Bem, bem, um amigo – Alexandre Linares (ex-Conrad) – me repassou essa notícia. É um pouco antiga, mas a discussão continua atual e já comentei outras vezes por aqui.
Eu realmente não consigo ler a crise que alguns meios de comunicação apontam. Nunca se vendeu tantos volumes encadernados no Japão, o mercado de mangá para celular só faz crescer, assim como mangá distribuído direto pela net. É necessário continuar lendo mangá no papel? Não. E isso indica crise do mercado de mangá? O que está em crise, se é que podemos chamar assim, é o mercado das revistas coletânea. Talvez seja um setor a ser enxugado. O único aspecto que pode ser um problema no futuro é o suposto desinteresse dos mais jovens por mangá. É algo real? Não sei. O que não se pode é querer que o mercado hoje, com mídias concorrentes como internet, celular, games, seja o mesmo do auge dos mangás nos anos 70 até o fim de Dragon Ball. Aliás, acho que muita gente torce para que os mangás realmente desapareçam, porque coisas assim incomodam:
E a leitura de que “os jovens não querem ler” é esquisita, quando logo em seguida vem à tona a questão da queda de natalidade e o fato de existirem menos jovens leitores nos dias de hoje. Como manter o mesmo patamar de vendagens se no Japão hoje há muito menos crianças e adolescentes? Querem que as coletâneas como a Ribon - que tem vendas em queda há vários anos - seja comprada pelas mulheres de 30? Difícil. Mas os analistas citam esses dados, mas não analisam as evidências. Enfim, será que temos crise? Será que os jovens leitores estão realmente enjoados dos roteiros? Julguem vocês.
Eu realmente não consigo ler a crise que alguns meios de comunicação apontam. Nunca se vendeu tantos volumes encadernados no Japão, o mercado de mangá para celular só faz crescer, assim como mangá distribuído direto pela net. É necessário continuar lendo mangá no papel? Não. E isso indica crise do mercado de mangá? O que está em crise, se é que podemos chamar assim, é o mercado das revistas coletânea. Talvez seja um setor a ser enxugado. O único aspecto que pode ser um problema no futuro é o suposto desinteresse dos mais jovens por mangá. É algo real? Não sei. O que não se pode é querer que o mercado hoje, com mídias concorrentes como internet, celular, games, seja o mesmo do auge dos mangás nos anos 70 até o fim de Dragon Ball. Aliás, acho que muita gente torce para que os mangás realmente desapareçam, porque coisas assim incomodam:
"Já vi grupos de meninas reunidos em torno das prateleiras de mangá na Borders e Barnes & Nobel discutindo ansiosamente seus mangás favoritos", diz Napier, da Tufts. "Elas gostam porque preenche um nicho que as histórias em quadrinhos americanas não entram: apesar das histórias serem de ficção ou ficção científica, os personagens são muito humanos... as narrativas são imaginativas e envolventes e freqüentemente mais sutis que os temas americanos, que giram em torno de arquétipos simplistas do bem contra o mal."Concordo com a crítica do Matt Thorn sobre os roteiros, mas, talvez, sejam os mais velhos que estão cansados. Quem leu Hagio Moto ou Riyoko Ikeda não vai se satisfazer com certos steamy shoujo e outros mangás de baixíssima qualidade. Os que iniciam agora, seja lá, sejam aqui, não parecem muito refratários em relação a certos modelos repetitivos. Isto é triste, mas as altas vendagens dos tankoubons e o sucesso de alguns shoujo mangá, só para ficar nos shoujo mangá, claro, absolutamente podres aponta para isso.
E a leitura de que “os jovens não querem ler” é esquisita, quando logo em seguida vem à tona a questão da queda de natalidade e o fato de existirem menos jovens leitores nos dias de hoje. Como manter o mesmo patamar de vendagens se no Japão hoje há muito menos crianças e adolescentes? Querem que as coletâneas como a Ribon - que tem vendas em queda há vários anos - seja comprada pelas mulheres de 30? Difícil. Mas os analistas citam esses dados, mas não analisam as evidências. Enfim, será que temos crise? Será que os jovens leitores estão realmente enjoados dos roteiros? Julguem vocês.
