domingo, 1 de setembro de 2019

Comentando o filme Sinhá Moça (Brasil, 1953): Antes Tarde do Que Nunca


Ontem, fazendo uma arrumação em casa, localizei o DVD de Sinhá Moça, o filme de 1953.  Tinha separado na época da reprise da novela de 1986 para assistir, ou seja, ficou quase um ano escondido no meio de uma pilha de livros.  Enfim, o filme é a primeira adaptação para outra mídia do romance de Maria Dezonne Pacheco Fernandes, publicado em  1950.  O filme foi um sucesso de público e crítica na época, sendo indicado para vários prêmios, inclusive internacionais.  O filme foi um marco, também, porque foi o responsável pela primeira indicação de uma brasileira a um prêmio internacional.  Ruth de Souza, recém falecida, foi indicada no Festival de Veneza.  A 76ª edição está rolando agora, aliás.

O resumo da história do filme, vocês já devem conhecer por causa das novelas de 1986 e 2006, ou de algum texto meu, ou de outro, mas vamos lá.  O ano é 1886, Rodolfo Fontes (Anselmo Duarte), de volta de anos na capital da província estudando Direito, está voltando para Araruna e conhece Sinhá Moça  (Eliane Lage) , filha do mais poderoso fazendeiro local.  A moça está de volta depois de dois anos em um colégio interno em São Paulo  escoltada por uma prima solteirona de nome Clara (Marina Freire).  Os dois jovens ficam fortemente impressionados um pelo outro, mas a moça logo se decepciona ao tomar conhecimento de que o rapaz é um escravocrata como seu pai, o Coronel Ferreira  (José Policena).

A mocinha está lendo "A cabana do Pai Tomás".  Sua prima diz que
livros estrangeiros deveriam ser proibidos no Brasil.
Na cidade, Rodolfo reencontra o pai, o médico Dr. Fontes e o choca e aos seus amigos com suas ideias conservadoras dizendo que vai visitar a Fazenda Araruna.  Sinhá Moça fica feliz ao reencontrar Vírginia, sua Bá, e a mãe, a submissa D. Cândida (Ester Guimarães), mas entra logo em conflito com o pai sobre os maus tratos dados aos escravos.  A visita de Frei José (Eugênio Kusnet), que resgatou um escravo fugido, Justino (Henricão), a alegra.  O religioso se comprometeu com o jovem a conseguir amenizar o castigo que lhe seria imposto e consegue, com a ajuda velada do Dr. Rodolfo, que o Coronel concorde com a promessa precipitada do religioso para desagrado do feitor, um homem cruel chamado Benedito (Ricardo Campos).

Como não pode se vingar de Justino, o feitor decide torturá-lo violentando a mulher que ele ama, a escrava Sabina (Ruth de Souza).  A revolta dos escravos parece iminente, mas eles são aconselhados por um misterioso cavaleiro a terem paciência.  O cavaleiro é Rodolfo que age junto com o Frei José e poucos companheiros fiéis para conseguir dar figa para vários escravos.  Eles desaparecem como por passe de mágica. Só que o rapaz não consegue contar para Sinhá Moça o seu segredo e a relação dos dois segue péssima até que Justino é chicoteado até a morte em praça pública por uma maldade do delegado (Domingos Terra), que dobra o castigo recomendado pelo pai da protagonista sem consultá-lo.  A partir daí, a revolta dos escravos é generalizada e Fulgêncio (João da Cunha) e Sabina querem se vingar por Justino e por toda a crueldade que os negros e negras sofreram na fazenda Araruna.

Cartaz alternativo do filme.
Foi um resumo extenso, mas quem viu as novelas, ou leu o livro, já percebeu algumas sutis, ou nem tanto, diferenças entre o filme e as produções mais longas.  Uma novela, não raro, precisa criar personagens, núcleos, para criar uma história que se sustente por quase 200 capítulos.  Um filme, por outro lado, tende a eliminar ou mesclar personagens, enxugar tramas e valorizar os pontos fortes de um original.  Sinhá Moça, o livro, não é grande, o filme não é uma produção muito extensa, também.  Cortou, por exemplo, a mãe e o irmão de Rodolfo, inexplicavelmente, mudou a profissão do Dr. Fontes, que era advogado, como o filho, e não médico.  Qual o objetivo?  Talvez, economizar em mais um ator, já que o médico existe no livro.  

