quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Comentando o primeiro volume de Sob a Luz da Lua (Uruwashi no Yoi no Tsuki), o novo shoujo da JBC

Chegou hoje o  volume #1 de Sob a Luz da Lua, nome nacional da série Uruwashi no Yoi no Tsuki (うるわしの宵の月), de Mika Yamamori.  A série é  publicada na revista Dessert desde 2020 e tem 8 volumes até  o momento.  A tomar pelo primeiro volume somente, e eu não li mais nada da série, apostaria que esse mangá  não se estenderá para além dos 12, 15 volumes, a não ser que a autora  invente muito.  A série terá anime em janeiro do ano que vem. Vou colocar  um resumo inicial (*que está no Bakaupdates*) e comentar o volume em si.

"As pernas longas, a voz grave e o rosto bonito de Yoi Takiguchi são a receita perfeita para tornar um rapaz atraente. Até que as pessoas descobrem que ela é, na verdade, uma garota. Apelidada de "príncipe" pelos colegas desde a infância, Yoi praticamente desistiu de ser vista como qualquer outra coisa. Até que ela encontra Ichimura-senpai, o outro príncipe da escola (que é um "homem"), e experimenta como é ser vista como ela realmente é. A história dos dois príncipes do ensino médio começa aqui!"

Uruwashi no Yoi no Tsuki é um dos grandes sucessos do shoujo mangá da atualidade.  Todos os seus volumes aparecem entre os mais vendidos do Japão na semana do lançamento, sem exceção.  Ainda não recebeu nenhum prêmio, mas já foi indicado mais de uma vez, além de aparecer em listas de recomendação, como as da revista Da Vinci.  Como estamos em boa maré para animações, ela veio antes, mas acredito que logo será anunciada alguma adaptação live action, também.  Trata-se  de um romance escolar, gênero dominante dentro dos shoujo e a autora sabe bem o que está fazendo.  

Yoi, nossa protagonista, é vista como um príncipe.  Não a chamaria de garota-príncipe, porque ela não escolhe ser o que é.  Sua aparência andrógina se impõe e ela acaba assumindo certos papéis menos por vontade e mais por não ter o que fazer.  Apesar do ar super confiante, até superior, ela é insegura, pelo menos esta é a minha impressão a partir da leitura de um único volume, em relação a como se comportar.  As garotas a adoram a ponto de Yoi receber declarações de amor e presentes, os garotos a ignoram, têm inveja dela, a tratam com desdém.  Mas o que realmente Yoi deseja para si?  Pelo menos, ela não está sozinha.  Ela parece ter duas amigas de verdade, Kotobuki e Nobara, que torcem por ela e a apoiam.

E, de repente, a vida da menina muda quando Kohaku Ichimura entra em sua vida.  Ele cai em sua frente em uma daquelas cenas clichê nas quais o personagem pula o muro, porque está atrasado para a aula. Ela cai sentada no chão e ele elogia sua  beleza sem pensar duas vezes para, logo depois, perceber que se tratava  de um rapaz.  O primeiro encontro causa forte impressão em Yoi que, mais tarde, descobre que Ichimura é seu senpai e um grande favorito entre as meninas da sua sala.  Ao chegar na janela, ele a vê e grita perguntando se está tudo bem com sua "bunda".  Ele achava que Yoi, que fica desconcertada, é um rapaz, mas é alertado por seus colegas  que se trata de uma garota.

A partir daí, Ichimura fará o possível para se aproximar de Yoi e verá nela algo que nenhum outro rapaz percebeu ainda.  Ele a vê com uma garota e, não, como um cara, como todos os outros, e não entende como ninguém nunca percebeu que ela é bonita.  Ele se apaixona por ela, é insistente, mas é gentil e não assedia Yoi, ainda que ela o acuse de ser um stalker.  Na verdade, ela não sabe o que fazer com esse tipo de atenção, afinal, não está acostumada com esse tipo de situação.  Ao término do primeiro volume, Ichimura pede para sair com ela para depois se desculpar, dizer que foi brincadeira, mas Yoi toma coragem e diz que quer sair com ele para ver como as coisas irão se desenrolar.

