quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Sua Boca Diz "Não", Mas Seu Corpo Diz "Sim"!



Existe uma fantasia machista muito perturbadora que permeia a literatura romântica em geral e da qual os mangás não conseguem escapar. Trata-se do tal “estupro consentido”, aquele papo horroroso de que quando uma mulher (*ou um uke*) diz “não”, na verdade, está dizendo “sim”. Fiquei pensando que deveria escrever algo sobre isso e que não seria uma coluna para o Anime-pró, mas algo para o meu blog. O que despertou meu interesse? Uma discussão no grupo BL/Yaoi AMLA. Sou lurker e observo somente, acho algumas discussões bem pertinentes, mas a maioria ou não me interessa diretamente, ou me parecem papos que descambam para a leviandade, como no caso do estupro. O título das mensagens era “Academic works on rape in Boys Love” (Trabalhos Acadêmicos sobre estupros em Boys Love), e eu fui catar para ver se havia alguma coisa interessante.

No fim das contas, não apareceu nada ainda, nenhum link, nenhum trabalho, só a defesa dos estupros literários e afirmações do tipo “estupro consentido não é estupro”, “quando o uke/mulher/passivo diz ‘não’, na verdade está dizendo ‘me dê prazer e faça valer a pena’”, houve também a maldita citação de Hana Yori Dango junto com Hot Gimmick como shoujos com “estupro consentido”, e a história de que é algo “normal” na literatura romântica, fora, a pérola de que “sim” e “não” no Japão têm outro peso.

Concordo que a idéia de estupro consentido atravessa boa parte da literatura popular romântica, e que essa representação depende tanto de homens quanto de mulheres para se perpetuar, no entanto, o fato da representação social existir não quer dizer que ela seja positiva, nem que tenha que permanecer para sempre ou tenha existido sempre. Deliciar-se com um estupro ancorando-se na idéia de que a vítima está “gostando”, é como justificar a violência.

Boa moça nunca diz “sim”. Então, quando ela diz “não” é um convite à ação, não é mesmo? Como o homem/ativo vai saber como agir? Como uma mulher poderá confessar seus desejos sem manchar sua honra e parecer “fácil”? “Ela queria”, vai argumentar o criminoso, na verdade, se aceitou meus beijos ou minha companhia queria transar comigo. Esse catecismo é repetido e idealizado, e vale para alguns shoujos, para BL/yaoi, para romances Harlequin, e, claro, para hentai e pornografia de massa como os catecismos de Carlos Zéfiro. Como diz a autora de Confidential Confessions, estupro não é sexo, estupro é crime.

O problema é quando nós fãs de mangá não conseguimos perceber os limites. No meio da discussão foi citado o fato de que uma editora da Alemanha que publica mangás BL/Yaoi, se recusar a lançar qualquer coisa que tenha estupro ou estupro consentido, o que parece “careta” para algumas fãs do gênero. Ponto para as alemães. Foi citado o mangá Gerard & Jacques como exemplo. Alguém disse que “não conseguia ver onde estava o estupro”. Não vê porque seu cérebro está tão anestesiado por esse tipo de representação violenta de romance que a coisa passou a ser “normal”.

Em Gerard & Jacques temos um burguês rico que compra a primeira noite de um adolescente (15? 16? 17 anos?) nobre que tinha sido mandado para um bordel masculino para pagar a dívida do pai, um aristocrata endividado. O burguês intelectual odeia nobres, humilha o rapaz e o estupra, apesar do menino suplicar que não o faça. "Ah, mas ele queria!" "Ele passa a gostar do cara que é bem mais velho e charmoso!" "o cara estupra mas depois compra a liberdade do menino! Que cute!" Sim, claro! Alguém que foi vendido para um prostíbulo tem direito de dizer “não” e sair sem nenhum arranhão.

Daí alguém do grupo do AMLA diz que nos primeiros BL, os shounen-ai suponho, a coisa era mais violenta, porque o estupro não era consentido... Sim, mas o estuprador geralmente era o vilão. Se pego os dois fundadores do gênero, Kaze to Ki no Uta e Tooma no Shinzou, temos estupro. Thomas é violentado por alunos veteranos quando vai para o colégio interno. É uma cena violentíssima, sem que se mostre nada de sexo. Impossível não sofrer com a protagonista que se fecha para o amor e se torna tímido e retraído. O mangá fala de sua cura. Em Kaze To Ki, Gilbert é violentado também. Ao invés de seguir o caminho de Thomas, ele prefere se tornar o prostituto da escola. Se quiserem seu corpo, terão que dar algo em troca. O garoto é leviano e cruel, mas carrega uma dor imensa. O mangá fala de redenção, não de pornografia barata ou perversões.

Tooma no Shinzou e Kaze To Ki ficaram imortalizados não por serem os primeiros do gênero, mas porque são sinceros, bem escritos e foram produzidos por uma geração de mulheres que queria romper com convenções, “dissolver os gêneros” como disse Takemiya Keiko, não perpetuar a violência contra as mulheres e os mais fracos como se fosse algo “poético”. Não sei o que outras autoras fizeram depois, mas quantos títulos yaoi/BL ficaram imortalizados fora do círculo de fãs-fanáticas do gênero? O primeiro "estupro consentido" que vi em um material não-hentai foi em um BL/yaoi, Zetsuai Bronze, em plena Margaret... E foi uma cena violenta, mas claro que vão dizer que o “uke queria”. Aí está...

O mesmo vale para um monte de shoujos, chamados aqui no Ocidente de “steamy”. Em dois de uma mesma autora, Osakabe Mashin, temos a mesma situação (*essas criaturas tendem a ser repetitivas*): cara rico compra uma menininha para transformá-la em sua escrava sexual. Na história que se passa nos dias de hoje, ela é adotada, mimada, e tal. Quando tem uns dez, onze anos, pergunta ao seu “pai” o que ela representa para ele... A resposta do cara é o estupro da criança, que certamente nutre sentimentos pelo sujeito... Logo, ela queria.

Quando a menina tem a primeira menstruação o sujeito a trata de forma pior ainda, porque está sendo privado do seu prazer. Passa a lhe dar remédios... Ele é o herói, tá? Na história que se passa no século XIX, Toriko, o cara rico compra a menina, desde o início sabemos para quê. Ele a tortura com o objetivo de educá-la, por fim, a violenta... Há outros detalhes na história, mas a essência é essa. Só que como o cara é um bishounen liiiindo de morrer, então está tudo certo.

O que me deixa indignada nesses papos é a comparação entre Hot Gimmick e Hana Yori Dango. O primeiro tem como protagonista uma mosca morta, Hatsumi, que é chantageada pelo vizinho rico que quer transar com ela, ou qualquer outra, mas a moça é um alvo fácil. Li oito volumes – o elenco de apoio é bom – esperando que rapaz rico, Ryoki, tome vergonha na cara... ou que os dois tomem. Nada disso, ele atravessa a história inteira sem mudar: misógino, egoísta, mimado e violento, pois tenta estuprar a mocinha várias vezes. No final, (*Sim, vamos esticar a história e vender mangá!) ele perde a virgindade junto com Hatsumi, que adora ser maltratada. Mensagem: mulher gosta de apanhar, de ser pisada. Diz “não”, quando quer dizer “sim”. Se fosse falar de Teacher’s Pet, da mesma Miki Aihara, confirmaria a idéia – como disse, esse tipo de autora gosta de se repetir – e desceria ainda mais baixo, pois a professora virgem é agredida e estuprada por um aluno adolescente, irmão de seu noivo, e vira amante do moleque, porque deve ter sido bom demais!

E aí sempre vem a comparação com Hana Yori Dango. Lá no início da série – mangá ou anime dá quase na mesma – Tsukasa tenta violentar Makino. Eles são inimigos, ela não se intimida com ele, não cede ao rapaz mimado que acha que pode ter tudo o que quer... Inclusive ela. O rapaz não sabe que a ama ainda e está com o orgulho ferido. É fato, a cena é forte. Só que ela resiste o quanto pode, até que ele percebe que está errado. Havia mais raiva que desejo naquele ato. Tanto que a coisa não volta a se repetir e a partir de então o rapaz passa a pesar mais os seus atos, começa a amadurecer, a respeitar mais os outros. Mudança lenta, mas mudança. Durante a série, todas as vezes que os dois quase fizeram amor, a coisa foi consensual. Muito diferente de Hot Gimmick, Teacher’s Pet, esses “steamy shoujo” da vida, ou um Gerard & Jacques.

Se for para a literatura romântica popular e pegar um livro da Shannon Drake – li dois e a mulher é repetitiva, também – temos a moça prisioneira, o captor violento, mas com um bom coração, e o tal “estupro consentido”. Achei o primeiro livro da autora, A Princesa Rebelde, brilhante. A moça é uma princesa saxã, capturada durante a invasão normanda (1066, Batalha de Hastings), seu captor nutre sentimentos por ela e por isso a dá para outro cavaleiro. A moça é casca grossa e quase mata o sujeito com uma faca. Acaba retornando às mãos do primeiro normando ainda virgem e ele decide puni-la por sua insubmissão. Com o passar do tempo, e depois de ser maltratada, ele consegue fazer sexo com ela... Ela tinha escolha? Bem, poderia tentar matar o cara, conseguir e ser morta pelos capangas do sujeito.

