quarta-feira, 7 de maio de 2008

Existe mulher de verdade no cinema?


Quando vi o título desse artigo na Folha de São Paulo imaginei que seria uma bobagem qualquer, mas depois que abri percebi que era uma crítica muito pertinente. Não é a primeira nem a última vez que alguém escreve o que essa jornalista, escreveu. O cinema é sexista, atrizes de meia idade e idosas sõ encontram papéis medíocres. E o cinema baseado em quadrinhos sexistas não pode ser muito melhor. Fora Electra, quantos filmes de super heroínas tivemos? A Mulher Maravilha é um projeto que nunca sai do papel, enquanto Batman e Super Homem já viraram filme trocentas vezes. E falei nela, só para ficar nos três icônicos da DC. Depois ficam se perguntando porque as meninas e mulheres americanas estão lendo tanto mangá, mesmo quando não é feito para elas. Uma Kagome, com seus dramas e sua complexidade, é bem mais interessante como personagem do que a maioria das super heroínas dos comics. E estou falando de shounen mangá... feito por uma mulher, mas ainda mangá direcionado co público feminino.

Existe mulher de verdade no cinema?

Abertura da temporada de verão, recheada de blockbusters e testosterona, explicita falta de bons papéis femininos em Hollywood

Meryl Streep, Angelina Jolie e as garotas de "Sex and the City" enfrentam exército de super-heróis e comediantes nas bilheterias dos EUA

MANOHLA DARGIS
DO "NEW YORK TIMES"

Homem de Ferro, Batman, aquele homem verde sempre zangado; a julgar pela nova temporada dos filmes de ação, é como se Hollywood tivesse compreendido que a melhor maneira de enfrentar suas dificuldades com as mulheres é simplesmente ignorá-las -as mulheres, quero dizer.

Não que os estúdios não tenham tentado dar destaque às protagonistas, em filmes como "Invasores", com Nicole Kidman, e "Valente", com Jodie Foster. Mas depois que esses dois lançamentos da Warner micaram, a fofoca era que o presidente de produção do estúdio, Jeff Robinov, havia jurado que nunca mais faria um filme liderado por uma mulher.

Um representante do estúdio negou que isso tenha acontecido. E, francamente, é difícil acreditar que qualquer um em Hollywood fosse idiota a ponto de dizer o que muita gente por lá pensa: mulheres não são boas diretoras, não servem como protagonistas, são um nicho.

Ninguém gosta de admitir o pior, mesmo quando está saltando aos olhos. Basta olhar para os filmes para perceber como nos tornamos irrelevantes.

Em momento algum, nossa irrelevância se torna mais aparente do que no verão. Nos próximos meses, as telas vão reverberar com os estrondos de Homem de Ferro e Hulk. O sexagenário Harrison Ford estalará o chicote como Indiana Jones.

Heróis de ação, como Will Smith e Nicolas Cage, correrão descontrolados, e o mesmo vale para comediantes como Eddie Murphy e Will Ferrell.

As garotas do verão são minoria, e as mulheres estão quase extintas. A jovem Emma Roberts interpreta uma menina mimada em "Wild Child", e Abigail Breslin está loira em "Kit Kittredge". Meryl Streep estrela a adaptação do musical "Mamma Mia!", e o elenco de "Sex and the City" chega à tela grande, ainda que suas quatro protagonistas, na verdade, sejam homens gays vestidos de mulher. Angelina Jolie exibe armas enormes em "Wanted". E Cameron Diaz contracena com Ashton Kutcher na comédia "What Happens in Vegas".

Idade de Hollywood

Em agosto, Anna Faris estrela uma nova comédia chamada "The House Bunny", na qual vive uma coelhinha da "Playboy" expulsa da mansão por estar velha. Um trailer mostra Faris reagindo com surpresa: "Mas eu só tenho 27 anos", ela diz. "Isso equivale a 59 em anos de coelha", explica um amigo. Em anos de Hollywood, também.