O filme poupou a vida do Coronel Ferreira, que no livro e no filme não é Barão, como nas novelas.  O Coronel, aliás, é duro, é escravocrata, mas tem muito mais cuidado com seus escravos, afinal, são sua propriedade e custam caro, do que nas novelas.  Ele entra em conflito com o feitor por causa dos excessos do empregado.   Eliminou o irmãozinho de Sinhá Moça, uma personagem curiosa no livro e volto a ele no final da resenha.  Arrumou a tal prima solteirona, inexistente no original e em outras versões, e criou Sabina, que ombreia com a protagonista as atenções do filme.  Por isso mesmo, vou continuar falando dela.

O Coronel Ferreira e o feitor sádico.
Ruth de Souza praticamente não aparece até o meio do filme, mas quando ela entra em cena, fica fácil compreender por qual motivo seu desempenho foi tão elogiado.  Primeira coisa, os olhos de Ruth de Souza eram tão expressivos, que mesmo nas cenas em que ela não fala, seu olhar domina a cena.  Enfim, ela começa sua participação de forma trágica.  É escrava, é violentada pelo feitor.  Nada é mostrado, mas fica absolutamente claro para quem assiste ao filme, o que aconteceu.  Sabina tem um filhinho de uns 7 anos.  Quem seria o pai?  Ela era viúva?  O menino era filho de Justino, o homem que ela ama, ou do sádico feitor?    

A cena mais impactante de Sabina acontece na igreja, durante a missa.  Do lado de fora, Justino está sendo supliciado, Sabina solta um grito de dor e corre para o altar e se joga no chão aos pés de Frei José pedindo ajuda.  Os uivos de dor, a protração, tudo é muito impactante.  Ali, Sabina está impotente, depende da bondade dos brancos, mas logo isso irá mudar.  O desdobramento da morte de Justino é a revolta generalizada dos escravos da Araruna, o que Rodolfo temia.  

Sabina fica com os homens, ela quer vingança.
Aqui, algo curioso, Sinhá Moça fica sabendo por Virgínia do que iria acontecer.  Sua prima fofoqueira ouve a conversa e quer correr para avisar ao Coronel, mas a protagonista tranca a porta e impede sua saída.  Ela espera que os escravos toquem fogo na senzala e em parte da fazenda antes de soltar a prima, até que os escravos tenham controlado o feitor e seus subordinados.  

Voltando para Sabina, o grupo de escravos se divide, um segue com poucos homens jovens, mais os velhos, mulheres e crianças, por uma rota, o outro, composto pelo resto dos homens e liderado por Fulgêncio, segue um outro caminho com o intuito de despistar os perseguidores, ou confrontá-los para que os demais cheguem até o quilombo.  Sabina fica com esse grupo, o dos homens, o dos guerreiros, ela despacha o filho pequeno dizendo que ele já estava crescido e fica para se vingar.  Seu olhar para o feitor, que foi capturado e levado com o grupo, é frio, não haverá perdão para ele.  Ela quer vingança.

Um pouco antes de Sabina gritar na igreja.
Sabina não existe no livro original e a personagem não foi utilizada por Benedito Ruy Barbosa.  Ela e Sinhá Moça são as duas mulheres fortes do filme, cada uma a sua maneira.  Curiosamente, na novela, criaram Adelaide.  Ela é a amada de Justino, ela é perseguida por um dos homens do feitor, ela é colocada sob a asa de Sinhá Moça, é assediada também pelo pai da mocinha.  Adelaide é muito diferente de Sabina, ela é uma donzela indefesa, ela aceita ser lapidada por Sinhá Moça, ela se apaixona por um homem branco.  O marido, também criado para a novela, abre mão de seu status por ela, sofre, verdade, sua cota de discriminação, mas  joga na cara de Adelaide o quanto ele se rebaixou para se casar com uma escrava.  