Bem, ela fica grávida, mas resiste à idéia de que ama o sujeito. É exibida em um banquete promovido pelo novo rei, Guilherme o Conquistador, como um dos frutos da união entre normandos e saxões. Ela é a própria Inglaterra violentada. Como diz a mãe da moça, “Fique feliz, minha filha, porque você sabe quem é o pai da criança e ele quer casar com você. Pense nas meninas de 11, 12 anos violentadas que darão à luz bastardos de quem não saberão nem o nome do pai”. Dentro daquele contexto, a mãe de Fallon estava coberta de razão. O realismo sincero do livro me conquistou. A história era cruel e verdadeira, o fato dos protagonistas “se amarem”, pouco anulava a violência e o fato da moça estar encurralada.

Fui ler outro livro da autora – O Conquistador – e cheguei à conclusão de que se tratava de um fetiche por “estupros consentidos”. A protagonista da história também é capturada, por um homem que é inimigo de seu noivo, um criminoso que ela não escolheu para marido. “O Conquistador” desde o início deixa claro que deseja fazê-la sofrer pelos crimes do noivo bandido... A moça tenta fugir, lutar, mas é mantida prisioneira e é humilhada. Como única saída para não ser violentada, mente dizendo que tinha feito sexo com todos os soldados da fortaleza e mais alguns. Pronto, o cara vai lá e a estupra.

Ele tem consciência do ato, mas ao descobri-la virgem, sente-se culpado, afinal, ele é o herói, tem que ter escrúpulos! Por que ela mentiu? Prostitutas não merecem respeito algum, certo? Depois, se sente orgulhoso, pois o que ele teve o grande inimigo não poderá mais ter... Romântico, não é? Agora a mocinha precisa se convencer que queria fazer sexo com o sujeito desde o primeiro momento em que ele lhe tratou mal e a autora tenta nos convencer, também, que a violência não foi tanta e que se ela tivesse dito a verdade, teria sido diferente. E durante o livro inteiro, assim como em A Princesa Rebelde, nosso herói não confia na mocinha e a faz sofrer. E quando o noivo bandido a captura, ele a faz sofrer, também, e quer matá-la. Mas ele é o vilão, ele pode fazer esse tipo de coisa e pagar com a vida. Enfim, uma delícia para quem curte mulheres humilhadas e um final feliz capenga.

Se alguém quiser ver uma representação romântica de uma mulher que deseja fazer sexo, mas recua, pegue o mangá da Rosa de Versalhes. Sim, o mangá, não a excelente e machista releitura em anime. No mangá (Night of Passionate Vows), depois de quase trinta anos de convivência, Oscar convida André para ir a seu quarto. Ela deseja ser sua esposa, e concordo que o sexo selaria a coisa toda. Ela faz a proposta, ela é ativa, mas no momento final, ela tem medo. Sua inexperiência é total. O que André faz? A pressiona? Bate nela? A apalpa de modo lascivo porque “sua boca diz ‘não’, mas seu corpo diz ‘sim’”? Não, lhe dá segurança, e, sim, eles fazem amor.

A cena é uma das melhores do mangá, e o mangá é lembrado mais de trinta anos depois. Por quê? Será que toda a literatura romântica precisa de mocinhas (*ou ukes*) assustadas, dizendo “não” quando querem dizer “sim”, ou sendo forçadas a fazer sexo porque os homens “não podem se controlar” ou porque “se eu vim até aqui tenho que ir até o final”. Elas não são donas de seus corpos, literários ou não. Muitas meninas japonesas seguem seu exemplo. Houve notícias falando sobre isso, do aumento de estupros de adolescentes por seus namorados no Japão. Afinal, muitas das heroínas atuais, feitas por gente como Miki Aihara ou Shinju Mayu, são joguete nas mãos de namorados sedentos por sexo ou lascivos. E muitos namorados, adolescentes como elas, jogam ou assistem ou lêem hentai com estupros e meninas sodomizadas. E ainda vem alguém dizer que no Japão “não” e “sim” não são usados como no Ocidente...

Na literatura ou na vida real, mulheres não têm o direito de dizer não. A literatura e a realidade se alimentam, não posso ser contra o estupro e achar liiiindo que essas construções machistas sejam vendidas como material romântico. Violência chama violência. Vilão estuprador é uma coisa, mocinho estuprador (*e que não se arrepende*), outra. Estupro como recurso narrativo vale, estupro como forma de excitar e alimenta as perversões do público, merece a lata do lixo. Acredito, que não é preciso ser feminista como eu para entender isso. Não sou a favor da censura, sou contra a publicação de certos materiais mesmo. Se trouxerem, que lancem na íntegra, sem censura alguma, afinal, foi o que o autor ou autora desejou transmitir. Mas com tanta coisa melhor para publicar, para que trazer materiais assim?

Só para fechar, lembro da menina – sim, se tenho 31, uma moça de 16 é uma menina para mim – que foi estuprada e morta no Recife por dois sujeitos porque disse “não”, afinal, ela deveria estar louca de vontade de transar com os dois e ao mesmo tempo! Ontem, uma moça de 20 anos também morreu no Rio, porque ousou dizer que não queria voltar com o namorado. Meninas, moças e mulheres morrem todos os dias, porque ousam dizer “não”. Mas veja que quem diz “não” está dizendo “sim”. Não é assim que funciona? Morreu porque não abriu as pernas na hora certa, estendeu "o jogo de sedução” por tempo demais.
[Estou colocando este texto de 24/02/2007 de novo em evidência, porque foi citado na Neo Tokyo #25. Assim fica mais fácil para quem quiser ler.]

58 pessoas comentaram:

Sem desvalorizar os outros posts, mas esse foi o melhor texto que já li aqui em todo o tempo que frequento o shoujo café. Eu acho ótimo saber que outra pessoa consiga enxergar todo o machismo e as situações desprezíveis encontrados em "obras" de mangakas como Miki Aihara, Shinjo Mayu e Kayono. Sempre digo que é fácil criar um mangá do nível delas: é só colocar um bishounen meio sacana e perverso, uma menina boazinha e tonta com uma pitada de sexo.
É bom ler um texto como esse e gostaria que coisas assim fossem publicadas em revistas dedicadas às adolescentes, que estão muito mais preocupadas em ensinar como fisgar o gato dos seus sonhos do que conscientizar as futuras adultas do país. Muitos gestos machistas às vezes passam desapercebidos nas nossas vidas porque isso já se banalizou perante a sociedade. É uma verdade dizer que muitas mulheres dizem que não querem fazer algo para manter a imagem de boa moça e o melhor jeito de acabar com o machismo é educar as garotas desde cedo para que elas não se deixem levar por esse tipo de coisa, para que elas lutem pela igualdade e consigam dizer o que querem e quando. Aí os homens irão parar de achar essas coisas... Eu fico muito triste quando vejo minha mãe, amigas ou irmãs tendo idéias arcaicas e sei que muitas concordariam com a idéia que Hot Gimmick, por exemplo, quer passar. Esse mundo é preconceituoso em todos os sentidos, cor, sexualidade, com mulheres.. estou cursando o 2º ano do colegial e muita gente acha que sou lésbica por defender abertamente as minorias :B fala sério! Eu falei, falei e falei, tô com preguiça de reler o que escrevi e acabar deletando tudo pq achei idiota >_> então só vou falar de novo que adorei esse post e espero ver mais textos nesse estilo aqui futuramente! \o/

Nossa!Do jeito q vc fala dá impressão q todos os otakus e autores de mangá são um bando de pervertidos sem noção. Acho eu q todos os artistas tem direito de pôr o q quiserem em suas obras, essa é a liberdade do artista. Nós temos q negar a violência contra a mulher na vida real. Lendo um mangá não significa q estamos sendo a favor ou contra já q o leitor está acompanhando uma historia, q podia ser até dessa tal q morreu no Recife. Nós não podemos fazer nada pela coitada. O mangá é isso pra mim, um "livro" contando uma história (trágica ou não, sexual ou não) e não podemos mudá-la, nem precisamos. A arte faz a gente viver coisas q jamais viveríamos, até o amor q é algo q nem todo mundo vive. Por que não a violência? Talvez vc seja cheia de clichês morais e quer salvar o mundo dos mangas “pervertidos”.

Se a gente for pensar do jeito q vc pensa, teremos q proibir até a Bíblia sagrada, já q contém violência contra o filho de Deus. Aquela crucificação foi horrorosa e todo mundo acha inspirador. Vc q se diz feminista e esquece q são as mulheres q fazem os yaois e yuris, criaram o gênero para protestar contra o machismo.

Eu penso exatamente igual. Outro dia uma amiga e eu comentamos como são frequentes os estupros nos mangás. Pessoalmente isso me desestimula a ler uma história, mas mesmo ñ gostando ñ sou contra histórias q tem estupro. O problema, como vc disse, é querer romantizar, fazer parecer até excitante. Contra isso eu sou contra msm...

Sempre acho legal os posts do contra serem sempre anônimos... Anonimato é um escudo. Eu tenho identidade, os anônimos só têm o que falar.

A Bíblia é um livro muito violento. Ninguém é obrigado a lê-la, ninguém é obrigado a concordar com ela. Mas lembro de uma passagem de estupro na Bíblia: Amnon, filho de Davi, violenta sua meia-irmã Tamar. Absalão, irmão de pai e mãe de Tamar, pede reparação. Davi protege o filho estuprador, seu filho mais velho. A Bíblia mostra a desgraça que se seguiu. Sabe? Não joga o lixo para debaixo do tapete como certos mangás fazem. Se o estuprador for um bishounen lindinho, aí tá de bom tamanho, né?

E mais, o fato de serem mulheres a fazer um material, não torna esse material resistência ao "machismo". Muito pelo contrário! Elas são fruto de uma sociedade machista, e logo, assim como eu, ou os anônimos, pessoas contraditórias. Vá estudar antes de falar bobagem ou deixe o nome.

