A Wrinkle in Time, que no Brasil terá o nome de Uma Dobra no Tempo, é uma das grandes apostas da Disney este ano e um filme muito esperado por ser dirigido por uma mulher (Ava DuVernay) e ser marcado por personagens femininas fortes, grande elenco (Oprah Winfrey, Reese Witherspoon) e grande diversidade étnica. Daí, tropecei em um post denúncia do Chistian Post, um site cristão conservador, que acusa a Disney de apagar as citações à Bíblia e os temas cristãos de A Wrinkle in Time. Enfim, o resumo do filme é este aqui: Os irmãos Meg (Storm Reid) e Charles (Deric McCabe) decidem reencontrar o pai, um cientista que trabalha para o governo e está desaparecido desde que se envolveu em um misterioso projeto. Eles contarão com a ajuda do colega Calvin (Levi Miller) e de três excêntricas mulheres em uma ousada jornada por diferentes lugares do universo.
Não conheço a obra, nem a autora, mas fui pesquisar um tiquinho sobre essa história. O livro original é de 1962, recebeu vários prêmios, e já houve uma adaptação em 2003 da mesma obra. A autora, Madeleine L'Engle é autora de vários livros daquele nicho que, nos EUA, recebe o rótulo de "Young Adults". entram aí, Jogos Vorazes, Harry Potter e tantos outros. Não é infantil, mas não é adulto. Lida com temas mais complexos, mas não pode aprofundar tanto. Nada de anormal até aí.
Agora, e a tal história de temas cristãos apagados e coisas do gênero? Muito bem, olha o que a Wikipedia me disse: "L'Engle como episcopal (*como anglicanos são chamados nos EUA*) e acreditava na salvação universal, escrevendo que "Todos serão redimidos na plenitude dos tempos por Deus, todos, não apenas a pequena porção da população que receberam a graça de conhecer e aceitar Cristo. Todas as ovelhas roubadas e desviados. Todos os pequenos que se perderam". Como resultado de sua promoção do universalismo cristão, muitas livrarias cristãs se recusaram a vender seus livros, que também eram freqüentemente banidos de escolas e bibliotecas cristãs. Ao mesmo tempo, alguns de seus críticos mais seculares atacaram seu trabalho por serem muito religiosos".
Resumindo, a autora tinha uma leitura um tanto herética das Escrituras, já que acreditava em um Deus mais amoroso do que a média dos cristãos acredita, ela defendia que todos, não somente os cristãos, seriam salvos no final, então seus livros eram rejeitados por muitos cristãos conservadores. Por outro lado, por ser profundamente cristã, muitos não-cristãos queriam distância de sua obra. Dilema, não é mesmo? Para piorar, aí é uma aposta minha, por ser mulher teve menos visibilidade que outros autores de ficção juvenil e atraiu muito mais críticos. Trailer aí embaixo;
Resumindo, o Christian Post deve estar mais interessado em atacar a Disney do que defender a obra original e a autora. Apostaria dinheiro nisso e ganharia. A questão central está ligada, provavelmente, ao caráter multi-étnico e (*supostamente*) progressista do filme. O que não quer dizer, claro, que esse tipo de mudança vá contribuir para uma maior aceitação do filme ou sua qualidade. O filme está previsto para estrear no dia 29 de março no Brasil. Nos EUA, a estreia foi esta semana e ficou em segundo lugar, Pantera Negra continua liderando por lá. E, bem, para quem não sabe, a diretora de A Wrinkle in Time é negra. Acredito que é a primeira vez que dois diretores negros lideram as bilheterias norte americanas. Se Júlia se interessar, a levarei para ver, se conseguir uma sessão legendada, eu mesma irei.
1 pessoas comentaram:
E dai que eh uma obra que se distância do Cristianismo? Quantos filmes jah não foram filmados com o background da Bíblia? Aí vem um e conta uma história diferente e eh um escândalo? Me poupe! Queremos diversidade em todos os setores, inclusive no teológico. Bjos pra quem ficou horrorizado. ��
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