Bright Star (*O Brilho de uma Paixão em português*) estava previsto para fevereiro. Eu queria que estreasse e estava torcendo. Baixei o filme. Vou ser sincera, achei muito, muito, muito chato. Um roteiro muito travado. A direção de arte, a fotografia e o figurino, entretanto, são lindas. Para quem você quiser e puder (*deve estrear em circuito muito restrito*) assistir, segue a resenha da Época dessa semana.
Suspiros poéticos de Keats
"O brilho de uma paixão" resgata o lado poético da vida miserável do escritor britânico John Keats
Danilo Venticinque
“Um poeta é a coisa menos poética do mundo, porque não tem identidade.” A frase, escrita pelo britânico John Keats (1795-1821), sintetiza a inglória vida dos jovens poetas durante o romantismo. Incapazes de se adequar aos valores de seu tempo, os autores se entregavam às paixões platônicas e à boêmia, principais inspirações de seus escritos. A maioria era abatida precocemente pela tuberculose, sem ter recebido reconhecimento do público nem da crítica. Keats é o maior exemplo do destino pouco poético daquela geração de escritores. Morreu aos 25 anos com a convicção de que era um fracassado, sem saber que suas odes seriam lidas e lembradas até hoje.
O brilho de uma paixão, que estreia nesta semana, é um esforço para desmentir a frase de Keats e resgatar o lado poético da vida miserável do escritor. O filme retrata a paixão de Keats (Ben Whishaw) por sua vizinha Fanny Brawe (Abbie Cornish), nos últimos dois anos da vida do poeta. Os dois se conhecem pouco antes da morte do irmão de Keats – fato que marcaria sua vida e obra. O relacionamento amoroso o ajuda a se recuperar do luto, mas traz novas aflições ao escritor. Rejeitado pela família de Fanny e sem condições financeiras para se casar, Keats passa a viver um dilema: afastar-se para abrir o caminho a outros pretendentes ou continuar a investir num romance sem perspectivas. O impasse é inspiração para poemas, cartas e declarações de amor.
Dirigido pela neozelandesa Jane Campion (de O piano, 1993), o drama segue o estilo denso e introspectivo de outros filmes da cineasta. A exemplo dos escritores românticos, a diretora valoriza os elementos da natureza nas cenas de amor para reforçar o envolvimento dos personagens e ajudar a contar suas histórias. O figurino histórico, recriado com perfeição, recebeu uma indicação ao Oscar.
O ponto alto do filme, porém, é o próprio Keats – não o personagem, e sim o autor. O roteiro assinado por Jane Campion destaca os textos do poeta, declamados diversas vezes por ele e outros personagens. A tentativa de reconstituir o contexto em que foram escritos dá mais força aos poemas e ressalta o caráter poético da vida de Keats. A julgar pelo filme, a famosa frase do poeta não se aplica a seu autor.
"O brilho de uma paixão" resgata o lado poético da vida miserável do escritor britânico John Keats
Danilo Venticinque
“Um poeta é a coisa menos poética do mundo, porque não tem identidade.” A frase, escrita pelo britânico John Keats (1795-1821), sintetiza a inglória vida dos jovens poetas durante o romantismo. Incapazes de se adequar aos valores de seu tempo, os autores se entregavam às paixões platônicas e à boêmia, principais inspirações de seus escritos. A maioria era abatida precocemente pela tuberculose, sem ter recebido reconhecimento do público nem da crítica. Keats é o maior exemplo do destino pouco poético daquela geração de escritores. Morreu aos 25 anos com a convicção de que era um fracassado, sem saber que suas odes seriam lidas e lembradas até hoje.
O brilho de uma paixão, que estreia nesta semana, é um esforço para desmentir a frase de Keats e resgatar o lado poético da vida miserável do escritor. O filme retrata a paixão de Keats (Ben Whishaw) por sua vizinha Fanny Brawe (Abbie Cornish), nos últimos dois anos da vida do poeta. Os dois se conhecem pouco antes da morte do irmão de Keats – fato que marcaria sua vida e obra. O relacionamento amoroso o ajuda a se recuperar do luto, mas traz novas aflições ao escritor. Rejeitado pela família de Fanny e sem condições financeiras para se casar, Keats passa a viver um dilema: afastar-se para abrir o caminho a outros pretendentes ou continuar a investir num romance sem perspectivas. O impasse é inspiração para poemas, cartas e declarações de amor.
Dirigido pela neozelandesa Jane Campion (de O piano, 1993), o drama segue o estilo denso e introspectivo de outros filmes da cineasta. A exemplo dos escritores românticos, a diretora valoriza os elementos da natureza nas cenas de amor para reforçar o envolvimento dos personagens e ajudar a contar suas histórias. O figurino histórico, recriado com perfeição, recebeu uma indicação ao Oscar.
O ponto alto do filme, porém, é o próprio Keats – não o personagem, e sim o autor. O roteiro assinado por Jane Campion destaca os textos do poeta, declamados diversas vezes por ele e outros personagens. A tentativa de reconstituir o contexto em que foram escritos dá mais força aos poemas e ressalta o caráter poético da vida de Keats. A julgar pelo filme, a famosa frase do poeta não se aplica a seu autor.
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