sábado, 8 de junho de 2019

Pressão para ter filhos, assunto mais que atual, é tema de novo mangá da revista Feel Young


A questão da queda de natalidade é um problema em vários países, mas mais grave ainda no Japão.  Se você procurar no Shoujo Café, você irá ver que há vários posts sobre o tema.  Por exemplo, ontem mesmo saiu um novo relatório apontando que, pelo terceiro ano consecutivo, nasceram menos de 1 milhão de bebês no país.  Entre as poucas medidas tomadas para reverter essa situação estão os incentivos dados por algumas prefeituras para que casais tenham mais filhos.  O problema é que em um país machista, sempre aparece um político de peso, um homem velho e rico, para dizer que a culpa é das mulheres.  

Vamos aos gráficos.
O primeiro-ministro, que tem 78 anos, disse em fevereiro que a culpa dos custos da seguridade social no Japão não é dos idosos, mas "daquelas que não querem parir""Put the blame on women!" (*Coloque a culpa nas mulheres*).  De fato, há levantamentos apontando que muitas mulheres não querem casar, mas nunca se fala da falta de parceiros e raramente se aponta que o custo de vida é alto, que falta de uma rede creches e escolas para criancinhas, que a sociedade espera que uma mulher abra mão de sua carreira (*e renda*) ao se casar.  Mães solteiras?  Continuam sendo motivo de vergonha.  Enfim, os velhos políticos não devem ser capazes de olhar para essas coisas.

Página de abertura.
Pois bem, estreou, hoje, na revista Feel Young um novo mangá chamado Kimi ni Aetara Nanite Iou (君に会えたら何て言おう) de Nemu Yoko.  Segundo o Comic Natalie, a protagonista é uma mulher de mais de trinta, casada, feliz na carreira, mas que sofre uma pressão social enorme para ter filhos.  Ela está ficando velha.  Todas as suas amigas já tem filhos!  Pense no seu país!  (*essa última frase, eu acrescentei*)  Enfim, a arte de Nemu Youko, que foi assistente de Chika Umino (Honey & Clover), é muito fofinha.

Mais uma menstruação.
Falando em mulheres obrigadas a parir e dessa necessidade de controle sobre nossos corpos, estreou esta semana a terceira temporada de The Handmaid's Tale.  Eu parei na primeira, o artigo do El País inclusive pontua que ela foi decepcionante (*eu sei, acompanhei os reviews e discussões*), mas diz algo que é fundamental: essa distopia é cada vez mais real.  Estados norte-americanos estão tornando a interrupção de gravidez quase impossível, proibindo-a inclusive em casos como o estupro, na Espanha e em outros países, como o Japão, mulheres sendo culpadas por não se casarem, por interromperem gravidezes e por aí vai.  O futuro pode ser muito triste para as mulheres, é preciso impedir que essa agenda pseudo-conservadora se imponha e algo como Gilead possa ser implementado bem diante dos nossos olhos.  

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