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domingo, 9 de novembro de 2025

Comentando O Agente Secreto (Brasil/França/Holanda/Alemanha, 2025): Embate entre o direito à memória e o esquecimento em um Brasil em disputa sobre o seu passado

O Agente Secreto, filme que é o indicado do Brasil ao Oscar, finalmente estreou.  Houve pré-estreias pelo Brasil, mas eu assisti da forma normal mesmo.  Ele entrou em cartaz na quinta e eu assisti na sexta (*melhor marcar o tempo, porque sei lá quando a resenha ficará pronta*).  E o filme está em muitas salas e estou bem contente com isso.  Estrelado por Wagner Moura e dirigido por Kleber Mendonça Filho, O Agente Secreto vem tendo uma trajetória marcada por premiações, semelhante ao que aconteceu com Ainda Estou Aqui, começando com o Festival de Cannes, no qual foi o filme mais premiado, além dos elogios da crítica especializada.  Moura inclusive é um dos cotados a uma indicação ao Oscar.  E pode nem ser a única do filme, aliás.  Enfim, vamos ao resumo do filme (*usei como base a Wikipedia*) e depois a resenha, 

"Ambientado no Recife em 1977, durante o período da ditadura militar no Brasil, O Agente Secreto acompanha a trajetória de Marcelo (Wagner Moura), um professor universitário e pesquisador da área de engenharia que retorna à sua cidade natal após anos afastado e fugindo de um passado misterioso e violento ligado a um conflito com um poderoso e corrupto industrial paulista.

Com sua vida em perigo e sob constante ameaça e vigilância, Marcelo busca encontrar um pouco de paz, proteger seu filho pequeno que vive com os avós maternos (o avô é projecionista no icônico Cinema São Luiz) e, eventualmente, deixar o país. Ele encontra refúgio em uma casa segura com outros dissidentes e figuras marginalizadas, incluindo um casal de refugiados angolanos, que é liderada por Dona Sebastiana (Tânia Maria).

Ao tentar se reaproximar da família e buscar as origens de sua mãe, ele percebe que a cidade está sob intensa vigilância e corrupção do regime militar que ainda controla e persegue opositores. Marcelo acaba envolvido em uma rede de espionagem e conspirações, enfrentando dilemas morais e pessoais enquanto luta para proteger aqueles que ama e desvendar o próprio passado."

Depois de assistir a O Agente Secreto, compreendi os três Wagner Moura de alguns cartazes. Vemos o passado de Marcelo, na verdade, este nem é o seu nome, seu presente, em 1977, e o futuro, que é o nosso presente.  Trata-se de um filme com várias temáticas e que mistura gêneros.  É um thriller, porque temos toda a tensão em torno de Marcelo, os mistérios que precisam ser resolvidos; é um filme sobre a fase final da ditadura; é um filme policial; é um pouco de faroeste; e tem uma pitada de realismo fantástico (*a parte mais fraca e problemática da película*).  Além disso, ele discute memória, no sentido de como lembramos e de quem lembramos, a importância da identidade e as perspectivas sobre o Brasil.

Assim como em Bacurau, O Agente Secreto é carregado de brasilidade, além de celebrar a cidade de Recife, a de ontem e a de hoje.  A narrativa começa no Carnaval e vemos as tradições pernambucanas, algumas ainda presentes, outras já esquecidas, em um ambiente marcado pela violência e pelo medo de ser alvo dela.  Como em outros de seus filmes, Kleber Mendonça Filho escala gente comum e atores experientes.  É bom ver em tela gente que parece com os nordestinos que eu conheço, meus parentes, gente que conheci no Rio, em Sergipe e em Brasília.  Pessoas comuns.  Mendonça Filho não inventou esse tipo de escalação, se não estou enganada, isso começa com o neorrealismo italiano, mas é um dos que empregam melhor os artistas da terra e vê talento em quem só descobriu que podia atuar muito mais tarde, caso de Tânia Maria.