Falei de prós e contras. Os defensores da violência sexual contra mulheres, crianças e outros, podem torcer a coisa e dizer que pintei todos como pervertidos. Leia outra vez... problemas de compreensão, são normais, má fé e covardia, também.

Ser feminista é lutar por um mundo melhor, mais justo, e, sim, contra a violência. Mas como disse, sou contra a censura. Leiam o que quiserem, escrevam e criem o que quiserem. É direito de vocês. Meu direito criticar, também.

Pois é, Sophia, eu realmente acho que há espaço para tudo, até para esses mangás. O que não posso aturar é o pessoal colocando panos quentes na realidade. É estupro e vocês curtem. Assumam. Outra coisa é a cara-de-pau de dizer que somente os homens perpetuam idéias machistas e de submissão das mulheres. Nós, mulheres, ajudamos bastante... E como!

Histórias com estupro, que criticam a violência, existem, mas tem gente que prefere as que romantizam a coisa.

Adorei esse post, é o primeiro texto em português falando sobre violência sexual em anime que eu encontrei. Seria muito interessante vê-lo publicado em alguma revista, todo adolescente deveria ter acesso a esse tipo de informação, talvez assim acabasse essa ridícula idéia de que mulheres têm de ser submissas a tudo sem reclamar de nada...
Também concordo com a presença do estupro como recurso narrativo desde que se trate o tema com seriedade pois rotular algo como sendo arte não justifica perpetuar a a ignorância e o machismo...

Concordo plenamente! :P E é isso que me incomoda muito nesses steamy-shoujo. Já me perguntei até se eles não eram dedicados ao público masculino. o_O
Aliás... Em "Desire Climax" tem uma cena que o bishounen está quase fazendo o "estupro consentido", só que a protagonista o abraça, mostrando que quer. E o que acontece? Ele perde o tesão, é claro! Por isso que as personagens não podem dizer sim... Que ridículo. --'

Cmg já aconteceu algo parecido Sophia, achavam q eu era bissexual e/ou tarada por achar natural a homossexualidade.
Este mundo é cheio de preconceitos. Sou contra assassinatos mas nem por isso vou sair pregando q os mangás, livros, filmes etc, com assassinatos devam ser queimados em praça pública (até pq ñ sobraria mta coisa...). Entendi q a Utena ñ falou q os mangás c/ estupros devam ser banidos, mas sim a forma como eles vêm sendo retratados, como algo normal num relacionamento, romântico, excitante ou no mínimo "nada de tão grave assim".

Esses anônimos não entenderam nada do que a Valéria falou. Em nenhum momento ela disse que era contra a LIBERDADE do artista.. mas bem que eles poderiam aproveitar melhor essa liberdade, não? ;P

Assim como a Valéria, eu acho péssimo essa romantização do estupro. Não sei como tem gente que consegue ler histórias assim.. é totalmente revoltante ler a mocinha idiota cair nas garras do "mocinho" estrupador e achar tudo ótimo. Detesto as obras das citadas Miki Aihara e Shinju Mayu e achei ótima essa coluna a respeito disso tudo. :D
Muiiiiito boa, Valéria. Continue assim, escrevendo sobre assuntos polêmicos que merecem e precisam ser discutidos.

Assim como a maioria do pessoal que comentou aqui(com excessão dos anônimos que parecem que não entenderam nada do que leram) concordo plenamente com o que vc disse Valéria. Isso que vc não citou muito os animes/mangás hentai, a maioria deles têm cenas de estupro. E o pior a mocinha depois de estuprada cai nas graças do cara e vira sua amante, escrava do sexo! Até parece que na realidade isso iria acontecer mesmo! Uma moça depois de estuprada jamais iria idolatrar o cara que a violentou!!
Usar esse tipo de artimanha para excitar os telespectadores é no mínimo desprezível, e o pior é que existem sim pessoas que acreditam em tudo que vêem ou lêem e confundem a ficção com a realidade!
Sou a favor de mostrar o estupro em animes, contanto que se retrate a realidade, a forma como isso marca e traumatiza a pessoa pelo resto da vida, e todas a implicações que esse ato acarrreta.
Realmente gostaria que isso virasse uma coluna sua no animepró, ou em alguma revista!
É um assunto polêmico,cruel, mas nem por isso deve ser evitado!
Bjus

Fiquei estupefato com tamanha clareza e eloqüência com que foi tratado o assunto de "estupro consentido". Devo confessar que só me animo a comentar assuntos que realmente despertem uma reflexão e discussão em mim, e este foi justamente o caso (detalhe: é minha primeira incursão a este blog XD). De fato, essa questão permeia vários animes, principalmente hentais, e mangás. Concordo com todos os argumentos de que a romantização do estupro é uma coisa inaceitável. Entretanto, em vez de censurar (pois, sim, impedir a publicação de qualquer coisa baseada no conteúdo é censura), creio que levantar e levar esta discussão para meios mais amplos seria o mais adequado, pois creio que em lugar de proibir tais histórias de serem lidas ou vistas pelo público, o que não ajudaria em nada na formação de OPINIÃO, mas sim criar espaços maiores para tais discussões seria muito mais eficiente, pois despertaria a consciência de todos para essa questão. Evitar entrar em contato com uma idéia é menos eficiente do que uma discussão inteligente, capaz de gerar bom senso. Se as garotas tiverem uma opinião formada a respeito do significado do "não querer dizer sim", creio que elas terão mais confiança e segurança em esclarecer ao namorado, ou a qualquer rapaz que seja, o que realmente querem dizer. Conquanto o artigo tenha sido longo, confesso que foi muito prazeiroso lê-lo. Não consegui parar. XDDDD

Excelente texto, Valéria!
É realmente interessante notar o quanto essa situação de "estupro consentido" acontece nos mangás por aí, independente do gênero.
Sou uma leitora de yaoi/BL, mas também torço o nariz para situações como essa, que apenas instiga a violência sexual.
Li o volume de Confidential Confessions que você citou, e para mim a autora foi sincera em expôr a diferença entre sexo e estupro.
Afinal, não há aquele estuprado que vá nutrir bons sentimentos em relação ao estuprador, nem existe criminoso (julgo o termo correto para pessoas assim) que "ame/goste" de sua vítima.
Realmente chato quando um autor lança dessa situação em seu mangá, mesmo levando em conta a liberdade que ele tem para criar sua obra.

Párabens pelo excelente texto Valéria.

Percebe se que o mesmo não foi escrito de maneira "passional" como muitos que já li em várias andandas na internet, e sim fruto de um trábalho árduo de pesquisas e habilidade.

Bom não quero ficar me alongando com mais comentários, já que grande parte das pessoas mencionaram o que pretendia falar.

Dou a sugestão para que publique seus textos (como esse), de grande e necessário contéudo, no meio impresso, quem sabe até escrever um livro sobre o assunto.

Pois é de minha opinião que textos de calibre como os seus não fiquem restritos apenas aos blogs da internet.

um grande abraço e continue na luta ^_^


Pedro Henrique

(coloquei a id como anonymous pois não tenho conta no blogger)

Como sempre, um texto maravilhosamente escrito e com tema e opiniões sensatas, ousadas e nobres. Se vc publicar isso numa NeoTokyo(acho q deveria, viu?), por favor me diga o número pra eu comprar.
bjos

Concordo com a sua opnião e até me serviu de inspiração pra postar uma notícia no meu blog, relacionada a estupro, mas não é em mangás.
Espero que não se importe por ter posto um link pro seu blog, sem aviso.

http://myroom-camila.blogspot.com/

Como otimista, li boa parte do que foi traduzido para português de Hot Gimmick e, mesmo surtando a cada capítulo, até achei bacana quando a publicação no Brasil foi anunciada meses atrás mas, eis que resolvo ler Teatcher's Pet. Me convenci de que ambas as séries não têm mesmo nada a oferecer.
Quando estou envolvida com uma história, sempre me coloco no lugar do personagem e imagino qual seria minha reação: na maioria das vezes eu aboliria todo esse permissionismo e já teria formado inúmeros corais de castrati. XD
Não entendo bem esse prazer proporcionado por essas idéias,já terminei um relacionamento com um sujeito que não entendia bem esse negócio de sim e não.
Excelente texto, Valéria, como já comentaram aqui, seria muito bom revê-lo impresso, atingindo um público maior. Se bem que, ultimamente, esse público maior só tem me decepcionado mais e mais.
Essa coisa toda me fez lembrar de Igraine e seu casamento com o Duque Gorlois, vou acabar relendo os livros. =)

Mickey, eu também me empolguei com Hot Gimmick, até que a decepção foi grande demais... só que ainda sobravam os coadjuvantes. Tem mangá que não sobra nada, nadinha... Mas é aquilo, vamos esperar a reação a Hot Gimmick quando ele estrear.

Quanto a publicar esse texto um uma expansão dele, não acho possível. Houve a sugestão, mas o editor da Neo Tokyo achou que não seria adequado. E, bem, levando-se em consideração certa parcela do nosso público leitor, eu nem sei... Aquele pessoal me deprime...

