domingo, 23 de abril de 2017

Filmes que eu deveria rever, mas nunca faço isso


Às vezes, me pego pensando em quantos filmes bons eu precisaria rever.  Não falo daqueles mais badalados, que sempre pipocam por aí nas discussões, mas filmes que eu realmente gosto, que tenho em casa os DVDs ou Blu-ray e não tomo vergonha de ir lá e ver de novo.  Alguns são sérios e densos, outros bem levinhos e, bem, todos são queridos.  Esse post é para listar (*somente*) dez deles:

Cinderela mais adorável.
1. Para Sempre Cinderela (Ever After) – Drew Barrymore na versão mais genuinamente feminista e bonitinha desse conto de fadas.  O figurino é lindo e as liberdades tomadas não impactam no resultado final. Nenhuma pretensão e muito resultado, o príncipe é um canastrão, mas o resto do elenco é maravilhoso. Angelica Huston é uma madrasta muito má.

A Bela do Palco tem um figurino espetacular, também.
2. A Bela do Palco (Stage Beauty) – Porque tem Ruppert Evertt como o rei Carlos II e um dramão realmente convincente sobre um homem que se especializou em papéis femininos a vida inteira e que, de repente, se vê proibido de fazer o que sabe melhor, e uma mulher que aprendeu a interpretar mulheres observando homens fazendo isso, quando mulheres no palco eram proibidas.  Ambos vão ter que reaprender a profissão.  Maravilhoso para discutir questões de gênero e identidade.

Aprendendo a servir.
3. O outro lado da nobreza (Restoration) – Outra vez o rei Carlos II, dessa vez Sam Neill, e Robert Downey Jr. como médico brilhante que se perde nos vícios e precisa recuperar sua dignidade.  É uma história de conversão mesmo.  O sujeito vai ao fundo do poço em termos morais, envergonha o pai que se sacrificou para que ele se formasse, vira as costas para os amigos, se deixa corromper pelo rei, é escorraçado e descobre o quanto é insignificante.  Daí, recomeça, se humilha, se reconcilia com Deus, reaprende o sentido de sua profissão, reconstrói a sua dignidade, enfim, eu diria que um dos filmes mais cristãos que eu já assisti.

Família que se ama.
4. O Leão no Inverno (The Lion in Winter) – O primeiro, aquele que reúne um elenco espetacular:  Peter O'Toole, Katharine Hepburn (*que levou o Oscar de melhor atriz*), Anthony Hopkins e Timothy Dalton (*bem novinho*).  A família real da Inglaterra sendo mostrada como uma família mafiosa e o velho pai, o leão do título, descobre que nenhum dos seus filhotes é um  sucessor digno.  Talvez Geoffrey (John Castle) fosse, mas ele é o irmão do meio e não é o favorito nem da mãe, nem do pai.  E os confrontos entre as personagens?  Os diálogos?  E o embate entre Henrique II (Peter O'Toole) e Felipe Augusto (Timothy Dalton) com o jovem rei de França levando a melhor e expondo a homossexualidade de Ricardo Coração de Leão (Anthony Hopkins)?  A cena é tensa.  Aliás, o que não é tenso nesse filme?

A Rainha Vitória nunca foi tão linda.
5. A Jovem Rainha Vitória (The Young Victoria) – Eu costumava odiar o vestuário e os cabelos da década de 1830 até ver este filme.  Fora isso, ele consegue tornar o romance de Vitória e Albert tão simpático, mérito em grande parte de Emily Blunt.  Além disso, dá uma limpada no início do reinado da jovem rainha, cortando as partes mais pesadas.  Não é um conto de fadas, mas uma versão benevolente e adocicada.  E tem Mark Strong (*sempre maravilhoso*), Paul Bettany e Rupert Friend, que nunca estará tão bonito como neste filme. (Resenha aqui)

O duelo.
6. Te Pego Lá Fora (Three O'Clock High) – Esse eu não tenho, mas eu compraria.  Um filme de sessão da tarde divertidíssimo, com um sujeito tímido, aplicado e tudo mais que hoje chamaríamos de nerd sendo intimado para um “duelo” às três da tarde pelo valentão.  O sujeito faz de tudo para fugir, mas, bem, ele não consegue.  Sempre achei mais legal que Curtindo a Vida Adoidado. Faz uns 20 anos que não assisto este filme, talvez mais.  Foi um dos primeiros filmes que eu aluguei em VHS.

