sábado, 13 de novembro de 2010

Comentando O Amor Não Tira Férias



Bem, bem, ao invés de cochilar hoje a tarde (*dormi menos de duas horas durante a noite*) peguei para assistir um filme que tinha comprado nas Americanas uns quinze dias atrás por puro impulso: O Amor não Tira Férias. Mais um daqueles títulos idiotas, claro, porque no original é simplesmente The Holliday, um título simples, direto e que conseguia resumir a mensagem do filme. The Holliday é de 2006 e não lembro se estreou no cinema, mas, na época, por conta do doutorado, eu dificilmente teria ido assistir. Na verdade, tinha começado a dar uma olhada no filme ontem, sem grandes expectativas para além, talvez, de confirmar o talento da Kate Winslet e reforçar a impressão que o Jude Law é um dos sujeitos mais bonitos e charmosos do cinema atual. Mas descobri que o filme era metalinguagem pura, cheio de deliciosas referências a outros filmes, e foi um prazer ficar mais de duas horas assistindo. Veria de novo... e devo ver um dia, afinal, o filme vai ficar no meu acervo. e eu já parei para ver de novo algumas seqüências... Mas vamos lá para a história.

Duas mulheres de mais de trinta anos, Iris a inglesa (Kate Winslet), outra a americana Amanda (Cameron Diaz), são bem sucedidas profissionalmente, mas andam mal de relacionamentos amorosos. Cameron Diaz é rica e tem uma empresa que produz trailers para o cinema. Ela é workaholic e, por conta de um trauma, não consegue derramar uma lágrima desde os 15 anos de idade. Seu namorado a traiu com a secretária bem mais jovem, por culpa dela mesma, segundo ele, e ela o coloca fora de casa aos socos e pontapés. Já Kate Winslet – que lembra a Bridget Jones em alguns aspectos – é uma repórter que tem um caso de longa data com um colega, Rufus Sewel (*que fica bem melhor usando barba*), e descobre, na festa de fim de ano da empresa, que ele está de casamento marcado com outra colega de trabalho. O sujeito, na verdade, a explora, ela revisa seus textos de graça, e ele brinca com os sentimentos dela. De novo lembra Bridget Jones com o chefe cafajeste, mas a Kate Winslet, que quase se afoga de chorar e não vai descolar nenhum Mr. Darcy...

Cameron Diaz quer sumir de Los Angeles por uns tempos e descobre um site de troca de casas para o feriado de Natal. Sério, é isso mesmo. Ela entra em contato com Kate Winslet, que mora em um simpático chalé, e tinha oferecido sua casa na internet, e termina decidindo ceder sua mansão para ela. As duas trocam de país e de casa, deixando para trás as suas amarguras por 15 dias. A dondoca e trabalhadora compulsiva Amanda fica chocada e meio perdida ao chegar na Inglaterra, e decide voltar para casa até que um Jude Law bêbado (*mas limpinho e muito sedutor, claro*) acaba aparecendo na sua porta. Seu nome é Graham e ele é irmão da personagem de Kate Winslet. Já a inglesa se esbalda na mansão da americana e faz amizade com um vizinho de mais de 90 anos, roteirista consagrado (*e oscarizado*) de Hollywood, que lhe dá conselhos, sugere filmes clássico e nos oferece as falas mais legais do filme. De quebra, ela conhece o Jack Black (*como esse ator é simpático... pode até não ser gente fina na vida real, mas é a impressão que passa nas telas*), compositor de trilhas sonoras que tem uma vida amorosa tão complicada quanto a dela. Mas, enfim, elas só têm um feriado e o que acontecerá depois?

Bem, há dois pontos altos em The Holliday, para mim. O primeiro são os diálogos entre o velhinho Arthur e Iris (Kate Winslet). Ele conta velhas histórias de Hollywood, comenta sobre clássicos, sobre atores e atrizes, como as coisas eram nos velhos tempos, oferecendo uma terapia (*quase*) gratuita para a moça. Em um determinado momento ela conta seu “drama” amoroso e ele diz “Nos filmes, nós temos as protagonistas (leading ladies) e as melhores amigas. Você com certeza é uma protagonista, mas se comporta como a melhor amiga.”. No que ela concorda dizendo que “Você precisa ser a protagonista da sua própria vida”. Aprendi com ele a gíria “cute meet” que são aqueles encontros absolutamente fortuitos e esquisitos usados nas comédias românticas para aproximar o mocinho e a mocinha desde os anos 30. O segundo é o romance do Jude Law com a Cameron Diaz.