Mangá perde antigo domínio no Japão
Paul Wiseman
Em Tóquio
Nas histórias em quadrinhos japonesas conhecidas como mangá, os personagens, como Inu Yasha e Naruto, matam ninjas e demônios e até enfrentam os perigos do romance adolescente.
No mundo real, entretanto, os heróis desenhados de maneira provocativa lutam para competir com formas mais modernas de entretenimento no Japão, mesmo enquanto sua popularidade cresce nos EUA e em outras partes.
As vendas do mangá caíram 4% no Japão no ano passado para 481 bilhões de ienes (em torno de R$ 8,2 bilhões) -a quinta queda anual seguida, de acordo com o Instituto de Pesquisa de Publicações de Tóquio. As vendas de revistas de mangá mergulharam, do ápice de 1,34 bilhões de cópias em 1995, para 745 milhões no ano passado.
O mangá era o principal suporte da cultura popular japonesa desde a Segunda Guerra Mundial, quando se inspiraram em parte nos desenhos da Disney. Em geral, dezenas de histórias viram séries em livros grossos pretos e brancos.
As histórias, que cobrem de tudo, desde ficção científica até sexo gráfico e romance, são contadas em estilo distinto: os personagens freqüentemente têm olhos expressivos e grandes e bocas que se expandem para tamanhos fantásticos para mostrar surpresa ou raiva.
As vendas de mangá tiveram seu pico no Japão em 1995 -ano em que a revista semanal "Shonen Jump" parou de publicar a popular série "Dragon Ball", que seguia as aventuras de um jovem adepto de artes marciais em busca de sete pedras mágicas.
O declínio do mangá pode se dever a princípio aos hábitos dos jovens japoneses, que segundo os analistas estão:
- Obcecados por telefones celulares, Internet e videogames. "A leitura de mangá teve uma alta nos anos 90, justo quando esses entretenimentos alternativos estavam ganhando força", diz a especialista em mangá Susan Napier da Universidade Tufts. "Então faz sentido que houvesse alguma queda."
Os jovens japoneses e os funcionários são especialmente distraídos por seus telefones celulares modernos: "O clichê do funcionário lendo um mangá do tamanho de uma lista telefônica no metrô deu espaço para as 'tribos do polegar': milhões de japoneses segurando seus celulares e centímetros do nariz e escrevendo freneticamente em seus minúsculos teclados com os polegares, lendo e-mails, sites da Web, vídeos", diz Kelts.
Cada vez mais, eles pegam sua dose de mangá das telas de telefone - baixadas de sites especiais da Web.
As vendas de mangá para telefone celular chegaram a 4,6 bilhões de ienes (cerca de R$ 78 milhões) em 2005, e provavelmente dobraram em 2006, diz o pesquisador Tatsuhiko Murakami, do Instituto de Pesquisa de Publicações.
Entretanto, os editores de mangá lutam para adaptar uma forma de arte feita para o papel aos limites da tela de um telefone celular.
A estudante Kotaro Iwase, 21, diz: "É atrapalhado e demora para baixar e ver."
- Cansados de ler da forma tradicional. Todos os tipos de livros, revistas e jornais estão perdendo leitores, observa o pesquisador Masahuro Kubo, do Instituto de Pesquisa de Publicações: "As pessoas estão perdendo o hábito de ler."
- Enjoados com os roteiros e personagens do mangá. O especialista Matt Thorn, da Universidade Kyoto Seika, reclamou no ano passado na revista "Ronza": "O mangá japonês é todo parecido. Todos caíram em uma rotina. O Japão ainda produz mais mangá que todos os outros países do mundo combinados, mas há pouca variedade real ou originalidade na produção."