Sabina não aceitaria essa situação, Adelaide é, portanto, uma releitura que desempodera a personagem de Ruth de Souza.  Estou surpresa?  Não, é Benedito Ruy Barbosa, afinal.  Tudo, aliás, é coroado com o nascimento de uma criança mestiça quase branca, como no quadro A Redenção de Cam.  Curiosamente, quando Rodolfo fala em uma só raça no futuro, não fica claro se ele fala em branqueamento da população, porque, no filme, nada é sugerido nesse sentido.  O filme Sinhá Moça de 1953 é em vários aspectos menos racista do que a novela.  E, bem, eu gosto muito da novela de 1986, mas falei desse tema no meu texto final sobre ela.

Fulgêncio tenta conter Sabina.
Em nenhum momento do filme a revolta, ou violência, dos negros é recriminada, ou eles são acusados de agir com selvageria pelos brancos bonzinhos da trama.  E, bem, como peguei o livro para ler com calma, e não como fiz em 2006, devo dizer que a autora original é muito mais radical na defesa do direito à violência como resposta à violência.  Sabe, se os detratores dos direitos humanos, esses que babam pela boca sem saber do que estão falando, pegassem o livro original, teriam uma síncope.  Rodolfo quase é morto pelos escravos da Araruna, quase mesmo.  Já o Coronel é ferido de morte.  

Mesmo assim, os Fontes, a família inteira, mantém a defesa firme dos escravos que se revoltaram, inclusive assumindo a defesa de Justino (*no livro, ele não morre*) e mesmo Sinhá Moça deseja que o assassino de seu pai seja indultado, porque se cometeu tantas violências, foi por ter sido tratado de forma muito pior pelos brancos, só lhe ensinaram o ódio.  O filme encurta essa história, o Coronel termina vivo, Rodolfo é ferido no braço e quem atira é Fulgêncio.  No livro, o escravo é descrito como um sujeito que enlouqueceu devido aos maus tratos, no filme, ele vive com uma canga, mas é perfeitamente são e um grande líder.  É o ator com uma presença em cena impressionante.

O pai exige que Sinhá Moça toque o piano e mostre as
prendas que uma mocinha deve ter.  política é para os homens.
A relação entre Sinhá Moça e Virgínia é de muita tutela e desigualdade, mais do que na TV, porque a atriz do filme não tem a atitude da Mammy, aquele estereótipo de velha negra maternal e autoritária eternizado em E o Vento Levou.  A Virgínia do filme é idosa, indefesa e, sim, comporta-se de uma forma infantil.  Agora, em relação aos outros negros da trama, a coisa não caminha por aí.  Há aquelas imagens idealizadas, no final do filme, em especial, os escravos colocam suas correntes aos pés da heroína.  Como o filme corre nessa última parte, a passagem do tempo parece abrupta e não há lá grande motivo, como haveria no livro, ou na novela, para que tal fosse feito.  No filme, dado sua duração limitada Sinhá Moça interage somente com uma pessoa negra, Virgínia, e nem fica subentendido que a velha levaria notícias do comportamento da mocinha para seus irmãos de senzala.  Seria mais coerente que as correntes fossem deixadas aos pés de Rodolfo depois da defesa que ele fez de Fulgêncio e do direito à liberdade e igualdade. 

Estou me estendendo demais, eu sei, só que me empolguei.  Queria ter feito esse texto ontem para resenhar Yesterday e não consegui.  Enfim, no livro, não é mostrado o encontro de Rodolfo e Sinhá Moça, ela, aliás, nunca saiu de Araruna para estudar.  Apesar de Araruna ficar em São Paulo, na região de Araras, quando a moça vai casar com Rodolfo, ela manda buscar o enxoval na Bahia, algo que não faia sentido algum.  Voltando, a cena do trem, foi inventada para o filme e usada depois na novela.  A diferença?  Nossa mocinha em 1953 não era tão independente, ela vem escoltada pela prima solteirona e tagarela.  Essa prima lembra um pouco a Tia PittyPat (Laura Hope Crews) de E o Vento Levou, mas sem os desmaios, muito mais inconveniente e ainda com esperanças de se casar.