"The House Bunny" é produção da Sony Pictures, que, neste verão, também lançará a mais recente comédia de Adam Sandler, "Don't Mess With the Zohan" (co-escrita por Judd Apatow) e outros dois títulos da grife Apatow, "Step Brothers" e "Pineapple Express".

O estúdio estréia ainda "O Melhor Amigo da Noiva", uma nova versão de "O Casamento de Meu Melhor Amigo", que a mesma casa lançou em 1997, mas com Patrick Dempsey no papel que foi de Julia Roberts.

Essas jogadas de reaproveitamento de material com inversão de sexo não são novidade, mas chegaram à sua apoteose em Apatow. Com sua corte de comediantes talentosos, ele contornou brilhantemente a questão complicada das mulheres no cinema ao dar aos seus protagonistas masculinos os principais papéis femininos.

Só 3 no top 20

Em 2007, apenas três dos 20 filmes de maior audiência nos EUA tinham tema feminino: um deles envolvia uma princesa ("Encantada"), e dois outros, histórias de gravidez ("Ligeiramente Grávidos" e "Juno").

Talvez existam mais mulheres trabalhando no setor hoje em dia, mas ninguém adivinharia, tomando por base o que se vê nas telas. Os motivos são complexos: há quem aponte para a falta de diretoras de cinema. Há quem culpe o público feminino, ainda que o sucesso de "Baby Mama", assim como o de "O Diabo Veste Prada", dois verões atrás, indique que, se algo decente estiver em cartaz, as mulheres comparecerão.

Entre os prazeres do cinema, estão não só os novos mundos que ele nos abre mas os prazeres que já conhecemos, como o de ver mulheres maiores, mais ferozes e mais belas do que na vida. E, quer estejamos falando de Sigourney Weaver em "Alien", Rosario Dawson em "À Prova de Morte" ou Meryl Streep em qualquer coisa, estarei lá para assistir.

O cineasta negro Tyler Perry construiu seu sucesso em parte sobre a verdade de que as audiências gostam de ver rostos como os seus nas telas. Em 2008, quando temos uma mulher branca e um homem negro disputando a presidência e atraindo número inédito de eleitores em parte por representarem grupos que por muito tempo foram deixados de fora, era de se esperar que Hollywood se tocasse.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

7 pessoas comentaram:

Recomendo ver esse artigo do "blag" do xkcd: http://blag.xkcd.com/2008/04/10/two-female-leads/

É justamente sobre esse assunto das mulheres nos papéis principais dos filmes.

Ah, eu discordo tanto de você que tenho que comentar:

Heroína teve também a Hale Berry/Barry/Whatever em Mulher Gato.

Uma Thurman sempre será Beatrix Kiddo - a eterna noiva de Kill Bill, se aquilo não é uma mulher forte que luta para recuperar sua prole e seu orgulho ferido matando aquele a quem amava eu não sei o que são. (Aliás em Kill Bill ainda temos mais três mulheres fortíssimas dá até gosto de ver)

Além da Jodie Foster em Alien que é sempre um espetáculo.

Mais heroínas, Mila Jovovich como Leelo em o 5º elemento(atuação fraca u_u), o infeliz ultra-violeta e minha amada Claire n_n não é a toa que Resident Evil é uma das minhas séries favoritas do Cinema.

Tem uma mulher feia que fez Anjos da noite, mas como detestei o filme e a atriz não faço idéia direito, mas é outra heroína.

As mulheres podem não estar vivendo um bom momento no cinema mas sempre haverá excelentíssimos filmes sobre as mulheres. Meu preferido é "As Horas" que tem duas das minhas atrizes favoritas fazendo uma releitura de Mrs. Dalloway que é um dos melhores livros que já li em toda a minha vida. (Falando em Virginia não se pode esquecer da(o) Orlando com Tilda Swinton, um filme que marcou o final da minah infância e me despertou a curiosidade para ler Virginia Woolf anos mais tarde).

