segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Comentando Cowboys & Aliens



Sábado fui assistir Cowboys & Aliens. Sabia das críticas negativas, não senti vontade de ler a HQ (*e nem saí do filme com vontade*), mas tinha achado o trailer muito legalzinho. Fora isso, gosto do trabalho do Jon Favreau, graças ao Homem de Ferro, e a idéia de misturar aliens com qualquer coisa no século XIX, me pareceu promissora. Sabia desde o início que seria um filme pipoca. E daí? A gente pode ir cinema para se divertir com metade do cérebro desligado, não há mal algum nisso. Também sabia desde o início que seria um filme sem personagens femininas marcantes... OK, até esperava mais da personagem da Olivia Wilde, especialmente na primeira metade do filme, mas não saí de casa imaginando que Cowboys & Aliens cumpriria a Bechdel Rule. Daí, achei o filme muito satisfatório e divertido, com personagens humanas e carregadas de defeitos. Para quem, é claro, queria heróis imaculados, ou humor, ou romance, claro, o filme deve ter sido desestimulante ao extremo. Mas, falando francamente, um bom faroeste, ou melhor, os grandes faroestes, são áridos e com personagens dúbias. Cowboys & Aliens não é um grande faroeste, mas, pelo menos neste aspecto, não decepciona.

Para quem não viu o trailer. Cowboys & Aliens começa em 1873, com um homem (Daniel Craig) no deserto, ferido e desmemoriado. Esse sujeito tem um dispositivo tecnologicamente avançado em um dos pulsos e não consegue retirá-lo. Ele se dirige para uma cidadezinha que é controlada por Woodrow Dolarhyde (Harrison Ford), cujo filho mimado aterroriza e humilha a todos os habitantes. A personagem de Daniel Craig o enfrenta e acaba reconhecido como um famoso fora da lei chamado Jake Lonergan. Tanto ele quanto Dolarhyde-filho são presos. Mas, quando iriam ser transferidos para Santa Fé, naves alienígenas atacam a cidade, causando danos e seqüestrando pessoas. Apesar de Woodrow Dolarhyde odiar Lonergan, ambos precisam se unir com outros cidadãos e sair em busca dos “demônios” que destruíram parte da cidade, mataram gado e levaram boa parte da população. Além dos homens, há uma mulher estranha que vai junto com o grupo, Ella Swenson. Ela esconde um segredo que será revelado ao longo do filme.

Não precisaria nem dizer que os aliens são violentos, mais fortes que os humanos (*clichê*) e, como está na moda hoje, não usam roupas. Gostei do design dos ETs, lembrou um pouco Alien, sem ser Alien. Aliás, duvido que a intenção não foi essa mesmo. Eu não consigo entender os motivos do fracasso do filme nos cinemas americanos – o que autorizou os críticos daqui a detonarem a produção sem nenhum dó – mas desconfio de algumas. Em primeiro lugar, o filme definitivamente não é censura livre, como virou moda agora. Ele é muito violento, muito mesmo, e não é aconselhável para crianças... Quer dizer, não as crianças de hoje em dia. Obviamente, não tem sexo... mas tem alguma nudez... Isso atingiu os lucros. Apesar de ter menino e cachorro, não há ternura no filme. Em alguns momentos, temos alguns sentimentos ternos ganhando a tela, mas, no geral, geral é um filme contido, árido.

Outra questão do filme é que as protagonistas, especialmente o Woodrow Dolarhyde de Harrison Ford, é um homem muito desagradável. Trata-se de um coronelão, capitalista selvagem, racista e cruel... O povo queria o Harrison Ford com sua personalidade de sempre. Podem até ter comparado a personagem com Indiana Jones, mas eu não vi semelhança, salvo o chapéu e o cavalo. Mas eis que essa rudeza, essa crueldade, combinam com o meio. O pastor – uma das boas personagens do filme – diz que já viu gente boa fazer coisas muito ruins, e gente ruim fazendo coisas muito boas. Esse é um dos pontos do filme. Os protagonistas – homens rudes, moralmente questionáveis – tem que se unir, não porque rola um “bromance” entre eles, mas porque era isso ou tudo ia para o saco. Eu valorizo essa idéia de sobrevivência. Mas, claro, queria que o filho “Timotinho Cabral” do Harrison Ford se quebrasse... E o rapaz índio era tão “André” da Rosa de Versalhes que uma das cenas dele com o racista do Ford foi de cortar o coração... Aliás, queria que a personagem do Frod morrese desde a sua primeira cena... Depois, eu relevo um pouco, mas ele não se torna um homem muito melhor. E Daniel Craig está correto. Queriam que o homem fosse tagarela, sentimental e engraçadinho? Não era este o espírito. Até queria que fosse um viajante do tempo, mas não rolou...

De qualquer forma, é mais um filme que coloca a alteridade. Humanos desprezam outras espécias, às vezes, desprezam até seus semelhantes, vide a relação entre brancos e índios, e se os aliens fizessem o mesmo conosco? A persoangem de Olivia Wilde em um dado momento diz que os inimigos vêem os humanos "como insetos". Pena que a personagem de Wilde seja tão irregular. Ela tinha potencial, mas ninguém se preocupa em explicar aquela bela e jovem mulher, que vaga pela cidade, freqüentam lugares masculinos e, do nada, se junta ao grupo de caça aos aliens... Caçada, não! Luta desesperada! E, claro, todas as chances estão cotnra os humanos que, nas suas limitações, acreditam que os aliens sejam demônios.

Acredito que outro incômodo dos críticos foi a mistura de ficção científica e faroeste; cowboys, índios e aliens. Eu curti. Não foi o melhor filme do ano, mas está longe de não ser um espetáculo satisfatório. Quer se divertir? Quer um filme pipoca bem dirigido? Não se importa que as personagens sejam silenciosas (*talvez um pouco rasas*) e rudes? Cowboys & Aliens não vai te decepcionar. Recomendado, leva uma nota 6,5 ou 7,0 fácil. é mais um filme da categoria "para assistir com meu pai". Duvido que ele não vá gostar. Agora, vamos ver O Homem do Futuro. Em relação a esse filme eu tenho minhas dúvidas...

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