Oi,nunca postei no seu blog embora o leia a bastante tempo e recordo que voce ja fez um post bem parecido,eu acho que nos shoujos existem varios cliches e o "estupro consentido" e um deles.Eu so nao gosto quando voce aponta Hot Gimmick como o grande vilao da estoria,"Desire Climax" e mil vezes pior e voce nem o cita.So porque a Miki Aihara fez dois mangas que tambem lidam com este assunto voce ja a chama de "este tipo de autora" que so se repete.Voce leu "Honey Hunt" e "Oujisama no Kanojo" desta "autora"?Hot Gimmick e muito mais que isso eu tenho os 12 volumes da Viz(que alias edita muito bem seus mangas,adoro quando retocam as onomatopeias :D)e posso dizer que Hot Gimmick e muito bom os desenhos da Miki Aihara sao bem legais,as capas sao lindas e o foco do manga nao e o "estupro consentido"e sim sobre alguem que faz tudo pra agradar os outros e acaba se deixando em segundo plano,mas em contra ponto a garota "submissa" temos a irma da Hatsumi que trata os garotos como objeto ate se apaixonar pelo garoto "otaku".Penso que Hot Gimmick e muito bom e nao se torna repetitivo como Peach Girl e Hana Yori Dango.Peço que no proximo post sobre "estupro consentido" nao use mais Hot Gimmick como exemplo e nem taxe a autora de defensora de tal ato,pelo menos nao sem ter lido os 12 volumes de Hot Gimmick ate o fim e sem ter lido os seus dois ultimos mangas.
Obrigado.

Bruno, se eu li 8 volumes de 12 e os spoilers do resto, eu conheço Hot Gimmick, não subestime minha capacidade de analisar, ainda mais se você freqüenta assiduamente o blog. Injustiça seria eu ler um volume e fazer a suposta análise detonante de uma obra dizendo que a autora faz o que ela não faz. Por acaso a Hatsumi muda de postura ou o estupro consentido deixa de ser uma constante na série? Seja sincero. E mais, eu disse "os coadjuvantes são bons". Você leu, certo? E se você gosta de Hot Gimmick, é um direito seu.

Outro ponto, Hot Gimmick não é vilão, aliás, é uma obra, se tivesse que culpar alguém, culparia a autora. Li três obras dela, poderia ter citado So Bad! se ele se enquadrasse na proposta do texto, e seria tão ruim quanto, no critério desserviço à auto-estima das meninas japonesas. Preciso ler mais da autora? Não creio. Há muita coisa melhor para ler, mas tenha certeza de que não falarei JAMAIS dos mangás que não li.

Não analisei a capacidade dela em criar boas histórias, isso ela consegue e eu disse, analisei seu trabalho de apologia ao estupro consentido em duas obras, Hot Gimmick e Teacher's Pet. Ela pode não pegar tão pesado quanto outras autoras, mas isso pouco importa, ela fez exatamente o que descrevi. Ter traço legal, também é irrelevante para o que analiso aqui. Ela poderia ser perfeita, magnífica, mas seu roteiro e personagens aind aassim poderiam refletir o que falei. Arte é fator não relevante aqui.

E se ela não consegue ser tão repetitiva em 12 volumes quanto peach Girl em 18 ou Hana Yori Dango em 36, este último três vezes maior, isto também é irrelevante para o que analisei aqui que à apologia ao estupro consentido, à violência contra as mulheres. Continua gostando de Hot Gimmick? Ótimo, eu também gosto de muita coisa ruim, gosto mesmo. Só não vou fechar os olhos para aquilo que de ruim, infame ou machista essas obras tem. É essa incapacidade de criticar o que se gosta que me incomoda em muitos fãs.

Talvez se você fosse mulher se incomodasse com o quase estupro constante da Hatsumi, talvez, não... Aliás, Hot Gimmick não seria um sucesso se não tivesse o mérito de atrair. E leia outrasd coisas que escrevi sobre Hot Gimmick, além de reler o texto (que é o antigo, como avisei no final), porque nele nenhuma série é tratada como vilã.

E desculpe, não atenderei o seu pedido. Usarei o mangá que couber. A análise é minha e eu não menti em momento algum. Admita ou que gosta de Hot Gimmick apesar dos estupros consentidos ou que gosta de Hot Gimmick também por causa deles. Vamos para de hipocrisia.

P.S.: Fui ler o resumo de Oujisama to Kanojo e, além de ser da Miki Aihara que me decepcionou, há um ingrediente que sozinho me faria passar longe: príncipes/sheiks árabes fake. Não li e não lerei, mas, dito isso, também não falarei da série.

Eu já comentei antes esse texto via e-mail e vou comentar de novo.Acho esse tipo de apologia ao crime um deserviço a mulher,porque na minha opinião,colocar o homem como violento só reforça a idéia que se a mulher gostar de sexo ela merce todo tipo de violência e desrrespeito,até de algumas falsas feministas(que amam se fazer de vítima,mas são mais machistas que os homens).Acho isso mais uma perversão sadomasoquista que machismo propriamente dito(a mioria dos homens tem asco de estuprador)
Claro que o artista deve ter sua liberdade artistica.Mas fazer apologia ao crime é muito diferente. E a Bíblia não faz aplogia ao crime,ela relata os acontecimentos da vida daqueles povos que viviam em guerra.

Olá Valéria!

Texto muito lúcido mesmo. Não sou entendido no assunto, já que vi e li apenas poucos hentais se comparados aos otakus, fãs deste gênero.

Não vou mentir, sou machista. Mesmo assim adorei o texto. Contudo, eu penso que estas obras que tratam do estupro "consentido" são exteriorizações da perversão humana.

Confesso que até houve excitação da minha parte em ver alguns hentais que abordavam este tema. Mas com o tempo vi que era apenas uma fase, já que hoje não me interesso mais por tal tipo de coisa.

Infelizmente, tanto homens quanto mulheres podem se sentir atraídos em ver o estupro "consentido". Não é uma generalização, mas o tesão da perversão existe e faz parte do ser humano. Negar é hipocrisia.

Como leitor de mangás, também sou contra a vinda dos títulos que tratam do estupro "consentido" ao Brasil.

As pessoas daqui são hipócritas. Irão mencionar os casos reais, que nada mais são do que crimes provenientes da perversão humana, como inspirações nestes mangás ou animes. Usarão estas obras para justificar violências sexuais. O Brasil não está preparado para este tipo de tema, esta é a verdade.

Não sei se a proibição é o melhor meio. Assim como não sei se fingir que isto não existe, ajuda alguma coisa. Só sei que se eu tivesse filhos, gostaria que eles ficassem longe de tal leitura.

Como você bem salientou, Valéria, o problema é que os apreciadores do estupro "consentido" acabam perdendo o senso de realidade e fantasia, exteriorizando este tipo de comportamento. Seja em namoradas/os, ou desconhecidos. Fantasias pervertidas tornam-se padrões de comportamento. Neste sentido, é inegável a influência de obras que adotem o estupro "consentido".

Só espero que as editoras brasileiras sérias tenham o bom senso em não trazer mais materiais deste tipo para cá.

Se é da natureza humana se excitar com estupros consentidos ou não, não ha como fugir da apreciação dos mesmos. Falar que alguns exageram é que é a hipocrisia. Eu não acredito em "natureza" acredito em cultura que nos molda e conforma. mas como nada é absoluto, há possibilidade de escape e ação. E eu não me excito com estupros consentidos. Não é uma fantasia machista que eu aprecie, e casei com um homem que não aprecia também. E mais, não falei de hentai, estava falando na maioria do tempo em material mainstream mesmo.

Tomando seu espaço outra vez.Não acho que isso seja da ''natureza humana'',se não todo mundo acharia lindo e não teria tanta aversão por etupradores,até outros bandidos odeiam esses caras.
Pra mim as autoras têm o fetiche de serem estupradas(acho isso pavoroso,mas existem mulheres com esse fetiche)e colocam como romântico só pra não sentirem culpa.Mas é mostruoso é u fetiche tido como parafilia grave.Poir ainda é pregar isso para garotas tão jovens.
Bom, Valéria.Não sei se você lê fanfics,mas esses textos onde ''estupro é prova de amor'' se tornaram muito comuns a ponto de virarem piada num listinha das leis das fanfics.

Conheço as discussões, ms não leio os fanfics. Já vi fanarts e já vi gente dizendo que se não houver esse tipo de coisa (*leia-se: estupro, violência, pedofilia e outros*) em mangás as passoas vão 'pirar' e sair fazendo isso por aí... Sei... Parece o discurso em favor da prostituição que iniciou lá com St. Agostinho. É preciso que existam prostitutas (mal menor), para que as esposas, virgens, e mais tarde alguns diriam meninos e rapazes de boa família, não sejam molestados.

OK, eu me rendo!!
Li este post e não posso ficar sem me meter no assunto!! Como a minha alçada é definitivamente o BL/Yaoi, creio que a raiz do problema do "não que quer dizer sim" se baseia no inconsciente coletivo. Não é algo inerente apenas a cultura ocidental ou oriental; o mecanismo gira de outra maneira, mas a base é - pelo menos eu vejo assim - bem similar uma da outra.
No oriente: o proprio conceito de uke/seme é bem visível. O uke sempre é: mais novo, mais baixo, mais frágil, mais pobre. O seme sempre é: mais velho, mais alto, mais forte, mais rico. Poucas mangakas fogem dessa regra, mas essencialmente são relações de poder, submissão e uma tal norma estética que acaba resvalando para a norma moral. Resistir (bater, morder) a alguém mais forte é resistir ao inevitável. Gritar é sinal de fraqueza. Fugir é covardia.
No ocidente: o "amor grego" era baseado em confiança, lealdade, mas não impedia, por exemplo, de ser tão perigoso para um rapaz sair sozinho quanto para uma mulher. Entre os gregos e os romanos, havia todo o flerte, a corte, etc, mas se o par mais velho (no caso o erastes grego) quisesse sexo, era esperado que o efebo resistisse (mesmo que quisesse). O consentimento era sinal de fraqueza (moral, física), e sequestros por motivos sexuais pareciam bem comuns na Grécia. Aqui é o oposto do oriente, mas a resistência adquire um sentido dúbio. Vale lembrar aqui das sequencias estilo "novela Tieta", onde o coronel corre atrás de uma ninfeta risonha em torno de uma mesa.

