sábado, 18 de fevereiro de 2017

Quando os autores originais detestam o anime baseado nas suas obras



O site Goboiano fez um post sobre oito séries animadas odiadas pelos autores originais.  Há mangá-kas e autores de livros listados.  Das oito listadas, três são shoujo, então, decidi comentar aqui.  Eu, particularmente, acho que é direito do autor/a se recusas a permitir uma adaptação ou renegar a obra derivada.  

Conheço pelo menos uma adaptação para o cinema que deixou o autor original furioso.  Isaac Bashevis Singer detestou a adaptação de seu conto (*e depois peça*) Yentl por Barbra Streisand.  Tendo lido o conto, como feminista, prefiro mil vezes o filme.  Mas ele estava certo ao perceber que aquela não era a sua Yentl, era a leitura de Barbra Streisand.  Sei, também, que Riyoko Ikeda só assistiu ao primeiro episódio da adaptação da Rosa de Versalhes  (ベルサイユのばら).  Segundo ela disse em uma entrevista, e eu reassisti ao anime no original para comprovar, Oscar aparece usando “ore”, o eu masculino absoluto e que, aos olhos de alguém como Ikeda, soava mal-educado.  No mangá, Oscar não aparece usando sequer “boku”.   Esta não era a Oscar criada pela autora, algo que a audiência japonesa endossou.  Na exibição original, a audiência do anime foi péssima.  Não sei se isso fez com que Ikeda bloqueasse outras tentativas de adaptação, mas o fato é que o filme animado anunciado para comemorar os 35 anos da série não saiu até hoje.


Enfim, o post do Goboiano fala de Fruits Basket (フルーツバスケット), Karekano  (彼氏彼女の事情) e Kaikan Phrase (快感 フレーズ).  Vou comentar os três casos.  O de Fruits Basket, acho que já tinha lido em algum lugar; o de Karekano, me parece plausível, ainda que eles não citem fonte; o de Kaikan Phrase tem link para o blog da autora, Shinju Mayu.

Fruits Basket: “É repetida a história de que a mangá-ka Natsuki Takaya não iria deixar qualquer estúdio (especialmente Studio Deen) chegar perto Basket Frutas.  A adaptação do anime foi produzida enquanto Takaya machucou seu pulso, então ela estava fortemente envolvida na adaptação. Mas, ela entrou em conflito com o diretor Akitaro Daichi sobre cada pequeno detalhe. Studio Deen decidiu rejeitar os comentários de Takaya que, por sua vez, bloqueou todas as tentativas de uma segunda temporada ou um remake.”  

Bem, Fruits Basket, o mangá, fez muito sucesso e qualquer anime baseado na série seria um sucesso.   Ainda que vários fãs hardcore de Fruits Basket que eu conheço torçam o nariz para o anime.  Não manifestam ódio, mas, também, não demonstram afeto. Se houve divergência e se a autora foi deixada de fora das decisões, bem faz ela em ter reservas em relação a qualquer adaptação.


Karekano: “Independente de quantos fãs a série animada tem, Karekano foi uma bagunça nos bastidores e a adaptação foi repudiada por mangá-ka Masami Tsuda.  Karekano foi o primeiro mangá longo de Tsuda, e foi escolhido pela Gainax para vir depois de Neon Genesis Evangelion. Hideaki Anno queria se afastar dos elementos mais pesados do mangá, e inseriu cenas cômicas enquanto focava nos diálogos. Isso entrou em conflito com a visão de Tsuda, e ela queria que Anno abandonasse a comédia e se concentrasse nas personagens e no enredo.  Anno abandonou a série depois de 13 episódios, porque Tsuda ameaçou demiti-lo. Kazuya Tsurumaki foi escolhida para dirigir os últimos 13 episódios, mas Tsuda já havia dito a Gainax que não permitiria que uma segunda temporada fosse produzida por eles.”  

Mesmo sendo fã do anime, é visível para qualquer um o quanto a série ficou bagunçada.  A gente sempre imaginou que seria falta de dinheiro.  Conflitos na área criativa não me parecem difíceis de acreditar, agora, a série animada é de 1998-99 e não existe nada de sombrio ou pesado em Karekano, o mangá, nesta época.  A série animada só cobre até os primeiros capítulos do volume #9, se muito me engano, as coisas começam a ficar esquisitas bem depois disso.  De qualquer forma, o volume #9 encadernado é de 2000.  Fora isso, o mangá tinha muita comédia, também.  Resumindo, essa história está esquisita.  Parece mais a ladainha, da mulher que castrou o gênio.  Tem caroço nesse angu.