O Agente Secreto também é um filme que homenageia o cinema de uma forma muito sensível.  Parte da ação se passa na sala do projecionista do cinema São Luiz, Seu Alexandre (Carlos Fancisco), que é o sogro de Marcelo.  O foco principal é o cinema de terror; há toda uma discussão sobre o filme Tubarão, que o filhinho de Marcelo teme, mas quer assistir e não tem idade; são mostrados os efeitos que o filme A Profecia tinha sobre o público.  E há as piadas internas.  O delegado Euclides (Robério Diógenes) pergunta para Marcelo se ele não é da polícia, porque ele tem algo de policial. Para mim, é brincadeira com Tropa de Elite. Outra é quando falam que o sotaque de Marcelo, que diz ser de Recife, não é "muito católico", isto é, não parece ser verdadeiro. Não é mesmo, ele é baiano. 😊

Um tema que Mendonça Filho já explorou em Bacurau retorna, o do Brasil partido.  Os sulistas, gente que vem do Rio e São Paulo, considerando-se superiores, mas podendo ser suplantados na sua astúcia pelos nordestinos que consideram inferiores e atrasados.  É tudo um tanto maniqueísta, como foi em Bacurau, mas Mendonça Filho não vai repensar essas estruturas.  Enfim, o passado de Marcelo tem a ver com isso.  Recém-retornado do seu pós-doc no exterior (*o que nos anos 1970 era muita coisa mesmo*), ele é diretor do departamento de Engenharia (*não sei se de toda ou alguma específica*) da universidade federal e recebe a visita do grande vilão, aquele que tem o grande poder, o industrial corrupto Ghirotti (Luciano Chirolli).  Ele tem grande poder nas altas esferas da Eletrobrás e decide desmontar o departamento de Marcelo, depois de entrar em conflito com ele por causa de uma patente e de ser desacatado pela esposa do protagonista, Fátima (Alice Carvalho), que foi ofendida por ele.  E é uma pena que a excelente Alice Carvalho tenha tão pouco tempo de tela.

Apesar do momento político tenso, Marcelo não é um militante, ele é perseguido por ter cruzado com um poderoso, que acredita que é um dos verdadeiros donos do país.  Assim como ocorre em nossos dias, ele acabará sendo acusado de comunista, afinal, quem discorda dos poderosos, ainda  mais durante uma ditadura, é inimigo do regime.  No início da trama, não sabemos de onde Marcelo está vindo e os resumos que dizem que ele veio buscar paz em Recife estão errados.  Marcelo quer reencontrar o filho, um menino muito fofo que tem os olhos parecidos com os da esposa morta, conseguir qualquer documento que possa lhe dar uma pista de sua mãe e fugir do país com o garoto.  As cenas de pai e filho são bonitas, em especial, as que tocam na lembrança da mãe.  É dito que Fátima morreu de doença, mas acredito mais que tenha sido assassinada e a fuga de Marcelo do Recife, o afastamento forçado em relação ao filho, tenha a ver com isso. Mas o filme não diz nada sobre isso.

Voltando ao vilão.  Ele decide desmontar o departamento da universidade federal.  Sob os argumentos de que se deve  fazer pesquisa seguindo um único modelo, o do Sul (*Sudeste*) do país, que algumas pesquisas são redundantes e que certas tecnologias não precisam ser feitas no Brasil e podem ser importadas, se conectam com a ideia do país partido, da subalternidade do Norte (*Nordeste*) e do maniqueísmo do diretor em relação a isso.  Agora, durante o governo FHC, quando eu estava no início do mestrado (1998), houve um projeto que não foi para frente, e que uma das minhas professoras mais elitistas defendeu em sala de aula, era o de que os centros de pesquisa deveriam se concentrar em Rio, São Paulo e Brasília (*nem Minas, ela colocou*) e que as outras federais deveriam simplesmente replicar o que era feito nos centros de excelência listados por ela, especializando-se  em formar mão-de-obra.  E ela foi além do vilão de O Agente Secreto, ela disse que pesquisa DE VERDADE não era feita fora dos tais centros de excelência.  

Como o melhor aluno da minha turma de mestrado era da Federal de Sergipe, ele armou um barraco bonito em sala.  MEMORÁVEL. Enfim, a sequência da reunião de departamento e toda a história do desmonte me lembraram desse projeto que não vingou.  Talvez, o Kleber Mendonça Filho tenha se inspirado nele, assim como ele trouxe para dentro de O Agente Secreto o caso do menino Miguel que caiu do prédio de luxo em Recife, porque a patroa de sua mãe deixou que ele ficasse vagando pelo edifício, enquanto sua mãe tinha sido mandada levar os cachorros para passear.  No filme, foi um atropelamento.  A mãe empregada doméstica tinha ido comprar pão e a patroa deixou a menina de três anos sair para a rua atrás dela.  

