segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Entrevista com Junko Kawakami



Junko Kawakami é uma desenhista japonesa, que fez alguns josei para a Kadokawa (Young Rose - que deve estar ser extinta, pois não consta nem na Comipedia e só achei referências par até 1994) e para a Shodensha (Feel Young), e que hoje vive na França. O Alexandre Lancaster pediu para alguém traduzir, então decidi tentar. Meu francês é limitado, especialmente quando não é material da minha área (*contexto conhecido, mesmas expressões, autores que domino, etc.*), mas saiu a tradução. No fim das contas, achei a entrevista bem bobinha, mas posso ter errado alguma coisa. Por exemplo, alguém que se sente pressionada por produzir quatro páginas por mês não pode se sentir bem fazendo 25-30... Pode ter sido erro meu. De qualquer forma, a matéria original está aqui. Há uma outra entrevista com ela neste site. (*Parece, aliás, bem mais interessante*) Se alguém tiver alguma correção (*falo sério, correção, não pitaco sem noção*), eu agradeço.

O primeiro volume de sua série “It’s your World”, foi lançada com exclusividade na França, é uma première, antes do Japão. Uma iniciativa da Editora Kana que corresponde à sua vontade de consolidar os catálogos com séries próprias que não serão somente licenças vindas de grandes editoras japonesas.

Podemos dizer que Junko Kawakami mora em Paris e que ela é casada com um francês. Depois de uma carreira iniciada no fandom, antes de ser descoberta por um editor da Kadokawa, ela publicou na revista Young Rosé antes de se unir de novo ao estúdio de artistas Show Cream. Começava para ela uma carreira, no início autora de dezenas de histórias curtas, que marcaram um novo ponto de partida com a publicação em 2004 de sua primeira série longa, Paripari densetsu – La légende de Paris-Paris para a revista Feel Young, que foi publicada em volumes pela Shodensha, uma auto-ficção que conta sua vida cotidiana em Paris. O sucesso foi imediato. Depois, de uma meia-dúzia de séries, pelos seus cálculos, veio Your World que ela publica com exclusividade mundial pela Kana. Agora a entrevista.

O fato de ser publicada por um editor francês ao invés de um japonês muda radicalmente o seu método de trabalho.

É muito diferente. No Japão existe um editor e então um autor. Aqui, nós trabalhamos mais em grupo, de maneira mais direta. No Japão, a partir do momento que você entrega o trabalho no prazo, ninguém se preocupa mais, em saber como você está, fica por sua conta. Aqui, se não existe um contato regular, se você não responde as ligações, se instala o pânico, não é algo normal.

O estatuto do autor é muito diferente daquele que existe na França?

No Japão, há uma concorrência feroz, mas há mais oportunidades para os jovens autores. Os japoneses amam trabalhar e quando há mercado, eles trabalham muito. Pessoalmente, eu não gosto da pressão. Quando fiz 100% Orange Pink, era para uma publicação diária Le Monde. Eu tinha que entregar duas páginas duas vezes por mês. Era horrível, para mim, havia um prazo estabelecido. Quando eu acabava de fazer minhas páginas tinha que começar outras! Era muito estressante.

Qual é a tiragem média de um mangá “comum”?

10 mil exemplares, 15 mil, talvez.

Estas são cifras dos sonhos para os editores franceses ou estamos habituados a sermos mais prudentes. Em It’s Your World, que fala sobre a integração dos imigrantes japoneses na França, há o pai que vive nas nuvens, a mãe que é um pouco “bobinha”, a filha que é uma vítima da moda e o filho que tem dificuldades de adaptação, você conta um pouco da sua história?

Sim, Hiroya, o filho dessa família, poderia muito bem ficar preso ao seu modelo, quer dizer, que ele não compartilha dos mesmos valores que os franceses, há ainda o problema da língua. Mas como é muito jovem, ele acredita que pode mudar as coisas, se misturar com os outros. Ele se sente atraído por Fatima, uma francesa que não percebe a diferença de condição social em elação aos outros jovens. No Japão, há muitas nacionalidades, mas a mistura de raças é muito rara. Que uma pessoa tenha uma cor de cabelo diferente, já é um acontecimento. Assim, essa mistura de raças vista em Paris é a primeira surpresa.

Entretanto, a principal hostilidade que Hiroya encontra, é um jovem como ele, mas mestiço, filho de pais franco-japoneses. De onde veio essa idéia?

Não sei. Ela apareceu. Eu encontrei recentemente uma amiga japonesa que se casou com um fanco-japonês criado no Japão. Eles vêm de vez em quando à Paris. Talvez eu tenha me inspirado nele.

Como você chegou à editora Kana?

Eu trabalhava em um atelier dividido por muitos artistas. Entre nós havia um desenhista cuja esposa era japonesa e que tinha também vivido em Tokyo. Foi ele que me colocou em contato com a editora Kana.

Por que, na sua opinião, os quadrinhos franceses vendem tão pouco no Japão?

Sem dúvida, o que agrada aos japoneses é diferente daquilo que agrada aos franceses. Eu não sei. Talvez seja necessário desenhar as personagens com os “grandes olhos”. (risos)

Quais são os seus projetos?

Em setembro, eu publiquei uma série intitulada Cookies junto com outra chamada Da Vinci, ao mesmo tempo como resultado das séries em curso, eu tenho que produzir cerca de 25-30 páginas por mês, que eu faço sozinha.

Você usa um software para desenhistas?

Não ainda. Mas me disseram que se gasta muito mais tempo do que fazendo à mão. (risos)

2 pessoas comentaram:

Valeu, Val. Tudo o que diz respeito a internacionalização dos mangás me interessam e realmente essa história de editoras como a Kana e a Tokyopop encomendarem seus próprios mangás a autores japoneses é um sinal interessante – mesmo que aqui a autora já estivesse no país. ;)

Eu só espero não ter cometido algum erro crasso. A história das páginas, por exemplo... Mas enfim, queria te fazer este avor, afinal, para quem sabe francês de verdade deve ser fácil, fácil, proque eu levei meia hora se muito para terminar. A outra entrevista, mais longa, me parece muito mais itneressante e ela fala dos trabalhos da autora para a Tokyopop. O que eu queria descobrir são mais detalhes sobre a tal revista Monthly Young Rose.

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