Kaikan Phrase: “Mayu Shinjo realmente deixou de escrever shoujo manga, porque Kaikan Phrase foi adaptado sem o seu conhecimento. Shinjo escreveu que foi a última pessoa a saber da adaptação e que não lhe foi permitido nenhuma sugestão durante a produção.  Shinjo terminou deixando a Shogakukan (editora dos seus mangás) em 2007 depois de saber que o anime estava sendo reexibido no canal AT-X depois de encontra-lo listado em um guia de TV. Atualmente, ela mantém sua carreira escrevendo mangá BL.”

Que houve algum barraco sério entre a Shogakukan e Shinju Mayu é coisa sabida por todos.  Há post sobre isso no Shoujo Café, se bem me lembro.  Agora, o que não sabia é que a confusão tinha começado por causa da adaptação de Kaikan Phrase.  Foi mesmo?  De qualquer forma, o Goboiano dá o link para o texto da própria Shinju Mayu reclamando da reexibição do anime, ou seja, esta parte procede.  O que eu achei buscando no Shoujo Café foram diversos posts de lançamentos relacionados à Kaikan Phrase na mesma época, ou perto, do rompimento da autora com a Shogakukan.  De repente... 

Alguém tem links que confirmem as outras histórias?  Os demais animes citados na matéria original são: Pokemon (ポケモン), Bokurano  (ぼくらの), Magical Warfare (魔法戦争),  Gundam Victory  (機動戦士Vガンダム) e Kuma Miko (くまみこ).

5 pessoas comentaram:

Eu fico conflituosa quando se trata de Kare Kano porque eu absolutamente ODEIO a segunda parte do manga (tanto é que eu fiz questão de descartar os volumes em questão e só possuo os nove primeiros encardenados da série). Em contrapartida, adoro o anime e o inicio do mangá justamente pelos aspectos cômicos + slice of life . Quero dizer, eu entendo e respeito o direito da autora querer preservar sua intenção original nas adaptações da obra, mas pessoalmente eu fico muito grata que a série animada não teve continuação de acordo com que a Tsuda desejava - como se eu pudesse engplir mais uma vez gravidez adolescente e estupro romantizado e aquele final pedófilo com a Asaba. Sinceramente, só de pensar me dá calafrios. Enfim.

Faço parte desse grupo que "não odeia, mas não ama" o anime de Furuba. Sempre tive a impressão de que o anime acabou no meio do nada, nem chegou a mostrar todos os possuídos dos 12 Signos, então imagina o quanto faltou da história do mangá. Isso sempre me irritou. Mas não odeio porque foi fiel aos primeiros volumes e era bem divertido.
Karekano eu li inteiro mas nunca assisti o anime completo. Gosto muito de karekano, apesar de que, concordando com o comentário da Ju, aquele final não me caiu muito bem, do Asaba e o estupro romantizado. Às vezes penso que Karekano não deveria ter tido uma história tão profunda/sinistra e apenas se mantido na rivalidade cômica entre a Tsukino e o Arima. Teria sido bem mais curto, mas acho que mais divertido. Talvez eu vá assistir o anime agora que eu sei que ele é mais leve!

KareKano, amo esse anime/mangá, foi um dos que marcou minha adolescência... Mas analisando hj, vendo na minha visão adulta e feminista, endosso tudo que já comentaram. Romancear estupro e pedofilia não rola. Acho que por isso não curto mais a maioria dos shojo mangas. As meninas sofrem muito abuso por parte dos namorados e ainda se sentem culpadas, tentando reabilitar o bad boy. Os autores poderiam começar a viver mais o séc XXI e parar de romancear essas bobagens, que com certeza influência grande parte das adolescentes que lêem essas histórias.
Voltando ao tema...
Sobre Karekano eu gostei do anime mas achei q a história ficou meio confusa no final. Tinha toda a pinta de ter uma continuação, mas se tratando da Gainax não fiquei supresa (vide Evangelion).
Fruits Basket, não me recordo direito do anime, foi tão insignificante pr mim que só me lembro do mangá mesmo. O mangá sim, adorei e li até o final. E agora a autora inventou uma continuação pra ele a qual não chega nem aos pés do mangá original. Acho q ela quis ganhar um dimdim depois do último trabalho dela que foi ó***
Kaikan nem cheguei a assistir o anime, só li os mangas (porque assinava a revista, não comprei os tankohon).

hahaha!
Eu amo o anime de Karekano, até chegar naquela bagunça final e naquela ênfase muito grande no "drama do Arima". Adorava as cenas da Miyazawa em família. Por mim, tinham feito um anime só daquilo e eu veria uns 100 episódios seguidos sem problemas.

De todos KareKano era meu favorito, ainda tenho em Dvd.Uma pena ter sido interrompido mas por outro lado, tinha tanta coisa que iria quebrar o clima do começo que talvez tenha sido melhor mesmo parar enquanto estava bom.

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