sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A Hope ensina... que as mulheres são objeto e precisam ter medo dos seus maridos



Nos últimos dois dias um dos comentários dos jornais – escritos e televisivos – é a campanha “A Hope ensina” e a tentativa da SPM de tirá-la do ar. Antes que eu tivesse visto as tais propagandas, eu tinha lido o post da Lola. Pois bem, a partir daí a SPM – Secretaria de Políticas para as Mulheres – entrou com uma ação junto ao CONAR para que a propaganda fosse tirada do ar. Houve outras reclamações, também. Segundo a secretaria, a propaganda "estereótipo equivocado da mulher como objeto sexual de seu marido e ignora os grandes avanços alcançados para desconstruir práticas e pensamentos sexistas". Basicamente, Gisele Bündchen, que tem muito dinheiro e pode escolher a qual produto ou propaganda “empresta” seu rosto ou corpo, aparece vestida e dá uma notícia “ruim” para o marido como, por exemplo, que “mamãe vem morar conosco”. Aparece um aviso sonoro e a mensagem ERRADO. Depois, ela volta de lingerie – afinal, é isso, além de estereótipos, que a Hope vende – e dá a mesma notícia. Agora, sim! Está CERTO. Bati o SEU carro, porque mulher não tem carro próprio... Ainda mais Gisele! Estourei o limite do cartão de crédito, que provavelmente não é pago pelos dois, ou por ela, mas pelo marido. Vergonha!

Em primeiro lugar, vedemos a idéia de que mulheres são tão impotentes – afinal, não tem carro, não podem trazer a mãe para morar com elas ou passar dias, não pagam suas próprias contas – que precisam usar de subterfúgios para não caírem em desgraça com o marido. Pergunto-me o que será que ele faria? Bateria na Gisele, tadinha? Afinal, ela bateu o carro do sujeito... Isso me lembra uma matéria recente no SBT falando que em Brasília 1/3 dos candidatos reprovam quando vão tirar a carteira. Só mostraram mulheres, só entrevistaram reprovadas... Será que a Hope usou essa matéria tendenciosa como modelo? Acho que as seguradoras – que devem querer perder dinheiro – não sabem como as mulheres fazem tanta bobagem no trânsito. Segundo, ensina didaticamente que os homens – especialmente o seu marido – é um idiota, uma calcinha bonitinha pode fazer com que ele atenda todos os seus desejos. E, claro, reforça uma idéia de que mulheres, para chegarem a algum lugar, precisam usar suas únicas armas, ou seja, seu corpo. Desde que, claro, jovem, magro (*poderia escrever esquálido, mas Gisele não está entre as piores nesse quesito*) e BRANCO. Putz... de repente, a Hope diz que escolheu a Gisele para nãos er acusada de racismo... Sei lá...

Os publicitários, claro, reclamam, trata-se de uma brincadeira (*Ah, deja vu...*), a Hope diz que jamais poderia tentar desrespeitar o seu público, daí escolher a Gisele que, recentemente, apareceu limpando o chão em outra propaganda... Olha, tudo isso é balela! Há propagandas brilhantes, eu, por exemplo, adorei pôneis malditos, mas a média não é essa. Aliás, recentemente, foi tirada do ar a propaganda da Caixa Econômica Federal na qual Machado de Assis, nosso maior escritor e mulato, era interpretado por um ator branco. Linda a propaganda, muito respeitosa, mas pecou em um ponto fundamental. Assim como no caso da Gisele, há quem nem note, sabe por qual motivo? Estamos acostumados a nos vermos como mais brancos do que somos. Estamos também acostumados a vermos as mulheres como objeto sexual, ou incompetentes e, também, a ouvir que os homens pensam com seu pênis, que são fáceis de levar. A campanha da Hope é um péssimo exemplo, porque se assume como didática, ela se propõe a “ensinar” e nós mulheres, especialmente as jovens, as adolescentes e meninas, precisam aprender como se virar nesse mundo cruel, onde os homens tem dinheiro e poder e as mulheres medo deles, por isso precisam usar seu corpo... Todos nós perdemos, não somente as mulheres.

Só para fechar, saiu uma pesquisa apontando que as mulheres são melhores pagadoras, por isso, muitas têm seu próprio carro e cartão de crédito, ainda que a Hope não saiba, e que os nordestinos e os mais pobres são melhores pagadores. É isso, precisava comentar, antes que caísse no caso do Miss Universo, que já esfriou e eu não cometnei aqui.... E espero que o CONAR tire a propaganda do ar mesmo... Mas, claro, quando isso acontecer, a campanha já terá atingido seu alvo, que pelo menos algumas pessoas reflitam.
P.S.: Esqueci e fui injusta com as donas de casa, pois ainda que sejam "sustentadas" por seus maridos, a relação de parceria e respeito deve dispensar estes recursos humilhantes. Sedução, afeto, sexo não devem ser moeda de troca para aplacar a ira, ou ilustrar as (supostas) limitações femininas ou masculinas.

6 pessoas comentaram:

Li o post da Lola e o seu agora, e concordo com as duas, principalmente porque sou casada, e não trabalho ou seja, sou "sustentada" pelo marido, mas não é por isso que vou usar o "meu charme" como diz a Hope, pra conseguir o que quero.
E o mais incomoda é ver que o monte de mulheres considera esse comercial da Hope bem humorado...

'homens pensam com o pinto'

a ideia de q só as mulheres saem prejudicadas com propagandas como essa tbm é machista

homens, como eu, muito vezes são estereotipados pela frase aí de cima

e se não são bonitos e viris como homem deve ser, são rejeitados e vítimas de preconceito

e as meninas lindinhas crescem crentes de q são poderosas pq 'homem pensa com o pinto' e elas tudo podem qndo usam a arma certa

e sempre acabam abusadas por algum babaca mau caráter pq depois do sexo bye bye gostosa

homem tbm é feminista pq feminista não é o contrário de machista e sim sinônimo de igualdade entre os sexos

obrigado Valéria

Ainda bem q a Conar está tentando tirar a propaganda do ar,já bastam as propagandas machistas d cerveja e carros. O mais m impressiona é uma propaganda machista sendo os produtos voltados para as próprias mulheres,mas pensando bem tvz nem seja tão incomum.Mas,estam chuvendo comentários dizendo q era só uma brincadeira em alguns blogs.Engraçado q a propaganda do Bombril não levaram na brincadeira.Podem dizer q ñ nada d mais,mas a TV ainda tem forte papel em refletir ou querer reforçar certos "valores" da sociedade ou d parte dela.

Parece que já deram um jeito de tirar a propaganda do ar, não? Tomara.
Eu acho engraçado é que a propaganda segue um padrão que poderia ser chamado de "Selo Gisele": Se tem a Gisele na propaganda, qualquer porcaria tá valendo. Já teve mais de uma propaganda com ela que me desagradou.
O que mais me entristece é a dita cuja não perceber a mensagem que ela veicula com sua imagem.
Falta um criteriozinho na escolha de trabalhos, não?

http://www.hopelingerie.com.br/ch/index.aspx
Reclamem ao serviço de consumidor também pela propaganda exibida no site deles

Também achei péssima a propaganda...
e não tiraram ela do ar não... passa 100 vezes ao dia...
Pra mim, uma pessoa feito a Gisele devia pensar melhor a que ela vai se vincular...
Ultimamente só tem passado propagandas de desrespeito entre casais... a das havaianas é um deles, no qual o marido faz a maior grosseria com a mulher no restaurante e vem dizendo que estava imitando ela de tpm...

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