Uffa acho que é só isso.

Se o que eu falo não conta, d~e uma olhadinha no blog que o colega de cima postou e veja os números. Eles normalmente dizem alguma coisa.

Mulher gato, Electra, a moça do Kill Bill (*Vingança de amor? meninas lutadoras imitando colegiais japonesas... sei...*), Nikita, Residente Evil e outras de games não são muito diferentes, geralmente com seus bustos generosos e roupinhas apertadas. Mulheres fetiche, corpos esculturais, skin body. Sei de muitas mulheres que se identificaram com as "supostas" heroínas de ação, mas, para mim, elas visam mais o público masculino, não é a toa que você fala que "dá gosto ver", e, não, alguma mudança nas representações das mulheres no cinema. A Mulher Gato especialmente. Basta olhar com cuidado.

Alien não é com Jodie Foster é Sigourney Weaver e já se vão muitos anos... Mas, claro, que ela também foi transformada em mãe, então reforça-se o estereótipo da verdadeira mulher. O bom filme foi o primeiro, os outros vão degradando a série e a imagem da personagem Ripley.

As Horas não mudou a condição das mulheres em Hollywood, tampouco fez com que fossem mais bem pagas. Os astros mais bem pagos são homens, as mulheres no top ten devem se resumir no máximo a duas ou três. Aliás, o drama da falta de bons papéis para atrizes mais velhas vêm de longe e é documentado. Não se trata de bom ou mau momento. Dê uma lida sobre história do cinema ou mesmo as revistas de fofocas do meio.

O artigo fala de um mau momento para as mulheres no cinema. Nisso, acredito que você concorda, porque é visível demais para ser negado, no mais o sexismo no cinema vem de longe. Há estudos sobre isso, e quem nega, ou não se importa com a situação, ou acha que a exceção, como um ótimo As Horas já é o sufiente.

E não me fale em Juno, e oscar para a roteirista, porque aquilo é o backlash total com seu discurso pró-vida tati-bi-tati de que tudo são flores na vida de uma adolescente grávida.

Lembro do ano de Príncipe das Marés e Malcon X em que os jornais discutiam que naquele ano ou a Academia daria o Oscar de melhor direção para um negro ou para uma mulher (*parece a campanha presidencial hoje nos EUA*), no final, nenhum dos dois foi sequer indicado e nem o Denzel Washington levou a estatueta merecida. Não me venha falar em exceções fetiche, porque a discussão aqui é sobre representação das mulehres no cinema, e igualdade. Não quero migalhas, ainda mais migalhas sexistas.

Val, príncipe das marés é horrível...:D

Mas diacho, ninguém lembra da Leni Riefensthal? Ela era uma cineasta com C maiúsculo, talvez a maior cineasta mulher de todos os tempos e digna de ficar ao lado de um Eisenstein. Agora, é complicado defendê-la por causa de suas afiliações políticas... 9_9

Eu gosto muito do Príncipe das Marés.

E estamos falando do cinema hoje, Alexandre, não nos anos 30. e, sim, Leni Riefensthal é genial.

Eu também acho que falta espaço pras mulheres no cinema. Nos comics eu nem comento!
Vez ou outra aparecem filmes com ótimos papéis para atrizes mais velhas, como em "Notas sobre um escândalo". São raros, mas quando aparecem, ofuscam! As atrizes mais novas tem mais espaço, de vez enquando aparecem bons filmes para elas, como Cidade dos Sonhos (que eu não gostei, pois não curto muito os filmes do Lynch, mas Naomi Watts arrasa), Piaf (dispensa comentários ) e A Pele (adoro esse filme). As vezes eles aparecem, mas o que deprime é esse "as vezes"....
E eu gostei de Kill Bill, não posso negar. Adoro filmes de artes marciais e ver a Uma Thurman detonar os 88 loucos é bom demais!^^

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