Em O Agente Secreto é  mostrado todo o esforço das autoridades policiais para proteger a dondoca e fazer com que ela pareça mais vítima do que a criança e sua mãe.  É a tal discussão sobre o controle de informação, o que sai nos jornais, o que não sai e como sai.  Trata-se de uma das temáticas do filme.  Enfim, quem tenta proteger a dondoca é o delegado Euclides, uma das figuras mais folclóricas do filme e a mais perigosa. Ele é a representação do pequeno poder, que pode ser tão daninho quanto o grande poder, porque ele está perto da gente, fungando no nosso pescoço.  É o guarda da esquina que seria estimulado pelo AI5. Ele e seus homens são um grupo de extermínio, um esquadrão da morte, como tantos os que existirão durante a ditadura civil-militar.  Eles têm prazer em torturar e matar; isso vale para criminosos comuns ou para aqueles envolvidos com atividades políticas.  Marcelo não é nem coisa, nem outra, mas isso pouco importa, porque em um regime de exceção seus direitos civis não são respeitados, eles não existem.  Euclides circula pela cidade na sua patamo (camburão) provocando terror. Curiosamente, ele simpatiza com Marcelo e isso é importante na parte final do filme.

Logo no início da película, somos apresentados à perna na barriga do tubarão.  Sem maiores detalhes, a tal perna é de um jovem estudante que foi "desaparecido" por Euclides e seus homens.  A perna acabará passando por algumas aventuras e será associada à lenda urbana recifense da perna cabeluda.  Segundo o site Ingresso.com, a lenda urbana foi criada pelo jornalista Raimundo Carrero em 1976, que disse em entrevista "Como vivíamos sob a Ditadura Militar e muito conteúdo não podia ser publicado devido à censura, o então editor do Diário de Pernambuco e hoje ministro do Superior Tribunal da Justiça, Og Marques Fernandes, incumbiu a mim uma coluna policial com casos tidos como absurdos. Surgiu aí a história da Perna Cabeluda". Ela era utilizada como metáfora para a violência da cidade, sem apontar os criminosos que eram, em sua maioria, agentes da ditadura.  a perna atacava pessoas aleatórias, as agredia e até matava, rendendo colunas sensacionalistas no jornal.

Além dos folclóricos e perigosos policiais-criminosos locais, temos os dois assassinos de aluguel, Augusto (Roney Villela) e Bobbi (Gabriel Leone), contratados por Ghirotti para matar Marcelo.  Eles barganham o preço e o líder da dupla diz que gente como o protagonista era mais cara.  Acertam 60 mil cruzeiros.  A dupla sai do interior do Rio de Janeiro para Recife. Augusto, que havia sido expulso do Exército, serviu sob o comando de Euclides.  Em Recife, Augusto decide terceirizar o trabalho para um assassino local por 4 mil cruzeiros, deixar Bobbi supervisionando o sujeito e ir curtir a praia.  Enfim, o assassino local é muito mais casca grossa e inteligente do que eles poderiam supor e não leva desaforo para casa.  Uma ofensa que Bobbi lhe faz custará muito caro.  Aliás, o tiroteio no final do filme é uma das partes mais espetaculares da película.

Mas Marcelo precisa fugir.  Ele tem amigos em Brasília que o avisam que Ghirotti está tramando contra ele.  Em Recife, ele está hospedado no aparelho que é gerenciado por Dona Sebastiana.  Ali, ele conhece outros refugiados, é assim que eles se chamam, e todos têm nomes fictícios.  Quem irá ajudá-lo  a fugir é Elza (Maria Fernanda Cândido), mulher rica e de boa família, mas que ajuda perseguidos no país, grava seus depoimentos e obtém provas e deseja a derrocada de Ghirotti.  Ela conta com a ajuda de Arlindo (Thomás Aquino), um médico que é seu elo de ligação em Recife.  As fitas que Elza grava com Marcelo e outras personagens chegam aos nossos dias e estavam sendo transcritas por  duas estagiárias em uma universidade.  Volta e meia, cenas das moças aparecem quebrando a narrativa principal.

