terça-feira, 24 de julho de 2012

O caso do Lanterna Verde Gay e o Brasil na “vanguarda” do conservadorismo



Uma das notícias que circulou em vários sites hoje foi o desabafo do quadrinista James Robinson na San Diego Comic Con em relação aos fãs brasileiros. Segundo o autor, os brasileiros foram os mais hostis em relação à revelação de que o Lanterna Verde Alan Scott era homossexual. Robinson recebeu mensagens agressivas pelo Tweeter de fãs ofendidos com a revelação. Por conta disso, o autor soltou que "Assim, só por despeito, quando Alan Scott puder amar novamente, o homem de sua vida será brasileiro". É brincadeira, mais do que vingança infantil, mas já tem gente reclamando.

Sinceramente? Eu vejo na homossexualidade de Alan Scott mais um golpe publicitário da DC do que qualquer outra coisa. Prometeram uma bomba (*ser homossexual é furo de reportagem*), que uma das personagens icônicas da editora seria homossexual. Quem são as personagens mais importantes da DC? Batman, Super Homem e Mulher Maravilha. OK, o Lanterna Verde é importante? Sim, mas desde que seja o Hal Jordan. Só que não foi ele o escolhido. Assim fica fácil, em caso de fiasco, se livrar da personagem ou fingir que nada aconteceu. Enfim, a meu ver a decisão da DC nada teve a ver com defesa da diversidade, ainda que possa ter esse efeito sobre os leitores e leitoras. Corajosa foi a Archie Comics, que não esperou um pronunciamento de Obama para se manifestar.

Agora, o que me preocupa realmente é o avanço da homofobia neste país. Como não há lei que puna rigorosamente o discurso ou as ações de ódio, os ataques proliferam na vida real – vide o site "Quem a Homofobia Matou Hoje?" – e discursiva, como no caso dos ataques ao tal James Robinson pela Internet (fora os comentários em vários sites...). Os sujeitos não se sentem ridículos ou envergonhados, mas se acham no direito de agredir e tentar cercear a representação dos homossexuais em novelas, seriados, quadrinhos. Acham que estão exercitando a “liberdade de expressão”, claro. Hoje, parece que o Brasil está na “vanguarda” do reacionarismo e isso não é motivo a comemorar.

4 pessoas comentaram:

Tanto foi um golpe covarde que o tal namorado já foi pro caixão. XD
Mas realmente, saber que brasileiros estão se destacando por conta da intolerância é algo, no mínimo, lamentável, e mostra que a coisa está se tornando tão grave quanto alguns jamais imaginariam... Retrocesso total.

Não podemos nos esquecer que a maior parte do público nerd não é muito tolerante com homossexuais. E misturando isso a um país que cada vez tem mais evangélicos, a coisa só piora. Independente dos motivos da DC em transformar esta personagem em homossexual, o público gay deve aceitar isso de bom grado e fazer cada vez mais questão de serem representados em diversas mídias, afinal tenho certeza que elas podem ajudar e muito em arrancar o preconceito da cabeça de muitos jovens.

Independente de ter sido um golpe de marketing muito do oportunista, é bom que expõe os problema do homofobia, por que muita gente se sentiu incomodada por ter o território dos quadrinhos abordando a temática homossexual. Mas o que mais me envergonhou foi a reação dos brasileiros, provando que não é um povo alegre, pacífico e tolerante coisa nenhuma.

Uma coisa que infelizmente ficou bem evidente com as redes "sociais" é que muitos brasileiros são mais hipócritas e conservadores do que se imaginava. Um país que sempre vendeu a imagem alegre, pacífico, acolhedor e sem preconceito. Aqui tem reinado a intolerância e as reações exageradas e irracionais. E o pior: muito dessa agressividade é disfarçada em forma de piada. O humor, ao invés de ser inteligente e crítico, é utilizado para levantar bandeira de pensamentos conservadores.

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