quarta-feira, 25 de novembro de 2015

25 de novembro, Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher


Hoje, 25 de novembro, é o Dia  Internacional da Não Violência Contra a Mulher, a partir daí começa a Campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres que se encerrará no dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.  Desde sua primeira edição, em 1991, já conquistou a adesão de cerca de 160 países.  Mas, por que precisamos de um dia como esse?  Porque as mulheres e meninas são mais vulneráveis à violência, não aquela genérica do trânsito, do crime organizado, mas a que costuma acontecer nos lares, silenciosa, o estupro, não raro, a coerção, o medo e o feminicídio.

Talvez você não saiba, ou queira saber, mas 13 mulheres são mortas por dia no Brasil, simplesmente, por serem mulheres.  Isto quer dizer que um homem, que se sentia dono de uma mulher decidiu tirar-lhe a vida.  Feminicídio é um crime que ocorre por vivermos em uma sociedade patriarcal que perpetua um modelo de masculinidade violenta e frágil.  Sim, tão frágil que pode ser maculada, colocada em xeque por depender do controle sobre o corpo das mulheres.   A honra masculina, em nossa sociedade, não raro é lavada com sangue.

Imagem da Campanha do senado Federal.
Homens matam homens em embates cotidianos, às vezes por tolice, e isso é lamentável, mas matam mulheres para marcarem sua posse, seu direito sobre elas.  O estupro também é uma demonstração de poder, claro, reforça que o espaço público é masculino e que o corpo das mulheres (e meninas) mesmo quando restritas ao mundo privado é igualmente propriedade de algum homem.  

Quando abrimos o “Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres no Brasil” descobrimos ainda que 66,7% das mulheres mortas são negras.  Há um recorte de raça e econômico, mas quanto a este segundo, não se enganem, em um de seus livros, não lembro qual, a socióloga Heleieth Saffioti afirmou que é mais fácil estudar as mazelas dos pobres do que a dos ricos.  Mulheres pobres alvo da violência falam sobre seus problemas, precisam ir ao posto de saúde, mulheres ricas, ciosas da sua posição social e da dos maridos, temerosas das retaliações dos membros da classe dos homens, escondem, mentem e podem conseguir um médico particular amigo que dê um jeitinho nas coisas. 

Cartunista do Mulher de 30 me surpreendendo.
Para se ter uma idéia, o serviço 180 - que atende registros de violência contra as mulheres - comemorou 10 anos hoje e seus dados, só para 2015 são alarmantes:
Em 2015, do total de atendimentos, 63.090 foram relatos de violência, dos quais 58,55% foram cometidos contra mulheres negras. Esses dados demonstram a importância da inclusão de indicadores de raça e gênero nos registros administrativos referentes à violência contra as mulheres.  Dentre os relatos, 49,82% corresponderam a de violência física; 30,40% de violência psicológica; 7,33% de violência moral; 2,19% de violência patrimonial; 4,86% de violência sexual; 4,87% de cárcere privado; e 0,53% de tráfico de pessoas (o que significam 332 pessoas nesta situação nos primeiros dez meses de 2015).  Campo Grande (MS) permanece com a maior taxa de relatos de violência, seguida por Rio de Janeiro (RJ) e Natal (RN). Entre as unidades da federação, foi no Distrito Federal a maior taxa de relatos de violência pelo Ligue 180, seguido por Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. 
É isso, não prometo um post por dia, como em anos passados, mas estarei fazendo posts relacionados à campanha até o dia 10 de dezembro.

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