Rodolfo compra a primeira dança da mocinha.
E é importante falar de E o Vento Levou, porque a cena do leilão certamente foi inspirada nesse filme.  Para quem não viu o clássico do cinema americano, há um baile no qual as moças são colocadas em leilão para arrecadar fundos para os soldados na guerra.  Scarlett O'Hara, recém viúva, mas doida para dançar, consegue entrar no leilão e acaba sendo arrematada por Rett Butler.  No filme Sinhá Moça, a ideia é de Frei José e somente a mocinha, a rainha do baile, é leiloada.  Sinhá Moça se sente mal, imagina o que os escravos passam.  Muita gente discorda da ideia, mas os homens começam a dar os lances.  Os maiores lances, vem de homens detestáveis, como o delegado, enquanto isso, Rodolfo está sentado em um canto fumando.  No último momento, ele levanta a mão e dá um lance de 30 mil réis, o preço de um bom escravo (*isso foi dito na novela de 1986*).  Rodolfo no livro e no filme é rico, na novela, não, ele está longe disso. 

Eliane Lage é uma Sinhá Moça muito mais séria do que Lucélia Santos ou Débora Falabella, e mais bonita e elegante, também, eu diria.  Ela não é uma moça mimada e tem uma atitude muito mais firme em relação aos seus ideais abolicionistas.  Sua Sinhá Moça é radical e sem o emocionalismo que a personagem tem no livro, ou mesmo nas novelas.  A cena da revolta, ou quando ela lidera as mulheres da cidade para impedir que os soldados do exército desembarquem para caçar os escravos rebelados mostra bem isso.  Seria difícil colocar uma mocinha como ela em uma novela, ela certamente seria considerada pouco romântica, talvez, feminista demais.

Os dois se amam, mas Sinhá Moça acredita que Rodolfo é como seu pai.
Anselmo Duarte está bem como Rodolfo, ele está mais próximo da personagem na novela de 1986 e, curiosamente, lendo o livro de novo, o mocinho original talvez seja mais próximo da interpretação que Selton Mello lhe deu.  É interessante a cena em que ele tenta contar a verdade para Sinhá Moça e não consegue e, claro, sua grande cena é a do tribunal, que não existe nem no livro, nem nas novelas, mas é muito boa, apesar do deus ex-machina (*a lei Áurea*) dispensável.  O cara vem a cavalo trazer a notícia, quando, bem, a mensagem deveria ser mandada pelo telégrafo.  Se tinha trem, tinha telégrafo.

Meu problema com o Anselmo Duarte é a voz e nem é cupa dele, ele tem um tipo de entonação que era muito comum na época, na rádio, principalmente.  De qualquer forma, é  curioso ver que o proto Irmão do Quilombo estava no filme.  E não se espantem, apesar de eu ter o DVD, eu só tinha assistido ao filme na TVE mais de vinte anos atrás.  Me obriguei a assistir ao DVD, que comprei faz mais de uma década, para cumprir a proposta que fiz no ano passado.  E por qual motivo não assisti?  O som é péssimo.  Foi um suplício.  Um filme tão importante merecia um relançamento com um som restaurado.

Rodolfo defende Fulgêncio no tribunal.  
O ator era o galã nº1 do cinema nacional na época.
Acredito que do elenco, além de João da Cunha, que faz Fulgêncio, tenho que elogiar Domingos Terra, o delegado, e, principalmente, Eugênio Kusnet, o Frei José.  Kusnet é o melhor Frei José que eu já vi.  Ele tem duas caras, com Rodolfo planejando as escapadas de escravos tem uma postura corporal e uma entoação de voz bem diferente daquela usada com o resto do elenco.  Ele também tem uma identidade secreta, por assim dizer e isso é bem interessante.  No filme, a personagem não é cômica, ou, pelo menos, suas cenas de humor são poucas.  Já o delegado, é detestável mesmo, sem a possibilidade de redenção que lhe ofereceram na novela.  

Disse que iria voltar ao livro, e desculpem o tamanho do texto, mas é inevitável.  Continuo achando que o livro original não é essas coisas, mas vi méritos nele nessa segunda leitura.  Queria comentar dois pontos.  O primeiro, a autora oferece dois modelos de família, isso é rascunhado na novela quando Sinhá Moça passa uns dias abrigada na casa dos Fontes, mas é um quadro bem tímido se comparado ao livro.  A família Fontes é feliz, com a esposa sendo apresentada como parceira do marido, com todos bem humorados e muito afetuosos uns com os outros.  Já a da mocinha é marcada pelo autoritarismo e pelo medo.  O Coronel Ferreira oprime a filha, a esposa e o filho doente.  O Coronel parece ignorar o filho, enquanto a mãe o trata como se ele fosse morrer a qualquer momento.