Já caminhando para o final, Wagner Moura não precisa ser mais elogiado do que já está sendo, então, quero marcar que o resto do elenco, gente com cara de pessoas do povo, alguns poderiam ser meus parentes, torna o filme muito especial.  Como já elogiei bastante o ator Robério Diógenes, para mim um dos destaques do filme, vou somente marcar que Tânia Maria, a Dona Sebastiana, é um achado.  Ela é quem consegue proteger e manter coesos os refugiados, promovendo ainda romances, como o de Marcelo e da dentista Claudia, a excelente Hermila Guedes.  Aliás, a gente nunca descobre por qual motivo Claudia se esconde com a filha, mas imagino que possa estar fugindo de um marido violento.  Seria a minha aposta.  Enfim, as cenas de Tânia Maia são as melhores da película e há quem defenda que ela pode acabar sendo indicada ao Oscar de atriz coadjuvante.  Seria fantástico, mas acho difícil.  

Críticas? Tenho, claro. A parte do presente, mesmo sendo importante dentro da lógica do filme para discutir a memória, parece deslocada do conjunto. O filme seria mais interessante se ficasse somente no passado. E teríamos dois Wagner Moura somente. Como entendo a importância, especialmente para a discussão da memória, que o presente exista, ele poderia ser mais enxuto.  As cenas das duas estagiárias  são anticlimáticas e eu nunca vi ninguém chamando fone de headphone.  NUNCA.  Já a sequência final, com o terceiro Marcelo, na verdade, seu filho, poderia ser menor, porque ela termina sendo anticlimática.  

E, claro, ou não seria filme de Kleber Mendonça Filho, se ele não metesse uma orgia no meio da película. Do nada, sem função, porque a "perna cabeluda" nem volta a aparecer. Se ainda tivéssemos a perna indo se vingar dos policiais, até vai, mas era somente para mostrar gente se pegando das formas mais variadas e criativas em um parque. E, não, Wagner Moura ou Gabriel Leone não estão no meio da orgia para a coisa valer o fanservice, é sempre elenco de figurantes nessas cenas que ele cria.  E, sim, Kleber Mendonça Filho já defendeu a importância do sexo no cinema e eu não estou criticando isso, mas o mau uso que ele SEMPRE faz, porque impacta inclusive a classificação indicativa  do filme.  

Em O Agente Secreto temos algumas cenas de sexo que estão conectadas ao roteiro.  Há uma cena de cama de Marcelo e Cláudia, nada exagerada, completamente inserida na narrativa.  Há o casal transando na sala dos arquivos do centro de identificação onde Marcelo vai trabalhar. É algo meio grotesco, mas está no limite do aceitável. E por mais absurdo que possa parecer, é algo possível, quem não acreditar, olhe essa matéria que saiu ontem: Calcinha usada é encontrada no chão de sala com arquivos em segredo de Justiça em fórum do ES.  E temos a felação no cinema, que é mostrada de cima e de forma não explícita.  Bastaria isso, mas Mendonça Filho cria a mega orgia pública no parque.  E ainda fica parecendo referência aos filmes de terror ruins dos anos 1980-90, nos quais o monstro da vez sempre ataca os adolescentes que fazem sexo ou têm vida sexual ativa.  Na minha estreita  percepção da coisa, parece um contraditório com o que ele disse em entrevista“O sexo no cinema americano é muito associado ao negativo, a coisas ruins. É muito raro, praticamente não existe, um personagem que lida com a sexualidade de forma comum”, afirmou o diretor. Ele acrescentou que a sua contribuição para o tema é mostrar, em suas próprias obras, a sexualidade como algo “bom, natural e saudável”.

A reconstituição de época é muito boa, ainda que ficou estabelecido com a direção de arte e figurino que não se queria realismo absoluto, especialmente no figurino, mas um diálogo com o presente.  Aqui, foi um grande acerto, ainda  que eu veja mais o passado e lembre das fotografias de família na casa dos meus pais.  Eu nasci em 1976.  Como pontuei, o elenco do filme parece com gente da minha família, então, a ambientação no geral me pareceu familiar.  Sem nostalgia envolvida, porque eu cresci  mesmo nos anos 1980, minhas lembranças são mais dessa década e não tenho saudade nenhuma de roupas e cabelos dessa época.  A ambientação da década de 1970 parece mais cartunescas e divertidas, por assim dizer.  Aquele monte de carros coloridos é uma graça e os enquadramentos de Recife, do presente e do passado, são deslumbrantes. Em uma entrevista, o diretor, que tinha 9 anos em 1977, fala que revisitou as suas próprias memórias sobre a época. 

