quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

"Vítima" invade armada a casa de ex-namorada e é morta! Tragédia!


Eu não queria comentar a notícia, mas estou me coçando desde ontem.  Olhem só o texto do G1: "Um homem de 29 anos foi morto após invadir o apartamento da ex-namorada na noite de terça-feira (21) em Londrina, no norte do Paraná. Segundo a Polícia Militar (PM), a vítima estava armada e entrou em discussão com o atual companheiro da jovem. O atual namorado da mulher pegou a arma da mão do ex-namorado dela e atirou contra ele. A vítima morreu na hora.".  Na reportagem televisiva o repórter ainda usou o termo "crime passional", termo que se presta a descrever violências contra as mulheres e feminicídios o tempo inteiro.

Algumas pessoas comentaram que a notícia estava confusa.  Não, não está, é a classe dos homens se defendendo.  Ainda que um outro homem tenha matado outro em legítima defesa, é o sacrossanto direito de posse sobre suas fêmeas que está em jogo.  Quer dizer que um sujeito precisa aceitar que um relacionamento acabou e não pode invadir armado durante a noite a casa da ex?  Absurdo!!!! Agora, suponhamos que a moça estivesse sozinha?  Eu posso terminar a história, uma que é repetida todos os dias em algum jornal, ou vários jornais, deste país.  Vamos imaginar que o novo namorado não reagisse?  Talvez, tivéssemos duplo homicídio.  


Claro, o assassino fugiu, quem foge é sempre culpado, não é?  Nem sempre, mas isso pesa contra ele, porém, não apaga que o outro sujeito invadiu a casa e estava armado.  Para quê alguém invade casa de ex-namorada à noite e armado?   Por curiosidade, joguei "ex-namorado invade casa armado" no Google e comecei a contar as ocorrências.  Na melhor das hipóteses, a moça terminou SOMENTE ferida, na maioria dos casos, foi morta.  Veja, mulheres que estavam em casa, lugar que deveria ser sinônimo de segurança.

Sei lá, é tão comum abrir notícias de violência contra mulheres e meninas e ler títulos e comentário - de jornalistas e autoridades policiais - tão descabidas, ou sem empatia que notícias assim nem deveriam chocar.  Sabe quando criança é violentada e, na notícia, aparece coisas como "o acusado fazia sexo com a vítima"?  Não é sexo segundo a lei brasileira, nem é sexo, porque sexo deveria envolver consentimento, desejo, carinho, parceria.  Mas vá, a gente sempre encontrará uma notícia pior - por seu grau de violência ou redação - mais adiante.

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