Capa de uma revista de época.
O menino, que se chama Luís, não está no filme, nem na novela, talvez para valorizar a mocinha, torná-la a herdeira e gerar todo o drama, no caso das adaptações para a TV, da falta de um filho varão.  No livro, o curioso é que ele é, até a morte do pai, tratado como um inválido, uma sombra, um peso para a mãe.  Alguém que teria uma vida curta, por assim dizer.  Agora, quando os Fontes, por conta do acidente de Rodolfo, vem para a fazenda, a saúde do garoto melhora.  O que mudou?  Ele agora tem três modelos de masculinidade não-tóxica para se espelhar, gente disposta a ouvir o que o menino tem a dizer e que lhe acolhem.  Diferente do pai e da irmã, sim, Sinhá Moça trata mal o garoto, enquanto os Fontes são carinhosos com ele.  

Pode ser coisa de irmã adolescente sem paciência com uma criança, mas ela chega a comparar o menino a um carrapato por não desgrudar do Dr. Fontes.  De qualquer forma, achei esse detalhe do livro muito interessante e nem tinha percebido isso na leitura apressada que fiz da primeira vez.  E não acho que a autora fez isso sem pensar.  Ela tenta ilustrar o quanto atenção, carinho e respeito podem ajudar a melhorar a saúde de uma pessoa e como é importante para um menino ter bons exemplos masculinos por perto.  Antes, Luís só tinha o pai cruel, o feitor sádico e quem mais?  Com os Fontes, ele tem três sujeitos legais que cada um a seu modo são muito melhores do que os citados anteriormente.  E o Ricardo de 1986 é bem parecido com o do livro, muito mesmo, sem Ana do Véu, ou a paixonite por D. Cândida.

Eliane Lage é uma Sinhá Moça mais séria e radical do que as da TV.
Encontrei o filme no Youtube com a mesma qualidade de som ruim do meu DVD.  Ah, sim, apesar de ser um filme bem violento, violência contra os escravos e violência em resposta a esse tratamento desumano, o filme tem algum humor.  Ia esquecendo, mas há uma ridícula disputa de caroças entre Sinhá Moça e Rodolfo logo no início do filme que, muito provavelmente, foi inspirada na sequência de Orgulho & preconceito de 1940.  Não faz sentido nenhum, mas acaba sendo engraçada de tão sem noção.  E estou quase no fim do livro.  Dois detalhes curiosos, a Sinhá Moça original é loura.  Eu, por causa das adaptações, só consigo imaginá-la morena.  

A outra coisa, o Rodolfo do livro, depois de conseguir se acertar com a amada, é bem saidinho, vive querendo abraçar (*ou agarrar*) e beijar a moça, que se esquiva (*como uma boa moça do século XIX e de 1950 deveria fazer*), e escapa na maioria das vezes.  Ele também quer marcar o casamento o mais rápido possível, quando dorme na casa da mocinha não consegue conciliar o sono, vem com um papo mole de "logo, logo, havemos de nos casar".  Ele a ama, mas a questão é de ordem sexual mesmo, ainda que nenhuma linha seja explícita.  No filme, ambos são muito contidos.  Nas novelas, Rodolfo é muito correto e contido e a mocinha bem mais saidinha do que no livro.  Há um equilíbrio da coisa, eu diria.


Minha edição do livro e esta aqui.
É isso.  Comecei falando do filme, queria fazer um texto enxuto e saiu essa estrovenga.  Parei sabe-se lá quantas vezes para fazer outras coisas, atender Júlia, enfim.  Não sei quem teve paciência de chegar até aqui.  O que eu queria dizer é que vale a pena assistir ao filme de 1953.  Na verdade, ainda não assisti filme da Vera Cruz, o estúdio que o produziu, que não me agradasse.  O problema é encontrá-lo com um som decente, porque a tortura a qual me submeti, não desejo para ninguém.  É isso.  Boa semana!  Abaixo, uma matéria do Fantástico com a autora do livro visitando o estúdio onde gravaram Sinhá Moça em 1986.  A autora faleceu em 1998.


1 pessoas comentaram:

Infelizmente, som ruim é uma maldição constante do cinema brasileiro. Isso só começou a ser resolvido direito lá pelos anos 90, para se ter uma ideia...

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