Murakami concorda: "Há falta de bons artistas."
- Desaparecendo. O público potencial para leitores está encolhendo, com a forte queda do índice de natalidade e o envelhecimento do Japão. A percentagem de japoneses com 14 anos ou menos caiu de 35,4% em 1950 para 13,6% no ano passado, de acordo com o governo japonês.
Fora do Japão, o mangá e seu irmão no vídeo, o anime, estão crescendo.
Jornais americanos começaram a publicar tirinhas de mangá, e as livrarias estão criando mais espaço para o gênero. Algumas lojas da Barnes & Noble dobraram o espaço dedicado ao mangá nos últimos três anos.
As vendas de mangá nos EUA chegaram a US$ 200 milhões (aproximadamente R$ 400 milhões) por ano, de acordo com dados da Publishers Weekly.
"Já vi grupos de meninas reunidos em torno das prateleiras de mangá na Borders e Barnes & Nobel discutindo ansiosamente seus mangás favoritos", diz Napier, da Tufts. "Elas gostam porque preenche um nicho que as histórias em quadrinhos americanas não entram: apesar das histórias serem de ficção ou ficção científica, os personagens são muito humanos... as narrativas são imaginativas e envolventes e freqüentemente mais sutis que os temas americanos, que giram em torno de arquétipos simplistas do bem contra o mal."
O gênero é especialmente popular entre as meninas: "O mangá oferece algo que elas não estavam encontrando nas histórias de super-heróis", diz o comprador da Barnes & Nobel Jim Killen.
"Mesmo nossos adolescentes supostamente sofisticados apreciam histórias de amor que são uma mudança dos personagens muitas vezes cínicos do entretenimento americano", diz Napier.
Napier está confiante que o mangá vai resistir em sua terra natal, apesar do assalto da tecnologia.
"Definitivamente, não acho que o mangá vai desaparecer", diz ele. "Eles ainda são básicos na vida japonesa."
*Naoko Nishiwaki contribuiu para esta matéria.
Tradução: Deborah Weinberg
Visite o site do USA Today
Paul Wiseman
Em Tóquio
Nas histórias em quadrinhos japonesas conhecidas como mangá, os personagens, como Inu Yasha e Naruto, matam ninjas e demônios e até enfrentam os perigos do romance adolescente.
No mundo real, entretanto, os heróis desenhados de maneira provocativa lutam para competir com formas mais modernas de entretenimento no Japão, mesmo enquanto sua popularidade cresce nos EUA e em outras partes.
As vendas do mangá caíram 4% no Japão no ano passado para 481 bilhões de ienes (em torno de R$ 8,2 bilhões) -a quinta queda anual seguida, de acordo com o Instituto de Pesquisa de Publicações de Tóquio. As vendas de revistas de mangá mergulharam, do ápice de 1,34 bilhões de cópias em 1995, para 745 milhões no ano passado.
O mangá era o principal suporte da cultura popular japonesa desde a Segunda Guerra Mundial, quando se inspiraram em parte nos desenhos da Disney. Em geral, dezenas de histórias viram séries em livros grossos pretos e brancos.
As histórias, que cobrem de tudo, desde ficção científica até sexo gráfico e romance, são contadas em estilo distinto: os personagens freqüentemente têm olhos expressivos e grandes e bocas que se expandem para tamanhos fantásticos para mostrar surpresa ou raiva.
As vendas de mangá tiveram seu pico no Japão em 1995 -ano em que a revista semanal "Shonen Jump" parou de publicar a popular série "Dragon Ball", que seguia as aventuras de um jovem adepto de artes marciais em busca de sete pedras mágicas.
O declínio do mangá pode se dever a princípio aos hábitos dos jovens japoneses, que segundo os analistas estão:
- Obcecados por telefones celulares, Internet e videogames. "A leitura de mangá teve uma alta nos anos 90, justo quando esses entretenimentos alternativos estavam ganhando força", diz a especialista em mangá Susan Napier da Universidade Tufts. "Então faz sentido que houvesse alguma queda."