No geral, não sou fã da Cameron Diaz, não lembro de nenhum filme dela em que a sua atuação tenha se destacado, mas ela e o Jude Law conseguiram passar um entrosamento incrível., talvez a palavra certa seja química. Claro, que dentro dessa estrutura de filme, a história de sexo casual e nada de compromisso não iria colar, e os dois terminariam apaixonados, mas o romance dos dois é simpático, tem ótimos diálogos (*mérito geral do filme*), e é caliente na medida certa. É uma delícia ouvir o sotaque do Jude Law e olhar para ele, também, claro. Como eles começaram pelo sexo, o romance dos dois segue uma ordem invertida em que eles acabam se conhecendo melhor com o passar do tempo, que é pouco. Para completar, as filhinhas da personagem de Jude Law são uma graça. A menorzinha falando que a Cameron Diaz parecia a sua boneca Barbie foi perfeito. E obviamente as caras e bocas da Cameron Diaz quando acha que o sujeito é casado são impagáveis. A parceria do pai com a filha mais velha (*que percebe que Cameron Diaz é “a namorada” dele logo de cara*) e o embaraço da personagem de Jude Law diante da sua condição de viúvo acrescentaram cores ao romance dos dois. Mas as carreiras de ambos tornariam inviável o romance... ou alguém teria que sacrificar sua felicidade profissional. Só que a opção parece ser “que seja eterno enquanto dure”, e o filme, claro, é somente um divertimento de Natal. Amanda se imaginando em um trailer que vai mudando ao longo do filme foi um recurso bem divertido. E, obviamente, nada como um bom trailer para vender um filme, ainda que ele seja muito ruim... e ela sabe bem disso.

O romance de Iris com a personagem de Jack Black é bem mais morno, afinal, os dois estão ainda enrolados com seus ex, ao contrário do casal anterior. Mas quando falo "morno", não quero dizer ruim, talvez por Iris ficar tanto tempo com Arthur, o velhinho, quanto com a personagem de Jack Black tenha tornado o romance deles mais apagado. Mas, neste caso, o foco é a recuperação emocional e a recuperação da auto-estima. Amanda e Graham não tinham lá muitos problemas com isso (*fora o namorado da Amanda ter colocado na cabeça dela que ela era "ruim de cama", o que venhamos e convenhamos, é muito sério*). Então, Kate Winslet e Jack Black primeiro ficam amigos, e a cena da locadora, com a participação especial do Dustin Hoffman foi curta, mas muito inspirada e ao som de Mrs. Robinson. Com o passar do tempo, cria-se um clima entre eles, mas os ex voltam para assombrá-los. Quando Rufus Sewell, em um papel mais que cafajeste, aparece nos EUA, pensei que a Kate Winslet teria uma recaída, mas não foi bem assim. Ela seguiu os conselhos do velho Arthur, o roteirista. Aliás, foi uma troca. Ela ajudou o velhinho a se abrir de novo para o mundo e ele a ajudou a aprender a encarar a vida de frente.

Talvez, se fossem dois filmes separados, com a história de Amanda e Graham de um lado, e a de Iris, Jack Black e o velho roteirista do outro, o resultado pudesse ser ainda superior.. O segundo romance ficou um pouco prejudicado pelo primeiro, eu diria. E eu queria que tanto um lado quanto o outro tivesse mais espaço em tela. Enfim, para um filme do qual não esperava nada até que consegui tirar muita coisa. Ri, suspirei um pouco, lembrei de filmes muito amados, fiz algumas poucas reflexões. O filme é, por um lado, uma história sobre recuperação da auto-estima feminina, mas não somente, por outro um filme sobre aprender a se abrir e aproveitar os bons momentos da vida, pois, afinal, ela é curta. Não sabemos, se os romances irão durar, não é esse o objetivo de The Holliday, mas que eles sejam bons enquanto possíveis. Ah, antes que eu termine, acho que o filme cumpre duas das Bechdel Rule: há pelos menos duas personagens femininas com nome e elas conversam entre si. Quatro delas interagem de alguma forma, as duas protagonistas, e as filhinhas - Sophie e Olivia - do Jude Law. O problema é que o assunto principal da conversa entre elas é o Jude Law... E como não seria?
Ah, sim! A diretora é a Nancy Meyers. Eu imaginei que fosse, reconheci a grife, mas só fui confirmar agora. Eu tenho que assistir outros filmes dessa diretora, que não é feminista, que fique claro, mas tem uma preocupação de fazer filmes para mulheres, especialmente brancas, de meia idade, classe média alta, etc., eu sei, mas que, ainda assim, podem ser interessantes. Simplesmente Complicado é ótimo.

4 pessoas comentaram:

Quando você assistir "Salt" vai comentar no blog?

Eu queria saber sua opinião sobre Evelyn Salt.

Vish! Fiquei surpreso com a resenha desse filme aparecendo por aqui só agora... Bom, eu vi esse filme em 2008 e foi uma agradável surpresa...
Eu não sei dizer se eu gostei mais da parte da Kate Winslet ou da Cameron Diaz, mas eu posso dizer que eu não acho o Jude Law tão bonito assim rsrsrs Sim, ele é gato, mas sei lá... Falta alguma coisa... Agora vem o comentário arrasador e sem noção: Eu acho o Jackie Black uma graça!
Enfim, foi um filme que eu terminei com um sorriso no rosto e sensação de muita satisfação.

Que legal ver você comentando esse filme! É um dos meus filmes favoritos. Quando ele saiu no cinema fiquei morrendo de vontade de assistir, mas acabei não conseguindo.
Comprei o DVD só no ano passado e amei o filme. A surpresa pra mim foi o Jack Black! Gostei muito do personagem e também acho ele super simpático. E também concordo que o casal Jack Black/Kate Winslet ficou meio apagado em relação a Cameron Diaz/Jude Law.

Seu comentário sobre o filme foi o máximo! Também tenho este filme e é uma delícia.
Bjs

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