domingo, 1 de outubro de 2023

Mais uma História de Cinderela faz sucesso no Japão... Desta vez, com um toque de Yakuza

Estava olhando o Comic Natalie e me deparei com um post falando do lançamento do primeiro volume do mangá Ijiwaru na Haha to Ane ni Urareta Watashi. Naze ka Wakagashira ni Dekiaisaretemasu (意地悪な母と姉に売られた私。何故か若頭に溺愛されてます), cuja tradução é algo como "Fui vendido pela minha mãe e irmã malvadas. Por alguma razão, sou adorada pelo jovem chefe.".  No título, havia algo como cinderela e esposa perfeita.  Pensei, "OK, lá vamos nós de novo!".  Pensei que seria algo na linha Watashi no Shiawase na Kekkon (わたしの幸せな結婚), mas com a mocinha vendida pela família.  

Detesto essas histórias de mocinha vendida, vi que era nos dias de hoje e achei que seria material ruim, mas fui olhar os dois capítulos que já tem scanlations e foi uma surpresa.  Bem, não é que fuja dos clichês, mas é a sinceridade e a forma como a narrativa é organizada que devem ter feito a novel fazer tanto sucesso, porque, sim, foi isso que levou para a adaptação em mangá e, talvez, conduza a um dorama, porque parece material facilmente adaptável.  Mas vamos para a história:

Sumire tem vinte anos e é uma moça trabalhadora e esforçada.  Ela mora com a mãe e a irmã mais velha, ambas não trabalham e exploram a protagonista.  Além de trabalhar fora, ao chegar em casa, ela ainda tem que fazer toda a sorte de serviços domésticos.  Sumire quer o afeto da mãe desde a infância e nunca recebeu a não ser insultos e acusações.  Para a mãe, o marido foi embora e abandonou a família por causa da filha mais nova.  Imagino que ele queria um menino, nada é explicado, mas a mãe da protagonista a acusa de ser feia, desengonçada e incapaz de conseguir o afeto das pessoas.  A irmã mais velha, Ran, diz que o destino de Sumire é nunca se casar.  Quando tem algum tempo livre, Sumire lê romances e observa o grupo das colegas de colégio no celular e lamenta que somente ela parece não ter uma vida.

Uma noite, três homens mal encarados aparecem na porta, eles são yakuza.  Ran está endividada com a máfia e sem a mínima possibilidade de pagar o que deve.  O chefe do trio pergunta quantos anos ela tem.  Como ela é maior de idade, ele diz que irá levá-la para trabalhar em uma de suas "lojas".  Trata-se de um eufemismo para prostituição (*mais adiante, ele irá deixar isso claro*), ou melhor dizendo, escravidão sexual.  A mãe ameaça chamar a polícia, o yakuza diz que não adianta.  É então que Ran sugere que levem sua irmã, que é mais jovem, ainda que não seja bonita.  Sumire fica desesperada, mas nada diz e olha para a mãe esperando que ela se compadeça dela.  A mãe concorda com a filha mais velha.

Os dois yakuza dizem que é mau negócio, mas o chefe do grupo fica atordoado com a situação.  Ele pergunta se Sumire está de acordo com isso.  A jovem, em absoluto desalento, diz não se importar.  Vemos os pensamentos da garota, ela pensa no quanto não é amada e que não tem um lugar no mundo onde se sinta acolhida.  Entregar seu corpo seria somente uma variação do inferno no qual já vive.  Ela termina por dizer para o yakuza que leu muitos livros sobre a máfia japonesa e sabe o que a espera.  Ele gargalha, mas fica com pena da moça.  No outro dia, contrariando o procedimento padrão, ele mesmo vai com outro colega, que parece ser seu irmão caçula, buscar Sumire.

O rapaz mais jovem debocha dele.  Diz que ele nunca se interessou por mulheres e que a tal garota deve ser muito bonita.  Ele diz que não é absolutamente o caso e que não tem interesse especial por ela.  No entanto, se sente atormentado pelo olhar inexpressivo da moça e a forma como ela se deixou vender pela mãe e pela irmã.  Obviamente, ele já está apaixonado e é necessário ver como essa história irá se desdobrar, pelo título do post, no entanto, já fica dito que o chefão irá transformar Sumire em sua esposa.

O que temos nesse mangá é mais uma mocinha que sofre abuso emocional e abandono afetivo.  A coisa é tão pesada que ela não percebe que bastaria ir embora, afinal, TODA a renda da casa é produzida por ela.  Quem iria impedi-la?  Consigo esquecer desse detalhe sendo uma história contemporânea?  Não sei.  E continuo detestando esse plot da mulher comprada, porque Sumire estará em uma posição que é tudo menos igualitária, mas a autora já desenhou que o chefe mafioso tem um código de honra e um bom coração.  Como há toda essa fascinação por yakuza nos mangás femininos, e que não é muito diferente das toneladas de romances de banca sobre mafiosos produzidos no Ocidente, há público consumidor de sobra.  

O chefe mafioso é do tipo bonitão, algo comum nesse tipo de história.  Resta saber se o mangá vai ficar no romance água com açúcar ou teremos pimenta nessa história.  Acho que devemos ficar no chove e não molha, não me parece que o mangá é TL, ou passa perto disso.  Já a mãe e a irmã mais velha são absolutamente detestáveis.  Estão no mesmo nível da madrasta e da meia-irmã de Miyo.  O agravante, claro, é que no caso de Sumire é sua mãe biológica que a trata dessa forma desprezível.

Concluindo, a autora do romance original de chama Rin Mitsuki, o vídeo sobre o primeiro livro teve mais de 5 milhões e oitocentas mil visualizações no Youtube, segundo o CN.  Achei três volumes de novels no amazon Japão. A responsável pelo mangá se chama Suzumaru e o quadrinho sai na B's-Log Comic, que é uma revista para o público feminino adulto.  Suzumaru postou umas animações do mangá no Youtube.  Já a arte da série de livros é de Fumi Takamura, gostei bastante do traço dela.  Tanto Takamura, quanto Suzumaru, são mangá-kas de BL, talvez seja a primeira incursão delas fora da demografia.

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