Os jovens japoneses e os funcionários são especialmente distraídos por seus telefones celulares modernos: "O clichê do funcionário lendo um mangá do tamanho de uma lista telefônica no metrô deu espaço para as 'tribos do polegar': milhões de japoneses segurando seus celulares e centímetros do nariz e escrevendo freneticamente em seus minúsculos teclados com os polegares, lendo e-mails, sites da Web, vídeos", diz Kelts.
Cada vez mais, eles pegam sua dose de mangá das telas de telefone - baixadas de sites especiais da Web.
As vendas de mangá para telefone celular chegaram a 4,6 bilhões de ienes (cerca de R$ 78 milhões) em 2005, e provavelmente dobraram em 2006, diz o pesquisador Tatsuhiko Murakami, do Instituto de Pesquisa de Publicações.
Entretanto, os editores de mangá lutam para adaptar uma forma de arte feita para o papel aos limites da tela de um telefone celular.
A estudante Kotaro Iwase, 21, diz: "É atrapalhado e demora para baixar e ver."
- Cansados de ler da forma tradicional. Todos os tipos de livros, revistas e jornais estão perdendo leitores, observa o pesquisador Masahuro Kubo, do Instituto de Pesquisa de Publicações: "As pessoas estão perdendo o hábito de ler."
- Enjoados com os roteiros e personagens do mangá. O especialista Matt Thorn, da Universidade Kyoto Seika, reclamou no ano passado na revista "Ronza": "O mangá japonês é todo parecido. Todos caíram em uma rotina. O Japão ainda produz mais mangá que todos os outros países do mundo combinados, mas há pouca variedade real ou originalidade na produção."
Murakami concorda: "Há falta de bons artistas."
- Desaparecendo. O público potencial para leitores está encolhendo, com a forte queda do índice de natalidade e o envelhecimento do Japão. A percentagem de japoneses com 14 anos ou menos caiu de 35,4% em 1950 para 13,6% no ano passado, de acordo com o governo japonês.
Fora do Japão, o mangá e seu irmão no vídeo, o anime, estão crescendo.
Jornais americanos começaram a publicar tirinhas de mangá, e as livrarias estão criando mais espaço para o gênero. Algumas lojas da Barnes & Noble dobraram o espaço dedicado ao mangá nos últimos três anos.
As vendas de mangá nos EUA chegaram a US$ 200 milhões (aproximadamente R$ 400 milhões) por ano, de acordo com dados da Publishers Weekly.
"Já vi grupos de meninas reunidos em torno das prateleiras de mangá na Borders e Barnes & Nobel discutindo ansiosamente seus mangás favoritos", diz Napier, da Tufts. "Elas gostam porque preenche um nicho que as histórias em quadrinhos americanas não entram: apesar das histórias serem de ficção ou ficção científica, os personagens são muito humanos... as narrativas são imaginativas e envolventes e freqüentemente mais sutis que os temas americanos, que giram em torno de arquétipos simplistas do bem contra o mal."
O gênero é especialmente popular entre as meninas: "O mangá oferece algo que elas não estavam encontrando nas histórias de super-heróis", diz o comprador da Barnes & Nobel Jim Killen.
"Mesmo nossos adolescentes supostamente sofisticados apreciam histórias de amor que são uma mudança dos personagens muitas vezes cínicos do entretenimento americano", diz Napier.
Napier está confiante que o mangá vai resistir em sua terra natal, apesar do assalto da tecnologia.
"Definitivamente, não acho que o mangá vai desaparecer", diz ele. "Eles ainda são básicos na vida japonesa."
*Naoko Nishiwaki contribuiu para esta matéria.
Tradução: Deborah Weinberg
Visite o site do USA Today
0 pessoas comentaram:
Postar um comentário