Uma vez entrei numa discussão com a minha antiga editora - a Eddie Van Feu (em caso de dúvida pergunte a ela) - porque numa cena de estupro (de uma historia hentai escrita por ela que eu estava desenhando), eu desenhei o rapaz (vítima) com cara de felicidade. Não que eu tenha imaginado o "não querendo dizer sim" para ele nesta cena, mas apenas porque "gostar" naquela sequência especificamente representava uma humilhação a mais para o personagem.
A Eddie me disse: estupro é estupro; se a vítima goza então não foi estupro. Eu disse: mas se a vítima gozar a humilhação é maior. Isso implica naquela de que "o corpo dele/dela o/a traiu!"
Agora voltando para o estupro consentido (isso existe??): acredito que isso seja mais um conceito imaginário do que real. Existem situações de "forçada de barra" (como no mangá Sakende Yaruze, nas várias vezes que o personagem "quase" cedeu), mas não me entra na cabeça um "estupro consentido" como há nas nonsenses do mangá Viewfinder (então tá, o Asami faz todo esse teatro, amarra, fala sacanagem, "estupra", etc... e o Takaba não reage??).

Aliás, essa conversa toda me lembrou de uma das minhas séries favoritas, Las 7 Vies de L'Epervier. Lá pelas tantas, um dos mocinhos, Germain, (!!!!) sai da prisão depois de 7 anos, e como havia ido parar lá depois de cair nas desgraças do Rei, e sem lugar algum para ir, vai para a casa da família de seu antigo Capitão de Infantaria, numa região distante de Paris. Acontece de ele chegar lá no momento em que a mocinha para salvar o irmão de uma perseguição, se mete numa briga (ela luta melhor do que o irmão, e até melhor do que o pai) mas na desvantagem da luta, e para mostrar sua autoridade, os homens do nobre inimigo resolvem violentá-la. Ela está brigando para valer, quando o mocinho Germain chega. Ele luta com os caras, bota eles para correr, mas quando a mocinha acha que vai ser deixada em paz, ele bate nela (mas ela bate nele também), e a estupra sem nenhuma cerimônia e diz que ela não tem nada do que reclamar. Mais tarde no mesmo dia, ele chega ao castelo da família do Capitão, e lá encontra a mocinha. Em troca do silêncio dela - pois se ela falar, sendo nobre e ele não, o melhor que o aguarda é a morte - ele aceita se submeter a tudo, se torna escravo dela. E nisso se passam anos, ele é humilhado, esbofeteado, mas se apaixona por ela de maneira honesta, mas ela nunca o perdoa, ou deixa ele esquecer do que fez. Quando eles afinal fazem as pazes, há sexo entre eles, mas a mocinha é que força o Germain.

Desculpe o comprimento do meu falatório! ><'

Só uma parte, no mundo "real" grego (Atenas, com certeza) forçar o filho/filha de um cidadão era crime. Você somente podia dispor livremente de escravos, não-cidadãos tabém estavam em situação de risco e estrangeiros. A relação erastes-erômenos é geralmente relação entre um cidadão adulto e um em formação. Logo, para que o erastes e o eromenos se relacionassem era necessário que o rapazinho aceitasse. Daí, uma gama enorme de vasos com trocas de presentes, não raros animais como a lebre. Estupro entre homens, eu nunca vi em imagética grega. Jogo amoroso aqui não pressupunha "estupro consentido", mas sedução.

No caso das mulheres, o foco é sempre no prazer do homem, mas também não vi estupro em imagem da Grécia clássica. Mas as mulheres, "melhor que delas nada se fale".

Na Mitologia, há uma gama de estupros. Quem quiser ler como positivo para os dois lados, terá que esquecer que salvo raros casos, como Ganymedes (*um homem*), o fim da vítima é sempre tenebroso. Mulheres punidas por Hera, abandonadas à própria sorte por seus amantes. O destino dos rapazinhos não é melhor. Não há final feliz, a não ser que a leitura seja machista ou a partir do ponto de vista da apologia à violência. Meu ponto de vista é feminista, não serei complacente, nem romantizarei aqui.

Quanto ao gozo, o velho misógino Aristóteles já efendia, ao falar da relação entre homens e mulheres, que uma mulher não precisa "gozar" para engravidar, logo, os homens não precisavam se preocupar com essas coisas. Tira-se daí que a vítima de estupro é sempre vítima, e essa coisa do "corpo trair" é mais uma estratégia machista para vender a idéia de que no fundo, no fundo, a vítima não é vítima.

Jorge Amado não tem nenhum compromisso com a igualdade de gênero em seus livros e estimulava a rodo os fetiches e o imaginário a respeito da apropriação dos corpos das mulheres. Todas as suas prostitutas são felizes, até as infelizes.

Por fim, o estupro - seja de uma mulher ou de um homem - é sempre forma de humilhação, de imposição sobre alguém mais fraco. Você bem descreveu no final. E quando você violenta uma mulher "de família", você atenta contra a honra do clã, pois em sociedades patriarcais, a deseonra d euma mulher sempre respinga nos homens.

Você sabe, concordo com muito do que você diz, mas eu tenho um distanciamento diferente do seu em relação a alguns pontos. Não olho para o ponto procurando machismos ou feminismos, a não ser os de contexto.

Era crime forçar o filho/filha de um cidadão no mundo antigo. Ok, isso a gente não discute, e Michael Foucault confirma. Por outro lado, no livro "A Historia dos Jovens" não livra a cara de ninguém... Não quero começar uma briga, e sabemos disso... Mas era crime naquela época. Supostamente é crime ainda hoje... Sabemos também como a coisa se desenrola.

Do estupro dos rapazes na antiguidade, a documentação é muito pouca, mas sempre esbarra no processo de escravidão dos mesmos, o que também implica em uma relação de poder.

Não me entenda mal. Aliás, não me entenda. Temos abordagens muito diversas... ^^'''''

Pois é, foi esse o meu ponto na resposta: era crime. Então não tem como fazer como algumas pessoas gostam e sair dizendo que a coisa e dizer que entre "os gregos era legal" e que foi o "cristianismo" que acabou com a festa. Ótima a sua referência à Foucault.

Eu tenho o história dos jovens e estou com ele na mão. Não encontrei a discussão do estupro, mas nas páginas 41-42 se discute a caça (*daí os presentes que mencionei*) e as atividades sexuais de homens mais velhos (barbados) e jovens (imberbes e de menor estatura). Nenhuma mênção sequer a estupro ou estupro consentido por parte do autor. E claro a ênfase no "cortejar", dar presentes, não no forçar. Também não há, e isso eu já sabia, imagem de estupro no livro. E não é porque os gregos não falassem, pois quando o caso é homem-homem eles falavam e muito.

Aliás, a idade desses gregos de quadros também é muito diferente da média dos nossos mangás. A prostituição na Grécia poderia começar aos 4 ou 5 anos (É discutido amplamento no livro Nos submundos da Antgüidade), mas eram na maioria escravos e aí do homem que metesse as suas mãos cabeludas em um garotinho ou garotinha de família. Certamente iria dar problema e problema dos grandes.

Cheguei a um conflito. Gostei muitíssimo do que você falou e concordei com tudo (ou quase). O problema é que boa parte do que você criticou eu gosto de ler. Quero dizer, eu tenho uma predileção pelo moralmente incorreto na leitura (e um gosto especial por personagens que se fossem reais seriam execrados mesmo por mim), mas definitivamente não na vida real.

Seja como for gostei muito do que escreveu e de como expôs tudo. Inclusive recomendei seu texto à uma amiga bloggueir (http://escrevalolaescreva.blogspot.com) que falou sobre alguns jogos de estupro que acabou me trazendo até o teu texto.
Provavelmente vc nem lerá o que eu disse, já que faz um tempo que você postou, mas está aqui o meu comentário.

Essa é a realidade cruel da mulheres de todo o mundo, e é uma covardia da parte de pessoas ruins fazerem isso com as mulheres, é simplemente um ABSURDO
Seu post diz muito,concordo plenamente.

Oi, Valéria!
É a primeira vez que comento aqui, já havia passado de outras vezes pelo blog, mas não tinha lido textos mais antigos nem análises, acho...
Olha, concordo com tudo que você falou em gênero, número e grau.
Só queria levantar uma questão... Será que a repetição das autoras na utilização desse suposto "recurso" (o estupro consentido) é realmente por conta de algum problema pessoal delas ou será que elas fazem isso porque encontram respaldo no público?
Afinal, ninguém publica algo que não vá vender e/ou fazer sucesso...

É como eu disse em algum lugar do texto, a fantasia em primeiro lugar não é só japonesa, ela atravessa toda a literatura romântica. Ela é alimentada e compartilhada. Se as consumidoras não se identificassem de alguma forma, esses livro e quadrinhos encalhariam.

A questão maior é, por que elas identificam a violência contra as mulheres como algo excitante e romântico.

Muito, muito bom o texto, Valéria...

