quinta-feira, 7 de julho de 2016

Artigo Traduzido: Os 50 Anos de Waki Yamato como mangá-ka


Remexendo no site do The Japan News (link original), tropecei nesse artigo falando dos 50 anos de carreira da espetacular Waki Yamato.  É um texto curto, com algumas falas da autora e considerações sobre sua obra.  Não sabia que ela e Yoko Yamagishi, outra das gigantes dos anos 1970 e além, eram amigas de infância, por exemplo.  Cortei o último parágrafo que dava informações sobre a exposição dos 50 anos da autora, mas ele era irrelevante, de certa forma.  De resto, deixo a última frase de Yamato explicando o motivo pelo qual ela prefere mangás históricos:  "Trabalhos que retratam temas contemporâneos irão parecer velhos um dia. Por outro lado, as obras de época nunca se tornarão desatualizadas. Esse é o mérito de obras históricas".  

Ah, como eu queri ler uma entrevista completa com a autora.  Ela deve ter tanto a dizer...  Para quem não sabe, Yamato Waki fez até mangá policial.  Alguns de seus mangás tem scanlations, mas publicações fora da Itália e França, são poucas.



Os 50 Anos de Waki Yamato como mangá-ka

por Kenichi Sato / Yomiuri Shimbun Staff Writer

Waki Yamato está comemorando o 50º aniversário da sua estreia como artista de mangá. Yamato é conhecida por criar histórias em quadrinhos com temas históricos para meninas.  Agora aos 68 anos, Yamato disse que estava muito feliz por ter sido capaz de trabalhar continuamente. "Estou orgulhosa de mim mesma por conseguir trabalhar duro.", disse ela.

Em suas histórias, Yamato tem criado uma série de heroínas avançadas para o seu tempo em suas histórias, muitas vezes adicionando elementos de comédia romântica.  Uma de suas obras mais populares é "Haikara-san ga Toru" (Aí vem uma garota moderna), publicado de 1975 a 1977. A heroína, Benio, torna-se uma repórter de uma revista durante a era Taisho (1912-1926), quando a democracia estava começando a florescer na sociedade japonesa. Benio alcança seu sonho, encontrando também o romance.  

Waki Yamato
O último trabalho de Yamato, "Ishutaru no Musume: Ono Otsu Den" (A Filha de Ishtar), atualmente em publicação na revista em quadrinhos para mulheres, mostra uma mulher que vive sozinha nos turbulentos anos após as intensas guerras do período Sengoku (1493-1573 ).

Yamato atribui a sua escolha de personagens por ter tido muitas mulheres trabalhadoras em torno dela desde a infância. "Eu sempre pensei que era natural e importante para as mulheres serem independentes", disse ela.

Um dos trabalhos mais antigos da autora.
A artista nascida em Sapporo não teria começado a sua carreira sem a influência de seu irmão mais velho. Yamato foi cativada por obras monumentais de mangá, como "Tetsuwan Atom" (Astro Boy) e "Tetsujin Nijuhachigo" (Gigantor) - histórias seu irmão mais velho lia em revistas em quadrinhos mensais para garotos.  Yamato foi para o famoso festival de neve da cidade durante seus dias de escola para ver o lendário artista de mangá Osamu Tezuka, juntamente com sua amiga Ryoko Yamagishi, [1] que também se tornou mais tarde um artista de mangá de renome.

Yamato fez sua estréia em 1966. Foi durante esses anos, desde o final dos anos 1960 ao início dos anos 1970, que as autores de manga de sua geração - como a Moto Hagio e Keiko Takemiya – revolucionaram os quadrinhos das meninas.  "Muitos delas eram abençoadas com suas especialidades," Yamato lembrou. 
Ishutaru no Musume: Ono Otsu Den
"Houve momentos em que eu me tornei inquieta tentando descobrir qual era a minha", disse ela.  Depois de lutar durante sete a oito anos, ela finalmente conseguiu entender que ela deveria oferecer entretenimento leve. "Cheguei à conclusão de que deveria haver quadrinhos que somente eu puderia desenhar", disse ela. [2]

"Yamato Waki Gagyo Gojusshunen Kinen Gashu: Irodori" (livro de arte que comemora o 50º aniversário da carreira artística de Waki Yamato: Cores), publicado pela Kodansha Co., contém várias ilustrações coloridas de suas histórias, que foram impressas em cores quando eram destaque em revistas em quadrinhos, mas saíram em preto e branco quando eles foram posteriormente publicados como livro.

Asaki Yumemishi, considerada sua obra máxima.
As mais deslumbrantes entre elas estão as fotos de "Asaki Yumemishi," adaptação de Yamato em forma de mangá para " Genji Monogatari." As imagens apresentam com beleza a cultura de corte do Japão por volta do século 10.  

Yamato trabalhou em "Asaki" durante 30 anos de seus 40 anos de carreira, quando ela "era capaz de trabalhar de forma mais eficiente." [3] Yamato diz que foi bastante desafiador para visualizar os detalhes físicos para a definição do romance épico, porque os materiais de referência que encontrou eram insuficientes.  Yamato percebe o romance original como "um monstro que viveu por um mais de mil anos."

Yokohama Monogatari.
Embora ela tenha mantido o esboço da história, ela evitou a ênfase do livro original sobre o sofrimento extremo. "Eu tentei transformá-lo em algo que eu queria ler. Eu acho que acabou por ser uma leitura agradável, um belo trabalho." [4] Mesmo criando mangás de vários gêneros, são suas obras centradas em temas históricos as que se mostraram mais populares.  "Trabalhos que retratam temas contemporâneos irão parecer velhos um dia. Por outro lado, as obras de época nunca se tornarão desatualizadas. Esse é o mérito de obras históricas ", disse ela.


[1]  Riyoko Yamagishi é uma das mangá-kas que fazem parte do lendário Grupo de 24 (24年組 Nijūyo-nen Gumi), porque boa parte das autoras nasceu no ano 24 (1949) da Era Shōwa.  Fazem parte deste grupo de autoras:  Yasuko Aoike, Moto Hagio, Riyoko Ikeda, Yumiko Ōshima, Keiko Takemiya, Toshie Kihara, Ryoko Yamagishi, Minori Kimura, Nanae Sasaya, e Mineko Yamada.
[2] Apesar de muito popular, Waki Yamato não é considerada uma das revolucionadoras do shoujo mangá.  Ela aparece incluída em outro conjunto, o grupo de Yokohama, junto com Suzue Miuchi e Yumiko Igarashi.
[3] Os trinta anos de produção de Asaki Yumemishi não significam que ela não estava produzindo outras séries, muito pelo contrário, aliás.
[4] Não é que Waki Yamato não trabalhe bem com aspectos sombrios ou dramas pesados em seus mangás, ela simplesmente tende a fugir da tragédia premiando as protagonistas com o final feliz.  É dela e ponto final.

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