade muito exigida pelos japoneses).

Já vi ínumeros casos de descendentes que se deram mal indo para lá pensando que o fato de serem descendentes seria uma vantagem. Nesse ponto todos os méritos para o Thiago

Leandro, muito bons o seus comentários. Eu realmente não acho que tenha sido fácil para ele, mas estar no Japão desde a infância, deve ter sido fundamental para aprender a linguagem mangá, e é isso que faltam aos pseudo-mangá-kas de outros países.

De resto, se uma revista me deu Azumanga Daioh, ela não precisa fazer mais nada em 50 anos. :) Eu não li ou assisti Iria no Sora e Spice Wolf, mas meu marido elogia bastante, especialmente o primeiro.

Leandro, meu comentário não quis rebaixar o Thiago e nem tive a intenção de dar um tom "ah, assim é muito fácil, até eu..." (embora vc não tenha me acusado disso).

Só quis dizer que uma pessoa mais desinformada que lesse a matéria pensaria que com 20 anos de idade o rapaz fez as malas, se mandou pro Japão e hoje está desenhando o concorrente do Naruto.

Por ele ter vivido lá desde novinho a imersão dele na cultura japonesa foi bastante facilitada, acredito. Já sobre preconceitos e facilidades, é a parte onde eu realmente boio porque não sei...

O traço é bonito, mas só de ver a capa com aquela menininha com cara de quem tem uns 10 anos, com a calcinha a mostra, perdi qualquer vontade de ver alguma coisa sobre esse mangá! -___-'

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