segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Ainda sobre cinema: Rebecca Hall descobre que seu bisavô era negro e fingia não ser

Rebecca Hall, que eu considero uma atriz excelente, fez sua estreia na direção com o filme Passing, no Brasil chamado de Identidade. falando sobre pessoas pretas que se passavam por brancas nos Estados Unidos para fugir dos entraves do racismo e das legislações segregacionistas vigentes em alguns estados.  Como comentei na resenha, que tem vários links,  não era algo pessoal, mas um fenômeno social.  Havia milhares de pessoas fazendo isso e era um negócio arriscado.  Pois bem, Hall visitou o programa Finding Your Roots with Henry Louis Gates, Jr. e fragmentos do programa apareceram no Youtube para mim. O vídeo está aí embaixo:

Comentando o vídeo para quem não entende inglês, Hall sabia que seu avô, um homem chamado Norman Ewing, era alguém que fingia ser branco, na verdade, ele era um músico que se apresentava falando, também, de sua herança cultural indígena.  O que enry Louis Gates, Jr. descobre é que, na verdade, Ewing era mestiço e estava registrado como "mulatto" no senso de 1910, o que, pela lei, determinava que ele era afro-americano.  Ao assumir uma identidade de mestiço com nativo americanos, ele tentou fugir das suas origens e do estigma imposto pelas leis racistas.

Agora, a parte mais surpreendente é que o bisavô da atriz, John William Ewing, nasceu escravizado em 1858 no Tennessee e que no seu obituário, em 1911, ele é louvado como um homem que militou pela educação dos negros e encontrou-se com autoridades, como o presidente Grant, e personalidades ligadas as causas dos direitos civis dos negros. O chocante, claro, é que o filho de um homem engajado a tal ponto tenha negado as suas origens, assumido outra identidade racial e vivido uma mentira por décadas.  Enfim, recomendo o vídeo e o filme, uma estreia vigorosa da atriz como diretora, apesar das minhas críticas.

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