Para mim, sempre foi um choque a ler mangás com tanta violência... Me fazia me sentir mal, muito mal. Hoje em dia, eu tenho costume de olhar a censura de filmes, mangás e livros antes de ler. Se o material é suspeito, eu folheio mesmo para ter certeza que não vou ler nada que me faça passar mal.

Cheguei a uma crise existencial...

Creio que você esteja coberta de razão. Mas, assim como Mica, gosto de ler mangás yaoi com esse tipo de conteúdo. Abominar e condenar essa realidade, mas gostar da representação fictícia dela realmente é...

Não espero que você leia ou, menos ainda, responda esse comentário, mas gostaria de pedir um esclarecimento: suponho que seja fácil julgar, embora não esteja certa de que o fez, não sendo vítima desse tipo de perversão. Mas o que diria, se é que tem alguma opinião formada a respeito, sobre aqueles que por princípio são contra, mas gostam de ver em ficção? Eu me senti muito hipócrita lendo aquilo que escreveu, mas, de fato, por mais que goste de ver cenas de estupro em filmes ou mangás, não violentaria se fosse um homem (que dirá sendo mulher xD) e nem gostaria de ser estuprada. Não sei se é possível dizer que isso seja um problema, tendo em vista o quão normal é...

Pense não nesse assunto, mas em todas as pessoas que gostam de filmes e jogos de assassinatos - ou tortura, bem pior - mas que jamais cometeriam esse ato na realidade. Faz parecer algo verdadeiramente da natureza humana, essa total separação (moral) entre ficção e realidade.

Sei que esse não é o ponto do artigo e, em relação a ele, concordo que a romantização seja um problema - hipócrita ou não, só a considero excitante, embora a excitação faça diminuir o impacto da gravidade do ato. Apenas que o artigo, de passagem perfeito, levou-me a essa questão, e não pude evitar registrá-la ^^

Thaís, eu posso até não responder, mas nada é publicado aqui no blog sem que eu leia.

Enfim, se você parou para refletir, o que eu escrevi teve função. Eu realmente não tenho a pretensão de controlar a imaginação das pessoas, mas eu entendo que a ficção não é dissociada da realidade. Fosse assim, não teríamos tantas mulheres estupradas, tantas mulheres agredidas, tantas crianças abusadas e gente que ainda vai para a cadeia engravidar de presos que cometeram crimes hediondos. Como não acredito em natureza humana, o argumento não me diz nada. Eu não preciso jogar games violentos para compensar uma suposta necessidade de assassinar alguém. Eu não vou matar, porque eu sei que é errado, porque acredito que não tenha o direito de tirar a vida de ninguém, e porque, em última instância, eu vou me ferrar. Simples assim. Mas há outro tipo de opinião. Há quem acredite na catarse e que esse tipo de material pode ter essa função.

Agora, se você admite que gosta e reconhece a violência do material, pelo menos você está sendo sincera e isso é o que importa. É direito seu e você não está cometendo crime algum. Não acredito que se possa fechar uma questão a respeito ou confiscar o direito de expressão das pessoas de forma autoritária. O que eu acho muito complicado, desprezível até, é ficar defendendo que a violência não está lá, ou que é lindo ter um mangá onde um cara de 30 anos com cara de 22 estupra uma menininha de 10.

Moça, parabéns por este post. Muito bem contextualizado e informativo. De fato concordo com seu ponto de vista, e vi neste post ótimos fatores históricos - e links também! Parabéns mesmo viu!

Primeiramente, parabéns pelo post e pelo blog, não direi que "acompanho fielmente", mas leio até com certa frequência... ^-^
Estou na mesma que a Thaís (só não estou enfrentando uma crise existencial qweqweqwe' -dei risinhos quando li isso- ). Tipo, gosto muito de stemy shoujos (só não sei até hoje como é o plural...) e muitas das vezes minhas fantasias se realizam vendo a protagonista ser dominada, gosto quando tem romancezinhos entre aluna e professor, quando nos momentos mais íntimos o cara põe a garota encima da mesa, ou a encosta na parede prendendo seu braço etc, mas reconheço, a maioria desses tipos de mangá é machista, mesmo sendo escrito por mulheres, e aborda a violência e o sexo de forma fútil, como se não houvesse problema nenhum em um homem, as vezes velho, as vezes da mesma idade, ultrapassar os limites de uma garotinha que está dizendo que não quer, "pois ela está dizendo isso porque é pura"... Isso acontece com tanta frequência, que irrita -.-', até há beijos assim...
É o que?! as mulheres não são capazes de dizerem quando sentem desejo ou elas não podem senti-lo pois isso as faz menos puras? ¬¬'
Sinto falta de um stemy shoujo no qual a garota diz "eu te desejo", "eu sou sua, ASSIM COMO você é meu" e dá uma piscadinha sexy, sem parecer uma vadia oferecida ou ciumenta, ao invés de "eu só quero me entregar a você *o* mesmo você tendo outras, pois eu sei que eu sou a mais especial, e te-lo ao meu lado me basta... mesmo você tendo me violentado antes, pois você fez aquilo porque me ama e não resistiu aos meus olhinhos brilhantes e no final, tu é bom de cama, eu gostei *-*"...
Uma coisa é o cara tomar a iniciativa porque a garota é um pouco mais tímida, e tentar faze-la se sentir mais confortável ou então ter um jeito mais ousado na hora do "vamos ver" e ser dominador (afinal, cada um tem um jeito, uns mais românticos, outros preferem umas loucuras), outra é chegar até a machuca-la só para satisfazer a própria necessidade de fazer sexo, sem levar em consideração o que a garota quer e ainda passar como o mocinho que a amava demais...

Olá, meu nome é Carolina.
Eu li o que você postou e achei muito interessante. Concordo plenamente com você quando diz que muitos mangakas utilizam a forma de estupro consentido como algo romântico e muitas vezes até banal. Muitas vezes isso realmente desestimula a leitura, pois por mais mágicos que sejam os mangas não só retratam parte da vida humana como também os nossos sentimentos. Alguém com sentimentos humanos não iria se deliciar lendo uma história no qual uma menina é violentada e mesmo assim tudo fica bem no final.
Mas por outro lado não vou concordar com tudo o que você disse. Não vou defender Hot Gimmick, mas vou mostrar o meu ponto de vista.
O foco "desta" história realmente não é o estupro consentido - isto pelo 'meu' ponto de vista. O foco desta história são os problemas que podem assolar a vida de qualquer pessoa comum. Talvez a história não tenha mesmo muito a ensinar, mas nos cativa quando vemos os personagens aprendendo com os próprios erros. Traição, abandono, injustiças sociais, tudo vemos neste mangá. Ele nos mostra a realidade e não um mundo cor de rosa.
No inicio do mangá fiquei com muito ódio do Ryouki pelo que ele estava fazendo a Hatsume e fiquei decepcionada com ela por não se impor, mas com o tempo o mangá tomou um rumo que me deu "esperanças".
Ryouki é um garoto que não recebeu amor da mãe e teve o amor negado pelo pai, sempre foi muito mimado tendo pessoas aos seus pés e nunca conheceu a palava LIMITE. Podemos ver ao longo da história que este personagem não sabe reconhecer os próprios sentimentos, ele vive em constante conflito consigo mesmo. Ele quer se tornar descolado, então um dia encontra em Hatsume uma chance para ser reconhecido(isso é idiotice, mas acontece na realidade). Podemos perceber que, mesmo Hatsume sendo lerda ela não gosta nem um pouco quando Ryouki tenta abusar dela, então não posso chegar a considerar como estupro consentido. Mas é por ela ser tão altruísta que Ryouki tem a chance de reconhecer os seus erros e de tentar melhorar - mesmo não tendo muito sucesso - como pessoa para poder fazê-la feliz. É muito difícil que existam pessoas tão altruístas, mas isto é manga. Temos que reconhecer. Os problemas e conflitos fazem com que todos os personagens do mangá tenham algo a aprender e até a ensinar.
Enquanto lia o mangá senti uma ponta de esperança depois de ver que em meio de tanto caos ainda possa existir o amor.
Se considerar apenas as partes ruins do mangá é melhor nem lê-lo. Amasse-o e jogue-o no lixo, mas se você procurar o lado bom talvez você entenda um pouco do que eu estou falando, talvez você até aprenda alguma coisa com ele.

Obrigada...

Sabe qual o problema, Carolina? Apesar de tudo de bom que você se esforça em ver em Hot Gimmick, tudo cai por terra, proque nem Hatsune, nem Riyoki, amadurecem ao fim da história. logo, a autora ou está passando uma visão muito pessimista das relações humanas, ou está celebrando o relacionamento abusivo e desigual dos dois. De resto, não jogaria fora os mangás. Os coadjuvantes são muito divertidos e, como eu falei, talvez em outro lugar, o mangá é cviciante. Mas não é assim com qualquer droga? Cocaína, Heroína, ... A sensação é tão boa que cria dependência. Tá aí o sucesso de Hot Gimmick.

Eu pensei em não comentar num primeiro momento, mas senti necessidade e vou comentar assim mesmo, ainda que possa escrever alguma bobagem enfim...

Não conheço essas autoras que você citou e nem suas obras, mas conheço o "problema". E o seu texto me lembrou algo que acho ainda mais problemático - pra não dizer doentio - no fandom: as fanfics. Perdi a conta de quantos comentários de ficwritters que falam de escrever fanfics baseadas exatamente nisso, em estupros. Pra mim, se é estupro, não é consentido. É uma violência, é um desrespeito, é um crime; nunca seria algo "hot", sensual, estimulante. E o que me assusta é ver jovens, de seus 15 anos (pouco mais ou até menos) escrevendo e lendo sobre isso em fanfics e se dizendo "excitadas" pela possibilidade de fazer o personagem X ser estuprado pelo personagem Y.

