Esta semana foi noticiado que livros sobre a temática dos direitos humanos foram vandalizados na UnB, Universidade de Brasília. Os exemplares estavam na Biblioteca Central (BCE), que funciona inclusive aos domingos e em horário bem amplo atendendo à comunidade. Muita gente vai para lá estudar, não somente alunos da instituição.
Segundo algumas matérias, ao longo de semanas, foram identificados livros rasgados e riscados, até que se estabeleceu um padrão. Não era algo ocasional, os livros estavam unidos pela mesma temática. O caso está nas mãos da polícia federal. Agora imagine que tipo de pessoa é capaz de destruir livros por esporte, mais ainda, alguém que escolhe livros de um tema sensível, direitos humanos, algo que muita gente não sabe o que é e fica ouvindo papo de candidato de extrema-direita dizendo que os tais direitos humanos só existem para os bandidos. Fora assessor do mesmo candidato dizendo que vai censurar livros de História... Imagine o tanto de ódio e ignorância que habita dentro da pessoa que faz isso. E, repito, quem destrói livros, pode, em breve, fazer o mesmo com pessoas.
UnB investiga ataques a livros da Biblioteca Central que tratam de direitos humanos. Imagens: Diule Queiroz pic.twitter.com/E4slaoRe9k— BandNews FM Brasília (@bandnewsbsb) October 4, 2018
Outra notícia que se espalhou pela semana, está relacionada à censura. O livro Meninos sem Pátria, de Luiz Puntel, lançado em 1981, ou seja, em plena Ditadura Militar (1964-85), foi censurado por pressão dos pais pela Colégio Santo Agostinho, no Leblon, bairro classe média alta do Rio de Janeiro. Meninos sem Pátria conta a história de um grupo de adolescentes obrigado a viver no exílio com os pais, perseguidos pela Ditadura. A graça, ou a desgraça, é que fazia pouco que eu tinha comentado com um colega de trabalho que o livro, que eu consegui em um sebo de rua por 3 reais este ano, provavelmente incomodaria muita gente nos dias de hoje. Batata!
Minha edição é esta aqui. |
O clássico da Coleção Vaga-Lume está em sua 23ª edição e foi lido por gerações de estudantes ao longo de quase quatro décadas. Acredito que a maioria não tenha se tornado comunista, já que o livro não é manual de doutrinação e mesmo os bons manuais não garantem que a mensagem será devidamente fixada. Mas foi exatamente disso que o livro, que fala do drama de uma família, foi acusado. Não querem que se diga que houve Ditadura, tampouco, que houve exilados. Será que vão dizer que a Lei de Anistia nunca existiu? Felizmente, os alunos não se conformaram e fizeram pelo menos um protesto contra esse absurdo. Já o autor, está indignado.
Protesto dos alunos. |
Enfim, general ameaçando censura aos livros de História, livros vandalizados em biblioteca de universidade, um clássico juvenil sendo proibido em uma escola tradicional, placa com o nome de Marielle sendo quebrada e exibida na internet, exposição LGBT sendo atacada em Salvador, gravuras rupestres sagradas para mais de 11 etnias do Xingu foram apagadas. E pode ficar pior. Pode ficar muito pior, especialmente, a depender do resultado das eleições de domingo. Porque o que eu estou afirmando é o seguinte, toda sorte de monstrinho fascista vai se sentir empoderado se o pior acontecer. A questão é de princípios básicos de civilização, é de evitar a barbárie. Portanto, valorize o seu voto, por favor, porque ele pode ser uma arma que pode virar contra você.
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