William Pitt, o jovem.
7. Jornada pela Liberdade (Amazing Grace) – Sobre o movimento que levou à abolição do tráfico de escravos pelos ingleses.  Ótimo para jogar por terra aquela historinha que que foi o capitalismo e a revolução industrial que colocaram fim à escravidão.  Maravilhoso para descobrir o papel de cristãos comprometidos com a causa da liberdade.  Muito “Amazing Grace” tocando durante o filme e Benedict Cumberbatch de brinde como o mais jovem primeiro-ministro da história da Inglaterra. (Resenha aqui)

Hipatia desesperada salvando os seus livros.
8. Alexandria (Agora) – Porque Hipatia de Alexandria é maravilhoso, Rachel Weiz deu um show e todos os defeitos do filme não conseguem torná-lo desinteressante.  Dá para se discutir história da ciência, limitações de gênero, as travas colocadas pelas teorias hegemônicas, intolerância etc.  Este eu assisti várias vezes, passei para minhas turmas e tal, mas é um filme muito, muito querido.  Bônus?  Oscar Issac de toga.  Que homem não fica bem de toga? (Resenha aqui)

Esse filme é muito ruim e muito bom ao mesmo tempo.
9. A Última Legião (The Last Legion) – Colin Firth de toga (^_^), uma história sem pé nem cabeça (*eu tenho o livro e, bem, o livro faz algum sentido*) que une o Império Romano e a lenda do Rei Arthur, Aishwarya Rai linda (*estou sendo redundante*) e no papel de uma guerreira invencível, Alexander Siddig (*o Dr. Bashir de Deep Space Nine*) fazendo um bizantino (*minorias escaladas para papéis de minoria*) sem escrúpulos e traiçoeiro (*clichê! clichê!*) e muita correria.  Esse aqui ganha todas as estrelinhas da minha cartela “É ruim, mas eu gosto!”.

Pobre Maria.
10. Sonho Proibido (Storia di Una Capinera) – Este eu tinha a fita que foi lançada em banca de jornal.  Semana passada senti um ímpeto de fazer um post de memória para o blog.  Enfim, é Franco Zefirelli sendo Franco Zefirelli e fazendo um drama bem pesado e choroso sobre uma menina que é mandada ainda criança para o convento.  Ela sai de lá para casa adolescente por causa de uma epidemia de cólera que obrigou conventos, escolas, universidades etc. a serem esvaziados.  De volta ao lar, a jovem se apaixona pelo vizinho (*logo no primeiro encontro, ela vê, sem querer, o moço nu tomando banho no rio... E o moço é lindo, aliás*), mas sua madrasta tem outros planos para o moço em questão.  Ele deve se casar com sua filha.  Assim, a madrasta inicia uma campanha para convencer o marido, que queria manter a filha em casa consigo, de que a moça é boa demais para viver no mundo, que tem vocação para santa.  Assim, ela é enviada de volta para o convento.  

O vizinho.
Sua melhor amiga não retorna e ela fica só e com a incumbência de cuidar da freira “louca” do convento, interpretada pela grande Vanessa Redgrave.  A noviça descobre que a “loucura” da irmã foi fruto de um amor não concretizado e uma vocação forçada.  Ela foge do convento, segue para o endereço que o amado lhe deu e, ao chegar lá, dá de cara com sua esposa grávida, ninguém menos que sua própria irmã.  Sem alarde, ela volta para o convento e o filme termina com a moça fazendo os votos e, claro, se condenando a ser a próxima louca do convento.  Quando estava fazendo Letras Português-Italiano descobri que o filme era baseado em um romance de Giovani Verga, um dos grandes autores do romantismo daquele país e se chamava "Storia di Una Capinera".  Capinera é pardal e pardais não podem viver presos, vocês sabem.  Faz mais de vinte anos que assisti este filme. 

E você?  Quais filmes acredita que precisa rever?

1 pessoas comentaram:

Te Pego lá Fora é um filme subestimado.
Pouca gente percebe que é um filme de presídio disfarçado de filme escolar.
Preste atenção nos detalhes. :D

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