segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

RIP Satomi Mikuriya: Esse homem teve grande responsabilidade no fato de eu ter ido fazer História


O mangá-ka, roteirista, diretor de animação etc. Satomi Mikuriya morreu na última quarta-feira, a notícia foi divulgada na sexta.  Olhando o nome, ele não me dizia nada, fui ler o post do ANN.  Nascido em maio de 1948, Mikuriya estreou em 1970 com o mangá Kuroi Tsurugi (黒いつるぎ).  Ele criou o mangá Nora no Hakobune (ノーラの箱船), em 1977 e também atuou diretor, storyboarder e designer do anime Nora, trabalhou no anime Golgo 13 (ゴルゴ13), de 1983, criou o mangá Kentauros no Densetsu (ケンタウロスの伝説), que inspirou um anime de vídeo original (OVA), entre tantos outros trabalhos. 

Ele foi o criador do anime Entaku no Kishi Monogatari: Moero Arthur (円卓の騎士物語 燃えろアーサー), em 1979, adaptando  Le Morte d'Arthur (A morte de Artur), um dos mais célebres livros sobre as histórias do rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda, de Thomas Malory, obra publicada em 1485.   Entaku no Kishi Monogatari: Moero Arthur, aqui, no Brasil, Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda, foi exibido em nosso país e eu assisti lá pelos meus 9, 10 anos, no SBT.  Por causa desse anime um tanto confuso, eu comecei a ler sobre as lendas arturianas, porque eu precisava ampliar e checar aquilo que aparecia na série.  Fui ler a Enciclopédia Júnior Anglo-Brasileira, que está na casa dos meus pais até agora.  

Lembro de ter me espantado quando descobri que Lancelot e Guinevere tinham um caso, porque, no anime, não havia nada entre os dois.  Tristão e Isolda apareciam no anime, mas não sei se o original, ou a dublagem, censuraram a história dos dois, transformaram ambos em primos, ou coisa parecida.  Daí, eu assisti ao filme Sinfonia Interrompida e descobri não somente a música de Wagner, como que Tristão e Isolda morriam no final e não eram bem primos... Aos 12 anos, li a minha primeira versão de Tristão e Isolda por causa desse rolo todo em época em que não havia Google.  Nessa perseguição a tudo relacionado às lendas arturianas, fui ler As Brumas de Avalon aos 15 anos.  Não aconselho, acho que era cedo demais, mas, enfim, tenho grande carinho pelos livros até hoje.

O fato é que esse anime detonou meu interesse por Idade Média, tal e qual uma bola de neve que cresce descendo uma montanha, e isso pesou muito na minha escolha pela faculdade de História.  Quando fui fazer uma prova e entrevista para ser monitora de Idade Média, disse para as professoras que meu interesse pela área surgiu graças a um anime.  Disse mesmo, nunca tive problemas com isso, porque a minha seriedade em relação aos meus estudos sempre servia como uma carta de apresentação forte o suficiente para calar qualquer (pre)conceito em relação aos meus hobbies estranhos.  Não estudei Inglaterra, ou Rei Arthur, mas sou medievalista, ou era, pelo menos.

Enfim, escrevi tudo isso para dizer que Satomi Mikuriya teve importância na minha vida, mesmo que eu só tenha descoberto isso agora.  Devia um post para marcar a sua partida.  A família não revelou as causas de sua morte, mas ele vinha tratando alguma doença fazia muito tempo.

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