terça-feira, 1 de julho de 2008

Carta de Okinawa



Havia uma notinha sobre este livro no Japanator e fui conferia matéria original que está no Japan Times. Carta de Okinawa é um livro feito por uma professora de inglês para ensinar tanto a língua aos seus alunos e alunas quanto tocar em uma parte da história japonesa que parece indigesta: os suicídios coletivos de civis induzidos pelos militares no final da II Guerra. Quem leu a Gen Pés Descalços ou assistiu Cartas de Iwo Jima já sabe do que se trata, mas o detalhe sódrido da coisa, de acordo com o Japan Times, é que o correspondente japonês do Ministério da Educação mandou limpar dos livros didáticos as menções aos suicídios. Como houve protestos, especialmente em Okinawa, onde aconteceram as únicas batalhas com os americanos em solo japonês, o ministério recuou, mas não se desculpou. É típico, vide o caso das mulheres chineses, coreanas e outras escravizadas e prostituídas pelas tropas japonesas na II Guerra ou mesmo o caso de caça à baleia.

Carta de Okinawa conta de uma moça que tinha sido convocada para ser enfermeira em outra ilha e escreve uma carta aos pais. A carta nunca tem resposta, e quano a guerra termina e ela retorna para casa, descobre que seu pai e sua mãe cometeram suicídio em março de 1945. Acredita-se que pelo menos 600 pessoas se suicidaram instigadas pelos militares. Miyagi, a professora de inglês, descobriou o que aconteceu com seus avós maternos - sim, é uma história real - quando viu seus nomes gravados em um monumento na ilha de Tokashiki vinte anos atrás. Sachiko, sua mãe, nunca tinha contado, porque as experiências da guerra eram muito dolorosas.

Quando os alunos descobrem que se trata da história da avó de sua professora, o choque é imediato. Muitos, mesmo estando no final do colegial, desconhecem esses fatos da história japonesa. Aliás, há quem defenda que a história só fale de heroísmos e estes suicídios nos quais pessoas simples eram empurradas para a morte pelo fanatismo dos militares são muito desabonadores. O livro é ilustrado e se o impacto é tão grande quanto a notícia quer fazer crer, eu duvido que não vire mangá e anime nos próximos anos. Tem cara de estúdio Ghibli. E eu estou torcendo.

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