Estou chegando no fim (*de verdade*) e evitando muitos spoilers, vejam só!  Estava já nesse pé do texto quando assisti a uma entrevista do Kleber Mendonça Filho para a CBN e preciso agregar algumas coisas.  Ele fala que o filme não é somente sobre memória, mas sobre esquecimento, quem é lembrado e como é lembrado.  Marcelo quer saber da mãe, que ele nunca conheceu, mas ela foi apagada, ela nunca existiu.  O sujeito que o ajuda no centro de identificação, seu chefe, um aliado, diz que é mais fácil encontrar dados sobre o pai.  Achei curioso, porque quando a gente dá informações da identidade, às vezes, só precisa do nome da mãe, ela é sempre conhecida, já o pai... Agora, se a gente observa quem era a mãe de Marcelo, e não vou dar detalhes, assista ao filme, trata-se de uma invisível.  Ela seria vítima do PDL da Pedofilia em nossos dias.  Marcelo teve sorte, talvez por ter nascido homem, já ela, não sabemos.

Em sala de aula é difícil explicar para adolescentes por qual motivo observar os monumentos de uma cidade é importante.  Eles mostram para a coletividade quem deve ser lembrado, quem pode ser lembrado.  Os monumentos são erigidos por governos e pelas elites, gente  que deseja mostrar sua importância e se perpetuar onde estão, dando a entender que sempre estiveram ali.  São estratégias de controle social.  Contem os pobres, os anônimos, os negros, as mulheres, a minorias, enfim, eternizados nos monumentos.  Marcelo no filme está ali no limite de ser apagado, porque Ghirotti precisa ser lembrado não como foi, mas como gostaria de ficar eternizado na memória coletiva.  De resto, uma observação aleatória sobre a entrevista do Mendonça Filho: não existe carioca  do interior do Rio de Janeiro como ele diz.  Quem nasce fora da capital, como eu mesma, é fluminense.  Esse apagamento, ou ignorância, vai saber, é muito desrespeitoso também.  Obrigada pela atenção.  

Concluindo, O Agente Secreto não é somente mais um filme sobre a Ditadura, é  outra coisa, é um espetáculo grandioso que poderia ser maior se tivesse deixado de fora os vícios de Mendonça Filho e se equilibrasse  melhor as  inserções do tempo presente.  O filme seria menos longo e mais coeso.  Imagino que exista muito material extra, mas não vejo o Mendonça Filho autorizando uma versão estendida ou uma minissérie para o Globoplay.  Dos filmes do diretor que  eu assisti (*O Som ao Redor, Aquarius, Bacurau*), continuo preferindo Bacurau.  Não é um filme melhor que Ainda Estou Aqui, que é mais universal por ser sobre algo que todo mundo tem ou deveria ter, uma família, sobre a angústia que é perder alguém que se ama e não poder viver o luto plenamente.  Também não é melhor que Homem com H, que eu não fiz resenha, preciso.  

Homem com H foi o melhor filme a que eu assisti este ano até agora e lá todas as cenas de sexo, absolutamente todas, fazem sentido e são importantes para contar a história.  De resto, espero que a trajetória internacional de O Agente Secreto continue brilhante como tem sido e seja coroada pelo Oscar, que é o que as pessoas parecem valorizar.  Que Wagner Moura,que está lindíssimo no filme, não somente receba indicação para melhor ator, mas que consiga vencer. Aliás, além do prêmio em Cannes, ele recebeu o inédito Golden Eye Award por sua carreira e performance extraordinária em O Agente Secreto de Kleber Mendonça Filho. Ele é o primeiro ator sul-americano a receber este prêmio.  Que venham outros. E um pedido: se alguém souber onde consigo a musiquinha instrumental que toca no trailer, que é o tema do filme, por favor, me avise.  Procurei e não achei.

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