Será que o mundo mudou demais e eu não acompanhei? Bem, não sei, mas pra mim isso nunca será normal e ao meu ver, talvez até um pouco extremista, essas meninas deviam receber algum tratamento. Tentando fazer um paralelo com o seu texto, os homens tem sim sua parcela de culpa ao achar que as mulheres sempre 'querem' mesmo quando dizem que 'não'. Mas acho que muitas mulheres também não ajudam em nada a partir do momento que se dizem "excitadas" ao ler e escrever sobre cenas de estupro. Claro, gosto é algo bem pessoal, mas para mim, isso não é gosto, é caso de tratamento médico.

Li esse texto por acaso, quando o vi na coluna dos mais populares. Não sabia que era tão antigo, tampouco li todos os comentários (que são muitos): resolvi comentar sem maiores interferências.
Não consigo entender essa história de "estupro consentido". Pra mim, isso não existe. Estupro é quando acontece uma relação sexual forçada, sem o consentimento do outro; quando esse consentimento é dado, o estupro se descaracteriza. Forçar uma pessoa a fazer sexo contra a sua vontade é estupro, não importa se o cara é lindo, se ele se arrependeu, se a vítima se apaixonou depois, qualquer outro floreio, ou melhor, desculpa, que se dê para justificar o crime. Os exemplos de "estupro consentido" que você deu embrulharam o meu estomâgo, assim como a imagem que abre o post. Toda a vez que eu vejo esse tipo de coisa, a mulher sendo tratada feito uma boneca de carne, incapaz de pensar por si própria, tendo que ser conduzida pelo homem em todos os aspectos da sua vida, intelectuais e emocionais, me fazem perceber o como, infelizmente, a nossa sociedade ainda é medieval. Como esses valores ainda perduram, com a ajuda de homens e das próprias mulheres. Outro dia, vi um caso de cinco mulheres que foram violentadas por um grupo de dez homens, alguns deles parentes e conhecidos, numa festa organizada exatamente para esse fim. Sinceramente, não vejo diferença entre esse caso de polícia e os exemplos que você expôs.

Livia, eu também não acredito em "estupro consentido". Ou é estupro, ou não é. O problema é que na literatura, talvez na ficção em geral, a coisa não seja tao clara assim... Infelizmente.

Bom, na vida real existe uma fantasia sexual chamada de estupro consentido, nela, ambas as partes simulam uma violência no sexo mas sem ocorrer agressão de fato, é mais uma fantasia que pode ser parada a qualquer momento.
Porém isso esta mias ligado a fetiches como o sadomasoquismo por exemplo, sendo uma situação totalmente diferente daquela em que o cara encontra uma garota e tenta forçar a barra para fazer sexo.
Eu nunca li esses mangas, mas talvez seja uma maneira da autora externalizar essa fantasia, mas sem prescisar deixar claro que é consentido visto que os personagens são ficcionais.

Ola, tenho 16 anos e leio mangas e vejo animes shoujo, shounem, mistério e terror. Faz uns 4 anos que gosto dessa parte da cultura japonesa, e quando descobri que existia esses tipos de manga (hentai, yaoi,entre outros) fiquei horrorizada, pensei: Nossa! Não acredito que os japoneses publicam e leem esse tipo de coisa!(por serem orientais, eu pensava que eles no geral eram moralmente corretos, um equivoco da minha parte e claro)e pior! que adolescentes e pessoas mais velhas liam esse tipo de "literatura", descobri essas coisas porque li em sites, blogs, por amigos, nunca vi, e sinceramente, por mim eles nem existiam xD , acho que as pessoas deviam usar sua liberdade com sabedoria, li todos os comentários e concordo quando você diz que isso não e da natureza humana (se intendi errado me corrija xD ), acredito que seja questão de educação mesmo, onde já se viu pessoas, velhas e da minha idade acharem que abusar de crianças (criança mesmo, li em um blog que existe anime onde se estupra crianças ate de 2 anos)e adolescentes, ate mulheres ou homens mais velhos não sei, acharem estupro destes uma coisa exitante? Se, for assim, qualquer coisa vai ser motivo de "exitacao", pra mim, a resposta esta na educação mesmo, minha professora de sociologia passou um filme americano, que não me recordo o nome, que contava uma historia mais ou menos parecida com desdes mangas de estupro, para ver o que nos achávamos, e eu digo com toda a certeza: Ninguem achou aquilo exitante!Eu achei ridículo, e eu só ouvia dos meninos: Isso exita algum homem? ou mulher? só pode ter algum problema mental!, e as meninas falavam: Ate parece que uma mulher na vida real ia se apaixonar pelo seu estuprador, ou dizer que não quer quando quer! Então, como disse, na minha opinião e questão de educação, porque então alguns conseguem não se sentir exitados e outros sim? Sei que todos tem o direito de ver gostar do que quiser, mas se esforcar um pouco, vai admitir que seu gosto e errado xD se não, não teríamos noção do que e certo e do que e errado, pois acho que todo humano deve ter nem que seja um pouco, essa consciência. Sei que o sexo existe e faz parte da vida, mas na boa, ele não e o centro de tudo, e pra mim, a principal função dele e reprodução, sei que as pessoas sentem coisas boas ao faze-lo xD mas nossa! pensar exclusivamente nele não esta se tornando uma obcessao da sociedade? desculpe se fugi do assunto ou se exagerei, mas como adolescente, quis expor minha opinião a respeito do assunto, espero que tenham entendido o ponto de vista de uma simples adolescente ^^vou ficar mesmo com meu Sakamichi no apollon e Tsuritama que e! animes apropriados pra minha idade! xD Ótimo post! e... como cheguei ate aqui? nem lembro mais o que eu tava procurando na net xD
Vou acompanhar seu blog! ^^
(desculpe algumas palavras sem acento agudo pq o teclado esta desconfigurado T-T)

Estava pesquisando na Google quando vi o seu artigo e fiquei curiosa.
Primeiramente, parabenizo-a pela excelente crítica e o assunto abordado.
Concordo com sua ideia sobre essa história de "estupro consentido"; primeiramente só o nome estupro deveria ser o suficiente para que as pessoas entendessem o quão violento a coisa realmente.
Essas fantasias bobas sobre um amor que nasce de algo tão bruto é pura desilusão. Primeiramente deve-se haver respeito mutuo.
É necessário que as pessoas entendam o quão desrespeitoso algo como isso é.
Essa história de que "sua boca diz 'não', mas seu corpo diz 'sim'" é simplesmente ridícula. Não é não e sim é sim. Se é tão difícil assim de entender algo tão simples, seria bom que as pessoas dessem uma olhada no dicionário para ver se assimilam o que ambas as palavras querem dizer.
Adoro animes e mangas. Não estou criticando autores e nem fãs. Há muitos animes e mangas excelentes, mas alguns realmente são desrespeitosos e exagerados.
Para uma história ser boa não é necessário um apelo "romântico" tão depreciativo.

Adorei sua postagem! Não conheço acho que nenhum dos mangás que você citou, infelizmente, mas ainda assim concordo com todo o texto, e a ideia defendida por ele. Achei muito legal haver um texto comentando sobre isso no universo otaku (porque, convenhamos, tem cada plot horrível de shoujo...).

O triste é que, para mim, essa coisa de achar fofa e cuti-cuti a garota/uke ser violentada/o e depois se apaixonar pelo meio estuprador, ou gostar, ou o que quer que seja, só demonstra imaturidade. Tanto por parte d@ autor@, quanto por parte d@s leitor@s.

Queria avisar que coloquei link para essa postagem no meu blog :3

Que texto! Que texto! Merece mil palmas. Ganhou minha admiração. =D

Qual o nome do Manga? da garota com corrente no pescoço?

Tirou as palavras da minha boca. Ultimamente tenho lido muito shoujo adulto e me deparei com constantes estupros consentidos o que me soou repugnante. Que diabos de cultura de Violencia contra a mulher tem constantemente no Japão e retratam como algo legal em alguns mangas. Me senti enojada.

Não sei como algo pode ver lógica na frase "estupro consentido", é ter muita falta de noção. Ótimo texto, as histórias só refletem o que a sociedade acha, não estão retratando tal ato de forma inocente, o pior é que esses atos são tão romantizados e crescemos vendo essas cenas que já se tornou normal, um exemplo seria beijo forçado, algo super romantizado nas novelas principalmente voltado para o público pré-adolescente, esses abusos/estupros são vistos com tanto confete e músicas românticas.
Hana Yori Dango é um mangá que tenho vergonha de gostar, na minha opinião o Tsukasa é um babaca do inicio ao fim, ele bate nela que está errada por ter falado algo é a própria reconhece isso (?!) Fica enchendo o saco pra transar com ela e mimimi, o pior é o ciúme excessivo visto como bonitinho.