Lendo este volume, imaginei que o primeiro beijo já viria logo, ainda não aconteceu, mas já houve várias cenas ternas e a acusação dos amigos de Ichimura de que o interesse dele por Yoi é somente sexual.  Ele nega, mas evidentemente há desejo e eu sei que eles farão sexo em algum volume futuro, porque as imagens já circularam.   Imagino, também, que Yoi mude um pouco sua forma de vestir para adotar um tom menos andrógino, é o que as capas sugerem, no entanto, esse ar de "príncipe" foi imposto a ela, não foi escolha.  Não sei se a autora irá discutir papéis de gênero, isto é, os comportamentos e papéis esperados de homens e mulheres em uma dada sociedade, de forma mais séria no mangá, mas já avisei que não vejo Yoi como garota-príncipe.   De qualquer forma, Ichimura não se interessa por meninas fúteis ou que simulam um comportamento kawai, foi um dos motivos que fez com que ele olhasse para Yoi.

Ichimura é que é o príncipe de verdade, inclusive por ser rico.  E sua fortuna é o que atrai tantas garotas para cima dele.  Ele sabe, ele se ressente disso.  A tomar pelo primeiro volume, o rapaz parece morar sozinho e acredito que exista algum segredo em relação à sua família, ou alguma coisa difuncional.  Já Yoi, só fala do pai, que a gente conhece nesse volume e que parece amar muito a filha.  Ele é dono de um restaurante de curry.  Devemos ficar sabendo mais sobre as famílias dos protagonistas nos próximos volumes.

De resto, a capa do volume #1 não é bonita.  A original não era, a da JBC piorou com o letreiramento.  Só que as outras capas vão ficando mais bonitas.  Há, também, a escolha por não usar os honoríficos.  Isso sempre atrapalha um pouco a compreensão de qualquer história, porque usá-los e o que se usa (*san, sama, chan, kun etc.*) indicam graus de proximidade e deferência, ou como a relação entre os casais progride.  Ichimura chama Yoi de Yoizinha, muito provavelmente, ele deve estar chamando a moça de Yoi-chan.  Ficaria melhor, mas eu não decido nada.  E ainda temos o irritante "veterano", que é algo que a gente não costuma usar no Brasil.  É lamentável que a JBC não tenha feito opções melhores com o tempo; bastaria colocar uma nota explicativa no início do mangá.  Isso é só um lembrete de um dos motivos pelos quais eu compro tão pouco material da editora.  Pelo menos, não abusaram das gírias que podem se tornar datadas.

Algo curioso que aparece no primeiro volume é a comparação que uma das amigas de Yoi faz da relação entre ela e Ichimura com a de Makino e Doumyouji de Hana Yori Dango (花より男子).  Olha, não faz sentido isso, não.  Doumyouji é tudo, menos um príncipe (*ou bom moço*), nesse sentido de mangá, o moço bonzinho, gentil, bonito e rico.  E Yoi não se parece com Makino, nem passa pelo que a protagonista de Hana Yori Dango passa.  Ichimura não é um bully, nem parece, a tomar por esse início de história, precisar se tornar alguém melhor.  Enfim, continuarei comprando o mangá, mesmo me desagradando das opções de adaptação da editora.  Só irei parar se a história decair muito, o que imagino que não vá acontecer, ou se eu ficar sem dinheiro mesmo e tiver que fazer escohas.  Se quiser ajudar o Shoujo Café, compre a edição de Sob a Luz da Lua pelo nosso link do Amazon.

1 pessoas comentaram:

Animado e ansioso na espera da apatação do anime. Espero que façam uma boa adaptação, que contemple toda a narrativa do mangá.

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