Olá, antes de mais nada parabéns pelo texto, apesar de antigo, é um tema pertinente a sociedade que merece ser discutido com a seriedade que lhe acarreta

sou um leitor assíduo de mangás, tenho preferências por alguns gêneros (shoujo/terror/seinen/josei) mas, claro, acabo lendo todos os gêneros (mesmo hentai) mais para reforçar o senso crítico daquilo que não é minha praia porque sempre tem alguém que gosta e gosto de debater com argumentos...

não sabia dessa linha "stemy shoujo" com teor sexual, talvez até tenha lido sem saber, presumi que fosse uma linha entre shoujo e hentai, o pouco que vi dessas obras usadas como exemplo não diferem muito do "tradicional hentai" isso é triste, é estranho dizer isso porque prezo uma boa historia e boa parte se não todos de gênero hentai não tem nenhuma só aquilo que é retratado de forma distorcida de estupro e afins... ah quando disse que leio todos os gêneros, realmente leio mas, este em particular é bem esporádico, não vou dizer que não leio porque não sou hipócrita aqui

sobre seu texto, sem tirar nem por, está muito bom, concordo com tudo que disse, estupro é estupro e sim é sim e não é não, falta para as pessoas um pouco mais de respeito, vendo alguns comentários parei para pensar e realmente vejo bastante material de teor violento e outras coisas, e como você mesma disse não é porque jogo um jogo violento que tenho essa vontade ou essas tendências psicopatas de querer fazer, é tudo uma questão de educação...

essa educação que me ensinou a discernir a realidade da ficção, e a ter respeito e bom senso, algumas coisas devem ficar apenas no imaginário, e outras "fantasias" desde que haja consentimento e respeito não tem problema, é um assunto delicado, realmente percebo essa violência que está maquiada nos mangás por ae a fora, há coisas inaceitáveis na sociedade e tenho noção disso, vai muito além dos direitos humanos

a questão da liberdade de expressão de fato não deve ser censurada a questão é que você tocou num ponto importantíssimo, quer publicar algo? publique mas como realmente é pela realidade que ele apresenta e ela não é nada agradável, as mulheres sabem bem disso, o erro está em romantizar essas coisas justamente por ser essa uma realidade (ruim, por sinal) deveria ter mais seriedade, infelizmente a nossa cultura foi fundada por pensamentos arcaicos e acaba sempre sobrando para as mulheres, é tão ruim ensinar a elas que essa é uma realidade e que devem se proteger desses idiotas que não tem o mínimo de respeito??

se o mundo soubesse dialogar e respeitar boa parte desses problemas teriam sido sanada até porque a mulher hoje não mais um ser frágil e inútil, ela tem o seu valor e como o homem merece respeito além de poder fazer aquilo que lhe der vontade sem obrigação nenhuma, sendo plena e feliz
hahaha sei que tem mulher que não é santa mas isso em outros casos e contextos...

Excelente texto! Críticas extremamente pertinentes, feitas sem um viés panfletário ou superficial. Por sinal, aproveitando sua erudição: você sabe confirmar se Karekano tem realmente "estupro consentido"? Só li o primeiro número do mangá, do qual gostei muito, e fiquei extremamente decepcionado quando me contaram que mais à frente na série acontece uma situação dessas... Já tinham me falado de alguns casos isolados, mas antes de ler seu texto nem sabia que esse tipo de situação era tão comum em mangás. Triste... O pior é saber que esse discurso é comprado por algumas leitoras.

Luiz, no caso de Karekano eu nem diria que houve estupro consentido, mas estupro mesmo. Arima estava descontrolado, Miyazawa diz não de forma clara, ele a estupra. Depois, consumido pela culpa, ele tenta se matar. Ela diz que ele não praticou a violência que sabe que praticou. Neste caso, e eu detesto esta fase de Karekano, mas tenho simpatia pelas personagens como um todo, ela o salvou da morte, porque se ela fosse dura com ele, ele morreria mesmo. Podemos discutir o quanto, no geral, isso reforça papéis femininos tradicionais "a que perdoa", "a que cuida", "a que se sacrifica", mas o fato é que os dois são um casal simpático e me desagrada é como a autora conduz a história a partir do volume #11, mais ou menos.

Comentário fora de data, mas acho importante ressaltar que Hana Yori Dango não parece ser tão inocente quanto ditam, inclusive dropei a historia justamente pela cena de quase estupro: não há consentimento. O protagonista masculino, de fato, agarra a menina por impulso... Movido por mero ciúme! E de tal maneira que nem ele mesmo porque agiu assim — o que, na minha opinião, apenas torna toda a cena ainda mais agressiva, já que a imaturidade do personagem (um adolescente) acaba servindo de desculpa para tornar todo o ato fofo e justificável — o mesmo se segue com a protagonista feminina que não entende o peso de toda a ação e eventualmente acaba se apaixonando por esse mesmo rapaz que a encaixa em diversas sádicas, mas se sobressai como herói porque "mudou de ideia e foi lá salvar a mocinha". Típica história de tsundere, mas nesse caso agravado por uma violência disfarçada que não bastasse permear o ambiente, é promovida pelo male lead como um argumento literário podre e ao mesmo como desculpa para fazê-lo ocupar forçosamente o papel de bom moço: uma cena que nunca esqueço é quando ela é amarrada ao para-choque de um carro e os estudantes começam a rodar em torno de uma fonte. O par romântico, óbvio, é quem aparece para cuidar da menina e por os "estudantes malvados" no lugar que merecem, mas foi ele quem levou a menina à essa situação, pelo amor da glória! Onde que isso é romântico, pelo amor?! E no entanto, somos obrigados a aguentar uma cena de destaque, com direito ao bishounen carregando a protagonista no colo e tudo mais. E tudo bem, porque ele é um tsundere fofo e gatinho (haha, *ironia para quem não captou a mensagem*). E longe querer tirar a culpa dos demais alunos e jogar tudo em um personagem só, mas vale lembrar que os demais jovens agem dessa forma porque recebem um alvará desse mesmo rapaz. Junto com os outros meninos principais, os quatro formam uma espécie de clubinho idolatrado por toda a escola e servindo de referencia aos demais — tudo nos levando a um outro problema comum desse tipo de shoujo: homens colocados em pedestais e mulheres orbitando ao seu redor. Muitas vezes rebaixadas, humilhadas, precisando aguentar toda forma de maltrato até que o mocinho "acorde" e o amor o torne alguém mais gentil. Até lá, cabe à mulher jogar fora a própria dignidade e engolir tudo calada, do contrário é apenas sinal que ela não "amou o suficiente" e merece perder o cara para a concorrência. Enquanto isso o homem tem licença para agir de maneira cruel, ser frio e violento, orgulhoso — vai uma personagem feminina agir assim para ver o que acontece? — sob a justificativa de... Bem, não há. Pois o único motivo é que ele é bonito e charmoso, e a violência cometida é apenas o jeito dele de amar, de sensualizar a fantasia que é transmitida nesse tipo de história — doutrinando assim suas leitores mais jovens a normatizarem uma relação tóxica e considerarem romântico algo que jamais vai ser (a velha história do "se o menino maltrata é porque gosta dela" soa familiar agora?). Felizmente temos essa nova onda de novelas coreanas que tem nos presenteado com personagens femininas fortes (como se nova geração finalmente estivesse saindo desse estupor romantizado) grande parte das vezes, mas ainda há um longo caminho a percorrer
→ só ressaltando que não há problemas em histórias violentas ou que fetichizem essa mesma violência para a satisfação do leitor (Killing Stalking que o diga, autor também precisa vender), desde que essas histórias não romantizem esse abuso, pois aí sim temos um problema. Ainda mais quando os leitores não tem consciência quanto às histórias que consomem.

Pelo menos nesse ponto o yaoi tem mostrado um certo amadurecimento, lento, mas ainda lá, onde as histórias por vezes finalizações agridoces (porém não mais guiadas pela tragédia obrigatória que os mangás davam aos seus personagens gays) e deixam claro o quanto esse tipo de relação é sofrida e venenoso (o que talvez seja o caso de Zetsuai, cujo próprio nome enfatiza a insanidade que ronda os personagens — tudo enquanto alimenta o próprio sadismo emocional do autor/leitor). Se isso reflete o bom senso de quem lê/produz ou se é o próprio roteiro que joga luz na cabeça dos leitores jovens, já não sei dizer. Até porque a complexidade do dialogo entre o feminino e o boys love oriental por si só exigiria uma outra análise que não caberia aqui.

E só para finalizar, rebatendo a galera que diminuiu esses roteiros de captor + vítima + sexo duvidoso: não é uma justificativa, mas não podemos esquecer que é comum mangakás (autores) começarem a carreira ainda jovens ou para jovens, e o fato da descoberta sexual ocorrer dessa maneira não consentida em personagens mais ingênuos e inexperientes acho que reflete parte dessa fase também. Essa dinâmica permite a(o) protagonista provar de um sentimento sensual sem assumi-lo realmente, uma vez que toda a culpa e responsabilidade recai sobre o captor, o vilão sexual e dominante que "força" o mocinho ou a mocinha a amadurecer. E porque nunca houve uma aversão real ao parceiro, pelo contrário, talvez até uma curiosidade latente, então o protagonista submisso é livre para se apaixonar e se entregar (sem culpa, pois ele(a) nunca pode escolher. O parceiro escolhe), mesmo que seja alguém mais velho, agressivo, ciumento, etc., porém que sempre desperta o prazer ainda inexplorado do corpo juvenil e assume pelo parceiro virgem essa tarefa de guiá-lo nessa fase insegura do provar o corpo alheio pela primeira vez). Não sei se é isso que leva muitos leitores a fecharem os olhos para a parte do abuso, mas não é incomum ver a falta de consciência partir antes do consumidor do que do autor (como foi o caso da grande horda que romantizou Killing Stalking... Mesmo após a autora assumir que era uma obra de violência e não de romance).
Pensando nisso, não se pode deixar de notar o quanto isso também reflete uma sociedade machista, que julga e culpabiliza, e reprime a liberdade sexual de seus gays e suas mulheres.


obs: de fato, um dos posts mais impactantes que vi no Shoujo Café.

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